Em 2008
Davos apela a novas formas de cooperação
O Fórum Económico Mundial de Davos encerrou o encontro anual de 2008 com um apelo por parte dos líderes das empresas, governos e sociedade civil no sentido de encontrar novas formas de cooperação e inovação para fazer face aos desafios da globalização, especialmente no que diz respeito aos problemas dos conflitos no Médio Oriente, terrorismo, alterações climáticas e conservação da água.
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Carla Pedro
cpedro@mediafin.pt
O Fórum Económico Mundial de Davos encerrou o encontro anual de 2008 com um apelo por parte dos líderes das empresas, governos e sociedade civil no sentido de encontrar novas formas de cooperação e inovação para fazer face aos desafios da globalização, especialmente no que diz respeito aos problemas dos conflitos no Médio Oriente, terrorismo, alterações climáticas e conservação da água.
"A globalização está a obrigar a mudanças na forma como as pessoas cooperam", declarou o ex-primeiro ministro britânico, Tony Blair, na sessão plenária de encerramento. "Se estamos todos interligados e se o mundo está interligado, a única forma de o mundo funcionar é dispondo de um conjunto de valores comuns. Temos de trabalhar em conjunto", concluiu.
Os presentes no Fórum Económico Mundial expressaram também o desejo de que no final de 2008 já houvesse uma resolução do conflito israelo-palestiniano. O que acabou por não acontecer. Muito pelo contrário. Há um ano, Elie Wiese, laureado com o Nobel da Paz, disse estar confiante que no final de 2008 o conflito estaria solucionado. "Trata-se de uma guerra com 60 anos; ambos os lados estão exaustos. Já basta de funerais, de lágrimas, de sofrimento", declarou na ocasião.
Eis os principais anúncios e avanços saídos da reunião de 2008:
- O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, o "chairman" da Microsoft, Bill Gates, o músico irlandês Bono, a rainha jordana Rania Al Abdullah, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, o fundador e "chairman" executivo do Fórum Económico Mundial, Klaus Schwab, o presidente nigeriano, Umaru Yar’Adua, e o CEO e "chairman" da Cisco Systems, John T. Chambers, difundiram uma declaração comum prometendo fazer de 2008 um ponto de viragem na luta conta a pobreza. O mundo enfrenta uma "urgência de desenvolvimento", disseram, comprometendo-se a "trabalhar em conjunto para ajudar o mundo a encarrilar, no sentido de alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio".
- O primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, revelou um fundo no valor de 10 mil milhões de dólares, escalonado para cinco anos, destinado a apoiar os esforços nos países em desenvolvimento de combate ao aquecimento global – uma iniciativa que visou garantir que uma das prioridades é a das alterações climáticas. Além disso, o Japão anunciou a intenção de criar um novo fundo multilateral com os Estados Unidos e o Reino Unido de forma a atenuar as alterações no clima em resultado do aquecimento global.
- A Fundação Bill e Melinda Gates anunciou um pacote no valor de 306 milhões de dólares de subsídios para o desenvolvimento agrícola, "destinado a impulsionar os rendimentos e receitas de milhões de pequenos agricultores em África e noutras regiões do mundo em desenvolvimento de forma a retirá-los, e às suas famílias, de situações de fome e pobreza".
- O Fórum Económico Mundial apresentou um relatório de referência sobre o diálogo inter-religioso entre as sociedades muçulmana e ocidental. "O Islão e o Ocidente: relatório anual sobre o estado de diálogo" resultou de estudos e sondagens levados a cabo em mais de 40 países. A ideia do relatório é ser uma referência anual mundial sobre o estado em que se encontra o diálogo entre os vários tipos de crenças religiosas.
- O Fórum realizou uma experiência com o "website" de vídeos "online" YouTube, pedindo às pessoas de todo o mundo para responderem à "Pergunta de Davos": que coisa é que acha que os países, empresas e indivíduos podem fazer para tornar o mundo num lugar melhor em 2008? Mais de dois milhões de pessoas participaram – e os líderes de empresas, governos e sociedade civil que estiveram em Davos responderam às sugestões, como foi o caso do presidente de Israel, Shimon Peres, o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, e o músico Bono. A conversa global que daí resultou pode ser vista em
www.youtube.com/Davos.
- O Fórum Económico Mundial, as empresas membros do Fórum e as Nações Unidas lançaram iniciativas para facilitarem ao sector privado o providenciamento de apoio adicional e mais aprofundado às operações de alívio humanitário. Entre os programas: Agility, TNT e UPS, três empresas líderes da área de logística e transportes, decidiram unir forças para ajudar o sector humanitário com respostas de emergência a desastres naturais em larga escala.
- O Fórum Económico Mundial divulgou a primeira parte da mais exaustiva análise feita ao capital de risco. O estudo focalizou-se na demografia dos acordos globais de "private equity", a disposição das empresas apoiadas por capital de risco para fazerem investimentos de longo prazo a nível global e o impacto dos instrumentos de "private equity" sobre os níveis de emprego das empresas nos EUA e sobre o "corporate governance" no Reino Unido.
- O Ruanda foi designado como país de lançamento de um programa-piloto para a Iniciativa para a Educação Global, promovida pelo Fórum. Em parceria com a Iniciativa Educação para todos, sob a égide da Global Education Alliance (GEA), o Fórum comprometeu-se a facultar a plataforma de conjugação de forças do sector privado e das fundações para haver educação acessível a todos nos países mais pobres.
- Os presidentes de câmara, governadores regionais e sector privado lançaram a Iniciativa SlimCity, no âmbito do Fórum Económico Mundial, um programa de intercâmbio entre cidades e o sector privado com o intuito de apoiar medidas em matéria de eficiência de recursos nas áreas urbanas, com especial enfoque na energia, água, resíduos, mobilidade, planeamento, saúde e alterações climáticas.
- 14 CEO e "chairmen" de empresas globais, representantes de um leque de indústrias e regiões, apelaram aos seus pares para se unirem aos esforços de cooperação destinados a reforçar as estruturas de "governance" pública e as instituições, como principal elemento da sua abordagem à cidadania empresarial
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