Estado e bancos deverão tornar-se os principais accionistas da QimondaA “nova” Qimonda Portugal, resultante do plano de viabilização hoje aprovado pelos credores, perderá todos os vínculos à casa-mãe alemã e deverá passar a ter como principais accionistas o Estado português e os bancos BCP e BES.
Nos termos do plano de viabilização hoje apresentado pela administração, irá proceder-se a uma operação harmónio, com a redução do capital social da empresa a zero, seguido de um aumento de capital em que todos os credores podem transformar os seus créditos em capital.
Caso a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o BES e o BCP - que são os principais credores da Qimonda - exerçam esta opção de conversão dos créditos em capital, tornar-se-ão nos principais accionistas da empresa de Vila do Conde.
Já a casa-mãe Qimonda AG, até agora única accionista (além de única fornecedora e cliente) da Qimonda Portugal, não terá direito a subscrever capital porque apenas possui créditos subordinados, que não são reembolsáveis.
A nova estrutura accionista da Qimonda será delineada entre os credores e a administração ao longo dos próximos dois meses e será, depois, sujeita a votação a 25 de Novembro, data para que ficou marcada a continuação da assembleia de credores de hoje.
Nesse dia serão também votadas as novas denominação social e marca da Qimonda Portugal que, no âmbito da reestruturação, será alvo de “todo um processo de reformulação da imagem comercial”.
Os credores que não queiram converter os seus créditos em capital poderão optar pelo reembolso, nos termos do previsto no plano de insolvência.
No caso da banca e do Estado, o reembolso dos créditos será feito em 16 prestações semestrais iguais, a primeira das quais venceria em Setembro de 2011, com contagem de juros à Euribor a seis meses e um ano de carência no pagamento de juros a contar da data de aprovação do plano de insolvência.
Já os trabalhadores despedidos, que são credores privilegiados, receberão metade das indemnizações devidas em Abril de 2010 e o restante em Outubro de 2010, sem direito a juros.
Em declarações aos jornalistas no final da assembleia de credores, Bruno Maia, da comissão de trabalhadores, admitiu que o plano de insolvência hoje aprovado comporta um elevado grau de incerteza relativamente à manutenção de postos de trabalho, mas considerou tratar-se de um “mal menor”, já que a alternativa era a liquidação da empresa e consequente perda de todo o emprego.
Relativamente aos postos de trabalho que se irão perder, Bruno Maia afirmou-se esperançado que pelos menos alguns venham a ser recuperados se, nas instalações da Qimonda, se concretizar a criação de um parque tecnológico.