Segundo a UBS
As 10 surpresas para 2009
Se há um ano lhe dissessem que o petróleo iria cair em 2008, acreditava? Ficaria, no mínimo, surpreendido, especialmente considerando que este foi o ano em que o preço do "ouro negro" bateu todos os recordes. Mas acabou por acontecer, e o UBS previu-o nas surpresas para este ano. Veja aqui quais são as 10 surpresas previstas pelo banco de investimento para 2009.
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Patrícia Silva Dias
patriciadias@mediafin.pt
Petróleo pode afundar até aos 20 dólares
Se há um ano lhe dissessem que o petróleo iria cair em 2008, acreditava? Ficaria, no mínimo, surpreendido, especialmente considerando que este foi o ano em que o preço do "ouro negro" bateu todos os recordes.
Agora, o banco de investimento suíço está confiante numa manutenção dos actuais valores da matéria-prima no próximo ano, mas não descarta a possibilidade do petróleo afundar ainda mais.
A possibilidade de o petróleo cair abaixo da fasquia dos 20 dólares é das dez surpresas que, segundo o UBS, podem acontecer em 2009. As surpresas consistem em cenários plausíveis que contrariam a perspectiva dos investidores e mesmo os cenários base dos próprios analistas do banco de investimento suíço. No final de 2007, o UBS já tinha elaborado um conjunto de dez surpresas, sendo que seis acabaram por se confirmar.
Aconteceu com o petróleo. Na análise para 2008, o UBS questionava se "os 50 dólares seriam os novos 20 dólares?", apontando como cenário provável a descida dos preços da matéria-prima, numa altura em que todos os indicadores apontavam para uma subida das cotações. O petróleo até valorizou. Mas corrigiu, e está hoje substancialmente mais barato do que há um ano.
Depois dos recordes fixados em Julho, altura em que tanto o barril de Brent, transaccionado em Londres, como o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, superaram a fasquia dos 147 dólares, as cotações iniciaram um movimento de descida acentuado. Face aos máximos históricos, desceram já mais de 100 dólares. O Brent custava, no final da sessão de ontem, 39,80 dólares, já o WTI negociava nos 38 dólares.
O UBS acredita na manutenção dos actuais níveis do preço da matéria-prima, antecipando uma Surpresas que se tornaram
realidade em 2008
Além da queda dos preços do petróleo, o UBS classificava de surpresas, para 2008, o abrandamento da economia global, a recuperação do dólar, um mau desempenho dos mercados emergentes e uma "performance" altista das acções japonesas. A que se juntam o aumento da inflação a nível global e o abrandamento na China. Eram todos cenários considerados improváveis para os analistas do banco de investimento. Mas a verdade é que, convictos ou não, as surpresas tornaram-se realidade. Das dez, o UBS falhou apenas quatro, o que aumenta a relevância desta análise elaborada pelas equipas de estratégia de acções e alocação de activos do banco suíço. Os "erros" mais flagrantes das surpresas de 2008 foram a diminuição da volatilidade nos mercados accionistas, e também o desempenho superior dos títulos do sector financeiro. Os bancos estiveram no centro das atenções, mas não pelos melhores motivos, e provocaram períodos de elevada tensão nas bolsas.
recuperação das cotações no final de 2009 para valores próximos dos 70 dólares, suportada pela inversão do cenário macroeconómico. A surpresa seria o petróleo cair e negociar abaixo da fasquia dos 20 dólares, ou seja, registar uma desvalorização de mais 49%. Como pode isso acontecer? É simples, segundo o UBS. Basta que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que têm estado muito activos na tentativa de impulsionar os preços da matéria-prima, não cumpram com as quotas de produção estabelecidas. Na última reunião anunciaram um corte de produção e preparam-se para efectuar um novo em Janeiro.
Segundo o banco de investimento, quando os preços do petróleo estão em queda, é mais difícil para a OPEP forçar o cumprimento das quotas de produção. A justificação é que muitos dos países membros da organização sofrem enormes constrangimentos nas suas economias se, num período de queda do petróleo, reduzirem a produção, o que implica menores receitas.
Assim, e caso o não cumprimento das quotas se verifique e coincida com a manutenção da quebra na procura por petróleo (em resultado do menor crescimento da economia global), os preços do petróleo têm margem para descer "até mesmo abaixo dos 20 dólares por barril", recuando para o nível mais baixo desde 2002.
Fed compra dívida das empresas
A compra de obrigações das empresas por parte da Reserva Federal dos EUA é outra das surpresas do UBS para 2009. O banco não acredita que tal aconteça, ainda que considere que teria efeitos positivos, nomeadamente na redução dos "spreads" pagos pelas empresas aos compradores da dívida emitida.
Ouro vai para os 300 dólares
O preço do ouro tem sido suportado pela conjugação do aumento da procura, a queda do dólar, os fortes investimentos nas matérias-primas, bem como os receios de inflação e a aversão dos investidores ao risco. Estes factores levaram o metal precioso a negociar acima dos 800 dólares este ano. Mas, poderá o preço do ouro cair? Uma das surpresas para 2009, do UBS, seria a cotação baixar a fasquia dos 300 dólares. Como? Essencialmente em resultado da venda agressiva de reservas por parte dos bancos centrais e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Avaliações dos emergentes na paridade As acções dos mercados emergentes continuam a negociar a desconto face às dos países desenvolvidos. Em 2009, a surpresa seria que reconquistassem a paridade, algo que o UBS não considera provável, mas que poderá acontecer dada a esperada desalavancagem e desinflação, que levará os investidores em busca de rentabilidades mais elevadas.
Anjos caídos disparam em bolsa As empresas com maiores necessidades de financiamento foram das mais penalizadas este ano. Para o UBS, surpresa seria se em 2009 registassem fortes ganhos, cenário plausível caso coincida com uma recuperação no crédito existente e nos novos financiamentos.
Um "feriado fiscal" de Barack Obama O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, prepara-se para apresentar o seu plano de estimulo à economia, que se espera que tenha impacto directo nos contribuintes. Surpresa seria se ocorresse um "feriado fiscal". O UBS não acredita que isso aconteça, por um simples motivo: política.
Taxa de falências não sobe muito Será difícil que as taxas de "default" da dívida das empresas não suba. O desafio é que o aumento não seja muito elevado. E poderá verificar-se essa situação, caso haja uma "onda" de renegociações das dívidas, o que poderia ser um importante suporte para a confiança e a liquidez nos mercados de crédito.
Crescimento económico negativo O UBS prevê que a economia global cresça apenas 1% em 2009, "o que já é classificado de recessão". Mas, e se o resultado for ainda pior? Um crescimento negativo já não é visto desde a Grande Depressão, mas é plausível, defende o banco suíço. O cenário central do UBS é o de que a economia global atinja o fundo em meados de 2009, voltando depois a recuperar, para apresentar um crescimento mínimo no acumulado do ano.
No entanto, "quanto mais tempo durar o mal-estar da economia dos EUA, menor probabilidade haverá de se assistir a um crescimento positivo", o que fará "vítimas". "Se o crescimento global for negativo e os receios de inflação se apoderarem dos investidores, poderemos assistir a um novo ano de queda dos índice bolsistas mundiais". Também os mercados de crédito deverão ser afectados.
Taxas de inflação próximas do zero O próximo ano poderá trazer um cenário de deflação, ainda que não de forma persistente e generalizada. Este é o cenário base do UBS. Para o banco de investimento, a surpresa seria que os preços se mantivessem praticamente inalterados, com uma taxa próxima de zero no próximo ano.
Dólar cai para novos mínimos históricos
A moeda norte-americana chegou a negociar no valor mais baixo de sempre face ao euro, em meados de 2008. Nas últimas semanas tem vindo a recuperar e apresenta já um "saldo" positivo, no acumulado do ano. Assim, novos mínimos históricos do dólar não parecem distantes, constituindo, no entanto, uma surpresa para o UBS que tal venha a acontecer. A queda da divisa dos EUA será, contudo, preocupante. O banco de investimento suíço alerta que a desvalorização do dólar, em especial contra o euro e o iene, "poderá aumentar os receios de que os investidores estão a perder confiança nas políticas dos EUA". Além disso, um fortalecimento do euro e do iene poderá exacerbar o abrandamento da economia do Japão e dos países da Europa Ocidental, além de penalizar os mercados de capitais destas duas regiões.