Viva Super,
Apesar de alguns aspetos que posso considerar positivos, os negativos deverão ser, infelizmente, de maior relevância.
Ao contrário de alguns, acredito que alguma coisa boa virá, surpreendendo os profetas da desgraça. Por exemplo, não creio num crescimento negativo nesta fase, graças à diminuição das importações e ao aumento das exportações, cortesia de uma melhoria nos mercados externos.
Penso que os setores agricultura / pescas deverão crescer um pouco. Mais, um Inverno rigoroso na Europa traz possibilidades acrescidas de negócio a alguns setores agrícolas.
O setor industrial deverá crescer pela mesma razão - o mercado externo, sobretudo nas áreas de alta tecnologia e energias renováveis.
Mesmo o Turismo pode recuperar ligeiramente, tanto a nível externo como a nível interno graças a uma mudança parcial de hábitos. Alguns dos nossos compatriotas, sem recursos para férias no exterior irão para fora cá dentro.
Assistiremos seguramente a uma diminuição do consumo, não só pela subida da carga fiscal (veja-se a venda de autos antes de Janeiro), mas também pelo encarecimento das "commodities" agrícolas. Apertar o cinto é ainda mais a palavra de ordem.
Em geral, feitas as contas, entre melhorias e pioras, contaremos com uma Economia estagnada, na melhor hipótese.
Assim, de bradar aos céus, a questão social, com o desemprego a aumentar ainda mais, emigração a aumentar, fim das prestações sociais para muitos a levar a uma onda de refeitórios sociais em todas as cidades e até mecanismos de ajuda dos sem abrigo.
Para dificultar tudo isto, o Estado terá dificuldades em aumentar as receitas, pois o aumento das taxas mal compensará a diminuição dos rendimentos e das transações que poderiam levar à elevação das receitas. Do lado da despesa, teremos muitos cortes, mas o serviço da dívida aumentará devido aos juros elevados. A meio do ano será óbvio que virá novo PEC ou o FMI/FEEF o que de qualquer maneira obrigará a mais cortes e restrições.
Num cenário moderado, os níveis de vida cairão ainda mais e o Estado não terá como pagar salários de férias e Natal. Num cenário mais pesado (intervencionado), até os pensionistas perderão essas benesses e até a comparticipação dos fármacos será ainda mais reduzida.
O mercado imobiliário entrará em descalabro com o volume de fogos novos (nunca vendidos antes) e usados no mercado a aumentar ainda mais, sem que haja crédito para as compras. Mais empresas e agências a fechar.
Os Bancos manterão uma postura de crise, não terão alternativa, pois não têm crédito externo. Resultado: empresas que poderiam ser viáveis fecharão portas.
Ao contrário do que se vê agora, o PSI-20 deverá ter grandes dificuldades em subir. As empresas com lucros no exterior serão as únicas que têm margem de crescimento, podendo ser o refúgio dos investidores.
As financeiras são de fugir enquanto o atual cenário se mantiver e as energéticas dependem dos preços da matéria-prima. De certa forma, diria que o nosso mercado continuará a ser muito dependente do sentimento que prevalecerá nos PIIGS.
E se isto já é mau, ainda podemos considerar o cenário de uma crise política pós-presidenciais. Se tal ocorrer, podem crer que os ditos especuladores vão aproveitar bem a deixa para fazer uns bons negócios.
É o que se pode dizer por agora, não?
Abraço
dj