NirSup Escreveu:Aviso à Navegação Quem te avisa teu amigo é. A História não se repete mas podemos e devemos retirar dela ensinamentos do passado.
Em 2020, o Brent (referência europeia do petróleo) caiu para cerca de 20 dólares por barril.
E o WTI (referência norte-americana) chegou mesmo, num dia histórico — 20 de abril de 2020 — a valores negativos (-37 dólares/barril) devido à falta total de capacidade de armazenamento nos EUA.
Screenshot_2025-10-22-02-37-11-220_com.facebook.katana-edit.jpg
By Nirvana
.................. ...................... ....................
Caro NirSup,
Concordo contigo que 2020 foi um ano extraordinário e atípico — o colapso do preço do petróleo nessa altura esteve ligado a um evento extremo: a pandemia. A procura global evaporou-se, os tanques ficaram cheios e até vimos o WTI a cotar negativo. Foi um lembrete poderoso de que o mercado energético pode ser brutalmente volátil.
Mas o contexto actual é bem diferente.
Hoje, o que estamos a viver é quase o oposto:
há desconfiança geopolítica generalizada — guerras regionais, tensão entre grandes potências, e uma percepção crescente de que a defesa nacional e a segurança energética voltaram ao topo das prioridades. Cada país quer garantir autonomia, reservas estratégicas e fontes seguras de abastecimento. Isso reforça a procura por energia “de garantia” — petróleo, gás natural e nuclear — mesmo com a transição em curso.
Além disso, há um novo factor estrutural:
a Inteligência Artificial e a digitalização massiva estão a gerar uma procura energética explosiva. Os data centers, a computação em nuvem e o treino de modelos de IA precisam de energia constante e fiável, não apenas intermitente. E isso muda o equilíbrio — o mundo precisa de mais energia agora, não apenas de energia “verde” daqui a 20 anos.
É por isso que investidores de longo prazo como o Warren Buffett estão a reforçar posições em empresas petroquímicas e de energia
tradicional (Exxon, Occidental, Chevron). Ele não está a negar a transição — está a reconhecer que, durante essa transição, quem tiver activos de produção eficientes e bem localizados vai continuar a gerar margens muito fortes.
A Galp encaixa-se perfeitamente nesse perfil:
tem um projecto transformacional (Mopane) com potencial enorme,
uma estrutura financeira sólida e baixa dívida,
e uma estratégia híbrida — usa o cash flow do petróleo e gás para financiar renováveis e biocombustíveis.
Assim, embora 2020 nos tenha lembrado o risco extremo, 2025 e os próximos anos estão a mostrar o regresso da energia como activo estratégico.
Por isso, continuo a preferir concentração com convicção — enquanto o cenário macro e os fundamentos sustentarem a tese.
J.f.vieira