I-Contas de familiares de Sócrates não estão a ser investigadas Escreveu:Julho 2, 2010 · imprimir
Autor: Inês Cardoso
Data: Sexta-Feira, 02 de Julho de 2010
Pág.: 31
Temática: Justiça
Contas de familiares de Sócrates não estão a ser investigadas
Em causa estão fluxos financeiros na ordem dos 383 milhões de euros. Ministério Público afasta suspeitas.
Em Março de 2009, 67 páginas com operações financeiras através de offshores nas ilhas Caimão, alegadamente envolvendo familiares do primeiro-ministro, estiveram disponíveis online num fórum do movimento nacionalista. A haver indícios de irregularidades, os documentos anteontem invocados por Mário Machado e outros arguidos que estão a ser julgados no Tribunal de Loures poderiam ter sido investigados. Mas o Ministério Público assegura não ser o caso. “Não há qualquer investigação em curso sobre matérias financeiras relacionadas com familiares do engenheiro José Sócrates”, respondeu ontem ao i a Procuradoria-Geral da República. Além de esclarecer nunca ter sido feita qualquer denúncia sobre a matéria, o gabinete de Pinto Monteiro acrescenta só ter conhecimento do assunto “mediante noticias da comunicação social”.
O Tribunal de Loures anunciou que iria enviar para a PGR uma certidão com declarações de Rui Dias, um dos arguidos do julgamento de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional. Rui Dias alegou ser por causa dos documentos, com fluxos financeiros na ordem dos 383 milhões de euros, que está detido preventivamente.
O argumento não é novo: foi invocado há mais de um ano pelo advogado de Mário Machado, que considerou estranho ` o timing e a coincidência” da detenção, uma semana depois de colocar online parte dos referidos documentos. De tal forma que o director da Unidade Nacional contra o Terrorismo da PJ foi forçado a explicar, em conferência de imprensa, não haver “qualquer relação” entre os factos.
Apesar das declarações anteriores sobre o alegado dossiê - a que o i teve acesso e que inclui 119 páginas, maioritariamente de compra e venda de acções -, só agora os documentos serão entregues às autoridades. Essa foi pelo menos a garantia dada pelo juiz Manuel Rodrigues, que afirmou que iria juntá-los na certidão a enviar à PGR.
Até ao final do dia de ontem, não tinham sido recebidos na Procuradoria-Geral quaisquer elementos. Mesmo que venha a ser comprovada a autenticidade dos documentos, isto não será sinónimo de neles haver indícios de eventuais infracções fiscais. A maioria das operações remonta a 2000 e 2001, muito antes de rebentar a crise do subprime, que, em 2007, lançou o debate público sobre as offshores. E regras mais apertadas de controlo entraram em vigor apenas no ano passado e já este ano.
OS SUCESSIVOS CASOS À VOLTA DA FAMÍLIA
Um tio e dois primos foram envolvidos no caso Freeport, por alegados contactos com promotores do projecto em que terão invocado o nome de José Sócrates
O semanário “Sol” noticiou que um primo estaria a ser investigado pelo DCIAP, num processo que envolve a Câmara da Amadora.
A compra da casa da mãe (através de uma offshore) e o valor da escritura foram alvo de polémica.
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