Já agora, um estudo de 2006 (é mencionado num dos links de cima) que até conclui o contrário:
(nota: isto é só para ilustrar que há conclusões para todos os gostos - embora esta encontre muito menos eco - não estando a subscrever de forma nenhuma os números de baixo)
Exclusivo CM
2006-11-10 - 13:00:00
Estudo: Estado paga pior do que o privado
Comparativo cala Governo
Teixeira dos Santos encomendou um estudo à Capgemini, mas os resultados fizeram-no guardar o documento na gaveta
O primeiro dia de greve da Função Pública foi agitado por um estudo que o Ministério das Finanças encomendou e esconde desde Maio porque desfaz a ideia que paga bem.
O estudo tem a data de Maio de 2006 e foi feito pela Capgemini, uma das cinco maiores empresas mundiais de consultoria, com 63 mil colaboradores em todo o Mundo e escritórios em Portugal, mas como vai contra a ideia de os funcionários públicos serem bem pagos em relação aos que trabalham no privado foi escondido pelo Governo. Isto mesmo apontou o presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), pertencente à UGT, que teve acesso a alguns comparativos, sempre desfavoráveis à Função Pública, conforme quadro publicado em baixo.
Nos 20 casos, as diferenças vão desde menos 1,5 por cento para os engenheiros de sistemas, aos sempre negativos 10% nos enfermeiros, 48% nos analistas de laboratório e 77% nos directores-gerais. Os montantes remuneratórios não foram avançados, embora segundo a tabela salarial em vigor no corrente ano se registe que os especialistas de informática auferem de 1287,53 euros ilíquidos (estagiário com licenciatura) a um máximo de 2897,28 euros (especialista de grau 3, nível 2), que aliás equivale ao máximo da tabela de regime geral, onde se encontram os assessores principais.
Os poucos números revelados pelo ‘Estudo Comparativo de Sistemas de Remuneração entre os Sectores Público e Privado’, feito por encomenda do Ministério das Finanças, de Teixeira dos Santos, dizem respeito às remunerações reais de base, ou seja, sem prémios, e colocam a Função Pública em confronto com as empresas privadas com mais trabalhadores. Porém, segundo Bettencourt Picanço, do STE, a análise feita pela Capgemini faz também comparativos com as médias remuneratórias de empresas médias e pequenas. Sobre estes, não foram revelados quaisquer números, favoráveis ou não aos funcionários públicos .
O STE diz só conhecer uma parte reduzida do comparativo, mas não tem dúvidas em constatar que o Governo esconde este estudo porque, “ao contrário do que o Governo diz, no seguimento do relatório da Comissão para o Estudo das Carreiras e Remunerações, as remunerações na Administração são inferiores às do sector privado”.
Do desmentido que os trabalhadores da Administração têm remunerações superiores às do sector privado, Bettencourt Picanço concluiu ainda, na conferência de Imprensa para fazer um primeiro balanço dos dois dias greve, que “caem por terra os propósitos do Governo de estruturar carreiras com remunerações inferiores às actuais” e que a atitude correcta será o Executivo negociar.
Contactado pelo CM, sobre o ‘Estudo Comparativo’, o assessor de Imprensa do ministro das Finanças disse desconhecer o estudo, embora referisse o nome da empresa de consultoria. Por seu turno, a Capge- mini, empresa de consultoria, tecnologia e ‘outsourcing’, não respondeu à pergunta enviada por ‘e-mail’ para o contacto de Imprensa.
20 EXEMPLOS DO ESTUDO
- Director-geral: -77%
- Gestor de RH: -8%
- Director de serviços: -61%
- Chefe de divisão: -28%
- Analista informático: -12%
- Consultor jurídico: -5%
- Engenheiro: -37%
- Téc. apoio à gestão: -3%
- Eng. de sistemas: -1,5%
- Enfermeiro: -10%
- Analista de laboratório: -48%
- Técnico com formação prof. especializada: -29%
- Assistente administrativo: -29%
- Tesoureiro: -36%
- Funcionário de limpeza: -13%
- Motorista de ligeiros: -33%
- Cozinheiro: -33%
- Canalizador: -7%
- Electricista: -17%
- Mecânico: -38%