Trabalho não declarado compensa mais em Portugal
Catarina Almeida Pereira
catarinapereira@negocios.pt
Portugal faz parte de uma minoria de países onde o salário por trabalho não declarado é superior ao recebido na economia formal. E ao contrário do que acontece na generalidade dos países da União Europeia, o trabalho não declarado ocorrerá em Portugal sobretudo em ligação com as actividades declaradas.
As conclusões, que se baseiam no resultado de um Eurobarómetro, constam de um estudo encomendado pelo Governo, que hoje servirá de ponto de partida para uma primeira discussão em concertação social sobre o Pacto para o Emprego.
São os desempregados que têm maior probabilidade de realizar trabalho não declarado (57%), seguidos dos imigrantes ilegais (50%), conclui o estudo coordenado por António Dornelas.
As fontes analisadas pelos autores “não permitem determinar a dimensão do trabalho não declarado, mas apenas que com forte probabilidade ele se situa entre um mínimo de 3% do emprego e a percentagem de emprego que corresponderia a 22% do PIB, se quem faz trabalho não declarado não tivesse qualquer presença no mercado formal de emprego”, afirmam.
Não vale a pena declarar um trabalho apenas sazonal, consideram 44% dos portugueses (contra 23% na média da UE). Quase um terço (31%) responde que ambas as partes têm interesse nessa situação (contra 47% na UE). A terceira motivação mais referida é pelos inquiridos é o facto de não terem conseguido um trabalho na economia formal.