goncalonr Escreveu:Atomez Escreveu:goncalonr Escreveu:E já agora, como é que a inflação se torna um imposto? E como é que um Governo decreta a inflação?
Essa é fácil. De várias maneiras:
- Via banco central aumentando a massa monetária em circulação
- Desvalorizando a moeda
- Directamente por meio da emissão de dívida pública
- Subindo os salários de funcionários públicos e/ou aumentando o seu número acima do aumento de produtividade da economia
E mais outras que agora não me lembro.
Sempre pensei que a inflação era a subida sustentada dos preços no mercado. Nunca pensei que fosse um imposto, tal como o IVA, IRS e afins, nem muito menos decretada. Manipulada, talvez sim, mas imposto?... Afinal enganei-me.

Uma visão mais ampla:
Assumindo que a função primordial da moeda (dinheiro) é guardar em valor o produto do trabalho de cada um para facilitar a troca deste pelo produto do trabalho de outros, a moeda deve ser um bem tangível. Caso contrário, um homem pode considerar-se automáticamente destituido do produto do seu trabalho quando é obrigado a guardá-lo sob a forma de um documento (papel-moeda) cujo valor depende do arbítrio e acções alheias (governos e bancos centrais).
O que leva à alteração dos preços na maior parte dos casos não é o aumento do valor da riqueza (nemj dos produtos) mas sim a perca do valor da moeda. Isto acontece maioritariamente por duas vias: emissão de dívida publica (governos) e emissão das próprias notas (do nada) por parte dos bancos centrais. Regra geral, esta emissão acaba por ser feita para suportar as baixas taxas de juro dos ultimos anos, através da compra de títulos de dívida que, na prática, é o que suprota o papel-moeda. (se alguém for expert na matéria e quiser corrigior alguma imprecisão da minha parte, faça favor.
A que se devem os aumentos tradicionais de ano novo. Será que nascem mais consumidores em Janeiro? Será que se produz menos durante o Natal e a oferta é reduzida? Ou será que já assumimos que em cada ano que passa as nossas notas (papel) valem menos? Que há mais dívida? Que há mais moeda emitida sem que haja necessáriamente mais riqueza criada?
Antigamente quando a coroa ficava sem verbas mandava recolher todas as moedas (em ouro na época) e retirava uma parcela a cada uma, devolvendo-as mais tarde à circulação e aproveitando o que tinha retirado para cunhar mais moeda que guardava para si. A consequência é uma moeda mais fraca e com menor valor. Se antes uma era suficiente para comprar um pão, depois do "roubo" serão necessárias duas. Não porque o pão seja mais caro, mas porque a moeda vale menos. Este é o significado etimológico da palavra inflação. Curioso (descobri recentemente) é que os dicionários foram alterados por uma qualquer mãozinha... É necessário recorrer a uma edição de 1957 (no caso da lingua inglesa) para ver a correcta definição da palavra INFLAÇÃO.
Os manuais de hoje definem coisa diferente - por conveniência e necessidade - só significa que há coisas que não é para todos saberem. Afinal, como é que os governos acorriam às desgraças e aos desgraçados que, invariavelmente, são sempre mais do que os capazes? De que outra forma se entenderia a participação na vida económica duma entidade que nada cria, e que apenas "redistribui"?
Desde sempre que os governos tentaram arranjar uma forma de "inventar" e emitir o seu próprio dinheiro (ver anterior referência aos reis). Pois bem, o século XX foi um sucesso na medida em que os governos conseguiram finalmente uma forma de emitir a sua própria moeda e - mais do que isso - arranjaram forma de lhe sacar um bocadinho sem que ninguém desse por isso.