CALDEIRÃO DE BOLSA

No filme, mostram que as empresas philps, oswrom e uma outra acordaram que os filamentos das lâmpadas não dura-se mais de 1000 horas.

As impressores tinham uma motherboard com um chip a limitar o número de folhas ou seja a partir de x folhas dava um aviso de erro, para contactar o suporte técnico, indo a 3 lojas todas aconselhavam a comprar nova impressora. Tudo porque o chip que foi programado o diz.

Caro Marco, estou totalmente de acordo com o que escreveste e até nos carros isso acontece pois os fabricantes por vezes ganham mais é depois na manutenção e peças.

Continuo a dizer que não vi o documentário (isto não quer dizer que não vou ver ou não tenho interesse em ver mas para contextualizar o que digo, que não é uma resposta directa a um documentário que não vi, só li o artigo e na diagonal como já disse).

pafs Escreveu:A situação das baterias do ipod fez-me lembrar os primeiros telemóveis em que era mais cara 1 bateria (ou quase) do que um telemóvel novo.

Mas qual é a questão aqui?

As baterias tecno-economicamente têm vindo numa evolução de apresentarem um preço relativo cada vez mais baixo.

É um dos factores que nos permite cada vez ter mais dispositivos móveis em larga escala.

Ao ponto de nos estarmos a aproximar do momento em que começa a ser viável utilizá-la em automóveis (por exemplo). Hoje também - e como aconteceu no passado com telemóveis - a bateria de um automóvel consegue chegar a custar mais que o resto do automóvel todo.

Mas, a continuar a progredir, dentro de uns anos vai suceder o inverso e quem sabe a bateria vai representar só 10 ou 20% do custo de produção de um automóvel...

pafs Escreveu:Em relação ás impressoras (mais baratas)o que acontece actualmente é que os tinteiros novos por vezes custam mais que uma impressora nova que trás tinteiros de origem, isto apesar de dizerem que estes não têm tanta tinta como os que compramos novos.

Normalmente (actualmente) não têm mesmo. Mas até podiam ter, aqui a questão é o modelo de negócio...

As marcas decidiram há muito que fazia muito mais sentido lucrar no consumível do que na impressora. Mas a forma de te vender o consumível, é vender uma impressora que precise dele!

Portanto, faz todo o sentido vender-te a impressora ao desbarato, a preços que até eventualmente geram prejuízo à empresa (isto não chega a ser dumping porque dá-se na produção) e tornar-te cliente do tinteiro, que vais comprar várias vezes, e gerar aí o lucro.

E nem é caso único: basta pensares nas empresas que te vendem um telemóvel associado a um serviço: vendem o telemóvel abaixo do preço de custo para eles mas vão acabar por fazer lucro com o serviço associado.

Ora, entende no caso da impressora o tinteiro como sendo o serviço....

Estive a ver o documentário e achei bastante interessante e verídico. Arranjar maneira de inverter a situação é quase impossível por razões óbvias como se pode ver no exemplo das lâmpadas e do nylon. A situação das baterias do ipod fez-me lembrar os primeiros telemóveis em que era mais cara 1 bateria (ou quase) do que um telemóvel novo. Em relação ás impressoras (mais baratas)o que acontece actualmente é que os tinteiros novos por vezes custam mais que uma impressora nova que trás tinteiros de origem, isto apesar de dizerem que estes não têm tanta tinta como os que compramos novos.
Já em relação aos produtos informáticos, de imagem e de comunicações não se põe o problema da durabilidade programada porque é o aparecimento de tecnologias mais avançadas que faz na maioria das vezes as pessoas comprarem um artigo novo.

Tive uma impressora que de um momento para o outro deixou de imprimir (surgia um aviso para trocar as cabeças de impressão), claramente tinha um limite de páginas estipulado. Mas não acredito em algo feito para prejudicar o utilizador, esta tinha as cabeças de impressão na própria impressora, ao contrario de outras que a cabeça se encontra no tinteiro e sempre que se troca de tinteiro temos uma cabeça nova.
O que a empresa fez foi avaliar a durabilidade da cabeça e quantificou em páginas, até podia durar mais um pouco mas o mais certo seria acabar em breve.

Cumps.

Marco, acho que devias perder um bocado de tempo a ver mesmo o documentário. Não que não tenhas razão em algumas coisas ou nesse ponto de vista, mas sim porque vale a pena ver

Isto é como diria o outro "uma faca de 2 legumes", se não consomes não geras riqueza, se consomes estamos a criar verdadeiros monstros em termos de lixo e a esgotar os recursos...

Acho que se devia educar as pessoas para irem algures para o meio.

joaoventura Escreveu:Já tenho tido esta conversa várias vezes com colegas.. Há argumentos contra e outros a favor mas no fim, o que se está a fazer é a aumentar a quantidade de lixo..

João Ventura

Exacto. Aliás eu convido as pessoas a recordarem como era o país em termos de lixo gerado há uns meros 20 ou 30 anos, quando a população total era comparável à de hoje...

Não existiam contentores de 50 em 50 metros como hoje nem nada que se aproxime. É certo que algum muito lixo era deixado a céu aberto mas hoje ele ficaria todo a céu aberto à porta de casa se não fosse recolhido periodicamente tal a velocidade a que nós o geramos actualmente!

É uma coisa colossal a quantidade de lixo que passamos a gerar em função da alteração do nosso padrão de consumo...

Já tenho tido esta conversa várias vezes com colegas.. Há argumentos contra e outros a favor mas no fim, o que se está a fazer é a aumentar a quantidade de lixo..

João Ventura

Um caso paradigmatico desta questão é o muito celebre problema dos elevadores dos vidros da VW (Seat, Opel, Fabia...) que devido a uma peça de plástico partiam n vezes...

Isso é uma grande verdade. Antigamente reparava-se quase tudo, hoje em dia na maioria das vezes não compensa mandar reparar porque por pouco mais compra-se novo, e muitas vezes também não há quem faça a reparação.

Outro aspecto que eu julgo que tem impacto na durabilidade é a redução do custo de produção por unidade devido à redução da necessidade de mão de obra e incremento da utilização de sistemas automatizados e evolução tecnológica dos produtos (noutros aspectos que não a durabilidade).

Isto poderá ser importante em quê?

Em que os produtos não são feitos para serem reparados uma vez que uma reparação sai mais cara que a aquisição de um produto completamente novo. Como tal, isto reduz ainda mais o interesse em que se aposte na durabilidade: para quê apostar na durabilidade inteira do produto se um determinado componente avariar, vai ditar que o resto vá todo para o lixo? Seria uma aposta desperdiçada numa durabilidade que tenderia a não ser explorada.

Além do mais, a evolução tecnológica dita ainda - em diversos casos - que se trataria de um investimento caro que, numa série de aspectos, tenderá a estar obsoleto.


O usa e deita fora tem por isso, na minha opinião, origem essencialmente na concorrência comercial e, ironicamente, no desenvolvimento das tecnologias de produção...

sem2006 Escreveu:http://www.rtve.es/noticias/20110104/productos-consumo-duran-cada-vez-menos/392498.shtml

Teoria da conspiração ou nem por isso?

Não vi o documentário, li o artigo na diagonal.

Duvido, seriamente, que exista uma redução deliberada do tempo de vida útil dos artigos salvo em raras excepções pontuais.

O que acredito, sim, é que seja uma consequência prática da concorrência comercial, uma vez que a duração não é - na generalidade dos casos - o objectivo primário no desenvolvimento do produto na sua forma comercial. Os objectivos são principalmente (quase sempre) os custos de produção e depois alguns outros que vão variar conforme o produto como a performance ou a apresentação, por exemplo.

Para produzir o produto há que chegar a um compromisso entre qualidade e preço, onde a qualidade não é sequer composta apenas pelo aspecto da durabilidade mas tb outros (resistência ao choque e má utilização, performance, etc).

A durabilidade é raras vezes, estou em crer, um objectivo tido como principal porque não é o que vai ajudar nas vendas, o que vai conseguir share de mercado e conquistar a concorrência. Tanto mais que é algo que consumidor só vai perceber à posteriori portanto não é, salvo algumas excepções, algo que tenha uma força determinante na escolha do consumidor, nada se compare com o número inscrito na etiqueta do preço por exemplo.

Sinteticamente: a pressa é chegar ao consumidor, conquistá-lo, não é ficar com ele muito tempo...

Portanto, inclino-me que em 99% dos casos seja uma mera consequência natural.

O novo paradigma do consumismo é mesmo este: quanto menos tempo durar melhor.

http://www.rtve.es/noticias/20110104/pr ... 2498.shtml

Teoria da conspiração ou nem por isso?