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Caldeirão da Bolsa

O que é um depósito a prazo?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Açor3 » 10/3/2009 13:45

Supervisão
Banco de Portugal põe disciplina nos depósitos
Tem a certeza que o seu dinheiro está aplicado num depósito a prazo? Ontem o Banco de Portugal (BdP) colocou em consulta pública dois projectos de aviso onde define os produtos que podem receber esta designação, para acabar com a ambiguidade que existe em algumas soluções comercializadas pelas instituições financeiras.

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Sara Antunes
saraantunes@negocios.pt


Tem a certeza que o seu dinheiro está aplicado num depósito a prazo? Ontem o Banco de Portugal (BdP) colocou em consulta pública dois projectos de aviso onde define os produtos que podem receber esta designação, para acabar com a ambiguidade que existe em algumas soluções comercializadas pelas instituições financeiras.

Em momento algum as aplicações podem implicar uma perda de dinheiro para o cliente, seja na maturidade, seja durante a vida do investimento.

"Depósito dual" é uma das denominações que deverá ser proibida quando entrarem em vigor as novas regras, na forma que estes produtos assumem actualmente. Parte do investimento vai para um depósito, com capital garantido, e o remanescente para um fundo, sujeito a desvalorização.

Ora o aviso define que a remuneração de um depósito "não pode, em quaisquer circunstâncias, ser negativa". Além disso, o capital a entregar ao depositante nunca pode ser "inferior ao montante depositado". Mesmo em caso de mobilização antecipada, total ou parcial.

Com este esclarecimento, o supervisor da banca define as características de um depósito, de forma a proteger os consumidores, deixando claro que o capital tem de estar sempre garantido, cumprindo "o princípio de segurança que lhe deve estar associado."

A questão tem vindo a lume a propósito do caso BPP, onde os clientes alegam ter investido o seu dinheiro em depósitos sem risco, descobrindo depois que era aplicado em activos expostos aos mercados de capitais e sujeitos a desvalorização.


JN
Na bolsa só se perde dinheiro.Na realidade só certos Iluminados com acesso a informação privilegiada aproveitam-se dos pequenos investidores para lhes sugarem o dinheiro.
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O que é um depósito a prazo?

por Açor3 » 10/3/2009 13:44

Pedro Santos Guerreiro
O que é um depósito a prazo?
psg@negocios.pt

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Eis uma pergunta tão básica, mas tão básica, que não se admite que um aluno do 9º ano não saiba a resposta. No entanto, o seu professor talvez não a saiba. Nem o pai. Até o gestor de conta da família pode ter dúvidas.


Eis uma pergunta tão básica, mas tão básica, que não se admite que um aluno do 9º ano não saiba a resposta. No entanto, o seu professor talvez não a saiba. Nem o pai. Até o gestor de conta da família pode ter dúvidas. A coisa está de tal maneira que o próprio Banco de Portugal abriu ontem uma consulta pública sobre o assunto. Pode-se perder dinheiro num depósito a prazo? Não. Mas perdeu-se tanto...

Perdeu-se porque a banca andou a vender produtos financeiros com publicidade enganosa: "Ganhe 10%!*", onde o asterisco é um "mas" que remete para cemitérios de informação. Exemplo: "Valor Super Rendimento, ganhe até 16%!*". Agora, o asterisco: 16% a dois anos (ou seja, 7,7% brutos ao ano, pouco mais de 6% líquidos); o dinheiro é dividido entre um depósito a prazo a taxa fixa de 5% brutos no primeiro ano; outro terço em fundos de risco moderado; e o último terço em dois fundos de mercados emergentes, em que o investidor ganha 70% da diferença entre a valorização desses dois fundos. Não se ria, o exemplo é verdadeiro. Aliás, chore: quem lá investiu perdeu dinheiro.

Os melhores bancos do País praticaram esta selvajaria publicitária, justificada em letrinhas miúdas. Os piores bancos foram mais longe, contratando vendedores desqualificados ou, no caso extremo do BPP, garantindo a lápis capitais que valem hoje menos que uma máquina de triturar papel.

A iliteracia financeira é um flagelo e é, na verdade, a única prevenção. Mas também tem as costas largas para o que foram abusos da engenharia financeira: a relação entre um banco e um cliente é fiduciária e fidúcia quer dizer confiança. Não devia ser necessário acrescentar asteriscos a "fiduciário"...

Ao abuso dos bancos sucedeu a sobre-regulamentação dos reguladores. CMVM e Banco de Portugal obrigam agora a tantas regras na publicidade de produtos financeiros que só falta mandar rotulá-los como ao tabaco: 30% da embalagem a avisar que "Investir pode prejudicar gravemente a sua saúde financeira e a dos que o rodeiam".

Os reguladores actuam bem, mas tarde e com pesos na consciência. Numa prelecção este fim-de-semana em Cardiff, o Arcebispo da Cantuária frisava que acusar a ganância dos banqueiros como origem da crise é fácil de mais. E é também colocar um bode à frente da expiação que todos devíamos fazer: os reguladores por omissão, os consumidores por pulsão gastadora. Somos todos culpados, disse.

Hoje, ninguém confia em ninguém. Os bancos não confiam nos bancos e não emprestam dinheiro entre si. Não confiam nos "ratings" das agências. Não confiam nos investidores institucionais e roem-se com operações de "short-selling" (mais uma: no dia em que o BCP afundou 7%, para o mínimo histórico, um dos fundos, que já estava curto, duplicou a posição!).

O que é, então, um depósito a prazo? É uma aplicação onde é impossível perder dinheiro, mesmo em casos de mobilização antecipada ou parcial. Se está indexado a índices ou é partilhado com fundos, não é um depósito a prazo, é um produto complexo. Palavra de governador.

Os clientes do Banco Privado aprenderam à sua custa o que não é um depósito a prazo. Antes que seja tarde, consulte o seu banco. Tem o seu dinheiro garantido? Eis uma pista: se lhe prometem muito mais que a inflação, ou é promoção de curto prazo ou corre riscos. Só confia segunda vez quem não foi enganado à primeira. Esta até um aluno do 9º ano sabe.

JN
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