
Fernando Braga de Matos
Sentimento e bolsa
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Descanse o leitor que, apesar do título, não vai cair num enredo emocional, com mensagens destinadas às lágrimas, devendo ser enviadas aos amigos, em cadeia, sob pena de ficarem impotentes se o não fizerem.
Descanse o leitor que, apesar do título, não vai cair num enredo emocional, com mensagens destinadas às lágrimas, devendo ser enviadas aos amigos, em cadeia, sob pena de ficarem impotentes se o não fizerem.
Não! Isto é antes uma coisa "hard-core", para espíritos fortes que jogam nos mercados, homens de barba rija e mulheres fumadoras.
A ciência económica clássica partia do princípio que os agentes económicos agem racionalmente e a teoria financeira académica persistentemente defendeu a Hipótese da Perfeita Eficiência dos Mercados, na qual essa ideia também subjaz.
Ora isso não é assim, e até acontece que cada vez mais se solidifica a ideia contrária, passando pelo estudo dos fenómenos psicológicos nos mercados, num ramo chamado Finanças Comportamentais, ainda recentemente laureado com um prémio Nobel em 2002, na pessoa de Daniel Kahneman, autor da chamada Teoria da Perspectiva (Prospect Theory).
Hoje poderemos dar como assente - e a mera observação empírica a todos acessível é indesmentível - que os investidores tanto se embrenham em frios cômputos como, noutros momentos, são presa de impulsos e emoções.
E quando estas forças estão à solta, mesmo os calculistas terão que mandar o princípio da racionalidade às urtigas, porque, nessas ocasiões, ser-se racional é pensar em termos de multidão - devendo-se, evidentemente, tirar o proveito possível, ao ter a perfeita noção dessa circunstância.
Agora, poderia ficar-se com a ideia de que, se as coisas se apresentam deste modo, então os mercados são aleatórios, dependendo dos humores dos intervenientes, estes com a carga de imprevisibilidade que sempre subjaz nessa situação.
Porém, também isso se não passa assim.
É que a componente emocional só ganha ascendente em momentos típicos que se podem isolar "cientificamente" e, além do mais, como "as coisas são sempre iguais", revelam-se mesmo razoavelmente previsíveis.
A outra força (maior e permanente) que faz mover os mercados, os fundamentais da economia e das empresas, é intuitivamente compreendida como tal, e pode ser analisada e quantificada por meios bastante conhecidos e em grande parte acessíveis ao investidor nacional. Nada como nos mercados a sério, mas dá para não se ficar à escuras, com antolhos.
Desde que se tenha interiorizada a noção essencial de que os mercados se movem por antecipação à provável ocorrência dos factos relevantes, podemos passar adiante, mas tendo-a em mente para o que se vai dizer a seguir.
O sentimento, que em momentos de aceleração da tendência, para cima ou para baixo, pode mesmo tomar a prioridade na influência no percurso das cotações, é coisa mais volúvel e difícil de quantificar, mas possível, por via de indicadores da chamada Análise Técnica.
Esses indicadores têm na sua maioria por base a análise de relações entre "calls" e "puts" (compras longas/ vendas a descoberto de Opções) ou "short selling" e volatilidade, medida também principalmente em Opções de acções.
Neste curto espaço é impossível uma análise, e não ficamos sem dizer que não conheço esses indicadores como disponíveis para o mercado nacional.
Mas como os Estados Unidos influenciam todas as bolsas, em particular europeias, com as quais a correlação é grande, sugiro consultar o VIX, o Índice de Volatilidade da Bolsa de Opções de Chicago (CBOE), que pode encontrar na Net, por exemplo, no "site" da Yahoo-Finance.
Repare na ascensão do medo em Setembro de 2008, assinalando a falência do Lehman Brothers, o tal banco que não se devia ter deixado entrar em bancarrota. "Paulson bad boy!"
Toda a gente se interroga para quando uma reentrada no mercado de acções e o VIX, com a sua medida acima de 40, desaconselha.
Mas o leitor pode tranquilizar-se que, com bom senso, informação e atenção qualitativa em mais dúzia de coisas, consegue boas pistas, pelo fantástico meio do "olhómetro".
Dou-lhe um valioso método: Se verificar que más notícias imprevisíveis, repito, imprevisíveis, ou não fazem baixar as cotações ou pouco as fazem cair, então poderemos estar no grande "fundo", onde toda a gente quer estar para comprar o que está temporariamente barato. O que não será para já, creio.
Palavra de Salvação.
JN
Sentimento e bolsa
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Descanse o leitor que, apesar do título, não vai cair num enredo emocional, com mensagens destinadas às lágrimas, devendo ser enviadas aos amigos, em cadeia, sob pena de ficarem impotentes se o não fizerem.
Descanse o leitor que, apesar do título, não vai cair num enredo emocional, com mensagens destinadas às lágrimas, devendo ser enviadas aos amigos, em cadeia, sob pena de ficarem impotentes se o não fizerem.
Não! Isto é antes uma coisa "hard-core", para espíritos fortes que jogam nos mercados, homens de barba rija e mulheres fumadoras.
A ciência económica clássica partia do princípio que os agentes económicos agem racionalmente e a teoria financeira académica persistentemente defendeu a Hipótese da Perfeita Eficiência dos Mercados, na qual essa ideia também subjaz.
Ora isso não é assim, e até acontece que cada vez mais se solidifica a ideia contrária, passando pelo estudo dos fenómenos psicológicos nos mercados, num ramo chamado Finanças Comportamentais, ainda recentemente laureado com um prémio Nobel em 2002, na pessoa de Daniel Kahneman, autor da chamada Teoria da Perspectiva (Prospect Theory).
Hoje poderemos dar como assente - e a mera observação empírica a todos acessível é indesmentível - que os investidores tanto se embrenham em frios cômputos como, noutros momentos, são presa de impulsos e emoções.
E quando estas forças estão à solta, mesmo os calculistas terão que mandar o princípio da racionalidade às urtigas, porque, nessas ocasiões, ser-se racional é pensar em termos de multidão - devendo-se, evidentemente, tirar o proveito possível, ao ter a perfeita noção dessa circunstância.
Agora, poderia ficar-se com a ideia de que, se as coisas se apresentam deste modo, então os mercados são aleatórios, dependendo dos humores dos intervenientes, estes com a carga de imprevisibilidade que sempre subjaz nessa situação.
Porém, também isso se não passa assim.
É que a componente emocional só ganha ascendente em momentos típicos que se podem isolar "cientificamente" e, além do mais, como "as coisas são sempre iguais", revelam-se mesmo razoavelmente previsíveis.
A outra força (maior e permanente) que faz mover os mercados, os fundamentais da economia e das empresas, é intuitivamente compreendida como tal, e pode ser analisada e quantificada por meios bastante conhecidos e em grande parte acessíveis ao investidor nacional. Nada como nos mercados a sério, mas dá para não se ficar à escuras, com antolhos.
Desde que se tenha interiorizada a noção essencial de que os mercados se movem por antecipação à provável ocorrência dos factos relevantes, podemos passar adiante, mas tendo-a em mente para o que se vai dizer a seguir.
O sentimento, que em momentos de aceleração da tendência, para cima ou para baixo, pode mesmo tomar a prioridade na influência no percurso das cotações, é coisa mais volúvel e difícil de quantificar, mas possível, por via de indicadores da chamada Análise Técnica.
Esses indicadores têm na sua maioria por base a análise de relações entre "calls" e "puts" (compras longas/ vendas a descoberto de Opções) ou "short selling" e volatilidade, medida também principalmente em Opções de acções.
Neste curto espaço é impossível uma análise, e não ficamos sem dizer que não conheço esses indicadores como disponíveis para o mercado nacional.
Mas como os Estados Unidos influenciam todas as bolsas, em particular europeias, com as quais a correlação é grande, sugiro consultar o VIX, o Índice de Volatilidade da Bolsa de Opções de Chicago (CBOE), que pode encontrar na Net, por exemplo, no "site" da Yahoo-Finance.
Repare na ascensão do medo em Setembro de 2008, assinalando a falência do Lehman Brothers, o tal banco que não se devia ter deixado entrar em bancarrota. "Paulson bad boy!"
Toda a gente se interroga para quando uma reentrada no mercado de acções e o VIX, com a sua medida acima de 40, desaconselha.
Mas o leitor pode tranquilizar-se que, com bom senso, informação e atenção qualitativa em mais dúzia de coisas, consegue boas pistas, pelo fantástico meio do "olhómetro".
Dou-lhe um valioso método: Se verificar que más notícias imprevisíveis, repito, imprevisíveis, ou não fazem baixar as cotações ou pouco as fazem cair, então poderemos estar no grande "fundo", onde toda a gente quer estar para comprar o que está temporariamente barato. O que não será para já, creio.
Palavra de Salvação.
JN