
EUA alvo de inquérito por corrupção no Iraque
LUMENA RAPOSO
Iraque. Palmeiras e flores, plantadas junto às estradas do país e aos separadores das principais avenidas de Bagdad, parecem ser tudo o que resta do apregoado programa americano de reconstrução após a queda de Saddam. O problema é que, além da missão de Washington, nada se vê. Nem o dinheiro
Fraude talvez maior que a de Madoff, de 39 150 milhões
Responsáveis americanos, incluindo militares de alta patente, estão a ser alvo de uma investigação federal por suspeita de envolvimento num caso de corrupção e fraude. Em causa, o programa de 125 mil milhões de dólares criado por Washington para a ajuda e reconstrução do Iraque, após a queda de Saddam Hussein, em 2003. Seis anos depois, grande parte do dinheiro desapareceu sem que sejam visíveis quaisquer resultados do programa em causa. A não ser a construção da embaixada dos EUA na Zona Verde de Bagdad.
A denúncia foi feita pelo jornal The New York Times (NYT), quando um relatório do inspector-geral especial dos EUA para a Reconstrução do Iraque dá conta de que a quantidade de dinheiro que desapareceu pode ultrapassar os 50 mil milhões de dólares e que o real valor pode nunca ser de facto estabelecido.
O diário britânico The Independent recorda, a propósito, que uma fraude deste calibre poderá ser superior à cometida por Bernard Madoff - 50 mil milhões de dólares (39 150 milhões de euros) -, através do esquema Ponzi, que levou à falência muitas fundações, como a de Spielberg e a de Elie Wiesel.
O jornal nova-iorquino revela, por exemplo, que no mês passado o tribunal ordenou o congelamento e investigação das contas bancárias do coronel, na reserva, Anthony B. Bell e do tenente-coronel Ronald W. Hirtle da Força Aérea. Os dois militares eram responsáveis, no período de 2003 e 2004, por gabinetes de reconstrução no Iraque. De acordo com o NYT, ambos terão afirmado nada ter a esconder dos investigadores, mas fontes ligadas à investigação avançaram ao diário de Nova Iorque que eles são referenciados em casos de corrupção generalizada.
As denúncias sobre eventuais casos de corrupção no Iraque com os fundos americanos foram conhecidas há já algum tempo. Por exemplo, em Maio de 2008, dois antigos elementos do Departamento de Estado davam o alerta e afirmavam que o presidente Bush nada estava a fazer para lutar contra a corrupção no Iraque. Meses depois, a então secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirmava, contundente: "Nenhum dinheiro americano se perdeu no Iraque em esquemas de corrupção."
Em 2004, o empreiteiro e negociante de armas americano, Dale C. Stofel, foi morto a tiro numa estrada a norte de Bagdad após ter contado a investigadores, que lhe acordaram imunidade, como responsáveis dos EUA geriam os seus esquemas de corrupção na capital iraquiana.
Sinal da impunidade de que julgavam gozar foi a atitude de Robert J. Stein Jr, o homem que era responsável pela reconstrução do centro do Iraque e que se fez fotografar rodeado por resmas de dólares. Segundo os investigadores, Stein será um dos acusados do processo.
Várias fontes referem a possibilidade da Halliburton, empresa ligada ao ex-vice-presidente Dick Cheney, estar envolvida no esquema de corrupção e fraude e que a investigação feita à aplicação da resolução da ONU, petróleo por mantimentos, terá sido para desviar as atenções do que se passava no Iraque.
DN
LUMENA RAPOSO
Iraque. Palmeiras e flores, plantadas junto às estradas do país e aos separadores das principais avenidas de Bagdad, parecem ser tudo o que resta do apregoado programa americano de reconstrução após a queda de Saddam. O problema é que, além da missão de Washington, nada se vê. Nem o dinheiro
Fraude talvez maior que a de Madoff, de 39 150 milhões
Responsáveis americanos, incluindo militares de alta patente, estão a ser alvo de uma investigação federal por suspeita de envolvimento num caso de corrupção e fraude. Em causa, o programa de 125 mil milhões de dólares criado por Washington para a ajuda e reconstrução do Iraque, após a queda de Saddam Hussein, em 2003. Seis anos depois, grande parte do dinheiro desapareceu sem que sejam visíveis quaisquer resultados do programa em causa. A não ser a construção da embaixada dos EUA na Zona Verde de Bagdad.
A denúncia foi feita pelo jornal The New York Times (NYT), quando um relatório do inspector-geral especial dos EUA para a Reconstrução do Iraque dá conta de que a quantidade de dinheiro que desapareceu pode ultrapassar os 50 mil milhões de dólares e que o real valor pode nunca ser de facto estabelecido.
O diário britânico The Independent recorda, a propósito, que uma fraude deste calibre poderá ser superior à cometida por Bernard Madoff - 50 mil milhões de dólares (39 150 milhões de euros) -, através do esquema Ponzi, que levou à falência muitas fundações, como a de Spielberg e a de Elie Wiesel.
O jornal nova-iorquino revela, por exemplo, que no mês passado o tribunal ordenou o congelamento e investigação das contas bancárias do coronel, na reserva, Anthony B. Bell e do tenente-coronel Ronald W. Hirtle da Força Aérea. Os dois militares eram responsáveis, no período de 2003 e 2004, por gabinetes de reconstrução no Iraque. De acordo com o NYT, ambos terão afirmado nada ter a esconder dos investigadores, mas fontes ligadas à investigação avançaram ao diário de Nova Iorque que eles são referenciados em casos de corrupção generalizada.
As denúncias sobre eventuais casos de corrupção no Iraque com os fundos americanos foram conhecidas há já algum tempo. Por exemplo, em Maio de 2008, dois antigos elementos do Departamento de Estado davam o alerta e afirmavam que o presidente Bush nada estava a fazer para lutar contra a corrupção no Iraque. Meses depois, a então secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirmava, contundente: "Nenhum dinheiro americano se perdeu no Iraque em esquemas de corrupção."
Em 2004, o empreiteiro e negociante de armas americano, Dale C. Stofel, foi morto a tiro numa estrada a norte de Bagdad após ter contado a investigadores, que lhe acordaram imunidade, como responsáveis dos EUA geriam os seus esquemas de corrupção na capital iraquiana.
Sinal da impunidade de que julgavam gozar foi a atitude de Robert J. Stein Jr, o homem que era responsável pela reconstrução do centro do Iraque e que se fez fotografar rodeado por resmas de dólares. Segundo os investigadores, Stein será um dos acusados do processo.
Várias fontes referem a possibilidade da Halliburton, empresa ligada ao ex-vice-presidente Dick Cheney, estar envolvida no esquema de corrupção e fraude e que a investigação feita à aplicação da resolução da ONU, petróleo por mantimentos, terá sido para desviar as atenções do que se passava no Iraque.
DN