CALDEIRÃO DE BOLSA

Os olhares da imprensa mundial sobre a cimeira de Londres


Os resultados da cimeira de Londres têm diferentes leituras nos editoriais de alguns dos principais jornais internacionais. O Wall Street Journal é aquele que mostra maior cepticismo quanto aos resultados práticos da cimeira. O jornal norte-americano escreve mesmo que, além do número redondo de um bilião de dólares de novos fundos a injectar na economia mundial, "o som que mais ressalta do comunicado é o de 20 mãos a darem-se palmadinhas nas costas, congratulando-se por um trabalho bem feito".

Já o Financial Times sublinha que, em Londres, lançaram-se "os primeiros tijolos para uma nova ordem mundial". Ainda assim, o jornal britânico diz que "há muito caminho a percorrer" e lamenta a falta de "compromissos credíveis" sobre novos estímulos fiscais e sobre uma abordagem comum à eliminação dos "activos tóxicos" do balanço dos bancos. Esta é a "grande fraqueza" do pacote de medidas - a crise económica começou no sistema financeiro e só terminará quando os bancos estiverem saudáveis, defende o FT.

O El País defende que o encontro da passada quinta-feira "abre férteis possibilidades para enfrentar a recessão mundial e a reforma da arquitectura financeira" e nota que, em comparação com a reunião de Novembro, este encontro produziu "compromissos mais claros, com valores vinculativos e calendários precisos". Um dos senãos é a "pouca ênfase antiproteccionista" das medidas. Este é um tema em que também pega o brasileiro O Estado de São Paulo, que refere que, apesar de os líderes do G20 se terem comprometido a retomar as negociações de Doha, já o tinham feito no encontro de Novembro, em Washington, e desde então a maioria dos países "tomou medidas proteccionistas".

Em França, o Le Monde diz que o G20 "passou no teste" e que, embora "haja um elemento de bluff", porque não é claro aonde se irá buscar um bilião de dólares, a cimeira foi importante para restaurar a confiança. Uma ideia partilhada pelo The Times. O jornal britânico considera que "as baixas expectativas confirmaram-se" e que as divergências na forma de lidar com a crise financeira continuam a existir, mas que o mero facto de ter sido possível um entendimento aumenta as possibilidades de restaurar a confiança na economia mundial.

Reforço do papel do FMI decidido pelo G20 promete gerar polémica


04.04.2009, Sérgio Aníbal, em Londres


Especialistas duvidam da capacidade de regeneração de uma entidade que não conseguiu emitir um alerta sobre os problemas do mercado de crédito nos EUA


Uma instituição marcada por um currículo muito sombrio no combate e identificação de crises e outra conhecida apenas pela sua discrição foram as grandes vencedoras da cimeira do G20. Os líderes mundiais reunidos em Londres decidiram dar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Financial Stability Board (nova designação para o actual Fórum de Estabilidade Financeira) mais poder e dinheiro, confiando-lhes a difícil tarefa de liderar o combate à crise mundial e levar à prática a reformulação do sistema financeiro internacional.

A escolha promete criar polémica. Em especial, no caso do FMI. Apesar do seu historial de planos de recuperação financeira falhados na Ásia e na América Latina, a organização viu os seus fundos passar de 250 mil milhões para 750 mil milhões de dólares. E é com este dinheiro que vai dar empréstimos aos países que deixem de conseguir financiar-se de forma normal nos mercados.

Será que o dinheiro vai ser bem usado? O economista norte-americano Dean Baker desconfia que não. Num artigo publicado ontem no Guardian, assinala que o FMI "não conseguiu dar um alerta" relativamente aos riscos crescentes que se acumulavam no mercado imobiliário de crédito norte-americano e que "continua a dar as suas ajudas com importantes condições", especialmente a austeridade orçamental quando esta é menos desejável. "Não é óbvio por que é que estes fracassos devem ser recompensados dando a esta instituição ainda mais responsabilidade", afirma, lembrando que há bancos regionais que poderiam desempenhar esse papel.

Como forma de defesa contra este tipo de acusações, os membros do G20 e o próprio FMI assinalam a existência de mudanças importantes no funcionamento da instituição. Por um lado, dizem que a estratégia nos empréstimos do FMI é agora a de uma maior flexibilidade, sem exigências tão rigorosas como antigamente aos países que entram em dificuldades. Depois, também foi ontem decidido na cimeira de Londres acelerar a reforma na governação do G20, com entrega de mais poder aos países emergentes e com a garantia de que o futuro presidente já não será, obrigatoriamente, um europeu, sendo antes escolhido pelo mérito.

Por fim, o G20 criou outras formas de financiamento aos países em crise. A emissão de Direitos de Saque Especiais no valor de 250 mil milhões de dólares vai permitir a cada país, na proporção da sua quota do FMI, financiar-se sem ter de negociar quaisquer condições com o Fundo. E as vendas de ouro do FMI servirão para ajudar os países mais pobres do planeta.

Em relação aos poderes reforçados e mudança de nome do actual Fórum de Estabilidade Financeira, o sentimento é de dúvida em relação à forma como poderá vir a desempenhar as suas funções. Vai ser esta nova entidade - agora composta por todos os membros do G20 - que irá vigiar a estabilidade financeira global e promover a reforma do sistema a médio prazo. Embora isso não tenha sido decidido pelo G20, passa a ser a entidade que mais se assemelha a um regulador à escala mundial, algo que muitos defendem ser necessário existir.

Nicolas Veron, especialista do Instituto Bruegel, não revela grande entusiasmo em relação ao papel que o Financial Stability Forum pode vir a desempenhar. "Continua a ser, nesta fase, ainda uma experiência e será interessante ver como é que vai resultar", afirma, avisando que o actual fórum "tem sido uma mais-valia nesta crise, pela produção de excelentes análises sobre o que correu mal e quais são os maiores desafios em termos de políticas". "A sua informalidade era uma vantagem na produção dessa análise. Agora que se vai tornar numa organização maior e mais formal, espero que mantenha a sua independência e agilidade de pensamento", diz.

Plataforma Orey itrade Escreveu:MESA AMERICANA; Notícias: O acordo alcançado hoje pelo G20 é um passo "muito, muito positivo" para reforçar a supervisão financeira, afirmou a Chanceler alemã Angela Merkel. Este acordo é "exactamente o que nós queríamos", sublinhou Merkel.
17:19
MESA AMERICANA; Notícias: (...) Angela Merkel revelou que está muito satisfeita com o acordo alcançado hoje pelo G20, que contempla um maior reforço da supervisão e regulação financeira. "É exactamente o que nós queríamos. É uma vitória do senso comum", afirmou Merkel em conferência de imprensa, após Gordon Brown ter revelado as conclusões da cimeira.

G20 says world output up 4 percent by end of next year

LONDON (Reuters) - Concerted measures taken by the G20 economies will raise world output by four percent by the end of next year, a final communique from a G20 leaders summit said on Thursday.

"We are undertaking an unprecedented and concerted fiscal expansion, which will save or create millions of jobs that would otherwise have been destroyed, and that will, by the end of next year, amount to $5 trillion, raise output by four percent and accelerate the transition to a green economy," the communique said.

"We are committed to deliver the scale of sustained fiscal effort necessary to restore growth," it said.

The statement also said G20 central banks had pledged to maintain expansionary policies as long as necessary and to use all available policy tools.

HIGHLIGHTS - Brown's press conference at G20 summit

LONDON (Reuters) - Following are highlights of British Prime Minister Gordon Brown's news conference after the G20 leaders summit.

BROWN ON CONSENSUS

"This is the day that the world came together, to fight back against the global recession. Not with words but a plan for global recovery and for reform and with a clear timetable."

ON SOLUTIONS

"There are no quick fixes, but with the six pledges that we make today we can shorten the recession and we can save jobs."

ON JOBS

"Today we have reached a new consensus, that we take global action together to deal with problems we face, that we will do what is necessary to restore growth in jobs, that we will take essential action to rebuild confidence and trust in our financial system.

COMPREHENSIVE PROGRAMME

"First of all, for the first time we have come together to set principles to reform the global banking system.

This is a comprehensive programme of measures that includes for the first time bringing the shadow banking system, including hedge funds, within the global regulatory net.

We have agreed that international accounting standards will have to be set.

We will regulate credit rating agencies in order to remove their conflicts of interest.

We have agreed that there will be an end to tax havens that do not transfer information on request."

"We also agreed we'd increase the amount of money available to the international economy by up to a trillion dollars as a result of these different actions we're taking. This is new money provided by the European Union, provided by Japan, provided by China and to be provided by other countries. this is money that is generated by the International Monetary Fund issuing its own special drawing funds.

ON TAX HAVENS

"We have agreed that there will be an end to tax havens, that do not transfer information on request. The banking secrecy of the past must come to an end." "The organisation of economic cooperation and development are this afternoon publishing a list of tax havens that are non compliant and where action must immediately be taken. We have agreed tough standards and sanctions for use against those who don't come into line in the future.

ON INTERNATIONAL COLLEGE

"We will complete the implementation of international colleges of supervisors of financial institutions and we will implement new rules on pay and bonuses at a global level that reflect actual performance with no more rewards for failure."

ON IMPAIRED ASSETS

"We will clean up the banks, so that they increase lending to families and businesses, and to enable this we've agreed for the first time a common global approach to how we deal with impaired or toxic assets."

ON DRAWING RIGHTS

"Every country will be awarded ... these drawing rights so that they can provide more liquidity for the world economy"

"The crisis facility is doubled in size, the new agreement to borrow will be worth 500 billion, then on top of that the IMF is issuing its special drawing rights which is providing liquidity to the world economy.

ON FISCAL STIMULUS

"Since our last meeting in Washington and as part of this process from Washington, G20 countries have announced, and are now implementing, the largest macro-economic stimulus the world has ever seen.

"We are in the middle of an unprecedented fiscal expansion which will by the end of next year amount to an injection of $5 trillion dollars into our economies."

ON CHINA

"I have to tell you that China has contributed 40 billion (to the IMF).

ON NEXT MEETING

"We will do whatever is necessary to come through this difficult time, that is why we have agreed to meet again later this year."

ON A GLOBAL RESERVE CURRENCY

"I have to say that issues about international currency have not led to detailed proposals from anyone."