mais_um Escreveu:
Alem do que conheço aqui nas Caldas da Rainha, tenho amigos professores em Aveiro, Peniche, Torres Vedras, Oeiras, Almada e Palmela. (quase tudo 2 e 3º ciclo) A minha irmã exerceu funções de direcção durante um mandato e é presidente do conselho geral do agrupamento dela. Aqui nas Caldas da Rainha, tive contacto assíduo com o ex-director da escola e com o actual, faço parte do conselho geral do agrupamento e nunca vi ou ouvi qualquer comentário sobre serem pressionados para passar alunos por parte das direcções das escolas, das DRE ou do ministério. Nos últimos 2 anos fiz parte do painel de avaliação do agrupamento e nunca fui questionado pelos inspectores do ME sobre tal tema. O único comentário que ouvi sobre o assunto dizia respeito à avaliação, visto ser um parâmetro que entrava na avaliação, tirando isso nada. As pressões que referi sempre foram verbais, aconteceram nas reuniões de avaliação e foram pontuais. Falas em emails, embora seja o mais fácil de falsificar, caso tenham sido enviados, porque é que nunca apareceram nos jornais ou outros órgãos de comunicação social? Sou como S. Tomé, até prova em contrario, para mim isso não passa de um mito.
Já vi que queres comparar pilinhas. Pois vamos lá: a minha bisavó foi professora, a minha avó foi professora, a minha mãe foi professora, tenho 2 tios professores, tenho uma tia na câmara ligada à area da educação. Conheço pessoalmente duas direcções completas de agrupamento e também conheço um antigo director regional de educação.
Ah, já me ia esquecendo... também conheço pelo menos uma ex representante dos pais cuja filha foi colega da minha irmã 8 anos.
Todos os professores que tu conheces nem devem chegar a 10% dos que eu conheço. Conheço-os de todas as áreas e de todos os níveis de ensino, incluindo o secundário.
Também conheço MUITOS funcionários. Além do mais tenho uma outra grande vantagem sobre ti - fui aluno não há muito tempo.
Não sei para que dizer isto serve, mas tu ficas feliz em dizeres quem conheces, eu também fico.
Quanto a emails e quejandos já te disse que não são ameaças directas, são pressões sobre pressões. Não aparecem nos jornais porque "uma de cada vez" não serve de nada, aliás, uma de cada vez não teria significado nenhum. As pressões são feitas sobre as direcções de escola e estas transmitem-nas aos professores através das atitudes que tomam todos os dias, normalmente por via oral. Há escolas que resistem mais, outras que resistem menos (depende da direcção da escola). Se tens dúvidas sobre o assunto, pergunta à tua irmã se não está sucessivamente a receber "instruções" do ME e da DRE. Nos ultimos tempos até tem andado mais calmo, provavelmente devido à "chapada" que levaram dos professores.
mais_um Escreveu:Eu não disse que não era importante a parte científica, referi que é mais importante a parte pedagógica, porque para mim é a que provoca mais estragos nas idades referidas entre os 10 e os 15 anos. Eu não estou preocupado com as notas do meu filho até o 9º ano, para mim ele ter ,3, 4 ou 5 não é importante, o importante é eu verificar se ele sabe bem a matéria a inglês, português e matemática, agora se a professora se enganou ou não na correcção de um exercício, não considero importante nestas idades. Por vezes até os próprios livros tem erros. De qualquer maneira o caso apresentado por ti demonstra que a Sra. não devia ser professora, falta-lhe estrutura moral para tal.
Não é falta de estrutura moral. É falta de conhecimento cientifico para criticar uma correcção que fez. É falta de conhecimentos e isso é grave.
Quanto a ter pedagogia, supostamente, quem vai para professor tem um estágio e é avaliado lá. Se a avaliação está a ser feita correctamente, é outra conversa. É que do ponto de vista cientifico, esta não existe.
mais_um Escreveu:Mais uma vez discordo, os testes de recuperação são feitos aos maus alunos, se os professores para evitar trabalho fazem os testes fáceis de modo a não terem trabalho é algo que é unicamente da responsabilidade deles, chama-se a isso deturpar o objectivo da medida. O objectivo do legislador é tentar recuperar os maus alunos.
Não. Os testes de recuperação eram feitos a quem falta e não aos maus alunos. Fica o link
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1484542Os professores fazem testes mais fáceis por vários motivos que já expliquei, mas volto a colocar: 1) os alunos não têm bases para a disciplina 2) os pais chateam e vem a inspecção (aconteceu este ano) 3) Quando avaliam correctamente, sai um exame do 6º/11º/12º do ministério que são uma autentica vergonha - Alunos de 2 baixo (20-30%) tiram 60% a 70%, logo os professores diminuem a fasquia de acordo com os exames.
O legislador deve ser burro e nunca ter dado aulas, de outra forma saberia que os professores tentam recuperar os alunos que querem e estão interessados.
mais_um Escreveu:Os professores foram para a rua por causa da avaliação e das duas categorias.
Isso é treta. Foi só a cereja no cimo do bolo.
As várias manifestações começaram a ser organizadas por grupos de professores fora dos sindicatos. Os sindicatos é que depois, para não perderem a face, associaram-se e fizeram parecer que até foram eles que fizeram o que quer que seja. Aliás, grande parte dos professores estavam chateados pelos sindicatos por terem aceite aqueles acordos na avaliação (como a ex-ministra disse e muito bem, os sindicatos assinaram acordos com aquela avaliação) e começaram a organizar-se.
As várias alterações sucessivas levaram-nos a revoltarem-se - desde os que estavam em inicio de carreira como os que já estavam no topo:
* pô-los a dar aulas à borla (sem pagar horas extraordinárias), tendo o ME sido condenado 3 vezes (o que faz jurisprudencia) em tribunal e condenado a pagar as horas extraordinárias todas das aulas de substituição. Por infelicidade, muitas dessas escolas "perderam" os registos de substituição
* Modo como foram escolhidos os profs titulares e as vagas colocadas
* Alteração dos estatutos do aluno com fim das faltas injustificadas como meio de chumbo. Ao mesmo tempo que se criam as ditas "provas de recuperação", que os professores já as fazem se acharem necessidade aos alunos que tenham tido problemas
* Diminuição das reduções lectivas a titulares de responsabilidades - nomeadamente a subdelegados de grupo e delegados de grupo (através também da restruturação dos grupos - por ridiculo que seja, CFQ, CN e matemática passaram a ser um "departamento", com "subchefes" que têm a responsabilidade por cada área, mas não lhes é dado tempo para assumir essa responsabilidade)
*Diminuição da redução das cargas horárias por idade/tempo de carreira
* colocação posteriormente das aulas de estudo acompanhado e aulas de substituição como aulas a serem atribuidas às reduções do professor para não as pagarem. O mesmo conta para clubes e cia. Ou seja, a redução de horario é uma pseudo-redução de horário, uma vez que têm de continuar na escola e têm, se forem solicitados de fazer aulas de substituição nessas horas.
* Os concursos de docentes que todos os anos vêm com falhas e todos os anos ha processos em tribunal.
* Congelamento das progressões nas carreiras e indefinição das políticas.
Depois disto tudo, podes acrescentar essas 2 gotas no oceano. Pensaram que já que tiraram isto tudo, mais um bocadinho não ia fazer a diferença... Enganaram-se redondamente.
Quanto a pressões e atitudes, podes somar o não cumprimento da providencia cautelar do tribunal adm de Beja que só passou a ser cumprida quando a ministra foi foi citada por incumprimento de ordem judicial aos e-mails que referi anteriormente sobre a avaliação dos professores.
mais_um Escreveu:Há muitos anos que aprendi que o que fazem as organizações são as pessoas, a autoridade ganha-se, não se impõe por decreto. Quando referi a questão da disciplina estava a referir casos mais complicados do que o simples cala-te ou o telemóvel. Um exemplo simples, quando é a minha mulher a despachar os miúdos de manhã há sempre stress, comigo nunca há.
A autoridade ganha-se quando se é autorizado a ganhar autoridade.
Os teus miúdos respeitam-te porque sabem que se não o fizerem vão ter problemas.
Na escola, os miúdos não respeitam ninguém porque já sabem que pouco lhes acontece. Afinal de contas, se quiserem arranjar problemas ao professor, basta irem-se queixar em casa.
mais_um Escreveu:Estava a referir-me apenas a esta tua afirmação:
Pergunta quantos EE têm a noção de quanto é que os filhos realmente sabem e quantos acompanham os estudos dos seus filhos. Quase nenhum o faz.
Na realidade, eles nem querem saber...
mais_um Escreveu:Em relação ao resto, nomeadamente a questão das 20 horas, nunca tal coisa passou pelos meus ouvidos ou olhos
Tens remédio. Informa-te.
Pegaram em todos os 5min de cada hora (50min), somaram todos os 5 min e deram mais tempos aos professores.
mais_um Escreveu:
Poucos, no nosso caso entre 2 a 3% dos possíveis, mas o facto de existir mais associações de EE significa que há uma maior preocupação, é uma melhoria, para mim é bastante positivo e mostra uma tendência.
Para mim não mostra nada.
2% a 3% não é representativo de nada, ou melhor, é representativo que se estão pouco importando.
mais_um Escreveu:
É possível fazer melhor, sei-o por experiência própria, tenho varias queixas, comprovadas de total alheamento por parte dos funcionários ou dos docentes, no caso do 1º ciclo.
No 2º e 3º ciclo nunca ouvi falar em agressões a pessoal auxiliar ou a professores, no caso deste agrupamento em 2 anos nunca tal aconteceu.
Deixa aqui sublinhar o "experiência própria". Já vais entender mais abaixo porquê.
Quanto ao 1º ciclo, acho muito bem que os funcionários e professores estejam atentos no recreio, uma vez que têm de lá estar e convém que façam o seu trabalho, especialmente quando falamos de crianças de idades que vão dos 5 aos 10 anos.
Se no 2º ou 3º ciclo nunca ouviste falar de agressões quer físicas quer verbais a professores, andas muito alheado da realidade. Não há muito tempo houve uma professora que foi ao chão a tirar um telemovel a uma aluna e houve um professor que se suicidou por causa das agressões verbais. Não ouviste falar? tens a certeza?
mais_um Escreveu:Humm...já ouviste falar em informática? Pelo menos a maior parte das escolas que conheço tem um sistema em que para entrar ou sair tem que passar o cartão da escola por um leito de cartões
Humm... Já ouviste falar em mais de 50% das escolas (e estou a ser bonzinho com a percentagem) não terem esse tipo de sistema instalado?
mais_um Escreveu:A pressão para executar a avaliação não tem nada a ver com uma eventual pressão para passar alunos ou em afirmar que os professores são os culpados do insucesso escolar. Estás a misturar assuntos.
Novamente não é verdade.
Essa colocação que queriam fazer ao colocar a avaliação dos alunos a contar para a avaliação dos professores foi uma tentativa de oficializar o que já existe há muito oficiosamente - o avaliar o professor não pela sua competência mas pelos alunos que passa. Foi é demasiado grotesca e deu muito nas vistas, mas é só a ponta do iceberg.
mais_um Escreveu:moppie85 Escreveu:
Além disso, se a CFQ fizesses isso, ninguém passava, porque ninguém sabe matemática, ninguém sabe português e ninguém tem raciocinio.
Ainda bem que há os estudos PISA para demonstrar que estás errado. O que tu tens feito é apontar os casos minoritários, esquecendo que a maioria não é como tu afirmas.
Já que insistes:
"De notar que, enquanto os alunos dos 7º, 8º e 9º anos exibem resultados modestos [não tiveram coragem para colocar mediocres] – quando comparados com a média dos países da OCDE – os alunos dos 10º e 11º anos revelam desempenhos muito acima dessa média" [pois, obrigado, os outros vão ficando pelo caminho]
"Os alunos dos 7º e 8º anos, em particular, não possuem os conhecimentos e as competências mínimas necessárias para poderem realizar, com sucesso, o teste cognitivo do programa PISA. Os níveis de proficiência são definidos para efeitos de ilustração do que, em média, cada aluno de cada um dos níveis consegue fazer. As pontuações em ciências foram agrupadas em seis níveis, correspondendo o 6 ao mais alto (com as tarefas mais difíceis) e o 1 ao mais baixo (com as tarefas mais fáceis). Existem alunos que não conseguem atingir o nível 1, ficando definidos como estando “abaixo do nível 1”. Estes alunos não conseguem demonstrar competências científicas básicas requeridas pelas tarefas mais fáceis do PISA"
"O aspecto mais saliente é o da redução da percentagem de alunos portugueses com desempenhos abaixo do nível 1 (de 8,3% em 2000 para 5,8% em 2006), registando-se melhorias em todos os outros níveis, embora estas sejam relativamente reduzidas. Em particular, as percentagens de alunos portugueses
nos níveis de proficiência 3, 4 e 5, passaram de 25,62% (2000) para 28,8%(2006), de 11,62% (2000) para 14,7% e de 2,1% (2000) para 3,0% (2006), respectivamente." [já não me lembro em que artigo afirmava que estas diferenças estava dentro da margem de erro do estudo]
"Como é fácil constatar, os alunos desses baixos níveis de proficiência são, na sua maioria, estudantes dos 7º e 8º anos de escolaridade." [que por acaso é quando começam a lidar com a matemática abstracta e com a fisica e a química]
"Ao alunos portugueses obtiveram em 2006 um nível global médio de desempenho a literacia científica de 474, sendo que, conforme mostra a figura seguinte, quanto mais elevado o ano de escolaridade dos alunos, maior o seu desempenho médio. Pode-se mesmo afirmar que os alunos dos 10.º e 11.º anos de escolaridade obtiveram valores superiores à média da OCDE, afastando-se em mais de 50 pontos da média nacional (528 e 548 respectivamente)." [E faltou-lhes acrescentar que são os únicos acima da média da OCDE, estando os restante abaixo]
[não vou colar aqui os dados dos resultados por PIB que isso ia envergonhar-nos]
"figura 12 permite ainda verificar que, no seu todo, os alunos portugueses obtiveram níveis médios de desempenho global fracos a moderados a literacia científica, i.e., 97,1% dos alunos apresentaram níveis médios de desempenho até ao nível de proficiência 4 e apenas 2,9% do total dos alunos obtiveram níveis médios de proficiência elevados (níveis de proficiência 5 e 6). Todavia, ao analisar
apenas os alunos dos anos de escolaridade mais elevados verifica-se que estes têm um perfil de desempenho ligeiramente diferente do conjunto dos alunos –
94,4% dos alunos do 10.º ano apresentam níveis médios de desempenho até ao nível de proficiência 4 e 5,6% no níveis de proficiência 5 e 6; 84,5% dos alunos do 11.º ano apresentam níveis médios de desempenho até ao nível de
proficiência 4 e 21,5% nos níveis de proficiência 5 e 6."
"De notar que, enquanto os alunos dos 7º, 8º e 9º anos exibem resultados modestos [novamente a palavra "modesto"...] – quando comparados com a média dos países da OCDE – os alunos dos 10º e 11º anos revelam desempenhos muito acima dessa média. A elevada repetência – e a respectiva recorrência – são, também neste caso, uma das
razões do relativamente fraco desempenho dos alunos portugueses em literacia de leitura." [E o porquê de a média do 10º e 11º ser superior]
"Parte III – Os alunos portugueses e a literacia matemática
Embora os alunos do 9º ano tenham revelado desempenhos superiores aos obtidos pelos seus colegas em 2003 (443 em vez de 417), o número mais elevado de alunos nesse ano de escolaridade, aliado ao menor número de estudantes nos 10º e 11º anos, cujo desempenho também melhorou substancialmente – não foi suficiente para elevar o valor global do desempenho a literacia matemática. Mais uma vez é possível constatar o baixo desempenho dos alunos dos 7º e 8º anos de escolaridade, também a literacia matemática."
"Tal como nos casos da literacia de leitura e da literacia científica, quando comparados com os alunos dos outros países, os portugueses apresentam um desempenho a literacia matemática semelhante a outros países mediterrânicos,
como a Itália, Grécia e Turquia" [uau! À turquia. Somos mesmo enormes!]
mais_um Escreveu:moppie85 Escreveu:A partir do momento que se mete dificuldades para um professor chumbar alguém, está-se a promover que ele não chumbe. Já expliquei isso anteriormente - quem chumba um aluno em vez de ser exaltado por ter feito o que o aluno merecia, é perseguido.
Não queres explicar o processo em detalhe?
Vou simplificar. Quem passa não tem de elaborar qualquer justificação nem é inspecionado. Quem chumba tem de fazer relatórios e vai ter complicações, ou seja, confia-se no professor para passar o aluno, mas desconfia-se quando ele chumba.
mais_um Escreveu:
Por “facilitismo”, zero. Por “excesso” de zelo na correcção de teste e afins, três.
Não vou dizer 100% porque com esse número (n=3) seria demagógico dizê-lo, mas já dá para veres bem o que apontei - os EE só se preocupam com a nota "abaixo" do que queriam, mas ninguém se queixa se tiver acima. É mais simples dar a nota alta e não ter complicações.
mais_um Escreveu:moppie85 Escreveu:mais_um Escreveu:Sei que há casos de insatisfação por parte de EE em relação a professores, só que esses raramente chegam a nós. Só quando o director de turma não consegue resolver o problema é que chega à associação.
E mesmo assim nem 10% das queixas te chegam às mãos...
Pois, é melhor não fazeres extrapolações porque essa não é a realidade das escolas em geral
Registo a forma como tens tantas certezas....empiricas.
Lembraste do que fiz questão de destacar lá atrás sobre a tua experiência pessoal? É bom saber que não sou o único com certezas... empíricas - não te esqueças de registar também as certezas empíricas que tens.
mais_um Escreveu:moppie85 Escreveu:E claro que tivemos resultados horriveis nos PISA dos outros anos, como aliás, já discutimos noutro tópico...
Não consegui atingir o alcance do teu comentário....
Espero que tenhas alcançado agora, depois de ter colocado as citações do PISA de 2006.
mais_um Escreveu:moppie85 Escreveu:PS: se achares alguma coisa mais "agressiva" não é essa a intenção

Para já está a correr civilizadamente.

E esperemos que assim continue
