Não, Elias, percebeste-me mal. A culpa foi minha que não me expliquei bem.
Tentemos novamente...
Escreveste:
Bem, eu não sei se vai doar ou se vai emprestar (a parte do doar parece-me muito especulativa...)
Mas estás a fazer aí uma valoração ao sugerir que se o governo não ajuda os clientes do BPP, então não pode dar mais destino nenhum ao dinheiro, é isso?
Não. O governo deve dar o destino "certo" ao dinheiro que, a meu ver, deve ser com o objectivo de reverter em benefícios directos aos seus cidadãos. Todo o resto é dispensável.
O tal empréstimo a Angola irá se reverter em benefícios a quem? Eu defendo que indirectamente "poderá" se reverter em benefícios para Portugal, "DESDE QUE" o dinheiro seja bem aplicado. E agora pergunto: quem irá garantir que os 500 milhões serão devidamente aplicados pelo governo angolano?
Escreveste:
Deixa-me fazer a seguinte comparação: imagina que eu coloco 100 mil euros num fundo de acções. O fundo coloca o dinheiro todo na general motors e o fundo passa a valer zero. Eu perco o guito todo. Eu (e os outros que investiram nesse fundo) ficamos a arder e vamos pedir ajuda ao governo.
O governo deve ajudar-me?
Com certeza não! A situação que descreveste não se parece, nem de perto nem de longe, com o que se passou no BPP. O problema do BPP foi de má gestão, algo que, na minha percepção das coisas, deveria ter sido diagnosticada pelo governo português.
O governo, na figura do Banco de Portugal, não analisa as contas de todas as instituições financeiras portuguesas? Não deveria, portanto, ter visto qualquer coisa de má?
Vem daí a minha afirmação de que o governo tem sim responsabilidade por aquilo que se passou com o BPP, algo que não tem absolutamente nada a ver com o cenário idealizado por ti.
Portanto, partindo do meu ponto de vista, o governo deveria priorizar a ajuda aos seus próprios cidadãos e só depois é que viriam os outros.
Associar o BPP com este empréstimo à Angola é um perigo brutal e resultará inevitavelmente no descarrilhamento deste tópico, mas acho que a ideia central aplica-se muito bem.