PIB Português vai aumentar !

Droga e prostituição vão ser contabilizadas no PIB
Pedro Romano e Margarida Peixoto
20/04/09 12:10
--------------------------------------------------------------------------------
O tráfico de droga é apenas uma das actividades que o Eurostat quer incluir no PIB.
Collapse Comunidade
Partilhe: A Comissão Europeia quer que as actividades ilegais também contem no apuramento do produto interno bruto.
A data definitiva para a entrada em vigor das novas regras ainda não está definida.
Espingardas e manteiga. É desta forma que os manuais de economia costumam dar um exemplo daquilo que se inclui no cálculo do produto interno bruto (PIB). Um exemplo simplista, mas que capta bem a essência daquilo que o conceito tenta representar: o total da riqueza criada por cada país durante um ano, desde o armamento à alimentação, passando pelos transportes e material informático.
Os futuros manuais vão, contudo, ter um leque de exemplos ainda mais alargado. Isto porque a Comissão Europeia tem, desde 1999, um projecto para incluir a economia paralela na contabilização do PIB, o que vai fazer com que actividades como a prostituição ilegal, o tráfico de droga, o jogo clandestino e o contrabando passem a contar como riqueza.
"O SEC [Sistema Europeu de Contas, que harmoniza a contabilidade europeia] prevê a inclusão das actividades ilegais - no fundo, de toda a actividade - no PIB", explica fonte do INE. "Todavia", continua, "nenhum país inclui ainda explicitamente qualquer estimativa para estas actividades. Não existe uma data definida para a inclusão das actividades ilegais, mas é previsível que dentro de poucos anos tal venha a acontecer".
A questão ganhou um novo impulso em 2006, quando a Grécia, com um procedimento por défices excessivos, decidiu rever as Contas Nacionais de forma a incluir várias actividades informais ou mesmo ilegais. O resultado foi um crescimento de 25% do PIB, que diluiu o défice e fez as delícias da imprensa internacional. O britânico Guardian ironizava com a situação dizendo que "O PIB grego sobe 25% - com uma ajudinha das prostitutas". O Eurostat acabou por validar as contas.
O problema é que o apuramento do PIB é em parte feito por métodos indirectos, o que faz com que algumas destas actividades estejam já incluídas na contabilização. Isto acontece, por exemplo, na utilização de indicadores como as vendas de cimento, que servem para avaliar as construções, legais ou ilegais.
As Contas Nacionais têm, aliás, métodos para estimar grande parte da actividade informal, como gorjetas, por exemplo. "No sector da restauração e bebidas, é comum os trabalhadores não só receberem gratificações dos clientes, mas também terem refeições gratuitas, que fazem parte implícita da remuneração. Ora, as Contas Nacionais estimam a sua magnitude", explica fonte do INE.
Qual é o impacto da medida? É difícil dizer. Isto porque não há estimativas precisas quanto ao peso destas actividades no total do PIB. Alguns estudos apontam para cerca de 1%, sendo que em muitos casos pode ser apenas de 0,5%. O valor, contudo, varia muito consoante os países.
--------------------------------------------------------------------------------
Pedro Romano e Margarida Peixoto
20/04/09 12:10
--------------------------------------------------------------------------------
O tráfico de droga é apenas uma das actividades que o Eurostat quer incluir no PIB.
Collapse Comunidade
Partilhe: A Comissão Europeia quer que as actividades ilegais também contem no apuramento do produto interno bruto.
A data definitiva para a entrada em vigor das novas regras ainda não está definida.
Espingardas e manteiga. É desta forma que os manuais de economia costumam dar um exemplo daquilo que se inclui no cálculo do produto interno bruto (PIB). Um exemplo simplista, mas que capta bem a essência daquilo que o conceito tenta representar: o total da riqueza criada por cada país durante um ano, desde o armamento à alimentação, passando pelos transportes e material informático.
Os futuros manuais vão, contudo, ter um leque de exemplos ainda mais alargado. Isto porque a Comissão Europeia tem, desde 1999, um projecto para incluir a economia paralela na contabilização do PIB, o que vai fazer com que actividades como a prostituição ilegal, o tráfico de droga, o jogo clandestino e o contrabando passem a contar como riqueza.
"O SEC [Sistema Europeu de Contas, que harmoniza a contabilidade europeia] prevê a inclusão das actividades ilegais - no fundo, de toda a actividade - no PIB", explica fonte do INE. "Todavia", continua, "nenhum país inclui ainda explicitamente qualquer estimativa para estas actividades. Não existe uma data definida para a inclusão das actividades ilegais, mas é previsível que dentro de poucos anos tal venha a acontecer".
A questão ganhou um novo impulso em 2006, quando a Grécia, com um procedimento por défices excessivos, decidiu rever as Contas Nacionais de forma a incluir várias actividades informais ou mesmo ilegais. O resultado foi um crescimento de 25% do PIB, que diluiu o défice e fez as delícias da imprensa internacional. O britânico Guardian ironizava com a situação dizendo que "O PIB grego sobe 25% - com uma ajudinha das prostitutas". O Eurostat acabou por validar as contas.
O problema é que o apuramento do PIB é em parte feito por métodos indirectos, o que faz com que algumas destas actividades estejam já incluídas na contabilização. Isto acontece, por exemplo, na utilização de indicadores como as vendas de cimento, que servem para avaliar as construções, legais ou ilegais.
As Contas Nacionais têm, aliás, métodos para estimar grande parte da actividade informal, como gorjetas, por exemplo. "No sector da restauração e bebidas, é comum os trabalhadores não só receberem gratificações dos clientes, mas também terem refeições gratuitas, que fazem parte implícita da remuneração. Ora, as Contas Nacionais estimam a sua magnitude", explica fonte do INE.
Qual é o impacto da medida? É difícil dizer. Isto porque não há estimativas precisas quanto ao peso destas actividades no total do PIB. Alguns estudos apontam para cerca de 1%, sendo que em muitos casos pode ser apenas de 0,5%. O valor, contudo, varia muito consoante os países.
--------------------------------------------------------------------------------