A terceira depressão por Paul Krugman
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Caro Mech,
Em relação aos bancos e aos critérios de obtenção de fundos por parte do banco central. Efectivamente tens razão. Em função da redução da relação entre crédito captado e crédito concedido, foi gradualmente mais importante o financiamento de outras fontes. Até 2008, o interbancário servia, e ainda dava margem financeira suficiente aos bancos. Desde aí, e como o fecho de muitas portas no interbancário, tornou-se óbvia a necessidade de recorrência ao banco central. Houve um crescimento do mal-parado neste último ano, mas o problema de financiamento, no meu ponto de vista, é outro. Efectivamente ficou muito mais difícil captar dinheiro no interbancário e por isso a recorrência ao BCE que até 2008 praticamente nem existia. Com este cenário é absolutamente natural que os limites estejam próximos do estabelecido. Não creio que haja aqui deterioração específica das contas dos bancos, ou melhor há, mas por outras razões. Ou seja caberá ao BCE avaliar que o cenário é outro, como aliás já fez em 2009, e substituir-se ao interbancário. Não se trata de entregar dinheiro ao desbarato, trata-se de resolver problemas de liquidez que normalmente seriam resolvidos de outra forma. Essa é aliás uma das formas de injectar liquidez no sistema – não dá para mandar dinheiro de um para-quedas para as pessoas, tem de haver naturalmente uma forma de emissão inteligente e controlada.
Depois há outro problema que é o das garantias. Efectivamente uma carteira de crédito não vencida é uma garantia, e do meu ponto de vista, a “selecção natural” dos bancos vai passar por aqui. A falta de liquidez afecta a todos, mas o critério na concessão do crédito e a sua dimensão face à estrutura e capital do banco determinarão se o banco sobreviverá ou não. Agora não podemos é esperar que um banco com bons clientes pagadores que estão em cumprimento mas que não tem liquidez, porque o interbancário secou, possa ser penalizado, porque a rigor não executou má gestão. E para esse banco, o BCE deve contribuir com a liquidez que for necessária ainda que se aumentem os rácios estabelecidos de cedência de fundos do BCE.
Em relação aos juros. Academicamente existem duas teorias que se opõem nos efeitos. Uma diz que o aumento da liquidez provoca, através da lei da oferta e da procura, menores juros porque havendo abundância de liquidez, torna-se mais frequente encontrar emprestadores do que recebedores. A outra diz que o aumento de liquidez cria expectativas de inflação e dessa forma leva as autoridades a aumentar os juros de forma a contê-la. Na prática, depende do contexto, mas neste cenário actual em que o problema é essencialmente a dívida, o que me parece inteligente fazer é naturalmente a redução da mesma seja por contenção orçamental seja também por desvalorizá-la através de inflação.
Um exemplo: um País tem crescimento 1%, inflação de 3%, Dívida de 100, D/PIB=100%. Se o défice for de 4% a D/PIB continua igual. Se a inflação for zero, é preciso um défice de 1% para o mesmo efeito. Ou seja, não querendo inflação exagerada, mas diria que se controladamente aumentar até nos pode ajudar. Se pelo contrário ocorrer deflação, a dívida agrava e com crescimento deprimido fica muito difícil sair do buraco.
Em relação a Portugal. Existem problemas crónicos que já vêm de há... Mas no presente, o que mais necessitamos é que os nossos parceiros europeus recuperem porque a nossa economia muito depende deles. É preciso contenção orçamental é certo, mas também que o Hans venha passear no Douro, que o Jonh continue no Algarve, etc... E precisamos de exportar mais e importar menos. O azar é que não temos muitas valências, mas a sorte é que somos um País pequeno e pequenos projectos, à escala mundial, podem fazer a diferença para nós.
Enfim ... problemas complicados, soluções difíceis,
Abraço!
Em relação aos bancos e aos critérios de obtenção de fundos por parte do banco central. Efectivamente tens razão. Em função da redução da relação entre crédito captado e crédito concedido, foi gradualmente mais importante o financiamento de outras fontes. Até 2008, o interbancário servia, e ainda dava margem financeira suficiente aos bancos. Desde aí, e como o fecho de muitas portas no interbancário, tornou-se óbvia a necessidade de recorrência ao banco central. Houve um crescimento do mal-parado neste último ano, mas o problema de financiamento, no meu ponto de vista, é outro. Efectivamente ficou muito mais difícil captar dinheiro no interbancário e por isso a recorrência ao BCE que até 2008 praticamente nem existia. Com este cenário é absolutamente natural que os limites estejam próximos do estabelecido. Não creio que haja aqui deterioração específica das contas dos bancos, ou melhor há, mas por outras razões. Ou seja caberá ao BCE avaliar que o cenário é outro, como aliás já fez em 2009, e substituir-se ao interbancário. Não se trata de entregar dinheiro ao desbarato, trata-se de resolver problemas de liquidez que normalmente seriam resolvidos de outra forma. Essa é aliás uma das formas de injectar liquidez no sistema – não dá para mandar dinheiro de um para-quedas para as pessoas, tem de haver naturalmente uma forma de emissão inteligente e controlada.
Depois há outro problema que é o das garantias. Efectivamente uma carteira de crédito não vencida é uma garantia, e do meu ponto de vista, a “selecção natural” dos bancos vai passar por aqui. A falta de liquidez afecta a todos, mas o critério na concessão do crédito e a sua dimensão face à estrutura e capital do banco determinarão se o banco sobreviverá ou não. Agora não podemos é esperar que um banco com bons clientes pagadores que estão em cumprimento mas que não tem liquidez, porque o interbancário secou, possa ser penalizado, porque a rigor não executou má gestão. E para esse banco, o BCE deve contribuir com a liquidez que for necessária ainda que se aumentem os rácios estabelecidos de cedência de fundos do BCE.
Em relação aos juros. Academicamente existem duas teorias que se opõem nos efeitos. Uma diz que o aumento da liquidez provoca, através da lei da oferta e da procura, menores juros porque havendo abundância de liquidez, torna-se mais frequente encontrar emprestadores do que recebedores. A outra diz que o aumento de liquidez cria expectativas de inflação e dessa forma leva as autoridades a aumentar os juros de forma a contê-la. Na prática, depende do contexto, mas neste cenário actual em que o problema é essencialmente a dívida, o que me parece inteligente fazer é naturalmente a redução da mesma seja por contenção orçamental seja também por desvalorizá-la através de inflação.
Um exemplo: um País tem crescimento 1%, inflação de 3%, Dívida de 100, D/PIB=100%. Se o défice for de 4% a D/PIB continua igual. Se a inflação for zero, é preciso um défice de 1% para o mesmo efeito. Ou seja, não querendo inflação exagerada, mas diria que se controladamente aumentar até nos pode ajudar. Se pelo contrário ocorrer deflação, a dívida agrava e com crescimento deprimido fica muito difícil sair do buraco.
Em relação a Portugal. Existem problemas crónicos que já vêm de há... Mas no presente, o que mais necessitamos é que os nossos parceiros europeus recuperem porque a nossa economia muito depende deles. É preciso contenção orçamental é certo, mas também que o Hans venha passear no Douro, que o Jonh continue no Algarve, etc... E precisamos de exportar mais e importar menos. O azar é que não temos muitas valências, mas a sorte é que somos um País pequeno e pequenos projectos, à escala mundial, podem fazer a diferença para nós.
Enfim ... problemas complicados, soluções difíceis,
Abraço!
Pedro Carriço
OK Pedro, então estamos sintonizados. Já percebi o teu raciocinio.
Eu só temo, e agora é um pesamento excluvivamente nacional, que o acelerar da inflação cause o colapso dos bancos nacionais.
Compreendo perfeitamente a logica de imprimir moeda e deixar subir a inflação em periodo expansionista, mas a necessidade de financiamento dos bancos nacionais continua a existir.
Soube esta semana (por um amigo do meio, por isso não sei se é publico ou não) que os bancos nacionais estão perto do limite do plafond junto do BCE no que toca à cedência de liquidez aos bancos (cuja taxa anda à volta de 1% se bem me lembro).
A solução agora é os bancos portugueses apresentarem mais garantias para aumentarem o plafond ou irem ao mercado interbancário onde se sabe que os bancos não conseguem a euribor, nem nada lá perto.
Ora, retomando o inicio do post, se a inflação aumentar como consequência da impressão de moeda, mesmo que o BCE mantenha a cedência de liquidez com taxa inalterada, a euribor irá acabar por subir (ainda que não tanto como em circuntâncias normais), por força das necessidades dos bancos que já não tiverem acesso ao BCE.
Claro que o Krugman quando escreveu não esteve a pensar na situação especifica portuguesa, mas eu temo que aquilo que possa ser bom para a alemanha (dar prioridade à impressão de moeda e menos importãncia à consolidação orçamental), deixando a inflação subir, possa ter aqui um efeito negativo, não compensado por um aumento imediato de exportações.
É que depois ainda há outro pormenor. O BCE imprime moeda. Mas irá emprestar esses fundos ilimitadamente ? Sem garantias ? E se pedir garantias, o que têm os bancos Portugueses para oferecer ?
Às tantas, se não houver algum cuidado, assistimos à transferência de todo o risco para o BCE, o que é igualmente uma aposta arriscada.
Se o problema fosse fácil não haveria tantas opiniões contrárias.

Eu só temo, e agora é um pesamento excluvivamente nacional, que o acelerar da inflação cause o colapso dos bancos nacionais.
Compreendo perfeitamente a logica de imprimir moeda e deixar subir a inflação em periodo expansionista, mas a necessidade de financiamento dos bancos nacionais continua a existir.
Soube esta semana (por um amigo do meio, por isso não sei se é publico ou não) que os bancos nacionais estão perto do limite do plafond junto do BCE no que toca à cedência de liquidez aos bancos (cuja taxa anda à volta de 1% se bem me lembro).
A solução agora é os bancos portugueses apresentarem mais garantias para aumentarem o plafond ou irem ao mercado interbancário onde se sabe que os bancos não conseguem a euribor, nem nada lá perto.
Ora, retomando o inicio do post, se a inflação aumentar como consequência da impressão de moeda, mesmo que o BCE mantenha a cedência de liquidez com taxa inalterada, a euribor irá acabar por subir (ainda que não tanto como em circuntâncias normais), por força das necessidades dos bancos que já não tiverem acesso ao BCE.
Claro que o Krugman quando escreveu não esteve a pensar na situação especifica portuguesa, mas eu temo que aquilo que possa ser bom para a alemanha (dar prioridade à impressão de moeda e menos importãncia à consolidação orçamental), deixando a inflação subir, possa ter aqui um efeito negativo, não compensado por um aumento imediato de exportações.
É que depois ainda há outro pormenor. O BCE imprime moeda. Mas irá emprestar esses fundos ilimitadamente ? Sem garantias ? E se pedir garantias, o que têm os bancos Portugueses para oferecer ?
Às tantas, se não houver algum cuidado, assistimos à transferência de todo o risco para o BCE, o que é igualmente uma aposta arriscada.
Se o problema fosse fácil não haveria tantas opiniões contrárias.

Re: A terceira depressão por Paul Krugman
AutoMech Escreveu:Mas a questão é que com a inflação e a posterior subida da taxa de juro para a combater vamos no sentido contrário, ou seja os bens tornam-se mais caros via inflação e a moeda valoriza (tornando os produtos também mais caros).
Acho que me perdi nessa sequência... A moeda não se valoriza com uma política expansionista. A menos que estejas a falar de um efeito decorrente de um aumento de taxas. Mas em primeiro lugar, as taxas não têm de subir, aliás a forma de injecção de liquidez pode ser justamente através de cedência "barata" de recursos da parte do Banco Central.
Podes estar a falar de subida dos juros para controle da inflação. Mas a ideia do discurso do Krugman é justamente a desistência desse princípio nos próximos tempos. É por isso que ele fala em obsessão pela inflação quando esta não é o problema mais grave.
AutoMech Escreveu:Os próprios juros também sobem (menos que a inflação é certo).
Mas então não estaremos a promover indirectamente o endividamento (para beneficiar com a inflação) em vez da sua redução ?
Os juros vão voltar a subir quando houver diminuição dos riscos de recessão. Naturalmente que o BCE nos tem habituado a aumentar os juros havendo possibilidade de inflação, mas é, como dizia antes, justamente esse o paradigma que faz sentido questionar, na óptica de Krugman, nesta altura.
AutoMech Escreveu:É que uma das minhas dúvidas quanto à emissão de moeda é a subida da taxa de juro mais rápida que isso vai trazer. Sabendo que os nossos bancos estão nas lonas em matéria de financiamento eu penso que isso iria causar uma (ainda maior) contracção na capacidade de crédito e inevitavelmente fazer o funeral a muitas empresas (estou a falar de Portugal concretamente).
Tu pensas que a recuperação (pela maior competitividade das exportações) seria mais rápida do que os efeitos da subida dos juros no crédito ?
Até porque é uma aposta arriscada uma vez que o estado está sobrendividade e mais inflação = mais juros e mais juros no imediato podem levar a mais subidas de impostos, a não ser que a economia anime rapidamente.
Volta-se à questão da obsessão do controle da inflação. Na óptica de Krugman, os juros não subiriam por aumento da inflação mas apenas quando os riscos de crescimento negativo estivessem bastante contidos.
AutoMech Escreveu:pdcarrico Escreveu:Podem eles sair do mercado de dívida? Poder podem, mas desvalorizariam tanto a nossa moeda que a balança comercial deles perderia muito.
Desculpa lá mas aqui não apanhei o teu raciocinio.
Muita da dívida pública Americana é detida pela China. Se procederem a mais despesa pública e emissão de mais dívida e/ou emissão de liquidez, desvalorizam-se os títulos de dívida existentes, em particular os detidos por estrangeiros que tem moeda de origem diferente.
Se os Chineses quisessem vender a dívida e colocá-la no mercado provavelmente os títulos perderiam valor e o USD perderia valor face ao yuan. Ou seja com um yuan mais valorizado quem sofreria seriam as exportações chinesas.
AutoMech Escreveu:Pois, isso era o que eu gostava. Um conjunto de regras mais apertado, sobretudo porque somos latinos e já sabemos como as coisas funcionam. No inicio ainda se tentou, mas assim que a Alemanha e a França estiveram aflitas para cumprir o défice, as regras foram logo às urtigas.
Pois ...as questões de união política são sempre difíceis de gerir. Mas esse é outro problema bem grave...
Um abraço

Pedro Carriço
Re: A terceira depressão por Paul Krugman
pdcarrico Escreveu:A gestão da dívida fica também mais facilitada pois sendo em parte pré-fixada terá tendência a ser desvalorizada porque a moeda valerá menos. Imagina uma empresa que vende 100, com margem de 10 e tem juros de 10. Está quase sem margem para pagar dívida. Se aumentar o preço e mantiver o custo da dívida poderá eventualmente sobreviver. Nem todas as empresas "merecem" sobreviver, mas temos de ter um limite estatístico, sob pena de ...
Mas a questão é que com a inflação e a posterior subida da taxa de juro para a combater vamos no sentido contrário, ou seja os bens tornam-se mais caros via inflação e a moeda valoriza (tornando os produtos também mais caros).
Os próprios juros também sobem (menos que a inflação é certo).
Mas então não estaremos a promover indirectamente o endividamento (para beneficiar com a inflação) em vez da sua redução ?
É que uma das minhas dúvidas quanto à emissão de moeda é a subida da taxa de juro mais rápida que isso vai trazer. Sabendo que os nossos bancos estão nas lonas em matéria de financiamento eu penso que isso iria causar uma (ainda maior) contracção na capacidade de crédito e inevitavelmente fazer o funeral a muitas empresas (estou a falar de Portugal concretamente).
Tu pensas que a recuperação (pela maior competitividade das exportações) seria mais rápida do que os efeitos da subida dos juros no crédito ?
Até porque é uma aposta arriscada uma vez que o estado está sobrendividade e mais inflação = mais juros e mais juros no imediato podem levar a mais subidas de impostos, a não ser que a economia anime rapidamente.
pdcarrico Escreveu:Podem eles sair do mercado de dívida? Poder podem, mas desvalorizariam tanto a nossa moeda que a balança comercial deles perderia muito.
Desculpa lá mas aqui não apanhei o teu raciocinio.
pdcarrico Escreveu:Na questão da amálgama de Países. É um facto, e por isso faz sentido que haja medidas diferentes em cada País. Por isso é para mim claro que a Alemanha devia sinalizar com mais expansionismo e os meridionais com austeridade, embora talvez menos pesada do que nos é exigido.
Pois, isso era o que eu gostava. Um conjunto de regras mais apertado, sobretudo porque somos latinos e já sabemos como as coisas funcionam. No inicio ainda se tentou, mas assim que a Alemanha e a França estiveram aflitas para cumprir o défice, as regras foram logo às urtigas.
Re: A terceira depressão por Paul Krugman
AutoMech Escreveu:pdcarrico Escreveu:Uma forma de resolver a dívida fiscal é emitir moeda, desvalorizando a dívida e aumentando a inflação. Uma política restritiva tem efeito no controle de preços porque a quantidade de moeda está mais contida.
O problema é que o empobrecimento via recessão cria queda de consumo e dessa forma diminuição de preços. E deflação é um problema difícil de gerir particularmente quando a capacidade de mexer nos juros está anulada porque as taxas directoras estão no nível em que estão.
Mas então eu devo ter interpretado mal o que ele queria dizer. Porque a mim pareceu-me que ele se referia à preocupação (até obcessão) dos governantes com inflação e não com deflação. Ora, pelo menos de forma expressa, a inflação praticamente nem tem sido abordada uma vez que a preocupação imediata dos governantes tem sido a resolução dos défices e da divida (além da estabilização dos mercados). Mas admito que ele quisesse referir o que explicaste. Obrigado pelo ponto de vista diferente.
De qualquer das formas lanço-te outro tema ligado ao que disseste. Sabe-se que o objectivo primário do BCE é controlar a inflação, ficando assim praticamente de pés e mãos atados no que pode fazer pelo crescimento.
Mas, supondo que lhe era permitida a emissão de moeda necessária para tentar provocar esse crescimento, como é que tu vês isto na Europa ?
Porque o problema por estes lados é que não somos um país mas sim uma amálgama de problemas com diferentes graus de gravidade.
Ora, a emissão de moeda causará mais tarde ou mais cedo inflação (o que é bom até um certo limite), mas depois virá o habitual ciclo: a inflação causa produtos menos competitivos para exportação, combate à inflação com a subida das taxas de juro (ainda que ténue no incio) e possivel apreciação do euro, o que voltará a tirar competititividade às exportações.
Ou seja, essa moeda a ser emitida terá de ser até um certo limite. E definir esse limite na europa é uma grande chatice porque tens paises com desequilibrios muito dispares (penso que é por isto que os defensores do modelo actual para o BCE continuam a manter uma opinião tão forte).
Sabendo que esse limite de emissão de moeda iria certamente ter como bitola a situação da Alemanha, França, etc. seria ou não bom para nós Portugueses ?
Iria isso permitir um falso arranque em Portugal e depois uma queda ainda melhor, dando-nos a ilusão de recuperação e não nos forçando já a fazer a consolidação orçamental que é precisa ?
Porque os defensores dessa opção pensam na Europa como um todo, mas eu não sei se para Portugal, concretamente, será uma boa escolha.
Opiniões ?
Vamos por partes:
O que podemos aprender da história e do exemplo do Japão? Houve crescimento rápido e depois um período depressivo associado a deflação. Tínhamos o que foi chamada a armadilha da liquidez. A taxa de cedência de fundos estava próxima a zero, significando isso que se anulava a principal ferramenta de fornecimento de liquidez para melhorar investimento e consumo, mas a depressão e a perspectiva de queda futura de preços induzia ao não crescimento económico criando um ciclo vicioso. A única resposta possível que os Governos Japoneses tentaram ensaiar foi um incentivo às exportações essencialmente através de intervenções directas no mercado cambial. Recentemente e devido ao chamado carry trade, o Japão viu desvalorizada a sua moeda e ponderaria já um possível aumento das taxas directoras porque as exportações pareciam querer melhorar os crescimentos do PIB. Mas a leitura do que aconteceu é que é muito difícil e demorado sair de uma situação de moeda forte e com deflação essencialmente porque o consumo tem tendência a cair, seja porque a economia não cresce seja até por expectativa de desvalorização futura do que se compra.
A preocupação com a inflação na Europa foi construída desde a génese da CE e praticamente não mudou ainda que a realidade económica presente seja outra. Na Alemanha existem preocupações com a inflação por motivos históricos. O facto é que se os preços aumentarem, tal não se constitui necessariamente um problema se for acompanhada por crescimento. O problema seria com inflação muito alta. Na verdade, a existência de inflação dá até espaço de manobra para melhoras na saúde das empresas, porque podem vender produtos a preços maiores. O próprio Krugman, num livro que tem uns 10/15 anos, que li dele (em brasileiro - "Globalizações ou Globobagens") refere interessantemente que inflação ideal não é zero, mas talvez 3/4%.
A gestão da dívida fica também mais facilitada pois sendo em parte pré-fixada terá tendência a ser desvalorizada porque a moeda valerá menos. Imagina uma empresa que vende 100, com margem de 10 e tem juros de 10. Está quase sem margem para pagar dívida. Se aumentar o preço e mantiver o custo da dívida poderá eventualmente sobreviver. Nem todas as empresas "merecem" sobreviver, mas temos de ter um limite estatístico, sob pena de ...
Quem perde com a inflação - os detentores de dívida. Os bancos perdem, mas podem ganhar pelo reânimo na economia. Ou "poupadores" perdem mas só se não diversificarem para outros instrumentos. E perdem investidores de fora, porque essencialmente a moeda perderá valor ... mas isso é um problema deles - andamos a financiar o crescimento da China pelas importações, está na altura de eles fazerem o mesmo. Podem eles sair do mercado de dívida? Poder podem, mas desvalorizariam tanto a nossa moeda que a balança comercial deles perderia muito.
A inflação nossa não causa perda de competitividade nas exportações porque ela decorreria da desvalorização cambial.
Na questão da amálgama de Países. É um facto, e por isso faz sentido que haja medidas diferentes em cada País. Por isso é para mim claro que a Alemanha devia sinalizar com mais expansionismo e os meridionais com austeridade, embora talvez menos pesada do que nos é exigido.
Pedro Carriço
Re: A terceira depressão por Paul Krugman
pdcarrico Escreveu:Uma forma de resolver a dívida fiscal é emitir moeda, desvalorizando a dívida e aumentando a inflação. Uma política restritiva tem efeito no controle de preços porque a quantidade de moeda está mais contida.
O problema é que o empobrecimento via recessão cria queda de consumo e dessa forma diminuição de preços. E deflação é um problema difícil de gerir particularmente quando a capacidade de mexer nos juros está anulada porque as taxas directoras estão no nível em que estão.
Mas então eu devo ter interpretado mal o que ele queria dizer. Porque a mim pareceu-me que ele se referia à preocupação (até obcessão) dos governantes com inflação e não com deflação. Ora, pelo menos de forma expressa, a inflação praticamente nem tem sido abordada uma vez que a preocupação imediata dos governantes tem sido a resolução dos défices e da divida (além da estabilização dos mercados). Mas admito que ele quisesse referir o que explicaste. Obrigado pelo ponto de vista diferente.
De qualquer das formas lanço-te outro tema ligado ao que disseste. Sabe-se que o objectivo primário do BCE é controlar a inflação, ficando assim praticamente de pés e mãos atados no que pode fazer pelo crescimento.
Mas, supondo que lhe era permitida a emissão de moeda necessária para tentar provocar esse crescimento, como é que tu vês isto na Europa ?
Porque o problema por estes lados é que não somos um país mas sim uma amálgama de problemas com diferentes graus de gravidade.
Ora, a emissão de moeda causará mais tarde ou mais cedo inflação (o que é bom até um certo limite), mas depois virá o habitual ciclo: a inflação causa produtos menos competitivos para exportação, combate à inflação com a subida das taxas de juro (ainda que ténue no incio) e possivel apreciação do euro, o que voltará a tirar competititividade às exportações.
Ou seja, essa moeda a ser emitida terá de ser até um certo limite. E definir esse limite na europa é uma grande chatice porque tens paises com desequilibrios muito dispares (penso que é por isto que os defensores do modelo actual para o BCE continuam a manter uma opinião tão forte).
Sabendo que esse limite de emissão de moeda iria certamente ter como bitola a situação da Alemanha, França, etc. seria ou não bom para nós Portugueses ?
Iria isso permitir um falso arranque em Portugal e depois uma queda ainda melhor, dando-nos a ilusão de recuperação e não nos forçando já a fazer a consolidação orçamental que é precisa ?
Porque os defensores dessa opção pensam na Europa como um todo, mas eu não sei se para Portugal, concretamente, será uma boa escolha.
Opiniões ?
Aliás esta política restritiva alargada só beneficia Países terceiros que exportam para a Europa ou EUA. Se é verdade que a China mantem um câmbio controlado com o dólar, quando manifestamente deveria valer muito mais, não é menos verdade que essa situação lhes retira espaço de manobra em termos de política monetária própria. E se assim é, que se use essa política em nosso (EUA e UE) benefício.
Como?
Promovendo expansão monetária, degrada-se o valor monetário de todas as moedas, criando problemas inflacionários na China (que já existem) que só podem ser resolvidos via aumento de taxas. Aumentando muito as taxas podem criar-se problemas no crescimento deles. Talvez dessa forma deixem apreciar o yuan para manter o crescimento, porque assim não precisariam de aumentar os juros.
Com uma política restritiva, é o melhor dos mundos para a China e o pior para a Europa, porque as exportações nossas continuam pouco competitivas e a dívida continua pesada porque a emissão de moeda continua controlada. Para a Alemanha, a situação talvez seja um pouco diferente, porque o nível de exportações é competitivo e o valor da moeda está sobreavaliado para economias mediterrâneas mas muito baixo para a Alemanha.
Podem ganhar no curto prazo ... mas não há grandes benefícios em ter vizinhos que no futuro serão significativamente mais pobres.
Como?
Promovendo expansão monetária, degrada-se o valor monetário de todas as moedas, criando problemas inflacionários na China (que já existem) que só podem ser resolvidos via aumento de taxas. Aumentando muito as taxas podem criar-se problemas no crescimento deles. Talvez dessa forma deixem apreciar o yuan para manter o crescimento, porque assim não precisariam de aumentar os juros.
Com uma política restritiva, é o melhor dos mundos para a China e o pior para a Europa, porque as exportações nossas continuam pouco competitivas e a dívida continua pesada porque a emissão de moeda continua controlada. Para a Alemanha, a situação talvez seja um pouco diferente, porque o nível de exportações é competitivo e o valor da moeda está sobreavaliado para economias mediterrâneas mas muito baixo para a Alemanha.
Podem ganhar no curto prazo ... mas não há grandes benefícios em ter vizinhos que no futuro serão significativamente mais pobres.
Pedro Carriço
Re: A terceira depressão por Paul Krugman
AutoMech Escreveu:Quem sou eu para contradizer o Krugman mas eu sinceramente não vi nenhuma preocupação (e muito menos gente obcecada) com a inflação.
Com a despesa pública e divida publica sim, mas com a inflação ?
Mech,
Uma forma de resolver a dívida fiscal é emitir moeda, desvalorizando a dívida e aumentando a inflação. Uma política restritiva tem efeito no controle de preços porque a quantidade de moeda está mais contida.
O problema é que o empobrecimento via recessão cria queda de consumo e dessa forma diminuição de preços. E deflação é um problema difícil de gerir particularmente quando a capacidade de mexer nos juros está anulada porque as taxas directoras estão no nível em que estão.
É a mesma opinião de George Soros. Para mim, faz todo o sentido, se bem que há uma coisa que me dá um certo conforto e que pode fazer as coisas menos más do que o que é previsto pelo Krugman.
Eu estou com uma relativa confiança na manutenção de altas taxas de crescimento nos BRIC's que cada vez menos dependem das exportações para a Europa e EUA. E talvez possam ser os consumidores que são necessários ao nosso tecido exportador.
A minha questão é justamente a Alemanha, que mais pode beneficiar dessa conjuntura de melhores exportações, esteja tão insistente em controlar a sua despesa e dessa forma a não incentivar o consumo que tanto ajudaria economias vizinhas.
Não defendo a saída do euro da Alemanha, mas acho que a Alemanha pode e deve fazer algo completamente diferente do que propõe. A austeridade é necessária para Países meridionais, mas precisamos, entre outras coisas, que os Alemães, cá venham passar as férias.
Se persistirem numa atitude restritiva sem grande necessidade, podem vir a ser uma ilha de desenvolvimento no meio do nada. E aí também eles perderão.
Eu estou com uma relativa confiança na manutenção de altas taxas de crescimento nos BRIC's que cada vez menos dependem das exportações para a Europa e EUA. E talvez possam ser os consumidores que são necessários ao nosso tecido exportador.
A minha questão é justamente a Alemanha, que mais pode beneficiar dessa conjuntura de melhores exportações, esteja tão insistente em controlar a sua despesa e dessa forma a não incentivar o consumo que tanto ajudaria economias vizinhas.
Não defendo a saída do euro da Alemanha, mas acho que a Alemanha pode e deve fazer algo completamente diferente do que propõe. A austeridade é necessária para Países meridionais, mas precisamos, entre outras coisas, que os Alemães, cá venham passar as férias.
Se persistirem numa atitude restritiva sem grande necessidade, podem vir a ser uma ilha de desenvolvimento no meio do nada. E aí também eles perderão.
É uma opinião, não quer dizer que tenha que ser aceite. Afinal de contas apenas relatou dados históricos.
Penso que, fundamentalmente o que está em causa é o processo de mudança e mentalidade que as sociedades devem tomar.
Como por exemplo, o combustível ser um produto de primeira necessidade.
Os valores éticos a que são atribuídos a determinados comportamentos organizacionais e sociais andam enferrujados, o que levará mais tarde a uma mudança e melhoria.
Tal não aconteçam haverá sempre a tendência para o capitalismo excessivo e ganância ao mesmo tempo que algumas partes do mundo mais desenvolvidas se isolam de outras, escondendo ainda o seu potencial e contributo para mundo.
Mudança, ética e responsabilidade social são as palavras de ordem e progresso, ao contrário de cenários pessimistas como este apresentado que apenas tentam desmoralizar e desmotivar a recuperação no mundo.
Penso que, fundamentalmente o que está em causa é o processo de mudança e mentalidade que as sociedades devem tomar.
Como por exemplo, o combustível ser um produto de primeira necessidade.
Os valores éticos a que são atribuídos a determinados comportamentos organizacionais e sociais andam enferrujados, o que levará mais tarde a uma mudança e melhoria.
Tal não aconteçam haverá sempre a tendência para o capitalismo excessivo e ganância ao mesmo tempo que algumas partes do mundo mais desenvolvidas se isolam de outras, escondendo ainda o seu potencial e contributo para mundo.
Mudança, ética e responsabilidade social são as palavras de ordem e progresso, ao contrário de cenários pessimistas como este apresentado que apenas tentam desmoralizar e desmotivar a recuperação no mundo.
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Dêem-lhe um terceiro Prozac 

As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Re: A terceira depressão por Paul Krugman
LTCM Escreveu:Em todo o mundo, como foi manifesto na reunião profundamente desencorajadora do G20, os governos estão obcecados com a inflação, num momento em que o verdadeiro perigo está na deflação;
Quem sou eu para contradizer o Krugman mas eu sinceramente não vi nenhuma preocupação (e muito menos gente obcecada) com a inflação.
Com a despesa pública e divida publica sim, mas com a inflação ?
A crise, os défices públicos e as dívidas públicas de muitas economias, em particular europeias, foram o centro dos debates na cimeira que terminou ontem. E o consenso foi conseguido na aceitação de reduzir os défices públicos para metade até 2013.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economi ... id=1604530
Se qualquer das formas o Krugman claro que sabe do que fala e percebe-se muito bem o que ele quer dizer. O Japão teve e experiência, ao longo de duas décadas, de como o bicho da deflação é muito mais dificil de domar do que a inflação.
A terceira depressão por Paul Krugman
Publicado em 29 de Junho de 2010
Estamos nos estados iniciais de uma terceira depressão, que deverá ser como a Longa Depressão e o reflexo do fracasso das medidas tomadas. Os custos para a economia mundial serão enormes
As recessões são vulgares, as depressões são raras. Tanto quanto sei, houve só dois períodos na história económica a que, na altura, se chamou "depressão": os anos de deflação e instabilidade que se seguiram ao pânico de 1873 e os anos de desemprego generalizado que ocorreram na esteira da crise financeira de 1929-31.
Nem a Longa Depressão do século xix nem a Grande Depressão do século xx foram épocas de declínio imparável. Pelo contrário, ambas tiveram períodos em que a economia cresceu. Mas esses episódios de melhoria nunca foram suficientes para desfazer os danos da crise inicial e foram seguidos de recaídas. Estamos agora, quer-me parecer, nos estádios iniciais de uma terceira depressão. Esta vai parecer- -se provavelmente muito mais com a Longa Depressão do que com a outra, muito mais séria, a Grande Depressão. Porém, os custos para a economia mundial e sobretudo para os milhões de vidas arruinadas pela falta de empregos não deixarão de ser enormes.
Esta terceira depressão será fundamentalmente um reflexo do fracasso das medidas tomadas. Em todo o mundo, como foi manifesto na reunião profundamente desencorajadora do G20, os governos estão obcecados com a inflação, num momento em que o verdadeiro perigo está na deflação; advogam a necessidade de apertar o cinto quando o verdadeiro problema está na falta de despesa pública.
Em 2008 e 2009 parecia que tínhamos aprendido qualquer coisa com a história: ao contrário dos seus antecessores, que aumentaram as taxas de juro em face de uma crise financeira, os actuais dirigentes da Reserva Federal e do Banco Central Europeu baixaram as taxas e tomaram medidas de apoio ao mercado do crédito. Ao contrário dos governos de antanho, que tentaram equilibrar os orçamentos numa situação de economia em queda livre, os governos actuais deixaram que os défices aumentassem. E essas medidas, melhores, evitaram que o mundo entrasse num colapso completo: a recessão desencadeada pela crise financeira acabou, pode dizer- -se, no Verão passado.
Contudo, os historiadores do futuro dirão que isso não foi o fim da terceira depressão, tal como a revitalização dos negócios iniciada em 1933 não representou o fim da Grande Depressão. Afinal o desemprego, sobretudo o de longo prazo, permanece a níveis que, não há muito tempo, seriam considerados catastróficos, não mostrando sinais de baixar nos tempos mais próximos. Tanto os Estados Unidos como a Europa estão a caminho de cair em armadilhas deflacionárias ao estilo japonês.
Perante este cenário desanimador, seria de esperar que os legisladores percebessem que não fizeram o suficiente para promover a recuperação. Mas não: ao longo dos últimos meses assistiu-se, espantosamente, ao ressurgimento de uma postura ortodoxa de dinheiro forte e orçamentos equilibrados.
Em termos de retórica, o renascer da antiga religião é mais evidente na Europa, onde os responsáveis parecem querer ganhar pontos com colectâneas de discursos de Herbert Hoover, chegando ao ponto de afirmar que aumentar os impostos e cortar na despesa vai fazer crescer a economia por aumentar a confiança no mundo empresarial. Todavia, em termos práticos, os Estados Unidos estão a fazer as coisas muito mais a fundo. A Reserva Federal parece ciente dos riscos de deflação. Contudo o que se propõe fazer para prevenir tais riscos é... nada.
A administração Obama compreende os perigos da austeridade fiscal prematura, mas, como os republicanos e os democratas conservadores com assento no Congresso não autorizariam mais ajudas aos governos estaduais, essa austeridade está aí ao virar da esquina, sob forma de cortes orçamentais a nível estadual e municipal.
Porquê a opção errada nas medidas a tomar? Os adeptos da linha dura invocam muitas vezes as dificuldades da Grécia e de outros países da periferia da Europa como justificação das suas acções. E é verdade que quem investe em títulos de dívida não gosta de governos com défices incontroláveis. Mas nada aponta para que a austeridade fiscal de curto prazo numa situação de depressão económica tranquilize os investidores. Pelo contrário: a Grécia concordou instituir rigorosas medidas de austeridade e viu os seus spreads de risco crescerem ainda mais.
A Irlanda impôs cortes violentos na despesa pública e acabou por ser tratada pelos mercados como um risco pior que Espanha, país que se tem revelado muito mais avesso a engolir a receita da linha dura. É quase como se os mercados financeiros percebessem o que os decisores políticos parecem não entender: que embora a responsabilidade fiscal a longo prazo seja importante, o facto de se cortar na despesa em plena depressão (o que agrava essa depressão e abre caminho à deflação) é, na realidade, um tiro no pé. Por isso não acho que isto tenha que ver com a Grécia, nem sequer com alguma análise realista da dicotomia défice- -emprego. É, sim, a vitória de uma postura ortodoxa, que tem pouco que ver com uma análise racional, cujo dogma central é que a imposição de sofrimento aos outros é a maneira certa de mostrar capacidade de liderança em tempos difíceis.
E quem vai pagar o preço deste triunfo da ortodoxia? Dezenas de milhões de trabalhadores de-sempregados. Destes, muitos ficarão sem emprego durante anos: os restantes nunca mais voltarão a trabalhar.
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
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"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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