ejadias Escreveu:Os DIM são importantes na divulgação de novos medicamentos e terapêuticas , no entanto, o que se verifica é que as visitas se realizam com o intuito de aliciamento para a prescrição de determinada marca e quem disser o contrário não está a ser realista.
Por dia o médico apenas pode receber um determinado numero de DIM e em datas marcadas, na realidade o que acontece é que para fazer o "jeitinho" o médico atende 5 ou 6 delegados das 9 às 10.30 e depois despacha 14 consultas em outra hora e meia, porque tem de sair às 12h para ir dar consulta a outro lado.
Não quero dizer com isto que todos os profissionais se portam assim, isto é como em todas as áreas. Há bons e maus profissionais.
Os laboratórios sabem que quantidade de um medicamento se vendeu numa determinada zona num determinado periodo de tempo, daí aos prémios por objectivos é um passo (ao que chegámos).
Se consigo provar alguma coisa do que digo?
Fácil é falar e encontrar exemplos de aliciamento, mais difícil é prová-lo. Lembram -se do Pequito/bayer, e da recente história dos ginecologistas que foram passear à malásia á conta da J NEVES? Lembram-se como acabou tudo? O sistema está muito bem montado e é difícil chegar a provar alguma coisa.
Tenho esperança com com a centralização das receitas no centro de conferência da maia e com a informatização das receitas se consigam detetar certos abusos de prescrição dos médicos e certos abusos na cedêcia de medicamentos por parte das farmácias.
Já colocaram aqui o exemplo que referiste da J Neves. E eu já dei a minha opinião sobre o assunto.
Quanto a como tudo acabou (e não conhecendo o caso em pormenor), acabou como tudo acaba neste país: em banho maria. O que pode ser mau quer para a acusação (no caso de eles serem culpados de algum crime), quer para a defesa (no caso de serem inocentes).
Quanto a provar é o mais fácil de ser fazer. Basta verificar as prescrições do médico e ver se está a haver "contra-partidas" ilegais... um indivíduo que sistematicamente prescreva medicamento X, acima da "normalidade" do seu uso é suspeito. Pode sempre ser inspeccionado e inquirido sobre o assunto.
Quanto ao papel dos DPM, poderias dizer que a solução seria acabar com eles. Não me parece. O que aconteceria é que aqueles que quisessem prevaricar, fá-lo-iam na mesma. Em vez de ser um DPM, seria um "gajo qualquer do laboratório" que daria "uma palavrinha ao sr. dr.".
Quanto ao modo em como são "recompensados" pelas vendas também me põe um pco de confusão. Preferia que fosse um salário fixo. Quantas vezes já ouvi a pressão do "porque as vendas baixaram" ou a outra curiosa das 10 caixas no Algarve? Muitas. Mas por outro lado, qual seria a forma que utilizarias para distinguir o "bom aliciante" do "mau aliciante"?
Quanto à centralização de receitas, eu espero o mesmo. Espero isso e espero que as receitas falsificadas (não passadas pelo médico, mas passadas por pessoas que lhe desviam as vinhetas e falsificam assinaturas), sejam apanhadas e bem multadas. Não é a primeira vez que colegas se queixam de falsificação de receitas.
Aliás, isto é um problema muito discutido, especialmente com a atribuição de vinhetas aos novos médicos que, para estupidez das estupidezes, têm de ir no meio da consulta, à procura do tutor, para lhe buscar uma assinatura e uma vinheta para uma receita. Ou faz isso, ou faz como muitos fazem: com o conhecimento do tutor e com as vinhetas por ele cedidas, falsificam a assinatura e assinam como outra pessoa.
Pessoalmente, penso que seria de atribuir logo as vinhetas para que esta pouca vergonha não acontecesse (e o controlo pudesse ser mais apertado).
Outra forma seria ter de ser cada médico a dirigir-se à ARS para buscar as vinhetas, para não haver hospitais a "encomendarem" as vinhetas para os clínicos. Já agora também punham alguma forma anti-falsificação das mesmas... Tenho colegas que agora em vez de assinarem a receita 2 vezes, ja a assinam 3 vezes: uma do genérico, uma da receita e uma sobre a receita e a vinheta.