PSD abrirá crise depois das presidenciais
5 de Novembro, 2010
sol.pt
Paula Teixeira da Cruz antecipa razões para uma moção de censura. Nogueira Leite considera inevitáveis eleições em 2011.
Governo e PSD entenderam-se e o Orçamento do Estado para 2011 passa. Mas o acordo não afasta uma crise política a seguir às eleições presidenciais.
Ao SOL, Paula Teixeira da Cruz admite: «Se a situação económica e social se agravar mais ainda, isso pode justificar a apresentação de uma moção de censura ao Governo».
A primeira vice-presidente de Passos Coelho lembra que «o condicionamento económico é muito forte, mas isso pode ser uma faca de dois gumes». «Poderá obrigar a eleições antecipadas por falta de credibilidade e transparência do Governo nas contas públicas. Ou pode servir de travão, se houver uma actuação mais rigorosa, mas o Governo tem dado mostras do contrário», acrescenta.
A direcção social-democrata antecipa que os meses de Fevereiro e Março serão decisivos. A convicção é a de que a agitação social aumentará, sobretudo com os primeiros resultados da execução orçamental de 2010, e que isso vai fazer com que as pessoas questionem se os sacrifícios (nomeadamente os cortes salariais) estão a valer a pena.
Nogueira Leite também considera «absolutamente inevitável» uma crise política e eleições antecipadas na Primavera. «Infelizmente para nós», acrescenta porém. «Estou preocupado com o PSD mas estou mais preocupado com o país, gostem ou não gostem», reforça.
Nogueira Leite e Ângelo Correia, dois conselheiros de Passos Coelho que divergiram da estratégia do líder do partido para as negociações sobre o OE, têm leituras diferentes quanto ao resultado final.
Enquanto o economista diz que mantém tudo o que disse no Conselho Nacional e considera que «não se alterou nada no essencial» com o acordo entre o PSD e o Governo, Ângelo Correia reconhece que «a táctica de Passos Coelho foi mais arriscada mas melhor».
Ângelo Correia também entende que Março vai ser um mês muito importante e defende que o PSD se deve preparar para ser Governo.
Para já, os sociais-democratas asseguram que querem cumprir o que ficou acordado com o Executivo. E o secretário-geral tenta travar precipitações: «Ao viabilizar o OE, o PSD dá tempo ao Governo e não vive atormentado pelo pecado da ansiedade», afirma Miguel Relvas.
sofia.rainho@sol.pt