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Caldeirão da Bolsa

Sinais Tempos----Procurar no lixo o pão para a boca

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por rmachado » 9/2/2009 13:01

Açor

Só para dizer que o fenomêno não é novo, já passou em tempos uma reportagem na RTP (se não me engano), e existe mesmo uma cultura (trend) social de aproveitamento do "lixo".
De notar que este lixo muitas vezes não o é, é o apenas pq a lei não autoriza a comercialização dos mesmos.
 
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por Rantamplan » 9/2/2009 11:56

Sinais dos tempos ou sinais de uma estrutura societária que se mostra cada vez mais insuficiente para suprir as necessidades de todos? Talvez sinais de um paradigma de organização sócio-económica que, ensimesmada, narcisista e individualista, mostra sintomas de falência e definhamento... Mas a ineficiência social e económica serve sempre alguém e enquanto assim for servirá o seu interesse a existência de todos aqueles que se alimentarem de restos de comida fora de validade.
E o mais espantoso é a indiferença com que todos nós lemos a notícia do JN e nem um comentário nos merece?!?!
"Caminante, no hay camino, se hace camino al andar", Antonio Machado
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por Açor3 » 9/2/2009 10:48

Marcas lançam promoções para captar consumidores
«Fast-food» finta crise
2009/02/08 17:30Sónia Peres PintoAAAA
Pizzas a metade do preço querem conquistar orçamentos familiares «apertados»
A crise parece passar ao lado de alguns sectores de actividade e o «fast-food» é um desses casos. As empresas como a Telepizza e a Pizza Hut aproveitam esta queda generalizada no consumo para lançarem «saldos», apostando na oferta de produtos a metade do preço.

«A Telepizza sempre procurou estar ao lado dos seus clientes nos períodos mais sensíveis: esta campanha responde às expectativas dos mesmos, na medida em proporciona uma alimentação de forma acessível», revela a empresa em declarações à Agência Financeira.

Uma tendência seguida pela sua concorrente do grupo Ibersol. A Pizza Hut lançou a promoção Pizza Viva e os consumidores durante este mês de Fevereiro vão pagar menos. Por exemplo, na compra de três ou mais pizzas, cada unidade fica por 6,50 euros.

Trocam comida cara por hambúrgueres e pizzas
McDonalds diz que crise não chega aos seus restaurantes

Também o grupo Mc Donalds registou lucros de 4,23 mil milhões de euros em 2008, apesar de ter registado uma quebra nos últimos três meses do ano. O presidente executivo da empresa elogiou, na altura, a «performance» da insígnia, referindo que a estratégia da empresa passa por apostar em menus diferenciados, a baixo custo e no destaque da qualidade dos produtos.

Telepizza quer continua a crescer

Este crescimento leva a Telepizza a pensar em manter a política de expansão durante este ano, estando previstas novas aberturas de lojas ao longo de 2009. A empresa não quis adiantar pormenores, dizendo apenas que quer «concretizar os planos de crescimento, levando os nossos produtos a um número mais alargado de pessoas, criando mais emprego, de forma a contribuir para contornar a conjuntura».

McDonalds tira proveitos da crise e aumenta lucros
Como poupar nas compras do supermercado?

A empresa abriu em 2008 17 novas lojas, atingindo as 100 unidades. Mas o sucesso da marca não fica por aqui: o objectivo, segundo apurou a AF, passa por «reforçar a penetração da marca a nível nacional e em localidades fora dos grandes centros, como é o caso de Abrantes, Águeda, Beja, Chaves e Portalegre».

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Sinais Tempos----Procurar no lixo o pão para a boca

por Açor3 » 8/2/2009 11:13

Restos dos supermercados que diariamente são colocados nos contentores de rua constituem a fonte de alimentação de várias famílias que, embora tendo um lar, enfrentam sérias dificuldades económicas
00h30m
CRISTIANO PEREIRA
São 19 horas em ponto de uma noite de Inverno onde não falta a chuva. Numa rua do centro de Lisboa, abre-se uma porta das traseiras do supermercado de uma cadeia bem conhecida dos portugueses. Em poucos minutos, uma empregada coloca uma dezena de contentores de lixo no passeio.

Escassos metros ao lado, uma senhora búlgara faz de conta que olha para a montra de uma sapataria. A porta das traseiras do supermercado fecha-se e, sem demoras, aproxima-se dos contentores, abre a tampa e desata a mexer no que está lá dentro. Tem fome. Não sabe falar português. Diz-nos apenas, os dedos todos na mão aberta: "Cinco filhos, cinco filhos". Também têm fome.

Num ápice, surgem dois senhores de sacos na mão, um idoso e outro de meia idade. Debruçam-se sobre o interior dos contentores, os braços agitados a revolver o lixo. Que lixo? Os restos do dia, as sobras daquilo que ninguém comprou. E muita comida com o prazo de validade esgotado: frangos ou coelhos inteiros, peixe ou hortaliças. Pão, croissants e outros bolos, então, - ui! - são às dezenas. Ainda embalados nos sacos, com o respectivo preço, código de barras e data de validade a expirar no próprio dia (atente-se que o lixo foi depositado às 19 horas, 120 minutos antes do horário de encerramento do supermercado).

O JN aproxima-se, observa, tenta a abordagem. Eles mostram-se desinteressados, os olhos sempre postos no contentor. Não parecem querer grande conversa. Desconfiam. E mexem e remexem em embalagens, sacos plásticos, caixas de esferovite. A senhora búlgara, convencida de que ali estamos para o mesmo, estranha ver-nos quedos e toma a iniciativa de estender o braço para nos dar um saco de croissants.

É esta a dura e crua realidade diária de muita gente: procurar a comida no lixo que os supermercados deixam na rua. Não são pessoas sem abrigo. É gente perfeitamente integrada na sociedade, mas que vive à rasca, no desemprego ou com parcas reformas. O fenómeno não é novo, nem tão pouco circunscrito a este estabelecimento em particular. É algo que acontece em todo o país, onde quer que a fome aperte. E há fome em muitos lados. Como na casa de um idoso, que diz receber 350 euros de reforma, não tendo orçamento para o mês inteiro. É isso que o faz vir aqui mexer em restos de fiambre, separar as fatias que se lhe deparem decentes de outras mais impróprias.

Não passam mais de quatro minutos até chegar uma senhora com os seus 70 anos e aspecto cuidado. Assusta-se com a presença de uma máquina fotográfica, mas aceita falar sob anonimato. É uma história como tantas outras: trabalhou durante décadas como empregada doméstica, nunca descontou, foi despedida e agora vive sem reforma:

"Enrolaram-me, sabe? Era muito ignorante", lamenta. "Há muita gente que vem aqui, mas diz que é para levar comida para os animais", observa, antes de criticar aqueles "que vêm aqui mexer e deixam tudo espalhado no chão". Diz-nos que o mais habitual é aproveitar para levar pão e massa. "Eu acho que não estou a roubar nada a ninguém", afirma, antes de nos perguntar: "Isto não pecado, pois não?". É que se for eu não venho cá mais".

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