
Para Duarte Pio, República tem sido "uma perda de tempo"
publicado 18:39 30 Novembro '10
Inácio Rosa, Lusa
O chefe da Casa Real, Duarte de Bragança, foi entrevistado pela agência Lusa por ocasião do aniversário da restauração da independência e afirmou que os cem anos de República, recentemente comemorados, têm sido "uma grande perda de tempo", visto que todas as realizações da república estavam igualmente ao alcance da monarquia e podiam ter sido obra desta.
Um dos balanços da República - na opinião de Duarte Pio o de falir o país - era coisa que, também segundo o entrevistado, já tinha sido alcançada no começo da dita República: "Depois de 100 anos de República, nós voltamos à situação dramática em que nos encontrávamos no começo da República, que estava também num regime praticamente falido".
O chefe da corrente monárquica coloca além disso na entrevista um sinal de igual entre três movimentos militares que marcaram o século XX português: "Cada um desses golpes militares - 1910, 1926 e 1974 - provocou grandes perturbações, grandes atrasos na nossa economia, até situações de perseguição e perturbações políticas gravíssimas".
Daí que o pretendente à chefia do Estado em caso de restauração monárquica veja na abundância de convulsões "a prova de que os cem anos de República foram uma grande perda de tempo. Perdemos cem anos, no fundo, a brincar às revoluções. Chegou a altura de percebermos que as revoluções trazem mais problemas do que vantagens".
Passando da agitação anti-republicana a uma linguagem mais acomodada às medidas do OE 2011, Duarte de Bragança preconiza que o país se adapte "às novas circunstâncias em que vive hoje o mundo. Os privilégios de sermos europeus e de termos um nível de vida muito mais elevado do que os outros povos, trabalhando menos do que os outros, não podem ser mantidos. Temos que produzir para poder ter os privilégios de um Estado social e de uma situação melhor".
Por outro lado, o chefe da Casa Real defendeu na entrevista uma confederação dos países lusófonos inspirada no modelo da Commonwealth. Quase no mesmo fôlego, demarcou-se das "fantasias iberistas, que seriam inconvenientes para Portugal" e que, além do mais, criariam um quadro estatal unificado e com um trono já preenchido. A isto acrescentou que, "se perguntar aos bascos e aos catalães o bom que é ser governado pelos castelhanos, vai perceber o problema que têm os espanhóis, que é [que] os castelhanos querem mandar em todos".
O chefe da Casa de Bragança puxou ainda a brasa à sardinha da restauração monárquica, afirmando que "um rei facilitaria a unidade dos países lusófonos porque não se punha tanto o problema de quem seria a chefia de Estado dessa união". Concedeu no entanto que "pode-se perfeitamente levar o projeto [de confedceração lusófona] para a frente com repúblicas".
publicado 18:39 30 Novembro '10
Inácio Rosa, Lusa
O chefe da Casa Real, Duarte de Bragança, foi entrevistado pela agência Lusa por ocasião do aniversário da restauração da independência e afirmou que os cem anos de República, recentemente comemorados, têm sido "uma grande perda de tempo", visto que todas as realizações da república estavam igualmente ao alcance da monarquia e podiam ter sido obra desta.
Um dos balanços da República - na opinião de Duarte Pio o de falir o país - era coisa que, também segundo o entrevistado, já tinha sido alcançada no começo da dita República: "Depois de 100 anos de República, nós voltamos à situação dramática em que nos encontrávamos no começo da República, que estava também num regime praticamente falido".
O chefe da corrente monárquica coloca além disso na entrevista um sinal de igual entre três movimentos militares que marcaram o século XX português: "Cada um desses golpes militares - 1910, 1926 e 1974 - provocou grandes perturbações, grandes atrasos na nossa economia, até situações de perseguição e perturbações políticas gravíssimas".
Daí que o pretendente à chefia do Estado em caso de restauração monárquica veja na abundância de convulsões "a prova de que os cem anos de República foram uma grande perda de tempo. Perdemos cem anos, no fundo, a brincar às revoluções. Chegou a altura de percebermos que as revoluções trazem mais problemas do que vantagens".
Passando da agitação anti-republicana a uma linguagem mais acomodada às medidas do OE 2011, Duarte de Bragança preconiza que o país se adapte "às novas circunstâncias em que vive hoje o mundo. Os privilégios de sermos europeus e de termos um nível de vida muito mais elevado do que os outros povos, trabalhando menos do que os outros, não podem ser mantidos. Temos que produzir para poder ter os privilégios de um Estado social e de uma situação melhor".
Por outro lado, o chefe da Casa Real defendeu na entrevista uma confederação dos países lusófonos inspirada no modelo da Commonwealth. Quase no mesmo fôlego, demarcou-se das "fantasias iberistas, que seriam inconvenientes para Portugal" e que, além do mais, criariam um quadro estatal unificado e com um trono já preenchido. A isto acrescentou que, "se perguntar aos bascos e aos catalães o bom que é ser governado pelos castelhanos, vai perceber o problema que têm os espanhóis, que é [que] os castelhanos querem mandar em todos".
O chefe da Casa de Bragança puxou ainda a brasa à sardinha da restauração monárquica, afirmando que "um rei facilitaria a unidade dos países lusófonos porque não se punha tanto o problema de quem seria a chefia de Estado dessa união". Concedeu no entanto que "pode-se perfeitamente levar o projeto [de confedceração lusófona] para a frente com repúblicas".