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Os sapatos de golfe de Arrifana que dão a volta ao mundo

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Os sapatos de golfe de Arrifana que dão a volta ao mundo

por Pata-Hari » 1/6/2009 8:23

Não encontro o tópico das coisas Portuguêsas de qualidade. Isto é um exemplo do que é o segredo da conversão da nossa industria em algo de competitivo.

Os sapatos de golfe de Arrifana que dão a volta ao mundo
Sara Dias Oliveira



Trabalha para um mercado elitista para marcar terreno e produzir sem pressão da concorrência. A empresa de calçado Artur Pinho, de Arrifana, Santa Maria da Feira, fabrica sapatos de golfe impermeáveis à água durante 16 horas. O estipulado são oito horas, a marca Greenway atinge o dobro. A sola é de couro e um par custa cerca de 600 euros. Alemanha é o principal cliente, seguido do Japão. O fabrico começou este ano e as encomendas não param de aumentar.
João Cristino chegou à empresa em 2006, apalpou o pulso à produção, decidiu que era hora de inovar, de captar novos clientes. Fez estudos de mercado, viajou até Paris para perceber quais as portas que estavam abertas. Analisou as oportunidades, resolveu investir numa gama média-alta e assim surgiu a marca de sapatos de golfe Greenway e a John Lakes, calçado de luxo para homem com clientes no Japão, EUA e Emiratos Árabes Unidos. Um par custa para cima de 300 euros. "Era uma empresa que estava praticamente subcontratada e não tinha uma identidade própria", lembra João Cristino, director-geral.
No início do ano, as linhas de produção adaptaram-se a um novo estilo. Antes disso, foram necessários cinco meses de testes de impermeabilização no Centro Tecnológico do Calçado de São João da Madeira para que o negócio não metesse água. Todos os materiais do sapato de golfe são naturais, à excepção da membrana estrategicamente colocada entre o forro e a pele. Membrana microperfurada com uma válvula que permite a saída da transpiração e impede a entrada de qualquer líquido. As peles são italianas, hidrofogadas e flexíveis. "O que permite usar o sapato em alta competição", adianta. "Trabalhamos para um mercado elitista, sinto que neste nicho não há crise". As encomendas marcam o ritmo da produção. "Fazemos poucas quantidades, não temos stock, é tudo 'hand made'. As máquinas são meras ferramentas, temos mãos com 45 anos de experiência", sublinha. Greenway e John Lake representam cerca de 40 por cento da produção, o restante fabrico destina-se a marcas internacionais e reconhecidas no mercado da alta-costura.
Em 2007, a Artur Pinho recebeu dois pedidos especiais através de um desses clientes internacionais. Um par de botas, número 37,5 para Madonna. Pele castanha, saltos rasos, até aos joelhos, com aspecto de usado. O mesmo cliente pediu um par de sapatos clássicos, número 42,5 de camurça castanha e também com aspecto usado, para o futebolista inglês David Beckham.
O calçado de equitação também faz parte do catálogo da empresa, mas ainda sem grande fôlego. No final deste ano, João Cristino garante que vai tentar penetrar em territórios onde o hipismo tem expressão, como França, Alemanha, Austrália e Inglaterra. "Para ver se conseguimos preencher, de forma mais eficaz, esta lacuna". As contas deste ano ainda não estão feitas, mas o director-geral espera mais lucro. "Vou aumentar a facturação pelo valor e não tanto pela quantidade de sapatos". "Manter a qualidade é um dos nossos objectivos".
O fundador da empresa Artur Pinho tem 72 anos e continua na fábrica, a produzir desde 1965 e não coloca qualquer obstáculos ao arrojo do genro João Cristino e da filha. "A empresa está agora entregue à segunda geração".


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