Os chips que as elites pretendem implantar servirão como dinheiro digital e portanto, logicamente, existirão leitores de RFID por tdo o lado onde for necessário comprar e vender.
Como vê estarão um pouco por todo o lado por isso o argumento do reduzido alcance do RFID não "pega".
A tecnologia RFID é potencialmente mais perigosa para a privacidade do que à primeira vista pode parecer:
Extracto de um excelente artigo da prestigiada Scientific American sobre os perigos da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para a privacidade.
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagen ... ia_10.html
Tarjetas de identificação por radiofreqüência
Minúsculos dispositivos de identificação por radiofreqüência, utilizados para rastrear suprimentos e estoques, estão presentes numa série de produtos. Defensores da privacidade alegam que eles representam novos riscos de segurança para usuários
por Katherine Albrecht
PARA CONHECER MAIS
Spychips: how major corporations and government plan to track your every move with RFID. Katherine Albrecht e Liz McIntyre. Thomas Nelson, 2005.
Radio-frequency Identification (RFID): addressing concerns over information collection and usage. Vídeo de mesa-redonda na faculdade de direito da University of Washington, em 19 de julho de 2007. Disponível no endereço:
www.law.washington.edu/lct/Events/rfid
Privacy impact assessment for the use of radio frequency identification (RFID) technology for border crossings. Departamento de Segurança da Regional da Califórnia, 22 de janeiro de 2008.
Política e informações da Comissão Européia sobre RFID:
http://ec.europa.eu/information_society ... dex_en.htm
Projeto de Ecossistema RFID da University of Washington:
http://rfid.cs.washington.edu
Katherine Albrecht é doutora em educação pela Harvard University e diretora da Caspian, organização com 15 mil membros que defende a privacidade do consumidor contra a vigilância no comércio varejista. Desde 2003 está seriamente empenhada em denunciar e prevenir usos indevidos do RFID em produtos e em objetos de uso pessoal. Ela freqüentemente assessora legisladores e faz palestras sobre RFID e privacidade no Massachusetts Institute of Technology (MIT). É co-autora de dois livros sobre como o uso comercial e oficial do RFID pode ameaçar a privacidade e a segurança pessoal.
Espiões da Vida Alheia
Embora a idéia de que corporações pretendem usar chips RFID para espionar pessoas pareça improvável, ela já é realidade. Vale a pena considerar uma patente da IBM solicitada em 2001 e concedida em 2006. A patente descreve exatamente como os cartões podem ser usados para localizar e descrever perfis pessoais, mesmo que o acesso a bancos de dados seja indisponível ou estritamente limitado. Intitulado “Identificação e localização de pessoas através de tarjetas RFID em ambientes comerciais”, fornece detalhes impressionantes sobre o potencial de vigilância dos RFID num mundo onde uma rede de leitoras de RFID – conectados às chamadas “unidades localizadoras de pessoas”– seria instalada em praticamente todos os lugares mais freqüentados pelo público: shopping centers, aeroportos, estações de metro, ônibus, elevadores, aviões, estádios esportivos, bibliotecas, teatros, e museus – para fazer monitoramento contínuo do movimento das pessoas.
De acordo com a patente, numa loja de departamentos o processo funcionaria da seguinte forma: “Um escâner de chips RFID, localizado num determinado ponto varre o chip RFID da pessoa. Enquanto ela se movimenta pela loja, diferentes leitoras de RFID espalhadas pelo ambiente captam sinais de seu chip, cujo movimento é mapeado com base nas direções tomadas. A unidade localizadora de pessoas mantém registros dos diferentes locais visitados, bem como o tempo de permanência em cada local”.
O fato de as informações pessoais não serem armazenadas no chip não é problema, explica a IBM, porque “as informações pessoais serão descarregadas na próxima vez que a pessoa usar seu cartão de crédito, cartão do banco, cartão da loja ou algum outro cartão”. O link entre o número único do chip RFID e a identidade da pessoa só precisa ser feito uma vez, para que o chip passe a servir como uma porta aberta para extrair informações sobre aquela pessoa. Apesar de a IBM pretender localizar pessoas por meio de minúsculos chips localizados em produtos de consumo, com os cartões de fronteira RFID atuais, não é preciso esperar que os chips de produtos individuais se espalhem. A nova carteira de habilitação com chip do estado de Washington seria facilmente localizada em lojas, pois ela pode ser lida por leitoras de estoque Gen 2, hoje usadas em grandes lojas de departamento.
Essa infra-estrutura de localização se tornará cada vez mais rendosa para o mercado, quando mais pessoas carregarem ou até vestirem itens com chips RFID. Atualmente estão em circulação dezenas de milhões de cartões de crédito digitais e de cartões ATM contendo chips RFID, juntamente com milhares de crachás de funcionários. Cartões de transporte urbano com RFID, muito usados na Europa e no Japão, estão chegando às cidades americanas. O sistema de rastreamento pessoal da IBM está em processo de patenteamento, mas um parque de diversões inglês chamado Alton Towers fornece uma ilustração real do potencial rastreador do RFID. Ao entrar no parque cada visitante recebe uma pulseira com um código de identificação RFID exclusivo. Conforme a pessoa se diverte nas atrações, uma rede de leitoras de RFID estrategicamente espalhadas pelo parque detecta todas as pulseiras numa certa área e aciona câmaras de vídeo próximas. Gravações dos percursos realizados espontaneamente pelas pessoas são armazenadas em um arquivo identificado com o número da pulseira. No final do dia o cliente poderá comprar um DVD de seu passeio para recordação.
Protegendo o Público
Se tarjetas RFID permitem que vídeos personalizados detalhados de milhares de pessoas por dia sejam gravados num parque de diversões, imagine o que um governo poderia fazer – sem mencionar comerciantes e criminosos. É por isso que meus colegas da comunidade da privacidade e eu nos opusemos firmemente ao uso de RFID em documentos de identidade emitidos pelo governo, ou em itens comerciais. Já em 2003, minha organização, a Consumidores
Contra Invasão de Privacidade em Supermercados (Caspian) – em conjunto com a Privacy Rights Clearinghouse, a Electronic Privacy Information Center, a Electronic Frontier Foundation, a Associação Americana de Liberdade Civil e 40 outros defensores e organizações líderes em privacidade e liberdade civil – reconhecemos essa ameaça e emitimos um parecer condenando o rastreamento de pessoas por meio de RFIDs.
Em resposta a essas preocupações alguns estados americanos apresentaram projetos de lei de proteção ao consumidor contra o RFID, – que foram rejeitados ou receberam emendas, por forte oposição de lobistas da indústria de RFID. Quando senadores de New Hampshire votaram um projeto de lei impondo rigorosa regulamentação sobre o RFID, em 2006, uma emenda de última hora o substituiu por um estudo de dois anos. Fui nomeada pelo governador para atuar na comissão de resultados. Naquele mesmo ano um projeto de lei da Califórnia, que proibiria o uso de RFID em documentos emitidos pelo governo, foi aprovado no Congresso e no Senado, mas acabou vetado pelo governador Arnold Schwarzenegger. No âmbito federal nenhum projeto de lei de proteção ao consumidor relativo ao RFID foi aprovado. Ao contrário, em 2005, a Força Tarefa de Alta-Tecnologia de Membros Republicanos do Senado americano elogiou as aplicações do RFID considerando-as “novas tecnologias empolgantes, altamente promissoras para nossa economia” e prometeu proteger o RFID contra regulamentações e leis.
Na União Européia órgãos reguladores estão examinando a situação. A Comissão Européia – o braço executivo da União Européia – reconheceu o potencial dos sérios problemas de privacidade que cercam os RFID e deram início a uma discussão pública no início deste ano. Em julho último, quando esse assunto chegou à mídia, esperava-se uma inflamada repercussão por parte do público, mas há poucas expectativas sobre uma regulamentação a favor da privacidade do consumidor. Num discurso, em março de 2007, Viviane Reding, membro da comissão de mídia e informação para a sociedade da União Européia, anunciou que, em lugar de legislar sobre a questão das RFID, a comissão deixaria “a cargo das empresas a regulamentação sobre identificadores de radiofreqüência”. “Minha posição é que não devemos interferir no desenvolvimento do setor” conclui ela.
Lamentavelmente a auto-regulação do setor industrial surte pouco efeito na proteção do público sobre riscos do RFID. A EPCglobal, órgão que atualmente estabelece os padrões técnicos para as tarjetas RFID, criou um conjunto de regras para seu uso no varejo. As recomendações do órgão impõem, por exemplo, que os consumidores sejam informados da existência da tarjeta RFID no produto – na forma de um símbolo RFID de identificação. No entanto, quando a Checkpoint Systems, empresa membro da EPCglobal, desenvolveu tarjetas RFID para serem camufladas em solas de sapato – numa clara violação do estabelecido pela própria organização –, Mike Meranda, então presidente da EPCglobal, confessou-me que, como as diretrizes eram voluntárias, nem ele nem a organização poderiam interferir.
O departamento de licenciamento do estado americano de Washington assegura aos cidadãos que seus dados pessoais serão resguardados, pois a tarjeta RFID da carteira de habilitação “não tem fonte de energia” e “não contém qualquer identificação pessoal” muito embora esses fatos não impeçam que as carteiras sejam usadas para rastreamento. Para alguns, uma falsa noção de garantia para tentar tranqüilizar o público pode ser perigosa. A Rede Nacional para o Fim da Violência Doméstica, grupo americano que tem se manifestado contra o uso de RFID em documentos de identificação e produtos ao consumidor, está apresentando ao Congresso exemplos práticos de como infratores poderiam se aproveitar da tecnologia para perseguir e monitorar suas vítimas.
Enquanto isso, a onda do RFID está ganhando força. Gigi Zenk, porta-voz de uma agência de licenciamento do estado de Washington, recentemente confirmou que atualmente há 10 mil licenças RFID concedidas a usuários comuns que andam normalmente com elas. Um enorme potencial para uso indevido, que só tende a aumentar. É verdade que o estado de Washington há pouco tempo esboçou uma resposta parcial, aprovando uma lei que declara a leitura não autorizada de tarjetas “com finalidade de fraude, furto de identidade ou qualquer outro propósito ilegal” como infração grave, sujeita a cinco anos de prisão e multa de US$ 10 mil. No entanto, em nenhum momento a lei estabelece que a leitura feita com outras intenções, como estratégias de vendas e promoção de produtos, ou para “controlar a população” seja criminosa. E nós somos coniventes com isso.