Elias Escreveu:Sim, em parte assentam no conhecimento. Na outra parte assentam em percepções e expectativas.
E o facto de uma lei ir ao encontro das expectativas das pessoas aumenta o nível de satisfação das pessoas. Este é um aspecto a ter em conta.
O objectivo de uma lei que envolve segurança não é manter as pessoas satisfeitas mas velar pela segurança dos individuos (e a de terceiros), independentemente da percepção dos sujeitos.
Elias Escreveu:Honestamente, não sei o que é melhor. Limitei-me a questionar (aliás tem sido essa a minha linha de pensamento desde o início do tópico: questionar se a lei está bem feita e, mais genericamente, se o processo de elaborar leis sem ter em conta a opinião das pessoas é o melhor processo).
Mas quem disse que a formulação das Leis não tem em conta a opinião das pessoas?
Obviamente tem. Por vezes tem até mais do que deve. Medidas que a comunidade política sabe perfeitamente que deveriam ser tomadas por vezes não são tomadas meramente porque são impopulares. Outra evidência do peso da opinião pública está patente na diferença legislativa entre culturas diferentes.
Eu diria que se aqui há alguma coisa, é excesso de peso da opinião pública na formulação das Leis (não é eventualmente o único excesso e perversão envolvidos no processo, ou para ser mais claro, na minha opinião
não é o único excesso e perversão envolvidos).
Elias Escreveu:Claro que um sistema destes só funciona se valorizares a opinião das pessoas. Se, pelo contrário, desvalorizares a opinião das pessoas (por exemplo, ao partires do princípio que as pessoas são ignorantes ou desinformadas e que não sabem tomar boas decisões), então de facto este sistema é de difícil implementação. Tudo depende dos objectivos e do poder de decisão que quiseres dar à população.
Uma Democracia pode ser mais ou menos participativa, mais ou menos representativa. O grau de envolvimento que vai funcionar melhor dependerá de vários factores, desde como está organizada (organicamente falando: nível de burocracia, nível de centralização/descentralização, etc); nível de informação/conhecimento do cidadão; nível de envolvimento, sentido de responsabilidade e cidadania, cultura e mentalidade.
De uma forma geral contudo, não podemos assumir que a opinião da maioria é a melhor e por conseguinte, não podemos assumir que um sistema mais participativo é inerentemente melhor.
O princípio em si é falacioso, com ampla demonstração/contradição.
Uma decisão tomada com base na opinião da maioria pode ser melhor ou pior. Na minha opinião, perante evidência fundamentada à luz do conhecimento actual (que não é o conhecimento da maioria), deve prevalecer a decisão baseada no conhecimento sobre a opinião "genérica" da maioria.
Mesmo numa sociedade "ideal" em que o individuo comum é "altamente" esclarecido e informado (opinando e decidindo com base em opiniões esclarecidas e informadas), uma decisão tomada pela maioria apresenta problemas devido a assimetrias e incompletude da informação disponível a cada um.
Esse tipo de problemas revela-se em teoria dos jogos por exemplo nos "dilemas do prisioneiro" ou na "tragédia dos comuns".
A melhor decisão tomada individualmente não é sempre a melhor decisão global.