Estado disponível para ser accionista de bancos que precisem de capital Eudora Ribeiro
12/04/11 17:00
O ministro das Finanças diz que o Estado pode entrar no capital de instituições financeiras que precisem de reforçar o rácio de capital.
Em entrevista à Reuters, Teixeira dos Santos diz que "o sector financeiro vai ter de operar no sentido de reforçar a sua estrutura de capitais" e "reforçar, por exemplo, o seu core tier 1".
Teixeira dos Santos recordou que isso já aconteceu no passado e mostrou-se confiante de que as instituições financeiras conseguirão reforçar os seus rácios.
"Eu acredito - aliás, isso já aconteceu no passado - que os accionistas dessas instituições estarão à altura de proceder a esse reforço. Mas, em todo o caso, teremos que prevenir a eventualidade de poder haver dificuldades por parte dos accionistas privados e então aí o Estado será um accionista que poderá proceder a esse aumento de capital, mas em condições que foram já estabelecidas aquando da crise de 2008/2009", disse.
O ministro das Finanças explicou que esta intervenção será sempre por um "período curto" de tempo e será um "investimento financeiro do Estado numa instituição financeira, que entra no capital e ao fim de um número de anos sai dessa posição de accionista financeiro e há condições de remuneração de capital que também já estão afixadas".
Na mesma entrevista, Teixeira dos Santos disse que os bancos estão a sofrer ‘por tabela' os efeitos da crise de dívida. "O sistema financeiro está, perdoem-me a expressão, a ‘apanhar por ricochete' este efeito da dívida soberana sobre ele próprio, gerando também dificuldades, porque os mercados não só se fecharam para as emissões de dívida soberana como também se fecharam para as emissões de dívida das próprias instituições financeiras", afirmou.
Sobre o pedido de ajuda externa que Portugal oficializou na semana passada, o ministro argumentou que "é quase como fazer um ‘reset' do sistema e fazer com ele arranque agora de uma forma mais sólida, de modo a que o País possa reforçar condições de competitividade".
Alguns bancos, na sequência das novas regras impostas por Basileia III, já tomaram algumas medidas para conseguir cumprir as novas exigências à banca. O BES, por exemplo, decidiu baixar em 10% o dividendo relativo ao exercício de 2010, para 0,126 euros por título face ao prémio de 0,14 euros distribuído no ano passado.
Também o BCP seguiu a recomendação do Banco de Portugal e decidiu não distribuir dividendos este ano, premiando os accionistas com novas acções emitidas por incorporação de reservas.
O BPI decidiu igualmente canalizar todos os lucros de 2010 para reservas, não distribuindo dividendos este ano, o que acontece pela primeira vez desde que o banco é cotado, ou seja, desde 1986.
http://economico.sapo.pt/noticias/estad ... 15814.html