Marco Martins Escreveu:Não sei em qual das % estarei...
apenas sei que olho para todas as críticas que foram sendo feitas por pessoas sem partido político, por pessoas de vários partidos (e mesmo pelas previsões da Ferreira Leite sobre o rumo que estavamos a seguir) e não é difícil ver de que tudo aquilo para que fomos alertados aconteceu e tudo aquilo que o Sócrates se recusou sequer a ponderar ou a mudar, acabou por ter de mudar... e com cara de pau diz que a culpa é do exterior ou das agências de rating...
Acho vergonhoso "aldrabarem" o povo de uma forma tão baixa com malabarismos de números e de palavras, quando a política não deveria ser assim...
A política é algo necessário para que haja democracia... e quando a política deixa de funcionar, a tendência será termos o caminho dos países de 3ª mundo que tanto criticamos...
O que seria de um país sem politicos?
A politica e os politicos são necessários para o bem e para o mal.
Os politicos são seres humanos e como tal, sujeitos aos mesmos erros que todos os seres humanos estão sujeitos.
Alguns erros são obviamente deliberados mas outros são simplesmente azares gerados por acontecimentos fora do seu controlo.
O problema do nosso país não é o primeiro ministro e o seu partido. O problema do nosso país é a politica seguida depois do 25 de Abril por todos os partidos.
Existem 2 "forças" que governam o nosso planeta, o comunismo/socialismo e o capitalismo. As 2 já deram provas de não funcionarem. Vejamos:
- O capitalismo evoca a liberdade e o direito que cada um de nós tem em criar riqueza para si próprio e para os outros.
- O comunismo/socialismo evoca o controlo sobre essa mesma liberdade e direitos. O "estado" deverá controlar todos os "pilares" económicos, e não só, do país.
Ambas as forças, por mais diferentes que possam ser, sucumbiram ao mesmo problema, o acesso ao crédito ilimitado.
O capitalismo necessita de um cash flow constante pois não há outra forma de criação de riqueza senão o constante investimento e reinvestimento do investimento.
O comunismo/socialismo necessita de um cash flow constante pois sendo ele o sustento do país, é ele que tem de suportar integralmente os custos de tal suporte. O investimento privado é tão diminuto que é irrelevante na capacidade de sustentação do país.
O problema do nosso país é o problema de muitos outros países. Ao contrário dos EUA, onde temos um país puramente capitalista, a Europa é puramente comunista/socialista.
Apesar de ambos viverem sob 2 forças diferentes, ambos vivem neste momento o mesmo problema, excesso de divida.
Os europeus estão habituados a viverem com subsídios estatais (uma forma muito cómoda que o comunismo/socialismo encontrou para controlar um país sem dar muito nas vistas).
Habituámo-nos a ter acesso gratuitamente à saúde e à educação. Foi-nos dito que empresas publicas têm como objectivo servir a população, logo, sem fins lucrativos.
À uns 30 anos atrás, até poderia ser verdade, a população era bem menor que a actual.
O problema é que a população cresceu, quase de forma exponencial, e os custos deixaram de ser suportados.
NÃO é possivel termos uma saúde gratuita, nem semi-gratuita.
NÃO é possivel termos uma educação gratuita, nem semi-gratuita.
NÃO é possivel termos empresas publicas que não geram lucros.
Esta corrida por parte dos países europeus e das empresas americanas ao crédito está a piorar ainda mais a situação. Continuamos a fazer crescer a divida a nível mundial, continuamos a imprimir dinheiro e naturalmente, continuamos a fazer descer o valor desse mesmo dinheiro.
Não é de estranhar portanto que o ouro esteja a fazer novos máximos históricos, o crude mais cedo ou mais tarde irá fazer-lhe companhia e o trigo e o milho estão também eles a sofrer o mesmo tipo de pressão.
Os políticos estão somente a tentar gerir os problemas que têm vindo a acumular nas ultimas décadas e que está a dar sinais de já não ser possivel ser contido.
Se tivesse lá outro que não o Sócrates o problema seria o mesmo, se não temos dinheiro para pagar, temos que pedir emprestado. E se quisermos que nos emprestem, temos que embelezar um pouco a situação em que realmente vivemos pois de outra forma não veríamos esse empréstimo.
É tão simples quanto isto.
Nenhum politico no seu perfeito juízo, e com lugar no governo pode vir a publico dizer que isto está mau e vai piorar. Com que olhos é que a comunidade mundial iria olhar para nós?
Se a nossa taxa de juros já está a 6%, quaisquer palavras mal medidas de um ministro pode atirar o nosso país para o "nível" em que se situa a Grécia.
Se acham que as medidas do Sócrates são más então esperem pelas do FMI.
Entre o Sócrates e o FMI, estou a rezar para que o nosso primeiro ministro consiga aguentar o barco.
Das duas uma, ou ele despede funcionários públicos ou reduz-lhes o ordenado (incluindo o dele).
Pessoalmente penso que a redução de ordenado seria mais rapidamente notada nos cofres do estado visto que o despedimento gera mais subsídios de desemprego e de subsídios está este país cheio.
Naturalmente que a redução de ordenado não poderá ser idêntica para todos.
Não se pode admitir uma redução de... 20% por exemplo, para um ordenado de 500 euros e a mesma redução para um ordenado de 1000 euros.
O ordenado mínimo deveria ser o limite para essa redução.
A carga fiscal está a ficar insuportável e a redução de algumas pensões está a deixar famílias realmente necessitadas numa situação também ela insuportável.
Por pior que isto esteja neste momento, rezem para que o FMI não entre.
Entre a ajuda, perdão, a imposição do FMI e o país entrar em default, prefiro um default pois permitirá uma mais rápida recuperação económica, isto, com um politico francamente capitalista pois numa situação dessas, iremos necessitar de pessoas com iniciativa própria, com força de vencer e crescer e não os pseudo-empresários que constituem a actual força empresarial do nosso país.
Resumindo, ou encontra-se um novo modelo económico para o mundo, um mix entre capitalismo e comunismo/socialismo, ou por mais que se consiga estabilizar a actual crise, ela voltará daqui a uns anos, maior e muito provavelmente, nessa altura, impossível se ser controlada.
Nessa altura não será o Sócrates a ser o culpado mas será outra pobre alma, que com maior ou menor capacidade, irá estar ao leme do país, a tentar conduzir algo que deverá ser incontrolável.