
Fica a noticia. Isso sim, é crime, claramente. Resta saber se são actos individualizados por empregados desonestos e em que condições isso acontece, se o banco é imputável por isso e, sendo, se ainda há banco para aceitar as consequências disso.
Banca
Presidente do BPP pede ao Banco de Portugal que decida futuro do banco rapidamente
03.04.2009 - 13h54 Cristina Ferreira
Adão da Fonseca, líder da actual administração provisória do Banco Privado Português (BPP), enviou ontem uma carta ao Banco de Portugal (BdP) onde solicita que o supervisor decida rapidamente sobre o futuro da instituição intervencionada desde Dezembro de 2008, tendo em conta que Vítor Constâncio já recebeu os dados necessários para se poder pronunciar.
Nos relatórios que enviou ao governador, Adão da Fonseca apresentou soluções, designadamente a criação de um fundo de investimento mobiliário fechado que visa “salvar” os produtos de retorno absoluto vendidos pelo banco aos seus clientes.
Hoje, logo pela manhã, o líder do BPP informou 250 colaboradores do BPP da sua iniciativa.
Adão da Fonseca pede ainda ao supervisor que acelere a constituição do fundo que irá receber investimentos realizados nos mercados de capitais da ordem de 1,2 mil milhões de euros, mas que se fossem neste momento resgatados seriam devolvidos aos proprietários com perdas elevadas.
O PÚBLICO sabe que se abate neste momento sobre a actual gestão provisória do BPP uma forte pressão por parte dos clientes que querem ver as suas poupanças devolvidas, em particular, os que possuem investimento em produtos de retorno absoluto. Existem ainda casos de clientes que alegam que as poupanças entregues à guarda do BPP como depósitos, e de não terem celebrado qualquer outro contrato, foram aplicadas noutros produtos, pelo que reclamam agora a sua devolução.
Adão da Fonseca já reconheceu que muitos estratos bancários foram falsificados. Até final de Maio o Governo vai ter que saldar os seus compromissos com a banca (CGD, BCP, BES, BPI, Santander e CCAM) que avançou com os 450 milhões de euros de financiamento ao BPP, tendo por base uma contra garantia dada pelo Estado, mas sustentada em activos da instituição insolvente. Inicialmente o valor dos activos dados pelo BPP ao Estado para este garantir o financiamento ascendia a 650 milhões de euros, mas este montante sofreu entretanto uma desvalorização. Esta verba destinava-se a pagar os financiamentos dados por grupos internacionais (JPMorgan) ao BPP e a pagar depósitos.
Na última assembleia-geral do BPP, de 30 de Março, em que estiveram Adão da Fonseca, Diogo Vaz Guedes, em representação da Privado Holding, que controla a totalidade do BPP, e o presidente da Assembleia Geral, José Miguel Júdice, foi decidido suspender os salários dos ex-gestores do banco, que estão sob investigação do BdP. Em termos genéricos há um entendimento de que no futuro Adão da Fonseca se irá preocupar em garantir o bom funcionamento da gestão do fundo que está a ser preparado, enquanto a Privado Holding ser irá debruçar sobre o futuro do BPP, depois de resolvido o problema dos clientes de capital garantido.
A iniciativa de Adão da Fonseca junto de Vitor Constâncio ocorre dias depois de Sérgia Narciso Farrajota (quadro do BPI), que no actual conselho de gestão tinha o pelouro jurídico, se ter demitido evocando razões pessoais. A sua eventual substituição é da competência do BdP.