
Juntas passam cada vez mais atestados de pobreza
JOÃO BAPTISTA, Santarém
Cinco presidentes de juntas de freguesia, cinco olhares diferentes para a realidade do País vista de perto. No Encontro Nacional de Freguesias, ontem realizado em Santarém, autarcas de diferentes meios deram ao DN testemunhos dos problemas sociais com que se confrontam, devido ao agravamento da crise.
"As juntas são o primeiro balcão que os portugueses procuram quando têm problemas e funcionam como barómetro da situação social do País", disse ao DN o presidente da Associação Nacional de Freguesias - Anafre, Armando Vieira (PSD).
"É preciso que não nos retirem verbas, para podermos ajudar a matar à nascença os problemas sociais, servindo-nos desta mais-valia que é a nossa maior proximidade dos cidadãos", referiu Armando Vieira, também presidente da freguesia de Oliveirinha, no concelho de Aveiro.
"O aumento do desemprego é muito sentido na região de Aveiro e todos os dias chegam pedidos de ajuda para compra de medicamentos, principalmente de idosos. Agora são também os pedidos de ajuda de desempregados para comprar alimentos, pagar a água, a electricidade, o gás e a renda de casa", adiantou.
A presidente da Junta de Rio Maior, Isaura Morais (PSD), afirma ser preciso reunir meios para "uma nova realidade: os chamados novos pobres". Explicou que "há cada vez mais desemprego e mais pedidos de atestados de pobreza de pessoas que têm necessidade de pagar dívidas a prestações, como as contas acumuladas da água ou da electricidade".
"Sabemos haver muitas crianças que fazem na escola a sua única refeição completa do dia", diz a autarca.
Para José Fidalgo (PS), presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, "o mais importante é pensar na forma de sair desta crise. Temos de nos organizar para que o problema das famílias da chamada pobreza envergonhada não atinja dimensões incontroláveis".
Autarca propõe criação de "manual do cidadão" para as pessoas saberem a quem exigir responsabilidades e quais as competências de cada órgão da administração pública. "Para os cidadãos saberem a quem podem chamar sacana", sublinhou.
Carlos Pereira, presidente da junta de Fernão Ferro (CDU), lembrou que "antigamente, as pessoas dirigiam-se ao padre da terra para procurar ajuda. Hoje vão ter com o presidente da junta para resolver os seus problemas. Cada vez vêm mais desempregados pedir-nos alimentos e apoio para pagar rendas de casa".
O presidente da junta de Santana do Mato, no concelho de Coruche, Joaquim Banha (PS) diz que "também no interior se está a sentir a crise, com uma comunidade de duas centenas de brasileiros e ucranianos a ser atingidos pelo desemprego e pela falta de casa". A sua maior preocupação é a legalização destes imigrantes, "para poderem ser integrados e ter acesso aos apoios sociais".|
DN
JOÃO BAPTISTA, Santarém
Cinco presidentes de juntas de freguesia, cinco olhares diferentes para a realidade do País vista de perto. No Encontro Nacional de Freguesias, ontem realizado em Santarém, autarcas de diferentes meios deram ao DN testemunhos dos problemas sociais com que se confrontam, devido ao agravamento da crise.
"As juntas são o primeiro balcão que os portugueses procuram quando têm problemas e funcionam como barómetro da situação social do País", disse ao DN o presidente da Associação Nacional de Freguesias - Anafre, Armando Vieira (PSD).
"É preciso que não nos retirem verbas, para podermos ajudar a matar à nascença os problemas sociais, servindo-nos desta mais-valia que é a nossa maior proximidade dos cidadãos", referiu Armando Vieira, também presidente da freguesia de Oliveirinha, no concelho de Aveiro.
"O aumento do desemprego é muito sentido na região de Aveiro e todos os dias chegam pedidos de ajuda para compra de medicamentos, principalmente de idosos. Agora são também os pedidos de ajuda de desempregados para comprar alimentos, pagar a água, a electricidade, o gás e a renda de casa", adiantou.
A presidente da Junta de Rio Maior, Isaura Morais (PSD), afirma ser preciso reunir meios para "uma nova realidade: os chamados novos pobres". Explicou que "há cada vez mais desemprego e mais pedidos de atestados de pobreza de pessoas que têm necessidade de pagar dívidas a prestações, como as contas acumuladas da água ou da electricidade".
"Sabemos haver muitas crianças que fazem na escola a sua única refeição completa do dia", diz a autarca.
Para José Fidalgo (PS), presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, "o mais importante é pensar na forma de sair desta crise. Temos de nos organizar para que o problema das famílias da chamada pobreza envergonhada não atinja dimensões incontroláveis".
Autarca propõe criação de "manual do cidadão" para as pessoas saberem a quem exigir responsabilidades e quais as competências de cada órgão da administração pública. "Para os cidadãos saberem a quem podem chamar sacana", sublinhou.
Carlos Pereira, presidente da junta de Fernão Ferro (CDU), lembrou que "antigamente, as pessoas dirigiam-se ao padre da terra para procurar ajuda. Hoje vão ter com o presidente da junta para resolver os seus problemas. Cada vez vêm mais desempregados pedir-nos alimentos e apoio para pagar rendas de casa".
O presidente da junta de Santana do Mato, no concelho de Coruche, Joaquim Banha (PS) diz que "também no interior se está a sentir a crise, com uma comunidade de duas centenas de brasileiros e ucranianos a ser atingidos pelo desemprego e pela falta de casa". A sua maior preocupação é a legalização destes imigrantes, "para poderem ser integrados e ter acesso aos apoios sociais".|
DN