Para a análise económica foram determinados custos uniformes de produção para o tempo
de vida de cada instalação, incluindo custos de investimento, de operação e manutenção, de
combustível e ambientais. Numa primeira fase não foram consideradas taxas de crescimento dos
custos de O&M nem de combustível e utilizaram-se taxas de desconto de 5 e 10% e factores de
carga de 22 e 85% para a energia eólica e para a central de CCGN, respectivamente. Posteriormente
foram estudados os efeitos decorrentes da introdução de taxas de crescimento e da variação das
taxas de desconto e dos factores de carga.
No cálculo dos custos do ciclo de vida das duas tecnologias, sem custos ambientais,
obtiveram-se valores iguais a 55,51 €/MWh para uma taxa de desconto de 5% e 77,72 €/MWh para
uma taxa de desconto de 10%, na produção de electricidade a partir de um parque eólico. Numa
central de ciclo combinado a gás natural os valores foram de 32,09 €/MWh e 34,68 €/MWh para taxas
de desconto de 5% e 10%, respectivamente. As diferenças verificadas entre os dois sistemas devemse,
essencialmente, ao elevado custo de investimento de um parque eólico e ao baixo factor de carga
da tecnologia eólica quando comparado com o que é possível atingir numa CCGN.
Quando são considerados os custos ambientais, os custos de produção de energia a partir de
um parque eólico aproximam-se dos da tecnologia a gás, chegando a atingir valores mais baixos para
estimativas altas, isto é, quando se considera um período de tempo superior dos efeitos das
emissões atmosféricas. Mesmo incluindo os custos ambientais, na energia eólica são os custos de investimento que mais contribuem para o valor total. Na CCGN grande parte dos custos resulta do
consumo de gás, mas para estimativas altas dos custos ambientais estes apresentam maior peso.
Este cenário obteve-se para valores constantes. Contudo, prevê-se que os custos dos
sistemas convencionais aumentem em resultado da delapidação dos recursos, assim como das
políticas ambientais (quando considerados custos ambientais). Embora o estudo realizado pela
Agência Internacional de Energia (IEA, 2005) tenha considerado um preço constante para o gás
natural nos próximos anos, não parece ser essa a tendência dos últimos anos em Portugal.
Ao mesmo tempo, os sistemas renováveis deverão reduzir os seus custos decorrentes do
desenvolvimento e difusão das tecnologias. No exemplo em análise, os custos uniformes das duas
tecnologias (sem custos ambientais) aproximavam-se se os custos de investimento reduzissem para
metade do valor actual (situação esperada por alguns autores).
http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/6731