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MensagemEnviado: 6/6/2010 20:43
por RiscoCalculado
Enfim ... realmente lamentável esse último parágrafo do Ricardo Reis.

Ou não tem andado muito atento ao que se tem passado ou então a bem de perpetuar
determinada mitologia económica é capaz de dizer tudo e mais alguma coisa.


Em relação à impressão de dinheiro já outros participantes (como por exemplo o Crómio) comentaram e bem que o "quantitative easing" da FED foi bem mais radical que o do BCE e que já em finais de Fev ou inicios de Mar do ano passado os profetas da desgraça anunciavam que não só não iria ser capaz de fazer o mercado accionista subir como iria provocar uma hiper-inflação e destruição do usd.
Curiosamente a inflação nos EUA tem estado sob controle desde então, e tal como várias pessoas comentaram na altura (eu incluido, ver aqui por exemplo) seria a excessiva inacção do BCE que viria
a causar problemas bem sérios (dada a grave situação de vários países europeus ) como hoje estamos a presenciar ...


Por mais que o BCE esteja a seguir ordens dos estados muito mais não estará a FED ?



Relativamente à ideia de que o BCE vai continuar sob as ordens dos estados e continuar a comprar dívida a eito sendo que reside aí a explicação da queda do Eur olhemos para alguns dados :

Fonte: cmavision

CDS em 10 Maio 2010 (após o tal anuncio que o BCE iria comprar títulos em alguns mercados mais iliquidos) :

Imagem


CDS em 04 Jun 2010 :

Imagem



Ora, da análise dos dados resulta claro que o "problema" não está em o mercado acreditar que o BCE vai comprar dívida "a eito", pois se assim fosse o preço dos seguros de risco de crédito não estaria a aumentar.
O "problema" está em que o mercado duvida que o BCE continue a comprar toda a dívida necessária (ver por exemplo alguns artigos onde se fala na discórdia reinante no BCE : link ) para assegurar a solvabilidade de alguns Estados e como tal está com medo de ser apanhado com a batata quente na mão. Como consequência os participantes do mercado vendem dívida dos Estados (ou compram CDS's) e vendem Euros e isto sim é o que tem causado a queda acelerada do Euro.

MensagemEnviado: 6/6/2010 20:08
por ferradura
Continuo na minha...a hiperinflação está a chegar.

Valores de 10%/ano deverão chegar dentro em pouco.


É normal com tanta moeda a circular.

E inflação alta ao que leva ?

Acções a subir...é verdade...no inicio...MAS DEPOIS...
Só não sei bem a rapidez dos movimentos, mas temos espaço para is a máximos de sempre, para depois, nas consequências dos MAS...ir a minimos de sempre...

Re: Perigoso

MensagemEnviado: 6/6/2010 18:17
por Crómio
jarc Escreveu:Isto poderá ficar ainda mais feinho:
http://www.boursorama.com/infos/actuali ... f547ef432c


Dificilmente encontrarás visões não catastróficas para o Euro quando a origem é Inglesa ou Americana.

Perigoso

MensagemEnviado: 6/6/2010 17:18
por jarc
Isto poderá ficar ainda mais feinho:
http://www.boursorama.com/infos/actuali ... f547ef432c

Re: queda do euro

MensagemEnviado: 6/6/2010 17:00
por Supermann
Crómio Escreveu:
Clinico Escreveu:Mas LTCM, vamos lá a ver uma coisa: os EUA tambem não se fartaram de imprimir massa?? e não se dizia na altura "olha a inflação, olha a inflação"? E aonde estão os americanos agora?
Abraço
Clinico


Não podemos estar a assistir a uma inflação nos mercados, nas commodities?

Não terá o USD ganho com o facto de a Europa se ter mostrado fraca economicamente e com grande instabilidade política, fazendo com que os países que se estavam a refugiar em EUR o largassem.

Com esta crise na Europa os States e o USD ganharam e muito, sendo hoje ainda A moeda de reserva, e A dívida de confiança...

Não sei até quando, mas que se estão a safar... estão...

Abraço


a velocidade a que a contracção de crédito outstanding, ou por outras palavras, a deflação está a proliferar, é maior que aquilo que o FED imprime.

Logo se 4-5 triliões são impressos, mas do outro lado da balança tens mais de 700 trilioes em outstanding credit a contrair, dá pa ver o resultado. E sabendo que a maior parte do crédito mundial está denominado em dólares, é facil perceber porque a força do dólar.

Re: queda do euro

MensagemEnviado: 6/6/2010 16:44
por Quico
Clinico Escreveu:Mas LTCM, vamos lá a ver uma coisa: os EUA tambem não se fartaram de imprimir massa?? e não se dizia na altura "olha a inflação, olha a inflação"? E aonde estão os americanos agora?
Abraço
Clinico


A questão é que, estando a "impressora" ligada dos dois lados do Atlântico, estamos relacionar o Euro face ao Dólar e o Dolar face ao Euro, como se alguma das duas moedas fosse uma referência sólida. Só que... e se estão as duas a cair? Vejam o ouro.
A riqueza e poderio económico que estas duas moedas representam está-se a esvair e aos poucos os referenciais vão se deslocar para outros sítios. Por agora pode parecer que está tudo bem na América... :wink:

MensagemEnviado: 6/6/2010 15:56
por nunofaustino
Duvido que quem em Agosto de 2007 afirmou que esta crise "se trata apenas de uma crise de liquidez, da qual daqui a um mês ninguém falara" consiga identificar a saída e a solução para o problema.

Um abr
Nuno

MensagemEnviado: 6/6/2010 14:24
por Marco Martins
Continuo a achar estranho ninguém falar na situação da Califórnia e como isso pode afectar o dólar.

Em termos de pescas, turismo e novas explorações petrolíferas por causa da fuga de petróleo, também acredito que isso afecte o dólar, mas ninguém fala nisso.

Porquê?

Re: queda do euro

MensagemEnviado: 5/6/2010 17:31
por LTCM
Clinico Escreveu:Mas LTCM, vamos lá a ver uma coisa: os EUA tambem não se fartaram de imprimir massa?? e não se dizia na altura "olha a inflação, olha a inflação"? E aonde estão os americanos agora?
Abraço
Clinico


Clinico eu só achei o artigo interessante. :wink:

IMHO: A inflação não aconteceu porque existiu uma desvalorização dos activos, como consequência da diminuição da procura, que por sua vez é o resultado da diminuição do acesso ao crédito.
Além disso o facto da China, Japão e Exportadores de petróleo deterem mais de 50% das emissões de dívida dos EUA, o que é, em termos relativos e absolutos (1.900 billions of dollars), um valor no mínimo inquietante e um grande incentivo para não deixar o $ desvalorizar.

Re: queda do euro

MensagemEnviado: 5/6/2010 16:52
por Crómio
Clinico Escreveu:Mas LTCM, vamos lá a ver uma coisa: os EUA tambem não se fartaram de imprimir massa?? e não se dizia na altura "olha a inflação, olha a inflação"? E aonde estão os americanos agora?
Abraço
Clinico


Não podemos estar a assistir a uma inflação nos mercados, nas commodities?

Não terá o USD ganho com o facto de a Europa se ter mostrado fraca economicamente e com grande instabilidade política, fazendo com que os países que se estavam a refugiar em EUR o largassem.

Com esta crise na Europa os States e o USD ganharam e muito, sendo hoje ainda A moeda de reserva, e A dívida de confiança...

Não sei até quando, mas que se estão a safar... estão...

Abraço

MensagemEnviado: 5/6/2010 16:44
por Pata-Hari
Exacto, vide valorização da moeda. Tomara nós estarmos agora como eles estão.....

(note-se que eu até acredito que os próximos a ter chatices via impressão excessiva são os americanos - mas o facto é que para já, "enquanto o pau vai-e-vem, folgam as costas).

Clínico, tens andado tão caldinho que já andava preocupada contigo....

queda do euro

MensagemEnviado: 5/6/2010 16:35
por Clinico
Mas LTCM, vamos lá a ver uma coisa: os EUA tambem não se fartaram de imprimir massa?? e não se dizia na altura "olha a inflação, olha a inflação"? E aonde estão os americanos agora?
Abraço
Clinico

A queda do euro

MensagemEnviado: 5/6/2010 11:01
por LTCM
por Ricardo Reis, Publicado em 05 de Junho de 2010

Se os contribuintes alemães e franceses não quiserem pagar a dívida dos seus parceiros da comunidade, o BCE vai ter de imprimir dinheiro
Entre Agosto de 2007 e o final de 2009, o euro valorizou-se 6% em relação ao dólar. Apesar de a crise financeira ter atingido os dois lados do Atlântico, apesar de a quebra no PIB ser maior na Europa, e apesar do enorme influxo de fundos chineses para os EUA, o euro parecia um sucesso. A queda a pique dos últimos meses mostrou que este sucesso era uma ilusão; a cotação do euro está hoje no valor mais baixo desde Abril de 2006.

Esta crise não seria uma surpresa para os fundadores do euro. Por um lado, eles sabiam que uma moeda forte depende sobretudo de ter um BCE forte, independente dos estados, com o objectivo primordial de controlar a inflação a médio prazo. Se um estado se endivida durante anos a fio, recusando-se a pôr as contas em ordem, isso não tem de pôr o euro em causa. Primeiro porque qualquer credor que preveja a falência vai limitar o endividamento do país, pelo que uma eventual falência nunca será tão grave. Segundo, todos os anos pelo mundo fora há grandes empresas, autoridades regionais e autarquias vão à falência. Desde que o BCE não imprima dinheiro para salvar os devedores em falta, as falências não causam inflação nem desvalorização da moeda.

Por outro lado, os fundadores do euro admitiram à partida que o BCE não seria assim tão imune à pressão dos estados. Por isso impuseram os pactos de estabilidade e crescimento com limites ao endividamento público. Só que as violações sistemáticas dos limites por parte de Portugal, Alemanha e outros mostraram que as regras não seriam respeitadas. Surgiu aqui a semente da crise actual.

Quem olha para as contas gregas dos últimos anos fica com a distinta impressão de que o governo grego apostou que podia gastar à vontade e acabaria por ser salvo. Nos últimos meses, os gregos chegaram ao fim da linha e tornou-se claro que não vão conseguir pôr as contas em ordem e honrar as suas dívidas. Ir à falência, reestruturando a dívida para diminuir o total e aumentar o prazo de pagamento, repartindo os sacrifícios ente os gregos e os seus credores, seria a resposta correcta. Mas os gregos ganharam a aposta e os líderes europeus vieram em seu socorro. O grande medo dos fundadores do euro concretizou-se.

Inicialmente preservaram-se as aparências, anunciando-se que o auxílio seria apenas fiscal, sem intervenção do BCE. Mas no último mês, o pacote de auxílio foi de 30 para 110, e agora 750 mil milhões de euros. É cada vez menos credível que os contribuintes alemães ou franceses vão arcar com toda esta despesa. Se não o fizerem só sobra uma opção: imprimir dinheiro. O anúncio há três semanas de que o BCE vai comprar dívida grega, embora não provoque inflação directamente, reforçou a percepção de que o BCE já está a seguir ordens dos estados. O euro está em queda acelerada desde então.

Professor de Economia, Universidade de Columbia