O tremor de terra, seguido de um tsunami e do risco de uma contaminação nuclear no Japão perturbou o espectro económico de vários setores de atividade, extravasando as próprias fronteiras do “país do sol nascente”. Veja as principais repercussões.
Eletrónica
O Japão produz cerca de 40% dos componentes eletrónicos utilizados no mundo, 20% dos semicondutores e 40% das memórias flash que encontramos nos smartphones ou nos tablets. Além dos gigantes japoneses, como a Sony, Panasonic, Toshiba, Canon ou Nikon, algumas empresas ocidentais serão afetadas. A Texas Instruments tem inoperacional a sua produção no Japão (10% do total), e a Apple ou a Nokia irão ser penalizadas pelo acréscimo dos custos dos componentes eletrónicos (redução da oferta).
Seguros e resseguros
Como é normal em períodos de catástrofes, os investidores entraram em pânico e venderam massivamente os títulos do setor dos seguros. Uma reação exagerada, em nossa opinião. De fato, ao nível dos particulares o Japão assumirá o essencial das suas perdas. Já ao nível empresarial, o encargo estará a cargo das seguradoras. No entanto, a exposição das seguradoras da nossa seleção a esta catástrofe é reduzida. A Prudential, a Axa e a Zurich Financial Services (ZFS) apesar de presentes na Ásia, estão pouco expostas ao Japão.
Automóvel
O impacto será reduzido no setor, pois representa menos de 1% das vendas mundiais, e a questão do aprovisionamento terá impacto apenas nos intervenientes locais (Toyota, Honda). Na Europa, a Renault está mais exposta ao Japão através da Nissan (detém 43,4%). Esta última realiza entre 16 e 18% das vendas no arquipélago e um terço da sua produção é efetuada no Japão.
Utilities e energias renováveis
Após os acidentes na central de Fukushima, a Europa interroga-se sobre a energia nuclear. De resto, a Alemanha e a Suíça anunciaram, desde já, uma moratória sobre as centrais (onde uma extensão da duração de vida destas tinha sido decretada). O setor esteve em baixa, com destaque para a Exelon (sexto explorador mundial de centrais nucleares).
Apesar de esperarmos um congelamento de alguns programas nucleares, não acreditamos que seja o abandono do uso do nuclear. De facto, a energia nuclear representa 20% da eletricidade produzida nos Estados Unidos e 28% na Europa.
Nesta fase em que o Japão necessita de energia, acreditamos que o gás será o grande beneficiado (terminais de petróleo foram destruídos e as restantes centrais nucleares foram colocadas em stand by). E os preços já começaram a subir, o que deverá beneficiar a GDF Suez. Já as energias renováveis, onde eztão ativas a EDP Renováveis e a Vestas Wind Systems, ainda não são economicamente viáveis estando dependentes dos subsídios estatais que, em muitos países, foram cortados recentemente.
Luxo
Os japoneses são responsáveis por 11% do consumo mundial do setor, mesmo sem considerar as compras dos turistas japoneses no estrangeiro. Apesar da região mais afetada pela catástrofe não ter muitas lojas de luxo, o impacto no consumo da população deverá sentir-se nos próximos meses. A longo prazo, o impacto será limitado.
Grupos industriais e mineiros
Na extração de minerais incluiu-se o urânio, uma matéria-prima usada nas centrais nucleares que corre o risco de ver a procura reduzida, no curto prazo. Mas grupos como a Rio Tinto não deverão sofrer muito, caso este efeito seja apenas temporário, como é esperado. Além disso, a procura por outros minerais (como o ferro) para reconstruir o país deverá aumentar. Já os grupos industriais, presentes nas turbinas e nos equipamentos para as centrais deverão sofrer com a moratória de alguns projetos nucleares. É o caso da General Electric ou da Siemens.
http://www.deco.proteste.pt/poupanca/im ... 891024.htm