Ana Maria Fernandes em entrevista ao "El Mundo"
"O anti-espanholismo é um tema que já não vende nada em Portugal"
12 Julho2010 | 19:22
Jornal de Negócios Online -
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Ana Maria Fernandes dispensa apresentações. Está à frente da EDP Renováveis, que é a quarta maior empresa mundial do sector das energias renováveis. Em entrevista ao "El Mundo" diz que ser anti-espanhol é uma postura que "já não vende nada em Portugal".
A CEO da EDP Renováveis nasceu em Madagáscar, mas veio para Lisboa na sua adolescência.
É casada, tem duas filhas, amava fazer esqui e montar a cavalo, mas dois acidentes graves obrigaram-na a abandonar estes dois “hobbies”.
Saltou do mundo financeiro para o energético em inícios deste século. Primeiro na Galp Energia e depois da EDP. E foi uma das grandes artífices da entrada em bolsa da EDP Renováveis, em 2008.
É adepta do Benfica, dedica o pouco tempo livre que tem às suas filhas e os únicos concertos a que vai são os de Miley Cirus, que dá corpo à personagem Hannah Montana numa série juvenil.
É assim que, em traços gerais, o jornal espanhol “El Mundo” descreve Ana Maria Fernandes, actualmente com 47 anos, ao publicar uma entrevista sua na edição de ontem.
Espanha e Portugal, Portugal e Espanha. A eterna rivalidade que dá até direito a um ditado menos simpático para “nuestros hermanos”: de Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos.
Mas Ana Maria Fernandes não pensa assim. E o “El Mundo” reconhece isso, ao salientar que “poucas empresas da Península Ibérica foram capazes de (...) deixar para trás velhas e absurdas rivalidades e ter uma visão conjunta do negócio de Espanha e Portugal como a EDP Renováveis”.
Uma gestora que não entende de fronteiras
Segundo o jornal espanhol, a presidente executiva da EDP Renováves não entende de fronteiras: “Tem passaporte português e lidera a filial de energias verdes da EDP, que é de capital luso mas tem a sede social em Oviedo e a sua estrutura operacional em Madrid”.
“A alma da empresa e dos que a dirigem é, ‘per se’, transfronteiriça: os seus dois grandes mercados são Espanha e os Estados Unidos, mas também o Brasil, Polónia, Bélgica, França, Reino Unido, Roménia, Itália... e, claro, Portugal”, prossegue o “El Mundo”, sublinhando ainda que Ana Maria Fernandes fala indistintamente português, espanhol e inglês e passa muitas horas do mês dentro do avião, “o meio de transporte que menos sabe de fronteiras”.
Questionada sobre a rivalidade entre os dois países da Península Ibérica, é peremptória: “o anti-espanholismo já não vende nada em Portugal”. Quer se fale de política, de futebol ou de empresas, com a PT-Telefónica a protagonizarem o mais recente caso.
Sobre esta batalha pela Vivo, Ana Maria Fernandes não crê que este caso específico afecte significativamente o bom clima existente, “já que ambas as empresas estão a negociar com o conhecimento dos governos. “No passado, vimos casos semelhantes - em relação a operações empresariais – em ambas as direcções e é esse mesmo passado que nos demonstra que o bom clima no mundo empresarial e político não se alterou”, afirmou a CEO da EDP-R na entrevista ao “El Mundo”.
“Cada vez há um maior intercâmbio comercial entre os dois países e são necessárias melhores comunicações, mais infraestruturas ferroviárias e autoestradas. Quanto mais integrados estivermos, melhor tudo correrá”, sublinhou a mesma responsável, que considera que foram dados grandes passos conjuntos no sector da energia e que há bons níveis de interconexão entre Portugal e Espanha.