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MensagemEnviado: 21/12/2008 23:56
por Adrox
EuroVerde Escreveu:Só gostava que abrissem o mais rápido possível a Bolsa de Angola, e que desse de cá, num banco como BPI, poder dar ordens de compra e venda em Sonangol, Endiama, alguns bancos de lá, etc etc. Mas não se resolvem...
A praça de touros está fechada, nem se resolvem com toiradas... e adiam :evil:

Muito perigoso investir numa hipotetica Bolsa de Angola.

O José Eduardo dos Santos um dia acordava mal disposto, mandava fechar a Bolsa, e ficavas a arder...


Cumprimentos.

MensagemEnviado: 20/12/2008 23:24
por EuroVerde
Só gostava que abrissem o mais rápido possível a Bolsa de Angola, e que desse de cá, num banco como BPI, poder dar ordens de compra e venda em Sonangol, Endiama, alguns bancos de lá, etc etc. Mas não se resolvem...
A praça de touros está fechada, nem se resolvem com toiradas... e adiam :evil:

MensagemEnviado: 20/12/2008 14:17
por MozHawk
Não gostei do artigo por diversas razões e, devido ao mesmo, passarei a fazer uma leitura algo diferente do que passar a escrever Pedro Santos Guerreiro.

De todo o modo, vamos ao que interessa e que é para mim o essencial, pondo de parte o país Angola, a família dos Santos, etc. No que se refere aos investimentos realizados em empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisbon, se os investidores angolanos compraram, é porque alguém aceitou vender.

Se há questões laterais, não me interessa minimamente. Bancos e outras empresas fecham-se e abrem-se outras. É isso o mercado.

Cumprimentos,
MozHawk

Angola...Para Meditar.

MensagemEnviado: 20/12/2008 10:44
por Açor3
Pedro Santos Guerreiro
Angola
psg@mediafin.pt

Devemos estremecer por ver a família dos Santos comprar 10% do BPI? Devemos, por causa da concentração de poderes. O problema é serem angolanos? Não, embora sossegasse se fossem de uma economia de mercado madura. Leia o resto se quiser, mas pode tirar daqui o preconceito.


Se fosse um extraterrestre ou um vimaranense, o problema era o mesmo: a influência de uma só pessoa em tantas e tão grandes empresas. Sobretudo na banca.

O apelido dos Santos está directa ou indirectamente ligado a dezenas de empresas portuguesas, através da "holding" pessoal ou de empresas do Estado angolano, que tem o mesmo líder há quase 30 anos. Os dos Santos têm, se quiserem falar, voz para serem ouvidos em muitos conselhos de administração de grandes companhias portuguesas, onde têm acções ou de que são parceiros: a filha Isabel é accionista da Galp, do BPI, da Unitel (parceira em Angola do BPI e da PT), do BES Angola e do banco BIC; a gigante Sonangol, do Estado presidido pelo pai José Eduardo, está também na Galp, no BCP, é sócia do Totta e da Caixa em Angola; há ainda relações com a Mota-Engil e BPN, bem como intenções angolanas noticiadas na construção, imobiliário, comunicação social, transporte aéreo em Portugal.

José Sócrates é, como chefe do Executivo português, a pessoa que tem poder em mais empresas estratégicas portuguesas. Segue-se-lhe José Eduardo dos Santos. Nenhum privado português tem poder em tantos conselhos de administração como aqueles dois estadistas.

Ninguém tem 10% de dois dos três maiores bancos privados portugueses. Como disse a Autoridade da Concorrência na cisão entre Portugal Telecom e PT Multimédia, ter concorrentes com accionistas comuns não dá grande entusiasmo aos clientes. Aliás, por mais que Ulrich frise que este novo accionista estratégico vem reforçar o núcleo duro dos seus patrões, esta entrada ameaça desequilibrar o tripé Allianz-Itaú-La Caixa, que controla o BPI e sempre demonstrou uma coesão ímpar, passando com distinção no teste na OPA do BCP: o trio cerrou fileiras, confiou na administração e não só não vendeu acções a sete euros como os espanhóis estão a comprar mais acções a 1,5 euros, aproximando-se do terço de capital, acima do qual só podem lançar OPA.

Há meia dúzia de anos, Portugal caía da cama sempre que uma empresa espanhola cá investia: era invasão. Agora que o "problema espanhol" é a debandada dos investidores, o preconceito medroso parece resolvido na Nação. A pacatez com que se aceitou a entrega, pela primeira vez, de duas barragens à Iberdrola demonstra que estamos mais adultos. A reacção à entrada da Sonangol no BCP e no BPI em nada se compara, por exemplo, com o que se disse e fez quando o Santander quis comprar bancos a Champalimaud.

A certa altura, os portugueses deixaram de enjeitar os espanhóis e começaram a reclamar reciprocidade. Ficou célebre a intervenção do Presidente Jorge Sampaio em Espanha, quando lhes disse que eram bem-vindos mas, ao menos, que nos deixassem ganhar qualquer coisinha lá, um concurso que fosse. Foi na mouche. E aplica-se a Angola.

Ok, vamos lá falar da nacionalidade. Angola está em saudada democratização mas ainda a formar uma classe de capitalistas de mercado, com tudo o que isso tem de bom (energia) e de mau (falta de transparência). A crise de valores que as economias de mercado atravessam recomenda que não se subestime a experiência e modo de governação daqueles com quem escolhemos fazer negócios. Mais: em Angola, o conceito de liberdade (de expressão, de imprensa, de iniciativa privada, de circulação de capitais) não é ainda inspirador. E, se em Portugal escancaramos as portas das empresas, para entrar em Angola é preciso um sócio local, muitas vezes escolhido pelo próprio Estado.

Não é fácil criticar o poderio angolano em Portugal porque é fácil chamar os críticos de complexados ou xenófobos. Mas não podemos chegar ao ponto em que temos a liberdade de criticar o primeiro-ministro de Portugal e nos censuramos de criticar o Presidente de Angola. Não é nada pessoal, apenas negócios