migluso Escreveu:Mas se há coisa que eu não estou fixado é em promessas. Aliás, se tivesses mais atento ao exemplo que dei - o aumento de impostos estar previsto nos programas- facilmente depreenderias que não são as promessas que me preocupam.
Eu estou fixado na VERDADE. Em conceder utilidade ao voto. Em conceder poder, e com ele responsabilidade, ao povo.
Muito bem.
Limitar o aumento de impostos, quer por via de incluí-los nos programas eleitorais (para além de ser um compromisso de olhos fechados) e fazer cumprir a todo o custo os programas eleitorais (não sei qual o benefício?) quer por impor um limite ao aumento na constitução, já defendida(a ideia parece-me surreal por princípio), na minha opinião, é a mesma coisa que atar as mãos.
O problema não está no aumento de impostos. O problema estar em gerir a coisa de forma que não seja preciso isso. É claro que quando é preciso dinheiro podemos discutir onde o vamos buscar e aí sim, o Estado tem que decidir qual a forma como vai fazer o encaixe que acha necessário em determinado momento. Mas aí, passo a palavra pois não faço a mínima ideia de quais as alternativas viáveis ao aumento de imposto. É claro que desde despedir funcionários públicos, a cortar nos seus salários, abolir organismos estatais, vender património público, desistir de investimentos públicos, são tudo medidas concorrentes, mas não sei avaliar quais são as mais adequadas.
Parece-me que o mais adequado, é partindo de uma missão esclarecida do Estado, fazer a gestão providente dos bens e dessa missão.
fica aqui uma boa lição da margaret thatcher
bolo Escreveu:considerar estes conceitos sobre o dinheiro público é meio caminho andado na direcção certa.
num discurso de 1983, esta senhora dizia o seguinte:
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- um dos grandes desafios do nosso tempo (para o governo) é saber quanto do vosso dinheiro (contribuintes) deve ser gasto pelo Estado e quanto vocês devem gastar com as vossas famílias (1);
- verdade fundamental: o Estado não tem outra fonte de dinheiro senão o dinheiro que as pessoas ganham elas próprias;
- se o Estado quer gastar mais, só o pode fazer pedindo-vos as vossas poupanças emprestadas ou taxando-vos mais; não é bom pensar que outro alguém o irá pagar. esse outro alguém são vocês; O dinheiro Público não existe, o que existe é o dinheiro dos contribuintes;
- ninguém fica mais rico por requisitar um livro de cheques ao banco; nenhuma nação prosperará ao taxar os seus contribuintes para além da sua capacidade de pagar (2);
- o governo tem o dever de garantir que cada cêntimo arrecadado com os impostos é gasto correctamente e de forma sábia;
- é fácil reunir propostas para gastar o dinheiro, mas alguém tem que as adaptar aos números. todos os negócios têm que o fazer, todas as donas-de-casa têm que o fazer, assim como os governos também o têm que fazer.
(1) a instituição família!
(2) resta definir o limite da capacidade de pagar;
o que dizes sobre a VERDADE, não é mais do que aquilo que todos queremos, quando não temos nada a esconder. mas nem todas as VERDADES nos interessam. Para este caso, e considerando a nossa boa-fé, interessam-nos as VERDADES que sejam adequadas aos valores que acharmos que devem ser defendidos pelo Estado.
Isto para dizer que a ideia de cumprir as promessas eleitorais, ou seja, torná-las VERDADES pela sua observação, não significa que seja o mais adequado, sobretudo se as promessas não forem as que melhor satisfaçam as necessidades de cada momento. Se as promessas não forem boas para aquele momento, não me interessam. E duvido de promessas eleitorais. Normalmente, como disse, só se prometem coisas boas para se ganhar as eleições.
Se o medina carreira, só para dar um exemplo de um gajo que bate, bate, bate e que é informado, se candidatasse e fizesse campanha prometendo aquilo que defende não sei se seria o mais votado. Por isso, as VERDADES, mesmo as de quem é bem informado podem não ser as VERDADES que interessem a todos.
O que tu queres é o seguinte:
Ouvir as promessas eleitorais, escolher o gajo que tem as promessas mais confortáveis para ti, votares nele, e depois não seres enganado.
Julgo que é um capricho pessoal, comum a quase toda a gente, tendo em conta do que se trata, mas não tem mais valor do que isso, sobretudo porque parte de um princípio errado: que o povo tem competência para fazer as melhores escolhas. Fala-se em governar um país, não se trata de uma jogo, ou de uma brincadeira, mesmo que levada a sério.
Neste teu raciocínio, não encontro as premissas que garantam que o cumprimento das promessas seja benéfico para o país. O que garante é que é benéfico para ti porque passas a sentir que tens poder com o teu voto. Podes escolher e o que escolhes é executado. Mas pergunto, tens competências para escolher? Para além disso, não tens a garantia que o vencedor é quem tu escolheste? Acreditas nas escolhas dos outros, mesmo que diferentes?
São questões, que colidem com a tua perseguição de VERDADE. No meu entender, não é essa VERDADE que interessa, por não garantir o que acho mais adequado.