MKlop Escreveu:
Não leves mal o que vou escrever: não percebeste, quase na íntegra e literalmente, a maior parte do que eu disse e do resto não percebeste o sentido ou desvirtuaste-o.
(dou-te só o exemplo de teres dito que afirmei que os desempregados eram uns "injusstiçados"...)
Não levo a mal o que tu escreves, como é lógico.
Tens razão no que dizes em relação aos desempregados: li mal a frase.
Mantenho é que úma opção populista para agradar a todos quantos acham que pagam impostos a mais e não vêm um melhor caminho do que se verem injustiçados face aos desempregados...
Tenho de mudar aqui o argumento.
Duvido que a questão tenha a ver com quem se "sente injustiçado" com o dinheiro que recebem ou não recebem.
Creio que tens 2 factores a considerar e aos quais tu não apresentas qualquer proposta, a saber:
1- O sistema como está não funciona. As despesas são mais que as receitas. Como é que queres equilibrar isto? É que por enquanto só dizes que achas mal, mas soluções apontadas, até agora, não colocaste nenhuma (para além do aumento da fiscalização, que como já foi discutido, pouco efeito tem neste país e torna-se impossivel fiscalizares 600 000 desempregados).
2- Travar em parte as actividades "paralelas" que muitos desempregados desenvolvem, aproveitando para ao mesmo tempo tornar estas pessoas produtivas.
A proposta não era faze-las escravas da FP. Não entendi pq disseram que "iam ser mais competentes do q a FP" ou mesmo "escravas" da FP. Há muito desperdicio, há muitos que não deviam ser da FP e o Estado tem a mania de ser paizinho. Mas não é por uma coisa estar errada que as outras devem ser mantidas erradas.
Aludir a que é dificil organizar é um não argumento. Se é possivel fazê-las picar o ponto e disponibilizar uma "bolsa de emprego" para os desempregados, também é possível fazer o mesmo em relação a trabalho comunitário.
Aliás, para o Rendimento Minimo, já se encontra na Lei a prestação desse trabalho, pena é que não o façam cumprir.
Referir que têm impacto ao nível da despesa de cada "orçamento" é verdade, e nunca coloquei a hipótese de ser mentira. Aliás, é natural que haja, nem que seja pelo "trabalho" que tem de ser realizado pelos RHumanos de cada serviço do estado e pelo material que tem de ser disponibilizado (e condições) para os ditos fazerem esse trabalho.
Agora o que não me convences é que estas despesas irão ser maiores que os ganhos de produtividade + diminuição da economia paralela + diminuição do número de Rendimentos Minimos e SD mal atribuídos
Eu debato as questões com factos e as minhas conclusões - partindo das de outros também, obviamente. Quando me referi a alguma "coisa" é porque já a analisei: só para dar um pormenor, quando referi a análise dos Orçamentos disse-o com conhecimento de causa, pois não só conheço vários em pormenor como a sua dinâmica de gestão...sei muito bem ler - aproximandamente, pois só os responsáveis saberão com absoluta precsisão - o que está, ou esteve, por detrás dos números. Muitas vezes os números e as rúbricas escondem acções muito diversas (nem sempre para mal do Estado, pois muitas Entidades fazem omeletes com muito poucos ovos...)
Dizes que argumentas com factos. Onde é que estão os factos? Até agora só apresentaste a tua opinião e limitaste-te a dizer que retirando a despesa directa com ordenados que sobra muito dinheiro gasto no "funcionalismo público". Até parece que todo esse dinheiro é gasto para não haver ganhos nenhuns e que é uma despesa inútil.
Se me apresentares números e os tais "factos" que tanto referes, terei toda a disponibilidade para os ler e para dar a mão à palmatória. Caso contrário considero os teus factos tão válidos como os meus.
Já referi uma dezena de vezes, e volto a repetir, que muitas das despesas desses orçamentos são despesas que nem sequer são culpa dos funcionários mas das "chefias" que por lá andam. Um exemplo mais do que óbvio são as autarquias em que há muita despesa contabilizada em carros, materiais, cartões, etc. que são usados não para o Serviço Público, mas para o Serviço do Bolso.
Aliás, já referi a vergonha que é haver carros BONS de empresas municipais e intermunicipais, apenas utilizados por um indivíduo "chefe", que são vendidos NOVOS, ao dito individuo pelo preço de mercado e são comprados novos que vão ter ao fim de 3 anos o mesmo destino. E isto, entra dentro dos orçamentos dessas empresas/municipios/etc.
E por isso reafirmo - não vejo como terás argumentos para o refutar -que o peso na gestão das organizações Estatais - retiradas as remunerações, I&D, Aquisições (eu já tinha escrito isto...se tiveses lido com atenção..) - é bastante elevado. O mesmo se aplica à qualidade do trabalho: não se trata tanto de os desempregados especialistas quererem participar, mas mais da inter-relação entre os dois grupos. Tipicamente, como já hoje acontece entre trabalhadores a prazo e os trabalhadores dos quadros da função pública, haverão abusos e um pender da balança da produtividade de uma forma desigual: perpentuando atritos e sem melhorando a eficiência do Estado. Digo, pela enésima, vez, que haverão casos que tragam mais valias tanto para os "obrigados" por obterem contactos e esperiência, e para os serviços.
Também te disse que por aí não vais lá e também já te tinha dito que sim, há muito desperdicio no Estado. Se já o afirmei diversas vezes, porque estás à espera que eu o desminta ou refute? Referes haver muita despesa para além dos ordenados, aquisições e I&D, mas não apontas quais são as áreas em que achas haver "despesismo" por parte dos FP.
Há as despesas normais de funcionamento e há os abusos e os negócios ruínosos e a transferência dessas despesas para as ditas empresas municipais, fundações e quejandos. Analisaste as transferências para empresas dependentes? Quantos "orçamentos" analisaste? Descontaste a parcela dos pagamentos dos empréstimos? Apresenta-me os dados. Se queres referir factos, apresenta-os.
Quanto à 2ª parte do que afirmas, claro que poderá haver atritos entre os dois grupos, especialmente aqueles que estão lá contra-feitos e aqueles que tinham actividades paralelas e que não as podem realizar e aqueles que nem trabalhar querem. Mas como disse o Marco e bem, acho cinico pensar que a grande maioria vai lá para arranjar atritos, assim como poderiam ser "avaliados" nesse "trabalho" que desempenham. Permitia-se criando a tal "bolsa de ocupação" que as vagas fossem escolhidas pelos desempregados em função do que desejassem para arranjar experiência e permitia-se uma ou duas mudanças de área (ou um período de tempo) caso houvesse fricções. Caso fosse o desempregado o culpado em diferentes locais por este escolhido, perdia o direito ao fundo de desemprego.
Quando aos restantes, não é necessário terem a especificidade para uma tarefa ou não; aqueles que têm esses conhecimentos, poderiam ser aproveitados nessa área, aqueles que não têm, poderiam fazer outro tipo de tarefas que não exigem essa especialização.
Só para acrescentar também que sendo as entidades públicas a abrir as ditas "vagas", duvido que as fossem abrir sem o consentimento do departamento onde são colocados, assim como duvido que abrissem sem já terem uma ideia da função que esses desempregados iriam realizar.
Contudo e em forma de conclusão, deste provas que, neste assunto pelo menos, não dá para debater seriamente contigo pois não aparentas conhecer, ao nível de uma visão global, a dinâmica de trabalho/gestão no funcionalismo público.
(Permite-me reparar que parece-me que tens aí um assunto mal resolvido e que, como escrevi, és um dos que se sentem eternamente injustiçados em relação aos que são, por lei, candidatos a subsídios do Estado. Tal sensação não te deve moldar a noção de contrato social a que todos estamos unidos.)
Assumes errado.
Até porque eu pessoalmente sou um desempregado por opção e não contribui para o bolo.
Acho é vergonhoso que sempre que se queira fazer algo que ajude o país a progredir, apresente-se os desempregados como uns "coitados" e que se apresente os que recebem o RMG como os "pobrezinhos em que não se pode tocar".
Em relação aos primeiros, não são coitadinhos, em relação aos segundos, muitos deles são empregados em actividade paralela e têm rendimentos que não declaram. Claro que defendo o RMG para aqueles que realmente necessitam, mas para isso é preciso um mecanismo que impeça que quem não necessita usufrua anos e anos e anos.
Se tenho um problema com isto? Tenho quando é literalmente roubado (pq não é por falta de rendimentos mas sim por não os declararem) que recebem SD e RMG.
Não estou, como é lógico contra os que realmente ficaram desempregados ou que são pobres. Estou contra aqueles que aproveitam-se de existir esse tipo de apoio social para "chularem" os que trabalham - e isso, se queres chamar ao apoio social "contrato social a que todos estamos unidos" chama-se burla.
Permite-me reparar que parece-me que tens aí um assunto mal resolvido e que, como escrevi, és um dos que se sentem eternamente injustiçados em relação aos que são, por lei, candidatos a subsídios do Estado.
Estás enganado, visto que eu até Julho fui um dos benificiário com uma pensão de sobrevivência. Nada tenho contra os beneficiários de apoio social, desde que esses apoios sejam de facto para apoiar quem precisa.
Aliás, como pudeste ver no post em que te respondi anteriormente, não aponto apenas a burla existente nos apoios sociais; aponto-te diversas áreas em que há burla ao estado, não só nos apoios sociais como na fuga aos impostos.
Volto-te a repetir o cenário que é possível e do qual não sofres qualquer punição, embora seja moralmente questionável.
Sendo médico posso abrir uma clínica privada de... imaginemos... radiologia.
A empresa, vai ter lucros brutais, e eu, como não estou disposto a pagar IRC sobre esse lucro, ponho a empresa a comprar a minha casa (que será a sede da empresa, só naquela de não poderem pegar por aí), a comprar os carros da família (preciso de vários para a minha actividade (lol)), a pagar a gasolina (os deslocamentos são pagos pela empresa, visto quando for passear ao Marão, a empresa paga na mesma). Os meus almoços fora são também pagos com o cartão da empresa (afinal de contas a minha esposa e os meus filhos podem ser futuros clientes/fornecedores... nunca se sabe). Aproveito, e para ter direito a uma reforma ou a um SD, ponho-me a descontar o ordenado mínimo para a SS - eu é que escolho quanto é que quero descontar para a minha reforma! Era o que faltava descontar pelo que produzo!). Bom com isto tudo, despesas de manutenção do material, pagamento a outros funcionários, SS, IVA, etc. etc., a empresa já quase não tem lucro e não é tributada. Atenção, isto tudo é legal. Se não me apetecer descontar durante uns tempos, despeço-me, ou melhor, a empresa despede-me, dá-me uma indemnização (se eu quiser) e vou pastar para o SD, enquanto a empresa continua a dar-me rendimento indirecto.
Aproveito, já que como desempregado, o tempo continua a contar para a reforma e estou isento de descontos para a SS.
Agora passando ao ilegal mas que não é fiscalizado (no caso de um consultório médico é mais dificil pq todos pedem factura para o IRS, por isso passo para outra actividade qualquer - advogado p.e.), quero sacar dinheiro da empresa de outra forma. Que tal fazer como o BPN e fazer uma contabilidade paralela? Ou nem sequer passar a factura? Faço mais baratinho ao cliente e pronto! É menos um pouco que ele paga e menos um bocadão que eu pago e nem preciso de tentar sacar o $ da empresa por portas travessas.
A seguir, como tenho alguns rendimentos e estes já são capazes de gerar receitas que compensem a fuga aos impostos (nomeadamente à taxa liberatória e as mais valias), abro uma empresa off-shore com acionista "protegido" (anónimo com acções ao portador ou com um testa de ferro), e a empresa abre uma conta offshore qualquer. Até pode ser num offshore europeu! Não conseguem detectar que a empresa é minha, por isso tanto faz. E coloco lá o dinheiro a render. (sim, o erro das maiorias das pessoas nos offshores é que abrem uma conta em nome pessoal).
Com isto tudo, a minha empresa não tem lucros, não paga ao estado, eu não tenho rendimentos e até posso ser um pobre desempregado e não pago impostos (além de, concerteza, os meus filhos irem usar e abusar SASEs). Aproveito e também vou dar umas explicações de bioquímica que também não passo recibo enquanto estou desempregado. Até tenho rendimentos de obrigações, acções, depósitos, mas o estado não tem forma de saber e eu não os declaro, poupando os 20% de taxas liberatórias) e ficamos todos felizes.
Basicamente é um cenário possivel e vergonhoso, porque o nosso estado permite e não fiscaliza. Já dei exemplos deste tipo com mecânicos, advogados, professores, empregadas domésticas, etc., pelo que afirmares que tenho um assunto com os desempregados é pq n lês o que escrevo.
Tenho um assunto é com a fuga descarada para quem não tem estes conhecimentos/capacidades paguem a factura da fuga - ou seja paguem os impostos deles e os dos outros, porque aos olhos do Estado, os que fogem até são uns pobretanas. Enquanto enganar o estado compensar, vão ser sempre os mesmos a pagar, que são os verdadeiramente mais pobres e os trabalhadores por conta de outrém (entre eles a FP) que depois são apelidados pelos responsáveis pelos problemas, quando são de facto aqueles que mais contribuem com os seus impostos.