Enviado: 31/1/2011 12:20JMHP Escreveu:Curioso... Também trabalho e socializo com alemães, ingleses, italianos, franceses, suecos, polacos, checos, russos, coreanos, chineses entre outros mais que são trabalhadores qualificados (engenheiros, técnicos e trabalhadores comuns) de empresas do ramo industrial automóvel e praticamente todos eles trabalham além do horário quando necessários sem serem pagos á hora e os prémios recebem quando os objectivos e os prazos dos projectos são cumpridos.
Tenho várias reuniões com clientes nomeadamente alemães, franceses e coreanos que duram largas horas que ultrapassam as pausas para refeição. Preferem comer uma refeição ligeira na sala do que interromper os trabalhos porque o que está em causa são os objectivos estabelecidos e são para serem cumpridos com rigor.
Pondo de lado a desnecessária comparação fálica
acho que a palavra chave que ai puseste é: "quando necessários"É claro que existem picos de trabalho, é claro que há reuniões em que as pessoas são de outros países e a disponibilidade é reduzida, etc.. Não é nas situações esporádicas que eu (e acho que o resto das pessoas) estou a falar.
Pelo que vejo, em Portugal, e ao contrário dos outros países, quer-se pagar 35h/semana mas planeia-se como se se trabalhasse 55h/semana. Depois admiram-se que há atrasos e há "necessidades especiais".
As pessoas com que eu trabalho (e outras com quem não trabalho mas que conheço) fazem planeamentos a contar com 8h/dia e trabalham 8h/dia. Repito, claro que há situações em que é preciso esticar, mas não é a norma.
Só três pequenas notas:
1 - Juntaste ao resto dos países a China e a Coreia. Acho que concordamos os dois que são países em que as condições laborais são ligeiramente diferentes. E acho que concordamos que ninguém na Europa quer ter as condições laborais dos países asiáticos (apesar de gostarmos muito dos produtos a baixo custo)
2 - Os países do sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Grécia) são os únicos onde as pessoas têm prazer em comer. No resto da Europa é normal fazer refeições rápidas mesmo sem estarem em reuniões.
Podemos discutir como isso pode (ou não) influenciar a produtividade, mas isso é outra conversa.3 - É possível que estejas a pensar que eu estou a defender coisas que não estou. Estou só a colocar a "exploração dos médicos" em perspectiva e comparar com outras profissões. É verdade que defendo que muita da culpa da nossa economia ser fraca tem a ver com as fracas chefias que nós temos que querem pagar ao nível da China mas produtividade ao nível da Alemanha. No entanto, também sou o primeiro a dizer que há muito mau trabalhador por ai que devia ser posto no olho da rua.
JMHP Escreveu:Produtividade é produzir mais por menor custo e menos tempo, independentemente das horas supostas ou não trabalhar. O objectivo deverá ser assegurar a satisfação do cliente com menor custo e menos tempo despendido assegurando e respeitando os prazos acordados.
Concordo plenamente até à primeira virgula. Depois contradizes-te. O custo não é independente das horas de trabalho. Tempo é dinheiro. E o tempo em trabalho deve ser pago. Como tal, entra no custo do produto que entregas ao cliente.
Repito o que disse no parágrafo anterior que há situações que o possa justificar, mas não pode, de forma alguma ser a norma. Senão a tendência é ires a caminho da escravatura. Coisa que, felizmente, já acabou há muito tempo. E Portugal até foi dos primeiros a abolir.
