joao5 Escreveu:Se desenvolveres esta tese és candidato a PhD pela LSE, LBS, etc. A sério.
Mas tem em conta que:
1. Os créditos que os Bancos dão, já são titularizados! É aliás esse um dos factores que originou a crise do subprime.
2. Os bancos finlandeses tinham adquirido titulos de crédito sobre o crédito que o LB tinha disponibilizado a uns tantos americanos.
3. Na hora de pagar, esses bacanos que tinham sido incentivados a pedir 100k para adquirir um bem cujo preço de mercado era de 80k (mas que se iria valorizar em 30%!), entraram em default.
4. Em consequência as casas foram para o mercado e só deram 60k.
5. Os bancos finlandeses começaram a fechar posições, inicialmente com perdas de 40%. Quando fecharam as posições todas viram que tinham todo o seu capital e os depósitos que tinham captado perdidos.
6. Nada diferente do teu modelo. Que faz o finlandês que tem um titulo de empréstimo de 100k mas que só recebe 60k que foi quanto rendeu a venda da casa?
Bom, podes dizer que ao menos não perdeu o capital todo.
Mas se esse finlandês receber 100k, o finlandês seguinte só pode receber 20 para o banco manter a sua situação equilibrada, certo?
A tentação do Banco, para evitar o pânico, é de também pagar a este os 100.
Só que a partir deste momento, não há mais dinheiro. O Banco para pagar 200 já vendeu 3 titulos(por 60 cada) e já foi ao mercado buscar +20k.
Quando o 3º depositante se apresentar, não há dinheiro. KAPUTT.
7. Argumento: o Banco só deveria ter pago 60 ao titular do depósito de 100 - Assim todos perdem de forma igual.
MAS PERDEM.
8. Queres passar o problema que é gerido por instituições especializadas, os bancos, para os depositantes. Que me interessa a mim que o Banco me dê um titulo sobre um devedor cujo activo se desvalorizou? Não perco dinheiro?
9. Não há forma de resolver este duplo problema:
- Há devedores que não cumprem e há activos que se desvalorizam;
10. É nisto que consiste a essência da Gestão de Risco que os Bancos fazem.
- Quando corre bem, remuneram os capitais alheios (tx juro) e os capitais próprios (dividendos).
- Quando corre mal, aparece uma CGD a mobilizar fundos de apoio que poderiam, por exemplo, ter entregue ao Estado (Sim, pode e deve fazê-lo), para que este tivesse reduzido o seu endividamento externo, reduzindo a conta de juros pago ao exterior e equilibrando por esta via o Orçamento. Como tal não sucedeu - e o défice orçamental tem de baixar, se não é pela despesa que se reduz (e será), então aumentam-se os impostos. Ou não?
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De todo, só posso concluir que interpretaste mal o que eu disse.
Vou reexplicar-te.
Em primeiro lugar, é mentira que todos os créditos concedidos pelos bancos estejam titularizados, e mesmo que estejam tal não significa que o banco já os tenha vendido, pelo que é indiferente estarem ou não titularizados.
Segundo, eu não sugeri tão pouco que os bancos ou os depositantes andem a comprar ou a vender títulos de crédito.
O que eu sugeri foi algo muitooo diferente que passa pelo seguinte:
Por cada depósito que os bancos recebem, vão aplicar esse dinheiro em concessão de crédito ou na compra de activos tais como, obrigações acções ou outros.
Portanto, o que eu sugiro, é que os bancos titularizem ou simplesmente dêem como garantia uma percentagem de todos os seus créditos concedidos, com base no respectivo valor do depósito recebido. Quando falo de créditos, podia falar de outros activos dados como garantia imediatamente.
Os activos dados como garantia jamais poderiam entrar na massa insolvente do banco, pelo que os outros credores nunca poderiam tocar-lhes.
Esta situação não é mais do que fazer com que os depositantes tenham privilégio sobre os demais credores, conferindo assim uma maior segurança aos depositantes.
Se com isso as taxas de juro dos depósitos deviam descer? Claro que sim, menor o risco, menor a remuneração.
Ou seja, isto asseguraria que os depositantes tivessem mais probabilidades de recuperar a totalidade ou parte do seu dinheiro.
E quando me refiro a dar créditos como garantia, falo em dar uma percentagem da totalidade dos créditos e não apenas os maus créditos.
Na prática, em teoria, a parte do dinheiro que tinhas depositado e que não conseguias recuperar corresponderia apenas ao crédito mal parado ou incobrável! Portanto, essa questão do subprime não tem nada mas mesmo nada a ver com isto.
Aliás, a minha sugestão não se prende tão pouco em comprar ou vender crédito mas tão simplesmente dar créditos ou outros activos como garantia aos depositantes e que estes apenas as accionariam caso o banco falisse.
O princípio é de que os depositantes deveriam ser credores privilegiados do banco, pois não se esqueçam que as outras entidades que financiam os bancos são outros bancos e os bancos centrais que, como normal da sua actividade, estão sujeitos ao risco de crédito e o seu crédito deve ser subordinado face ao dos depositantes.
Os depositantes quando metem dinheiro num banco não estão numa óptica empresarial nem estão a exercer qualquer actividade. Simplesmente financiam o banco porque não há alternativas viáveis onde ter o dinheiro.
Ter dinheiro no colchão durante anos a fio não é minimamente inteligente nem contribui em nada para a economia!