rjac Escreveu:vamos brincar ao faz de conta...
Imaginem uma empresa cotada em bolsa que depende essencialmente de serviços prestados por pessoas.
Chegando à altura da avaliação anual, passa-se a mensagem que a actual conjuntura está mt complicada e que têm que entrar numa forte política de contenção salarial não havendo portanto, lugar a aumentos salariais em linha com os mínimos esperados pelas pessoas.
Por outro lado, os resultados dessa empresa foram os melhores de sempre e essa mesma empresa decide pela primeira vez na sua história distribuir generosos dividendos alegando excesso de dinheiro em caixa.
Como se sentem enquanto colaboradores?
Como se sentem enquanto investidores?
Esta situação parece-vos adequada? Em que enquadramento?
Cpts,
rjac
Sai sempre uma discussão interessante quando se fala da importância comparativa da remuneração do trabalho e do capital.
Em primeiro lugar, empresas muito dependentes do capital humano, ou como tu dizes dependentes de serviços prestados por pessoas, são normalmente detidas pelos próprios trabalhadores, neste caso, incluímos firmas de advogados, consultoras, imobiliárias, outras empresas de serviços, etc...
Existem sociedades abertas em bolsa, se estas necessitaram de muito capital, face ao que dispunham, para se desenvolverem. Não é regra geral, mas o facto é que se as sociedades necessitam de pouco investimento em imobilizado, não faz muito sentido recorrerem a muito capital de fora, simplesmente porque não será muito necessário.
Mas imaginando que uma empresa muito depende do capital e do trabalho, tem mais é que procurar satisfazer os dois. Sabendo que é sempre mais dispendioso procurar novos financiadores (ou accionistas) do que manter os antigos, bem como procurar novos colaboradores se os antigos sairem.
Muitas vezes a lógica na remuneração do trabalho e capital não encaixa numa óptica de justiça, mas sim de oportunidade. Isto é, uma empresa muito lucrativa inserida num meio muito recessivo tenderá a ser menos generosa para com os seus trabalhadores porque entenderá que não perderá facilmente a sua força de trabalho, mesmo tendo possibilidade e meios de remunerar melhor o trabalho.