
O detalhe é engraçado, detalha a análise a cada banco. POderia ser colocado nos tópicos de cada um dos bancos:
Como a S&P analisa a banca nacional
28 Março 2011 | 12:10
Sara Antunes - saraantunes@negocios.pt
A agência de notação financeira aponta para que este ano, a banca nacional assista a uma quebra de resultados e a uma deterioração dos activos. Saiba como é que a S&P avalia a banca e quais as previsões para os cinco bancos que viram os seus "rating" cortados.
Santander Totta, CGD, BES, BCP e BPI viram hoje reduzidos os seus "ratings" de dívida, devido sobretudo ao corte realizado à notação financeira da República portuguesa.
O Santander Totta é o banco mais protegido, devido à sua casa-mãe, mas nem assim escapa à quebra prevista dos lucros e à deterioração dos activos.
A actual situação económica do País, aponta para maiores dificuldades no negócio da banca nacional, numa altura em que o financiamento no mercado parece longe de normalizar.
Santander Totta deverá "vai continuar razoavelmente autónomo" da casa-mãe
"Antecipamos uma queda entre 20% a 30% na rentabilidade antes de impostos no Santander Totta em 2011" devido sobretudo à "descida de receitas e a um aumento gradual das imparidades. Acreditamos que o resultado líquido vai diminuir em resultado de um menor volume de negócios e de um aumento dos custos de financiamento, numa altura em que os custos de risco de crédito podem aumentar para taxas de dois dígitos", salienta a S&P na nota de análise.
"A qualidade de activos deve deteriorar, mas acreditamos que o malparado vai manter-se abaixo da média do sector."
"Apesar da situação de dificuldade" em conseguir financiamento, "acreditamos que o Santander Totta vai continuar razoavelmente autónomo do apoio de liquidez" da casa-mãe.
"O Santander Totta vai continuar a mostrar rácios de capital melhores do que os seus pares portugueses. Também acreditamos que o banco beneficia de uma flexibilidade financeira mais forte do que os seus pares, dada a força financeira da empresa mãe", salienta a mesma fonte.
"Resultado líquido da CGD vai permanecer fraco este ano"
"Apesar dos esforços da CGD para reduzir os custos base, antecipamos mais uma queda da sua rentabilidade operacional em 2011", num período em que "as receitas vão cair de forma moderada" e em que terá "provisões para os empréstimos mais altas".
A agência de notação financeira aponta para um "aumento das imparidades no crédito entre 60-65 pontos base em 2011", com a S&P a considerar que "a qualidade dos activos vai deteriorar-se".
"Acreditamos que o resultado líquido consolidado vai permanecer fraco este ano, perto de 20 pontos base do valor médio dos activos."
A S&P considera que a CGD vai "vender alguns activos" para enfrentar alguns problemas relacionados com o vencimento de dívida, num "contexto de dificuldades no acesso ao mercado de capitais."
"A posição de capital da CGD é adequada, mas é afectada pela sua exposição ao mercado de risco."
Mercado nacional vai afectar o "bom desempenho" das operações internacionais do BES
"Antecipamos uma queda significativa da rentabilidade doméstica do BES em 2011 para níveis fracos, devido a uma combinação de receitas mais baixas e imparidades de crédito mais elevadas."
"O resulta líquido da actividade doméstica vai cair novamente em 2011 (provavelmente uma queda de dois dígitos) devido a custos de financiamento mais elevados, reduzindo a sua capacidade de absorção de perdas através dos resultados operacionais, num ano em que os custos de crédito devem aumentar."
"A queda da rentabilidade doméstica vai provavelmente colocar uma pressão substancial nos resultados consolidados, apesar do desempenho razoavelmente bom das operações internacionais."
A agência de notação financeira adianta que as dificuldades de financiamento poderão levar o BES a realizar uma desalavancagem mais rápida do que estava a prever, o que poderá "ter um forte impacto na sua rentabilidade".
A S&P salienta ainda que "o BES tem a flexibilidade financeira para fortalecer a sua capitalização ao vender algumas participações financeiras".
Rentabilidade doméstica do BPI está limitada
A S&P considera que "a rentabilidade doméstica [do BPI] é já limitada (prevemos um retorno de aproximadamente 18 pontos base na média dos activos). O que deixa pouco espaço de manobra para o BPI, numa situação de custos de financiamento mais elevados ou de custos de crédito".
Por outro lado, a agência antecipa que "o BPI vai ser capaz de gerir a deterioração da sua carteira de crédito, e que os indicadores de qualidade de activos do BPI vão continuar a superar a média do sector".
A S&P acredita que "o BPI vai continuar a dar prioridade à desalavancagem do balanço".
"Corte reflecte a antecipação de mais deterioração do Millennium bcp"
"O corte reflecte a nossa antecipação de mais deterioração do Millennium bcp", cujo "perfil financeiro já está debilitado”, sublinha a S&P, que considera que “a posição financeira é mais fraca comparativamente com os seus pares".
"Vemos o BCP a ter um perfil de financiamento mais fraco (incluindo uma grande dependência do BCE), métricas de qualidade de activos mais fracas, e uma capitalização mais modesta" , além da sua exposição ao mercado grego, onde detém a 100% um banco, o que "adiciona riscos".
"Antecipamos uma quebra no resultado líquido consolidado em 2011 no BCP", muito devido às dificuldades no mercado doméstico e a "um reconhecimento potencial de despesas extraordinárias relacionadas com imparidades da subsidiária grega".
"A deterioração da qualidade dos activos domésticos vai levar a um aumento dos custos de crédito para aproximadamente 100 pontos base da média da dos empréstimos em 2011."
Já "as operações internacionais (nomeadamente a Polónia, Moçambique e Angola) vão contribuir positivamente para a consolidação de resultados do banco", sublinha.
Esta visão que a S&P tem do Millennium, é reflectida no nível de "rating" do banco, que se encontra mais baixo do que as restantes instituições.
A Standard & Poor’s anunciou hoje que reduziu o "rating" de cinco bancos portugueses e duas subsidiárias, na sequência da descida da notação de Portugal. A perspectiva continua negativa, pelo que a agência alerta que pode vir a efectuar cortes adicionais, noticia a Bloomberg.
Os "ratings" do Banco Espírito Santo, Caixa Geral de Depósitos, Banco BPI e Santander Totta foram todos revistos em dois níveis, de A- para BBB.
O BCP também sofreu um corte de dois níveis, pelo que o "rating" desceu de BBB+ para BBB-. O banco liderado por Carlos Santos Ferreira tem agora uma classificação de risco que se situa apenas um nível acima de "junk" (BB+).