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Caldeirão da Bolsa

Quando se fala de PIB, fala-se de empresas

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Xitonhane » 16/12/2010 17:05

Quando toca a mexer, tá quieto...caso dos magistrados,fp,etc...mas tambem percebo...os nossos governantes nao lideram atraves do exemplo...se assim fosse talvez fosse mais facil implementar outras medidas...
 
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por Automech » 16/12/2010 16:40

JMHP Escreveu:vive um sonho idiota que é possível mudar tudo, mudando pouca coisa.


Bem verdade JMHP.

E depois aquele típico pensamento do tuga de que as reformas são precisas, mas a só na quinta dos outros.
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por JMHP » 16/12/2010 16:09

AutoMech Escreveu:Também concordo. Pouco adianta regular as indemnizações se elas nunca chegam a poder ser pagas, umas vez que o despedimento não é (amplamente) possível.

No fundo só vão regular as indemnizações dos despedimentos que já são possíveis.

Já que se vai comprar uma guerra previsível com os sindicatos fazia sentido não andar a fazer o trabalho às prestações.


Mais uma vez aplica-se a boa tradição portuguesa de empurrar os problemas com a "barriga"... O problema desta vez é que já não há muito mais espaço para empurrar o problema.

É curioso que nós portugueses temos uma forma de lidar com as responsabilidades e os problemas de uma forma muito suis generis... É fácil apontar e criticar os problemas e responsabilidades dos outros, somos até muito imaginativos a encontrar soluções para os outros, mas quando toca a cada um de nós individualmente..... Ai já não!!... Não é preciso mudar nada, nem necessitamos da ajuda e conselhos de ninguém.

Enfim, seguro é que caminhamos neste transe e inertes para o nosso fim com data marcada... 2011, está ai!

rmachado Escreveu:Só um melhor sistema de justiça faria subir o PIB em 7% segundo um estudo...


É possível, mas é necessário demonstrar vontade e mobilização para reunir a força necessária para realizar reformas profundas. Os custos e sacrifícios são enormes para uma sociedade que não está habituada a mudanças profundas e vive um sonho idiota que é possível mudar tudo, mudando pouca coisa.
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por rmachado » 16/12/2010 13:06

Pata-Hari Escreveu:Para mim, a reter:

- Quando se fala de PIB, fala-se de empresas. Se o PIB cresce este ano muito mais do que o previsto, a elas se deve. E para contrariarmos o ambiente recessivo de 2011, delas precisamos. Leia bem: são estas empresas que estão a levar a economia portuguesa ao colo

-não se pede despedimentos individuais mais fáceis. Pede-se melhor sistema de justiça, uma fiscalidade mais previsível e simples, acesso a matérias-primas, custos de energia competitivos - e ânimo, vontade, sair da fossa.

-quanto às alterações das leis laborais, espera-se um embaratecimento do despedimento para as empresas e admite-se flexibilização no contrato de trabalho em aspectos como o "banco de horas", que já existe na negociação colectiva mas não na individual. São aspectos positivos. Mas que não têm a ver com a flexibilização do despedimento, que o FMI e a Comissão Europeia invocaram há dias. Ontem, na conferência, dois terços dos presentes excluíram o despedimento individual do topo da lista das prioridades.


On the spot...

Mas isto deve ser o que já falamos aqui vezes sem conta.

Só um melhor sistema de justiça faria subir o PIB em 7% segundo um estudo...
 
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por Automech » 16/12/2010 12:50

JMHP Escreveu:
- Sobre o despedimento individual, não compreendo a resistência e teimosia sobre esse tabu, na minha opinião agora interessa discutir essa questão mais do que nunca, antes que sejam as forças das circunstâncias a impor a liberalização do despedimento.


Também concordo. Pouco adianta regular as indemnizações se elas nunca chegam a poder ser pagas, umas vez que o despedimento não é (amplamente) possível.

No fundo só vão regular as indemnizações dos despedimentos que já são possíveis.

Já que se vai comprar uma guerra previsível com os sindicatos fazia sentido não andar a fazer o trabalho às prestações.
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por JMHP » 16/12/2010 12:05

Pata-Hari Escreveu:-não se pede despedimentos individuais mais fáceis. Pede-se melhor sistema de justiça, uma fiscalidade mais previsível e simples, acesso a matérias-primas, custos de energia competitivos - e ânimo, vontade, sair da fossa.

-quanto às alterações das leis laborais, espera-se um embaratecimento do despedimento para as empresas e admite-se flexibilização no contrato de trabalho em aspectos como o "banco de horas", que já existe na negociação colectiva mas não na individual. São aspectos positivos. Mas que não têm a ver com a flexibilização do despedimento, que o FMI e a Comissão Europeia invocaram há dias. Ontem, na conferência, dois terços dos presentes excluíram o despedimento individual do topo da lista das prioridades.


- Concordo em absoluto com a melhoria do sistema de justiça, embora me pareça uma tarefa quase impossível sem uma verdadeira revisão da constituição.

- Uma fiscalidade simples e previsível é absolutamente necessário, embora isso significaria uma austeridade ainda maior durante o período de mudança.

- Relativamente aos custos de energia e acesso a matérias-primas com custos mais-baixos, é que me parece impossível e até uma ideia um pouco demagógica, dado que são mercados que ditam os preços e estamos a viver um período de inflação acentuada de preços.
Uma vez que vivemos em Portugal com défice tarifário de electricidade, qualquer intervenção do Estado no custo da energia resulta automaticamente num défice maior para os contribuintes.

- Sobre o despedimento individual, não compreendo a resistência e teimosia sobre esse tabu, na minha opinião agora interessa discutir essa questão mais do que nunca, antes que sejam as forças das circunstâncias a impor a liberalização do despedimento.

Gosto muito dos textos e argumentações do Pedro Santos Guerreiro, mas por vezes relevam alguma falta de profundidade na analise do autor,talvez a razão seja devido á complexidade da matéria dos seus argumentos e do espaço editorial curto.

Estamos a viver tempos duros e difíceis que vão ser prolongados e na minha opinião acho que as pessoas devem pensar e perceber que a «manta é curta e não chega para o corpo todo», qualquer decisão agora e no futuro tem consequências e com custos elevados para o país.
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por migluso » 16/12/2010 1:30

AutoMech Escreveu:Não sei se existe uma sobreposição assim tão grande nas exportações desses paises com as nossas próprias exportações (porque onde não houver coincidência, nomeadamente em produtos mais diferenciados, é irrelevante).


Honestamente também não sei AM. Mas lembro-me perfeitamente de ouvir falar em fuga de multinacionais, que estavam cá instaladas, para a Roménia e outros países da Europa Central e de Leste. Também essas empresas nunca mencionaram o Euro como a razão da mudança. Mencionaram antes os custos do factor trabalho e ambiente fiscal mais favorável.
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por Automech » 16/12/2010 1:26

Pata-Hari Escreveu:
-quanto às alterações das leis laborais, espera-se um embaratecimento do despedimento para as empresas e admite-se flexibilização no contrato de trabalho em aspectos como o "banco de horas", que já existe na negociação colectiva mas não na individual. São aspectos positivos. Mas que não têm a ver com a flexibilização do despedimento, que o FMI e a Comissão Europeia invocaram há dias. Ontem, na conferência, dois terços dos presentes excluíram o despedimento individual do topo da lista das prioridades.


Hoje o Pires de Lima no programa do José Gomes Ferreira disse exactamente o mesmo.

Para ele há duas coisas mais importantes do que a flexibilização dos despedimentos:

- Regras claras que permitam reestruturações mais rápidas (que envolvam saídas de pessoas), sem todos aqueles meandros burocráticos previstos no código e depois uma arbitragem rápida em caso de conflito (e não arrastar o caso anos e anos nos tribunais)

- Colocar tectos mínimos e máximos nas indemnizações. Por exemplo uma pessoa com 3 anos a indemnização é irrelevante. Uma com 25, por sua vez, tem um poder negocial enorme. Ele defende que se atenuem os extremos, com limites mínimos para os novos e limites máximos para os mais antigos.
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por Automech » 16/12/2010 1:17

migluso Escreveu:
AutoMech Escreveu:Mas Migluso, 72% das nossas exportações são para países do euro.


O que reforça ainda mais o que disse.
Pelo facto de termos a mesma unidade monetária da Alemanha e da França, poderíamos estar a perder quota de mercado nesses países para a Rep. Checa ou Polónia.


Não sei se existe uma sobreposição assim tão grande nas exportações desses paises com as nossas próprias exportações (porque onde não houver coincidência, nomeadamente em produtos mais diferenciados, é irrelevante).
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por migluso » 16/12/2010 1:13

Pata-Hari Escreveu:Para mim, a reter:

- Quando se fala de PIB, fala-se de empresas. Se o PIB cresce este ano muito mais do que o previsto, a elas se deve. E para contrariarmos o ambiente recessivo de 2011, delas precisamos. Leia bem: são estas empresas que estão a levar a economia portuguesa ao colo


Sem dúvida. O verdadeiro sector produtivo e criador de riqueza. Infelizmente, andamos (andámos???) há 35 anos com o paradigma do Estado como motor de crescimento. E seria para continuar, afinal o Sócrates disse-se Keynesiano convicto em 2009 e o povo assim escolheu - TGV, novo Aeroporto, TTT e sei lá que mais.

Em todos os pontos focados (que são de âmbito estrutural) reparei na ausência do factor moeda que alguns académicos gostam de destacar como factor negativo para a nossa competitividade.
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por migluso » 16/12/2010 1:01

AutoMech Escreveu:Mas Migluso, 72% das nossas exportações são para países do euro.


O que reforça ainda mais o que disse.
Pelo facto de termos a mesma unidade monetária da Alemanha e da França, poderíamos estar a perder quota de mercado nesses países para a Rep. Checa ou Polónia.
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por Pata-Hari » 16/12/2010 0:57

Para mim, a reter:

- Quando se fala de PIB, fala-se de empresas. Se o PIB cresce este ano muito mais do que o previsto, a elas se deve. E para contrariarmos o ambiente recessivo de 2011, delas precisamos. Leia bem: são estas empresas que estão a levar a economia portuguesa ao colo

-não se pede despedimentos individuais mais fáceis. Pede-se melhor sistema de justiça, uma fiscalidade mais previsível e simples, acesso a matérias-primas, custos de energia competitivos - e ânimo, vontade, sair da fossa.

-quanto às alterações das leis laborais, espera-se um embaratecimento do despedimento para as empresas e admite-se flexibilização no contrato de trabalho em aspectos como o "banco de horas", que já existe na negociação colectiva mas não na individual. São aspectos positivos. Mas que não têm a ver com a flexibilização do despedimento, que o FMI e a Comissão Europeia invocaram há dias. Ontem, na conferência, dois terços dos presentes excluíram o despedimento individual do topo da lista das prioridades.
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por Automech » 16/12/2010 0:45

migluso Escreveu:A reter:
- os empresários não culpam a eventual sobrevalorização do euro pela falta de competitividade;


Mas Migluso, 72% das nossas exportações são para países do euro.

Já agora, uma vez que se fala de exportações, deixo o relatório dos primeiros nove meses para quem tiver interesse.
Anexos
Evolucao-das-exportacoes-portuguesas-nos-primeiros.pdf
(947.19 KiB) Transferido 180 Vezes
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por migluso » 16/12/2010 0:31

A reter:
- os empresários não culpam a eventual sobrevalorização do euro pela falta de competitividade;
- todas as razões apontadas no artigo são de cariz estrutural.
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Quando se fala de PIB, fala-se de empresas

por Pata-Hari » 16/12/2010 0:12

Pedro, ó Pedro, não há fan maior que eu...

Proponho Pedro a Primeiro Ministro e, já agora, a Presidente da República simultaneamente.

Exportem-se bem
15 Dezembro2010 | 11:22
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt



O que é que as empresas querem? Flexibilização das leis do trabalho, que o Governo anuncia esta manhã?
Veto aos aumentos da electricidade, que a entidade reguladora propõe à tarde? É ouvi-las. O FMI e a Comissão Europeia ficariam surpreendidos.

Ontem, o Negócios ouviu. Duzentos gestores e empresários de empresas exportadoras reuniram-se numa conferência (ver páginas 4 a 9) para dizer não só o que querem, mas sobretudo o que fazem. São empresas que já estão num ambiente competitivo externo acelerado e que prevêem aumentar as exportações no próximo ano. Ver o que fazem é inspiracional. Ouvir o que pedem é mobilizador. Não há choradinhos, ramerames ou bodes expiatórios. Há concorrência, descomplexada e aberta.

Devíamos acender uma velinha para que todas estas empresas exportadoras tenham prosperidade e sucesso. Porque a economia inteira está dependente delas. Quando se fala de défice, fala-se de Estado. Quando se fala de PIB, fala-se de empresas. Se o PIB cresce este ano muito mais do que o previsto, a elas se deve. E para contrariarmos o ambiente recessivo de 2011, delas precisamos. Leia bem: são estas empresas que estão a levar a economia portuguesa ao colo. Pelo crescimento da economia. E pela redução do défice externo, chaga maior do que nos prende à cruz.

Não basta exportar muito, é preciso que essa facturação crie riqueza: é preciso gerar o valor acrescentado. A Qimonda, por exemplo, exportava muito, mas tirando o que importava, pouco ficava na economia. Se o efeito do emprego não contasse, acabaria por ser mais "rentável" para a economia portuguesa ter ficado com a Nanium, o seu despojo. Importa também o que fica: a parte dos lucros que é reinvestida. Em cada mil euros de lucro dos investidores estrangeiros, 19 são reinvestidos em Portugal, 981 são expatriados em dividendos ou para destinos fiscalmente mais atractivos.

Nas empresas portuguesas, da pasta e papel (Portucel e Altri) ao azeite (o grande investimento da Sovena), passando por sectores como o calçado (Fly London) ou farmacêutico (Bial), não se pede despedimentos individuais mais fáceis. Pede-se melhor sistema de justiça, uma fiscalidade mais previsível e simples, acesso a matérias-primas, custos de energia competitivos - e ânimo, vontade, sair da fossa.

O anúncio de aumentos dos preços da electricidade que hoje vai ser anunciado, de 12% nos custos de acesso, como o Negócios noticiou na semana passada, é um problema para essa competitividade presente. Mesmo que travá-lo seja um problema para os consumidores no futuro, pois avolumará o défice tarifário.

Já quanto às alterações das leis laborais, espera-se um embaratecimento do despedimento para as empresas e admite-se flexibilização no contrato de trabalho em aspectos como o "banco de horas", que já existe na negociação colectiva mas não na individual. São aspectos positivos. Mas que não têm a ver com a flexibilização do despedimento, que o FMI e a Comissão Europeia invocaram há dias. Ontem, na conferência, dois terços dos presentes excluíram o despedimento individual do topo da lista das prioridades.

O FMI está esta semana de visita a Portugal, pela segunda vez em mês e meio. Na semana passada esteve a Standard & Poors, de quem se admite uma descida do "rating" da República, talvez ainda este ano. Era bom que, além de banqueiros e governantes, ouvissem também as empresas. Ficariam surpreendidos. São elas que estão a exportar o nosso défice.

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