Gerir um negócio em tempo de crise
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Aproveitando este tópico, gostava de partilhar ideias sobre as oportunidades de negocios em tempo de crise.Existem com certeza varias ideias inovadoras e gostava de ter alguns feed-back de pessoais que conseguiram adaptar-se e apostar na criação de empresa neste momento menos positivo.
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- Registado: 16/3/2008 20:26
Sete alternativas para contornar a crise
Como financiar a sua empresa
A banca pode estar a apertar as condições de atribuição de créditos e a aumentar os custos associados, mas as pequenas e médias empresas não têm muitas alternativas. As necessidades de tesouraria obrigam a recursos de curto prazo que muitas vezes se conseguem em instrumentos bancários. Apesar de a teoria dizer que as dívidas de curto prazo não devem ter um peso grande, as PME admitem ser difíceis os financiamentos a prazos mais longos.
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Alexandra Machado
amachado@negocios.pt
A banca pode estar a apertar as condições de atribuição de créditos e a aumentar os custos associados, mas as pequenas e médias empresas não têm muitas alternativas. As necessidades de tesouraria obrigam a recursos de curto prazo que muitas vezes se conseguem em instrumentos bancários. Apesar de a teoria dizer que as dívidas de curto prazo não devem ter um peso grande, as PME admitem ser difíceis os financiamentos a prazos mais longos.
Os desafios das micro e pequenas e médias (PME) empresas são muitos na actual crise económica, mas um dos principais é o financiamento. Onde ir buscar dinheiro para sustentar a actividade? A banca é a primeira e mais provável hipótese. Os bancos comerciais têm vários instrumentos, especialmente no curto prazo, que garantem financiamento acessível às PME, que muitas vezes não conseguem créditos de médio ou longo prazo por não terem garantias reais para dar.
O problema de uma parte das micro e PME é que os endividamentos de curto prazo são superiores ao que deveriam ser. Várias associações empresariais têm alertado para a necessidade de se encontrar instrumentos que ajudem as PME a reestruturar as suas dívidas.
José Miguel Pinto dos Santos, professor da AESE - Escola de Direcção e Negócios, alerta para o facto de a dívida de curto prazo ser mais cara e, consequentemente, baixar a rentabilidade das empresas. E entra-se num ciclo vicioso. Quanto menor a rentabilidade, mais difícil é obter empréstimos de médio e longo prazo.
Para o financiamento de curto prazo, os bancos são as principais fontes, mas há outras. O "factoring", que consiste na transferência dos créditos dos clientes para uma empresa que, depois, os cobra, é um mecanismo importante de financiamento de curto prazo, podendo esse "factoring" estar associado a uma cobertura de risco. A Associação de Leasing e Factoring (ALF) admite ao Negócios que "o 'factoring' é um produto que, geralmente, se dá bem em situações de crise", já que "as necessidades das empresas em obter liquidez, faz aumentar a procura do 'factoring' que financia a tesouraria".
Na componente de curto prazo é ainda referido por José Pinto dos Santos os financiamentos conseguidos com os fornecedores, nomeadamente pelos descontos dos pagamentos a pronto.
Em relação aos créditos junto dos fornecedores, o professor da AESE lembra que esses podem ter um custo implícito elevado. Há, pois, que aferir as condições dos créditos. Um mecanismo pouco utilizado em Portugal de financiamento de curto prazo é o designado "hot money", em que um grupo de investidores com recursos está disponível para emprestar dinheiro com boas garantias.
O papel comercial não é praticamente utilizado pelas PME, já que têm de ter um bom "rating" implícito ou explícito para conseguirem investidores. O papel comercial e a emissão de obrigações (mais de longo prazo) é usado, quase em exclusivo, pelas grandes empresas. No longo prazo, o "leasing" é uma opção a considerar, ainda que seja uma fonte utilizada para financiar investimentos e estes estão em queda.
Além de financiar-se com capitais alheios, as PME têm de considerar, em muitos casos, um reforço dos capitais próprios. E aí as opções são ainda menores: ou se consegue junto dos sócios ou accionistas (capital, suprimentos, prestações acessórias), ou se consegue com terceiros (capital de risco, investidores ou mercado de capitais), o que muitas vezes não é do agrado das PME, pois temem perder o controlo da sua empresa.
Bancos
A banca é o principal financiador das empresas, especialmente para as micro e PME. São vários os instrumentos de crédito disponibilizados para necessidades de curto, médio e longo prazos. Estes podem ser garantidos através das linhas de crédito que, em algumas das mais recentes medidas, têm bonificação de juros e garantias do Estado. Mas há outras formas de financiamento bancário, que passam mais pela gestão de tesouraria, como as contas caucionadas, descobertos autorizados, livranças, letras, crédito documentário (para exportadores).
Vantagens: É a forma mais fácil, por ser até agora a mais disponível, de as empresas conseguirem dinheiro. O crédito tinha "spreads" baixos e era de fácil obtenção. A relação com o banco, duradoura, pode ainda garantir às empresas acesso facilitado no futuro a fundos. Outra vantagem é que a banca tem vários instrumentos ao seu dispor, incluindo as linhas de crédito garantidas pelo Estado. E pode recorrer a financiamento, para si própria, do Banco Europeu de Investimentos, que tem capital disponível para as PME.
Riscos: Aumento dos "spreads", como está a acontecer, e restrições ao acesso a mais créditos. Os bancos tentam, ainda, não ter muita exposição a uma determinada empresa, pelo que podem não dar mais fundos a quem já tem um forte endividamento nesse banco.
“Factoring” e “Leasing”
O "leasing" (aluguer) e o "factoring" (cedência de créditos a uma empresa que trata da sua cobrança) são duas formas de financiamento das PME. O "leasing" vocaciona-se mais para actividades de investimento e o "factoring" para reforço de tesouraria. O "leasing" pode ser mobiliário e imobiliário, tendo no ano passado a produção destes dois tipos de alugueres atingido, respectivamente, 4,0 e 2,4 mil milhões de euros. Já em relação ao "factoring", no ano passado os créditos tomados atingiram 23,4 mil milhões de euros, mais 13,83% que em 2007.
Vantagens: No caso do "factoring", a vantagem está na antecipação dos pagamentos devidos pelos clientes, diminuindo os riscos comerciais e evitando perder recursos na cobrança. No caso do "leasing", a empresa fica, na maioria dos contratos, sem custos de manutenção quer de bens móveis, quer de imóveis. Permite, no final do prazo do contrato, que as empresas adquiram os bens que estiveram a utilizador.
Perigos: Comissões cobradas pelas empresas de "factoring", que reduzem a rentabilidade das vendas. No "leasing", a desvantagem está no facto de o equipamento não pertencer à empresa, tendo de pagar pela sua inutilização ou estrago. O "leasing" é aconselhado para equipamentos não estratégicos ou com um tempo de utilização limitado.
Papel Comercial e Obrigações
A emissão de papel comercial (um título de dívida) teve, em 2004, um novo fôlego com a alteração das regras. Pretendeu-se, na altura, incentivar a emissão de papel comercial por parte das empresas. Das alterações então introduzidas, eliminou-se a exigibilidade de "rating" ou notação para estas emissões ou de prestação de garantia quando os emitentes tivessem capitais próprios ou património líquido não inferiores a cinco milhões de euros ou sempre que o valor nominal unitário da emissão fosse igual ou superior a 50 mil euros. O papel comercial é visto como um instrumento de financiamento de curto prazo emitido em Portugal (o homólogo internacional é o Euro Commercial Paper). As obrigações são financiamentos de médio prazo.
Vantagens: As regras são menos apertadas hoje em dia e não há necessidade de ter uma notação de risco ou de prestar garantias para determinadas emissões ou situação financeira dos emitentes de papel comercial. No caso das obrigações, há procura por parte de investidores menos avessos à volatilidade das acções.
Riscos: Falta de investidores interessados em adquirir os títulos, por isso, acaba por ser um instrumento utilizado por grandes empresas. Pode ter custos, nomeadamente em relação aos juros num crédito, mais elevados. À data de vencimento, tem de haver liquidez.
Mercado de capitais
A Euronext, mercado no qual está integrada a Bolsa de Valores de Lisboa, criou o Alternext, um mercado alternativo destinado às pequenas e médias empresas. Mas, até hoje, nenhuma empresa portuguesa pediu a sua listagem nesse mercado. As empresas para entrarem nesta bolsa, através de uma oferta pública de dispersão, a esta bolsa têm de ter um "free float" (capital disperso) de pelo menos 2,5 milhões de euros e têm de fazer um prospecto aprovado pelo regulador. Podem, no entanto, entrar as empresas que tenham feito uma colocação privado de pelo menos cinco milhões por cinco ou mais investidores.
Vantagens: Exposição a investidores internacionais para futuros financiamentos. E disciplina interna, consequência da dispersão das acções no mercado de capitais.
Riscos: Estar cotado no mercado de capitais envolve custos administrativos, mesmo no caso da Alternext. Por outro lado, há também maior exposição e necessidade de transparência, a que, muitas vezes, os empresários de pequenas sociedades não estão dispostos. A presença na bolsa também obriga a que entrem terceiros, muitos vezes desconhecidos, no capital da empresa. Ou seja, os donos têm de conviver com outros accionistas, o que não é, sempre, pacífico.
Capital de risco / Business Angels
Tal como na dispersão de capital em bolsa, esta componente do capital de risco e dos "business angels" visa reforçar os capitais próprios das empresas e não visa o financiamento através de capitais alheios. O capital de risco é um instrumento importante de financiamento no arranque das empresas e na fase de consolidação. Em Portugal, a associação de capital de risco diz existirem disponíveis para investimento pela indústria cerca de 500 milhões de euros, além dos fundos que estão a ser recolhidos. A InovCapital, por exemplo, que é a capital de risco pública, vai reforçar as suas verbas em 100 milhões de euros.
Vantagens: A indústria de capital de risco tem dinheiro disponível e o seu principal objectivo não é ficar com a empresa. Ajuda os empresários quando precisam de capital, apoiando-os, também, na elaboração dos planos de negócios. Os "business angels" garantem, por outro lado, contactos preciosos e interesse pelos negócios.
Riscos: Não aceitação por parte do capital de risco de futuras rondas de financiamento ou não conseguir que a capital de risco ou o "business angel" injecte o montante necessário. Normalmente, o capital de risco só está disponível para empresas com potencial de crescimento ou com um elevado retorno esperado do investimento.
Fornecedores
Esta pode ser uma boa oportunidade de financiamento das PME. Há fornecedores que têm programas especiais de crédito para os seus clientes, alguns a pensar, precisamente, no universo das PME, outros a olharem mais para as grandes companhias. Os fornecedores são, por outro lado, fontes de financiamento, mesmo não tendo linhas de crédito. É que os prazos de pagamento podem ser soluções imediatas.
Vantagens: As linhas de crédito dos fornecedores são boas para quem não consiga comprar a pronto, ainda que tenha de ter em atenção os custos implícitos. Pagar a pronto junto dos fornecedores pode, também, ser uma oportunidade de conseguir descontos.
Riscos: Os custos associados aos financiamentos de fornecedores podem ser maiores do que os praticados pela banca num empréstimo de curto prazo ou numa outra alternativa de financiamento. Pode, ainda, haver o risco de alguns fornecedores só terem esses financiamentos para grandes empresas. O risco de incumprimento das grandes empresas é percebido como menor do que numa sociedade mais pequena. Por outro lado, alargar prazos de pagamento aos fornecedores como forma de financiamento pode custar, com o tempo, um deteriorar da relação entre as duas partes e até o fim do fornecimento.
Incentivos comunitários
A União Europeia considera as PME como prioritárias para a disponibilização de incentivos comunitários. Os programas de apoio dedicados a este segmento empresarial são vários. O Quadro de Referência Nacional (QREN) de 2007 a 2013 tem três programas operacionais: Factores de Competitividade, Potencial Humano e Valorização do Território. No programa para a competitividade, as empresas podem candidatar-se a incentivos para investigação e desenvolvimento tecnológico, para a inovação e para a qualificação e internacionalização de PME.
Vantagens: Há vários projectos de investimento que poderão ser financiados através de fundos comunitários. É uma questão de a PME verificar bem as regiões que são apoiadas ou os investimentos. Os incentivos são normalmente bem vindos, ainda que já não haja quase nenhum apoio a fundo perdido.
Riscos: Verificar o prazo de candidatura para que não passe a data. Há ainda o risco do incentivo a que se concorre não ser aprovado, no todo ou em parte. Nesta fase, há o risco de ser aprovado o incentivo e não se conseguir concretizar o projecto. É por isso que o Governo está a alterar algumas regras, para permitir maiores adiantamentos, alargamento dos critérios de elegibilidade e extensão do limiar máximo de ajudas do Estado sem o aval de Bruxelas.
JN
Como financiar a sua empresa
A banca pode estar a apertar as condições de atribuição de créditos e a aumentar os custos associados, mas as pequenas e médias empresas não têm muitas alternativas. As necessidades de tesouraria obrigam a recursos de curto prazo que muitas vezes se conseguem em instrumentos bancários. Apesar de a teoria dizer que as dívidas de curto prazo não devem ter um peso grande, as PME admitem ser difíceis os financiamentos a prazos mais longos.
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Alexandra Machado
amachado@negocios.pt
A banca pode estar a apertar as condições de atribuição de créditos e a aumentar os custos associados, mas as pequenas e médias empresas não têm muitas alternativas. As necessidades de tesouraria obrigam a recursos de curto prazo que muitas vezes se conseguem em instrumentos bancários. Apesar de a teoria dizer que as dívidas de curto prazo não devem ter um peso grande, as PME admitem ser difíceis os financiamentos a prazos mais longos.
Os desafios das micro e pequenas e médias (PME) empresas são muitos na actual crise económica, mas um dos principais é o financiamento. Onde ir buscar dinheiro para sustentar a actividade? A banca é a primeira e mais provável hipótese. Os bancos comerciais têm vários instrumentos, especialmente no curto prazo, que garantem financiamento acessível às PME, que muitas vezes não conseguem créditos de médio ou longo prazo por não terem garantias reais para dar.
O problema de uma parte das micro e PME é que os endividamentos de curto prazo são superiores ao que deveriam ser. Várias associações empresariais têm alertado para a necessidade de se encontrar instrumentos que ajudem as PME a reestruturar as suas dívidas.
José Miguel Pinto dos Santos, professor da AESE - Escola de Direcção e Negócios, alerta para o facto de a dívida de curto prazo ser mais cara e, consequentemente, baixar a rentabilidade das empresas. E entra-se num ciclo vicioso. Quanto menor a rentabilidade, mais difícil é obter empréstimos de médio e longo prazo.
Para o financiamento de curto prazo, os bancos são as principais fontes, mas há outras. O "factoring", que consiste na transferência dos créditos dos clientes para uma empresa que, depois, os cobra, é um mecanismo importante de financiamento de curto prazo, podendo esse "factoring" estar associado a uma cobertura de risco. A Associação de Leasing e Factoring (ALF) admite ao Negócios que "o 'factoring' é um produto que, geralmente, se dá bem em situações de crise", já que "as necessidades das empresas em obter liquidez, faz aumentar a procura do 'factoring' que financia a tesouraria".
Na componente de curto prazo é ainda referido por José Pinto dos Santos os financiamentos conseguidos com os fornecedores, nomeadamente pelos descontos dos pagamentos a pronto.
Em relação aos créditos junto dos fornecedores, o professor da AESE lembra que esses podem ter um custo implícito elevado. Há, pois, que aferir as condições dos créditos. Um mecanismo pouco utilizado em Portugal de financiamento de curto prazo é o designado "hot money", em que um grupo de investidores com recursos está disponível para emprestar dinheiro com boas garantias.
O papel comercial não é praticamente utilizado pelas PME, já que têm de ter um bom "rating" implícito ou explícito para conseguirem investidores. O papel comercial e a emissão de obrigações (mais de longo prazo) é usado, quase em exclusivo, pelas grandes empresas. No longo prazo, o "leasing" é uma opção a considerar, ainda que seja uma fonte utilizada para financiar investimentos e estes estão em queda.
Além de financiar-se com capitais alheios, as PME têm de considerar, em muitos casos, um reforço dos capitais próprios. E aí as opções são ainda menores: ou se consegue junto dos sócios ou accionistas (capital, suprimentos, prestações acessórias), ou se consegue com terceiros (capital de risco, investidores ou mercado de capitais), o que muitas vezes não é do agrado das PME, pois temem perder o controlo da sua empresa.
Bancos
A banca é o principal financiador das empresas, especialmente para as micro e PME. São vários os instrumentos de crédito disponibilizados para necessidades de curto, médio e longo prazos. Estes podem ser garantidos através das linhas de crédito que, em algumas das mais recentes medidas, têm bonificação de juros e garantias do Estado. Mas há outras formas de financiamento bancário, que passam mais pela gestão de tesouraria, como as contas caucionadas, descobertos autorizados, livranças, letras, crédito documentário (para exportadores).
Vantagens: É a forma mais fácil, por ser até agora a mais disponível, de as empresas conseguirem dinheiro. O crédito tinha "spreads" baixos e era de fácil obtenção. A relação com o banco, duradoura, pode ainda garantir às empresas acesso facilitado no futuro a fundos. Outra vantagem é que a banca tem vários instrumentos ao seu dispor, incluindo as linhas de crédito garantidas pelo Estado. E pode recorrer a financiamento, para si própria, do Banco Europeu de Investimentos, que tem capital disponível para as PME.
Riscos: Aumento dos "spreads", como está a acontecer, e restrições ao acesso a mais créditos. Os bancos tentam, ainda, não ter muita exposição a uma determinada empresa, pelo que podem não dar mais fundos a quem já tem um forte endividamento nesse banco.
“Factoring” e “Leasing”
O "leasing" (aluguer) e o "factoring" (cedência de créditos a uma empresa que trata da sua cobrança) são duas formas de financiamento das PME. O "leasing" vocaciona-se mais para actividades de investimento e o "factoring" para reforço de tesouraria. O "leasing" pode ser mobiliário e imobiliário, tendo no ano passado a produção destes dois tipos de alugueres atingido, respectivamente, 4,0 e 2,4 mil milhões de euros. Já em relação ao "factoring", no ano passado os créditos tomados atingiram 23,4 mil milhões de euros, mais 13,83% que em 2007.
Vantagens: No caso do "factoring", a vantagem está na antecipação dos pagamentos devidos pelos clientes, diminuindo os riscos comerciais e evitando perder recursos na cobrança. No caso do "leasing", a empresa fica, na maioria dos contratos, sem custos de manutenção quer de bens móveis, quer de imóveis. Permite, no final do prazo do contrato, que as empresas adquiram os bens que estiveram a utilizador.
Perigos: Comissões cobradas pelas empresas de "factoring", que reduzem a rentabilidade das vendas. No "leasing", a desvantagem está no facto de o equipamento não pertencer à empresa, tendo de pagar pela sua inutilização ou estrago. O "leasing" é aconselhado para equipamentos não estratégicos ou com um tempo de utilização limitado.
Papel Comercial e Obrigações
A emissão de papel comercial (um título de dívida) teve, em 2004, um novo fôlego com a alteração das regras. Pretendeu-se, na altura, incentivar a emissão de papel comercial por parte das empresas. Das alterações então introduzidas, eliminou-se a exigibilidade de "rating" ou notação para estas emissões ou de prestação de garantia quando os emitentes tivessem capitais próprios ou património líquido não inferiores a cinco milhões de euros ou sempre que o valor nominal unitário da emissão fosse igual ou superior a 50 mil euros. O papel comercial é visto como um instrumento de financiamento de curto prazo emitido em Portugal (o homólogo internacional é o Euro Commercial Paper). As obrigações são financiamentos de médio prazo.
Vantagens: As regras são menos apertadas hoje em dia e não há necessidade de ter uma notação de risco ou de prestar garantias para determinadas emissões ou situação financeira dos emitentes de papel comercial. No caso das obrigações, há procura por parte de investidores menos avessos à volatilidade das acções.
Riscos: Falta de investidores interessados em adquirir os títulos, por isso, acaba por ser um instrumento utilizado por grandes empresas. Pode ter custos, nomeadamente em relação aos juros num crédito, mais elevados. À data de vencimento, tem de haver liquidez.
Mercado de capitais
A Euronext, mercado no qual está integrada a Bolsa de Valores de Lisboa, criou o Alternext, um mercado alternativo destinado às pequenas e médias empresas. Mas, até hoje, nenhuma empresa portuguesa pediu a sua listagem nesse mercado. As empresas para entrarem nesta bolsa, através de uma oferta pública de dispersão, a esta bolsa têm de ter um "free float" (capital disperso) de pelo menos 2,5 milhões de euros e têm de fazer um prospecto aprovado pelo regulador. Podem, no entanto, entrar as empresas que tenham feito uma colocação privado de pelo menos cinco milhões por cinco ou mais investidores.
Vantagens: Exposição a investidores internacionais para futuros financiamentos. E disciplina interna, consequência da dispersão das acções no mercado de capitais.
Riscos: Estar cotado no mercado de capitais envolve custos administrativos, mesmo no caso da Alternext. Por outro lado, há também maior exposição e necessidade de transparência, a que, muitas vezes, os empresários de pequenas sociedades não estão dispostos. A presença na bolsa também obriga a que entrem terceiros, muitos vezes desconhecidos, no capital da empresa. Ou seja, os donos têm de conviver com outros accionistas, o que não é, sempre, pacífico.
Capital de risco / Business Angels
Tal como na dispersão de capital em bolsa, esta componente do capital de risco e dos "business angels" visa reforçar os capitais próprios das empresas e não visa o financiamento através de capitais alheios. O capital de risco é um instrumento importante de financiamento no arranque das empresas e na fase de consolidação. Em Portugal, a associação de capital de risco diz existirem disponíveis para investimento pela indústria cerca de 500 milhões de euros, além dos fundos que estão a ser recolhidos. A InovCapital, por exemplo, que é a capital de risco pública, vai reforçar as suas verbas em 100 milhões de euros.
Vantagens: A indústria de capital de risco tem dinheiro disponível e o seu principal objectivo não é ficar com a empresa. Ajuda os empresários quando precisam de capital, apoiando-os, também, na elaboração dos planos de negócios. Os "business angels" garantem, por outro lado, contactos preciosos e interesse pelos negócios.
Riscos: Não aceitação por parte do capital de risco de futuras rondas de financiamento ou não conseguir que a capital de risco ou o "business angel" injecte o montante necessário. Normalmente, o capital de risco só está disponível para empresas com potencial de crescimento ou com um elevado retorno esperado do investimento.
Fornecedores
Esta pode ser uma boa oportunidade de financiamento das PME. Há fornecedores que têm programas especiais de crédito para os seus clientes, alguns a pensar, precisamente, no universo das PME, outros a olharem mais para as grandes companhias. Os fornecedores são, por outro lado, fontes de financiamento, mesmo não tendo linhas de crédito. É que os prazos de pagamento podem ser soluções imediatas.
Vantagens: As linhas de crédito dos fornecedores são boas para quem não consiga comprar a pronto, ainda que tenha de ter em atenção os custos implícitos. Pagar a pronto junto dos fornecedores pode, também, ser uma oportunidade de conseguir descontos.
Riscos: Os custos associados aos financiamentos de fornecedores podem ser maiores do que os praticados pela banca num empréstimo de curto prazo ou numa outra alternativa de financiamento. Pode, ainda, haver o risco de alguns fornecedores só terem esses financiamentos para grandes empresas. O risco de incumprimento das grandes empresas é percebido como menor do que numa sociedade mais pequena. Por outro lado, alargar prazos de pagamento aos fornecedores como forma de financiamento pode custar, com o tempo, um deteriorar da relação entre as duas partes e até o fim do fornecimento.
Incentivos comunitários
A União Europeia considera as PME como prioritárias para a disponibilização de incentivos comunitários. Os programas de apoio dedicados a este segmento empresarial são vários. O Quadro de Referência Nacional (QREN) de 2007 a 2013 tem três programas operacionais: Factores de Competitividade, Potencial Humano e Valorização do Território. No programa para a competitividade, as empresas podem candidatar-se a incentivos para investigação e desenvolvimento tecnológico, para a inovação e para a qualificação e internacionalização de PME.
Vantagens: Há vários projectos de investimento que poderão ser financiados através de fundos comunitários. É uma questão de a PME verificar bem as regiões que são apoiadas ou os investimentos. Os incentivos são normalmente bem vindos, ainda que já não haja quase nenhum apoio a fundo perdido.
Riscos: Verificar o prazo de candidatura para que não passe a data. Há ainda o risco do incentivo a que se concorre não ser aprovado, no todo ou em parte. Nesta fase, há o risco de ser aprovado o incentivo e não se conseguir concretizar o projecto. É por isso que o Governo está a alterar algumas regras, para permitir maiores adiantamentos, alargamento dos critérios de elegibilidade e extensão do limiar máximo de ajudas do Estado sem o aval de Bruxelas.
JN
Na bolsa só se perde dinheiro.Na realidade só certos Iluminados com acesso a informação privilegiada aproveitam-se dos pequenos investidores para lhes sugarem o dinheiro.
Gerir um negócio em tempo de crise
A época é de crise, mas isso não significa que as ideias de novos negócios tenham desaparecido. Há quem as tenha e as esteja a pôr em prática nesta fase, mantendo a persistência e o optimismo. Mas valerá a pena arriscar ou o melhor é esperar?
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Jornal de Negócios Online
negocios@negocios.pt
A palavra crise colocou-se aos negócios e alastrou a todos os sectores. Não há dia em que não se ouça notícias de que mais empresas reduziram abruptamente os lucros ou que os resultados tenham entrado no vermelho, anunciando mais despedimentos e mais reestruturações. Que fazer, então, quando se tem uma ideia de negócio ou quando se está já na fase de lançamento de uma empresa? Deve-se esperar ou arriscar?
Pedro Carradinha criou a Ortik no final de 2007. Ainda não tem os seus produtos à venda no mercado mas, segundo as suas previsões, em Março já poderão ser comprados na Internet ou estarão nas mãos de lojistas e distribuidores. Anda a trabalhar para isso. Há poucas semanas esteve na maior feira de Inverno da Europa, na Alemanha, dias depois de ter chegado de outra feira nos Estados Unidos, onde os produtos fizeram um grande sucesso. E qual é o segredo da Ortik?
Começou por ser um produto que ganhou o nome de "Heat.it", um objecto que permite proteger e concentrar o calor de uma chama, próprio para altitudes muito elevadas e para quem faz alpinismo. Pedro Carradinha é alpinista, detectou uma necessidade e pôs mãos à obra, juntamente com aquele que viria a ser um dos seus sócios, Nuno Monge. Analisaram o mercado, contabilizaram o universo de pessoas que, em todo o mundo, praticam alpinismo e fazem actividades de "outdoor", como "trekking", escalada ou "hiking" e prepararam um conjunto de produtos para o mesmo sector, que estão a ser fabricados na China.
Desistir é palavra que não faz parte do vocabulário de Pedro Carradinha. "Não há que ter medo de arriscar, há que ter medo de estar parado", diz o empreendedor que chegou à Gesventure, uma empresa especializada em angariação de capital, com um protótipo do "Heat.it" numa mão e uma pasta na outra. Do outro lado, estava Francisco Banha, líder executivo da empresa, que ajudou a estruturar a ideia, a transformá-la num negócio e a obter o acesso ao capital de risco. Ele próprio acabou por entrar na sociedade como "business angel" e espera ganhar dinheiro com esta aposta.
"Os investidores continuam a ter dinheiro", diz Francisco Banha. "Não é pela crise que se investe mais ou menos, investe-se porque se acredita nos empreendedores e na sua capacidade para satisfazer uma necessidade." Quanto a si, garante que está sempre pronto para ouvir boas ideias e apostar nelas.
Já José Carlos Albuquerque, "business angel" do Porto, que também tem dinheiro aplicado na Ortik, é mais cauteloso quanto ao impacto da crise. "Afecta todos os comportamentos", diz. Os investidores continuam a procurar "oportunidades especiais", mas "há mais precaução e atenção". "Acautela--se mais o risco e gasta-se menos dinheiro, porque se pensa que pode surgir um problema complicado no futuro", justifica José Carlos Albuquerque, membro da Invicta Angels, uma associação de "business angels" do Porto.
Para onde estão a olhar os investidores?
As áreas que, nesta altura, merecem uma atenção especial por parte dos investidores são as da saúde e eficiência energética, diz Francisco Banha, mantendo as áreas de negócio relacionadas com a Internet debaixo de olho. Entende que os empreendedores que vêm de grandes grupos nacionais ou internacionais, como quadros intermédios, revelam-se, à partida, como apostas interessantes pela experiência profissional e "know how" que têm.
Já para José Carlos Albuquerque as áreas não são tão importantes. "O importante é que as ideias tenham determinadas características", assegura. Aponta a inovação e diferenciação como características importantes, permitindo que os produtos possam competir de uma forma sustentada. Diz ainda que o negócio tem de estar virado para o mercado internacional e que o envolvimento e determinação dos empreendedores são também fundamentais. A tudo isto, têm de aliar-se os conhecimentos técnicos.
Como garantir financiamento?
Reunir todos estes requisitos não é condição suficiente para garantir apoio financeiro, a etapa que se segue e quase sempre a mais difícil. É preciso saber como e a que portas bater. Boas ideias acabam por morrer por irem parar à mão errada, alerta Francisco Banha. Por isso, não basta arranjar uma série de contactos de "business angels" ou empresas de capital de risco, enviar a ideia e ficar à espera da resposta. "Cada capital de risco, como cada empresa, tem uma estratégia e pode-se correr o risco de enviar projectos para empresas que não estão vocacionadas para a área de negócio que se quer", lembra o responsável da Gesventure.
Há várias portas onde um empreendedor pode bater. Desde os núcleos de apoio ao empreendedor que já existem em algumas universidades, às agências municipais de apoio ao empreendedor (caso, por exemplo da DNA Cascais), passando pelos chamados "venture catalysts", entidades especializadas em fazer a ponte entre empreendedores e investidores. Depois, consoante a fase em que se encontra o projecto, é preciso saber se o melhor é recorrer à ajuda financeira de incubadoras, "business angels", "corporate ventures", sociedades de capital de risco ou as chamadas "private equity".
"É muito difícil uma pessoa ir sozinha ao capital de risco e obter o dinheiro", garante Nuno Carvalho, um empreendedor que fala por experiência própria. Criou a Zonadvanced em 2007 e diz que, sem ajuda, seria impossível receber financiamento por parte da Inovcapital, sociedade de capital de risco do Ministério da Economia e Inovação. Porque, muitas vezes, o capital de risco tem muito pouco de risco, diz.
A experiência de Nuno Carvalho levou-o a escrever o livro "Ser Empreendedor".
Ainda não o terminou, mas já chegou à conclusão que só há três formas de um empreendedor poder sobreviver. Pode ter um negócio que vai desenvolvendo enquanto trabalha para outros e despede-se quando o negócio estiver consolidado, podendo não precisar de recorrer ao capital de risco. Pode ter amigos e família que juntam dinheiro, mas aí com a consciência de que os recursos são limitados e que a taxa de sucesso acaba por ser, neste caso, baixa. Ou, por fim, tem mesmo de recorrer ao capital de risco, já que só esta alternativa permite ir fazendo o reforço do dinheiro quando é necessário. "Recorrer ao banco é que nem pensar", diz Nuno Carvalho. "Ir ao banco é como ir à família e aos amigos, só que com juros. É um suicídio e um compromisso para a vida."
O que garante o sucesso?
Quem tem experiência no assunto diz que um dos elementos-chave para que um negócio possa vingar é o plano de negócios. É aí que se define a necessidade de mercado, qual a concorrência existente ou potencial, como implementar a ideia, discriminando as características do produto, a equipa necessária ou o preço a que irá ser comercializado.
"Muitas dúvidas acabam por ser eliminadas durante esta fase", garante Francisco Banha, dizendo que é aí que fica claro se vale a pena, ou não, avançar. Pode mesmo dar-se o caso de muitos negócios acabarem por ser reestruturados nesta fase.
Da sua experiência e da investigação que fez para o seu livro, Nuno Carvalho garante que 90 por cento dos empreendedores acabam por fazer uma coisa totalmente diferente da ideia com que começaram. Foi o que acabou por acontecer com ele.
"Ao fim de seis meses de ter constituído a empresa descobri que, se fosse pelo caminho inicial, ia à falência", conta. Deixa um conselho aos empreendedores: admitir um erro não é admitir um falhanço, bater sempre na mesma tecla é que pode ser sinónimo de falência.
Na lista dos ingredientes que fazem um empreendedor de sucesso, o presidente executivo da Zonadvanced junta três características essenciais: estar disposto ao risco, saber viver na incerteza e ter a capacidade de ser positivo e pensar que o dia seguinte vai ser melhor que o dia anterior. "É preciso ser muito persistente e muito optimista para aguentar as ondas negativas que são muito fortes e muito potentes."
JN
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Jornal de Negócios Online
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A palavra crise colocou-se aos negócios e alastrou a todos os sectores. Não há dia em que não se ouça notícias de que mais empresas reduziram abruptamente os lucros ou que os resultados tenham entrado no vermelho, anunciando mais despedimentos e mais reestruturações. Que fazer, então, quando se tem uma ideia de negócio ou quando se está já na fase de lançamento de uma empresa? Deve-se esperar ou arriscar?
Pedro Carradinha criou a Ortik no final de 2007. Ainda não tem os seus produtos à venda no mercado mas, segundo as suas previsões, em Março já poderão ser comprados na Internet ou estarão nas mãos de lojistas e distribuidores. Anda a trabalhar para isso. Há poucas semanas esteve na maior feira de Inverno da Europa, na Alemanha, dias depois de ter chegado de outra feira nos Estados Unidos, onde os produtos fizeram um grande sucesso. E qual é o segredo da Ortik?
Começou por ser um produto que ganhou o nome de "Heat.it", um objecto que permite proteger e concentrar o calor de uma chama, próprio para altitudes muito elevadas e para quem faz alpinismo. Pedro Carradinha é alpinista, detectou uma necessidade e pôs mãos à obra, juntamente com aquele que viria a ser um dos seus sócios, Nuno Monge. Analisaram o mercado, contabilizaram o universo de pessoas que, em todo o mundo, praticam alpinismo e fazem actividades de "outdoor", como "trekking", escalada ou "hiking" e prepararam um conjunto de produtos para o mesmo sector, que estão a ser fabricados na China.
Desistir é palavra que não faz parte do vocabulário de Pedro Carradinha. "Não há que ter medo de arriscar, há que ter medo de estar parado", diz o empreendedor que chegou à Gesventure, uma empresa especializada em angariação de capital, com um protótipo do "Heat.it" numa mão e uma pasta na outra. Do outro lado, estava Francisco Banha, líder executivo da empresa, que ajudou a estruturar a ideia, a transformá-la num negócio e a obter o acesso ao capital de risco. Ele próprio acabou por entrar na sociedade como "business angel" e espera ganhar dinheiro com esta aposta.
"Os investidores continuam a ter dinheiro", diz Francisco Banha. "Não é pela crise que se investe mais ou menos, investe-se porque se acredita nos empreendedores e na sua capacidade para satisfazer uma necessidade." Quanto a si, garante que está sempre pronto para ouvir boas ideias e apostar nelas.
Já José Carlos Albuquerque, "business angel" do Porto, que também tem dinheiro aplicado na Ortik, é mais cauteloso quanto ao impacto da crise. "Afecta todos os comportamentos", diz. Os investidores continuam a procurar "oportunidades especiais", mas "há mais precaução e atenção". "Acautela--se mais o risco e gasta-se menos dinheiro, porque se pensa que pode surgir um problema complicado no futuro", justifica José Carlos Albuquerque, membro da Invicta Angels, uma associação de "business angels" do Porto.
Para onde estão a olhar os investidores?
As áreas que, nesta altura, merecem uma atenção especial por parte dos investidores são as da saúde e eficiência energética, diz Francisco Banha, mantendo as áreas de negócio relacionadas com a Internet debaixo de olho. Entende que os empreendedores que vêm de grandes grupos nacionais ou internacionais, como quadros intermédios, revelam-se, à partida, como apostas interessantes pela experiência profissional e "know how" que têm.
Já para José Carlos Albuquerque as áreas não são tão importantes. "O importante é que as ideias tenham determinadas características", assegura. Aponta a inovação e diferenciação como características importantes, permitindo que os produtos possam competir de uma forma sustentada. Diz ainda que o negócio tem de estar virado para o mercado internacional e que o envolvimento e determinação dos empreendedores são também fundamentais. A tudo isto, têm de aliar-se os conhecimentos técnicos.
Como garantir financiamento?
Reunir todos estes requisitos não é condição suficiente para garantir apoio financeiro, a etapa que se segue e quase sempre a mais difícil. É preciso saber como e a que portas bater. Boas ideias acabam por morrer por irem parar à mão errada, alerta Francisco Banha. Por isso, não basta arranjar uma série de contactos de "business angels" ou empresas de capital de risco, enviar a ideia e ficar à espera da resposta. "Cada capital de risco, como cada empresa, tem uma estratégia e pode-se correr o risco de enviar projectos para empresas que não estão vocacionadas para a área de negócio que se quer", lembra o responsável da Gesventure.
Há várias portas onde um empreendedor pode bater. Desde os núcleos de apoio ao empreendedor que já existem em algumas universidades, às agências municipais de apoio ao empreendedor (caso, por exemplo da DNA Cascais), passando pelos chamados "venture catalysts", entidades especializadas em fazer a ponte entre empreendedores e investidores. Depois, consoante a fase em que se encontra o projecto, é preciso saber se o melhor é recorrer à ajuda financeira de incubadoras, "business angels", "corporate ventures", sociedades de capital de risco ou as chamadas "private equity".
"É muito difícil uma pessoa ir sozinha ao capital de risco e obter o dinheiro", garante Nuno Carvalho, um empreendedor que fala por experiência própria. Criou a Zonadvanced em 2007 e diz que, sem ajuda, seria impossível receber financiamento por parte da Inovcapital, sociedade de capital de risco do Ministério da Economia e Inovação. Porque, muitas vezes, o capital de risco tem muito pouco de risco, diz.
A experiência de Nuno Carvalho levou-o a escrever o livro "Ser Empreendedor".
Ainda não o terminou, mas já chegou à conclusão que só há três formas de um empreendedor poder sobreviver. Pode ter um negócio que vai desenvolvendo enquanto trabalha para outros e despede-se quando o negócio estiver consolidado, podendo não precisar de recorrer ao capital de risco. Pode ter amigos e família que juntam dinheiro, mas aí com a consciência de que os recursos são limitados e que a taxa de sucesso acaba por ser, neste caso, baixa. Ou, por fim, tem mesmo de recorrer ao capital de risco, já que só esta alternativa permite ir fazendo o reforço do dinheiro quando é necessário. "Recorrer ao banco é que nem pensar", diz Nuno Carvalho. "Ir ao banco é como ir à família e aos amigos, só que com juros. É um suicídio e um compromisso para a vida."
O que garante o sucesso?
Quem tem experiência no assunto diz que um dos elementos-chave para que um negócio possa vingar é o plano de negócios. É aí que se define a necessidade de mercado, qual a concorrência existente ou potencial, como implementar a ideia, discriminando as características do produto, a equipa necessária ou o preço a que irá ser comercializado.
"Muitas dúvidas acabam por ser eliminadas durante esta fase", garante Francisco Banha, dizendo que é aí que fica claro se vale a pena, ou não, avançar. Pode mesmo dar-se o caso de muitos negócios acabarem por ser reestruturados nesta fase.
Da sua experiência e da investigação que fez para o seu livro, Nuno Carvalho garante que 90 por cento dos empreendedores acabam por fazer uma coisa totalmente diferente da ideia com que começaram. Foi o que acabou por acontecer com ele.
"Ao fim de seis meses de ter constituído a empresa descobri que, se fosse pelo caminho inicial, ia à falência", conta. Deixa um conselho aos empreendedores: admitir um erro não é admitir um falhanço, bater sempre na mesma tecla é que pode ser sinónimo de falência.
Na lista dos ingredientes que fazem um empreendedor de sucesso, o presidente executivo da Zonadvanced junta três características essenciais: estar disposto ao risco, saber viver na incerteza e ter a capacidade de ser positivo e pensar que o dia seguinte vai ser melhor que o dia anterior. "É preciso ser muito persistente e muito optimista para aguentar as ondas negativas que são muito fortes e muito potentes."
JN
Na bolsa só se perde dinheiro.Na realidade só certos Iluminados com acesso a informação privilegiada aproveitam-se dos pequenos investidores para lhes sugarem o dinheiro.
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