
Caro Mech,
Em relação aos bancos e aos critérios de obtenção de fundos por parte do banco central. Efectivamente tens razão. Em função da redução da relação entre crédito captado e crédito concedido, foi gradualmente mais importante o financiamento de outras fontes. Até 2008, o interbancário servia, e ainda dava margem financeira suficiente aos bancos. Desde aí, e como o fecho de muitas portas no interbancário, tornou-se óbvia a necessidade de recorrência ao banco central. Houve um crescimento do mal-parado neste último ano, mas o problema de financiamento, no meu ponto de vista, é outro. Efectivamente ficou muito mais difícil captar dinheiro no interbancário e por isso a recorrência ao BCE que até 2008 praticamente nem existia. Com este cenário é absolutamente natural que os limites estejam próximos do estabelecido. Não creio que haja aqui deterioração específica das contas dos bancos, ou melhor há, mas por outras razões. Ou seja caberá ao BCE avaliar que o cenário é outro, como aliás já fez em 2009, e substituir-se ao interbancário. Não se trata de entregar dinheiro ao desbarato, trata-se de resolver problemas de liquidez que normalmente seriam resolvidos de outra forma. Essa é aliás uma das formas de injectar liquidez no sistema – não dá para mandar dinheiro de um para-quedas para as pessoas, tem de haver naturalmente uma forma de emissão inteligente e controlada.
Depois há outro problema que é o das garantias. Efectivamente uma carteira de crédito não vencida é uma garantia, e do meu ponto de vista, a “selecção natural” dos bancos vai passar por aqui. A falta de liquidez afecta a todos, mas o critério na concessão do crédito e a sua dimensão face à estrutura e capital do banco determinarão se o banco sobreviverá ou não. Agora não podemos é esperar que um banco com bons clientes pagadores que estão em cumprimento mas que não tem liquidez, porque o interbancário secou, possa ser penalizado, porque a rigor não executou má gestão. E para esse banco, o BCE deve contribuir com a liquidez que for necessária ainda que se aumentem os rácios estabelecidos de cedência de fundos do BCE.
Em relação aos juros. Academicamente existem duas teorias que se opõem nos efeitos. Uma diz que o aumento da liquidez provoca, através da lei da oferta e da procura, menores juros porque havendo abundância de liquidez, torna-se mais frequente encontrar emprestadores do que recebedores. A outra diz que o aumento de liquidez cria expectativas de inflação e dessa forma leva as autoridades a aumentar os juros de forma a contê-la. Na prática, depende do contexto, mas neste cenário actual em que o problema é essencialmente a dívida, o que me parece inteligente fazer é naturalmente a redução da mesma seja por contenção orçamental seja também por desvalorizá-la através de inflação.
Um exemplo: um País tem crescimento 1%, inflação de 3%, Dívida de 100, D/PIB=100%. Se o défice for de 4% a D/PIB continua igual. Se a inflação for zero, é preciso um défice de 1% para o mesmo efeito. Ou seja, não querendo inflação exagerada, mas diria que se controladamente aumentar até nos pode ajudar. Se pelo contrário ocorrer deflação, a dívida agrava e com crescimento deprimido fica muito difícil sair do buraco.
Em relação a Portugal. Existem problemas crónicos que já vêm de há... Mas no presente, o que mais necessitamos é que os nossos parceiros europeus recuperem porque a nossa economia muito depende deles. É preciso contenção orçamental é certo, mas também que o Hans venha passear no Douro, que o Jonh continue no Algarve, etc... E precisamos de exportar mais e importar menos. O azar é que não temos muitas valências, mas a sorte é que somos um País pequeno e pequenos projectos, à escala mundial, podem fazer a diferença para nós.
Enfim ... problemas complicados, soluções difíceis,
Abraço!
Em relação aos bancos e aos critérios de obtenção de fundos por parte do banco central. Efectivamente tens razão. Em função da redução da relação entre crédito captado e crédito concedido, foi gradualmente mais importante o financiamento de outras fontes. Até 2008, o interbancário servia, e ainda dava margem financeira suficiente aos bancos. Desde aí, e como o fecho de muitas portas no interbancário, tornou-se óbvia a necessidade de recorrência ao banco central. Houve um crescimento do mal-parado neste último ano, mas o problema de financiamento, no meu ponto de vista, é outro. Efectivamente ficou muito mais difícil captar dinheiro no interbancário e por isso a recorrência ao BCE que até 2008 praticamente nem existia. Com este cenário é absolutamente natural que os limites estejam próximos do estabelecido. Não creio que haja aqui deterioração específica das contas dos bancos, ou melhor há, mas por outras razões. Ou seja caberá ao BCE avaliar que o cenário é outro, como aliás já fez em 2009, e substituir-se ao interbancário. Não se trata de entregar dinheiro ao desbarato, trata-se de resolver problemas de liquidez que normalmente seriam resolvidos de outra forma. Essa é aliás uma das formas de injectar liquidez no sistema – não dá para mandar dinheiro de um para-quedas para as pessoas, tem de haver naturalmente uma forma de emissão inteligente e controlada.
Depois há outro problema que é o das garantias. Efectivamente uma carteira de crédito não vencida é uma garantia, e do meu ponto de vista, a “selecção natural” dos bancos vai passar por aqui. A falta de liquidez afecta a todos, mas o critério na concessão do crédito e a sua dimensão face à estrutura e capital do banco determinarão se o banco sobreviverá ou não. Agora não podemos é esperar que um banco com bons clientes pagadores que estão em cumprimento mas que não tem liquidez, porque o interbancário secou, possa ser penalizado, porque a rigor não executou má gestão. E para esse banco, o BCE deve contribuir com a liquidez que for necessária ainda que se aumentem os rácios estabelecidos de cedência de fundos do BCE.
Em relação aos juros. Academicamente existem duas teorias que se opõem nos efeitos. Uma diz que o aumento da liquidez provoca, através da lei da oferta e da procura, menores juros porque havendo abundância de liquidez, torna-se mais frequente encontrar emprestadores do que recebedores. A outra diz que o aumento de liquidez cria expectativas de inflação e dessa forma leva as autoridades a aumentar os juros de forma a contê-la. Na prática, depende do contexto, mas neste cenário actual em que o problema é essencialmente a dívida, o que me parece inteligente fazer é naturalmente a redução da mesma seja por contenção orçamental seja também por desvalorizá-la através de inflação.
Um exemplo: um País tem crescimento 1%, inflação de 3%, Dívida de 100, D/PIB=100%. Se o défice for de 4% a D/PIB continua igual. Se a inflação for zero, é preciso um défice de 1% para o mesmo efeito. Ou seja, não querendo inflação exagerada, mas diria que se controladamente aumentar até nos pode ajudar. Se pelo contrário ocorrer deflação, a dívida agrava e com crescimento deprimido fica muito difícil sair do buraco.
Em relação a Portugal. Existem problemas crónicos que já vêm de há... Mas no presente, o que mais necessitamos é que os nossos parceiros europeus recuperem porque a nossa economia muito depende deles. É preciso contenção orçamental é certo, mas também que o Hans venha passear no Douro, que o Jonh continue no Algarve, etc... E precisamos de exportar mais e importar menos. O azar é que não temos muitas valências, mas a sorte é que somos um País pequeno e pequenos projectos, à escala mundial, podem fazer a diferença para nós.
Enfim ... problemas complicados, soluções difíceis,
Abraço!