Quem não gostava de ser feliz?
Quem não gostava de ter orgulho no seu país e nos responsáveis eleitos?
Quem gosta de ser enganado?
Quem gosta de ser oprimido?
quem? quem? quem?
abraço
mcarvalho
http://bancadadirecta.blogspot.com/2008 ... reira.html
CLARA FERREIRA ALVES, ATERRADORA...
> >
> > A justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e
> > marreca -
> > Clara Ferreira Alves - Expresso
> >
> > Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral
> > muito
> > maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se
> > preocupa com
> > isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do
> > encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua
> > infinita
> > e pacata desordem existencial, acham tudo 'normal' e encolhem os
> > ombros.
> >
> > Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto
> > final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais
> > inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem
> > concluir
> > nada.
> >
> > Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que,
> > nada
> > acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é
> > definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
> >
> > Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a
> > rodeia, foi
> > crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao
> > caso
> > Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas
> > histórias, nem o
> > que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos
> > crimes
> > houve.
> >
> > Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas,
> > pedaços de
> > enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de
> > apurar a
> > verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é
> > uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas
> > importantes são 'abafadas', como se vivêssemos ainda em ditadura.
> >
> > E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este
> > estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos
> > computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao
> > maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e
> > esperando
> > nunca vir a saber com toda a naturalidade.
> >
> > Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às
> > escutas
> > ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da
> > Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa
> > Benfica,
> > da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima
> > Felgueiras a
> > Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das
> > queixas
> > tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que
> > acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e
> > alegados,
> > muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e
> > devidamente
> > punidos?
> >
> > Vale e Azevedo pagou por todos.
> >
> > Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de
> > Leonor Beleza com o vírus da sida?
> > Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro
> > afogado num
> > parque aquático?
> > Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos
> > crimes imputados ao padre Frederico?
> >
> > Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre
> > Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
> > Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja
> > cabeça
> > foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
> >
> > Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e
> > enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
> > No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível,
> > alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a
> > condenar
> > alguém?
> >
> > As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da
> > criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a
> > Polícia
> > espalha rumores e indícios que não têm substância.
> > E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as
> > crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
> > E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos,
> > alguns
> > menores, onde tanta gente 'importante' estava envolvida, o que
> > aconteceu?
> > Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
> >
> > E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela
> > reconheceu imensa gente 'importante', jogadores de futebol,
> > milionários,
> > políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
> >
> > E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios
> > escuros
> > do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso
> > pára? O
> > mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz,
> > apeado por
> > causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua
> > filha.
> >
> > E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter
> > assassinado
> > doentes por negligência? Exerce medicina?
> >
> > E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de
> > colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é
> > surda, muda, coxa e marreca.
> >
> > Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são
> > arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao
> > esquecimento.
> > Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
> >
> > Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem
> > eram
> > as redes e os 'senhores importantes' que abusaram, abusam e
> > abusarão de
> > crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos
> > sobre meninas ficaram sempre na sombra.
> >
> > Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e
> > injustiças , de
> > protecções e lavagens , de corporações e famílias , de eminências e
> > reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da
> > verdade.
> >
> > Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
> > Clara Ferreira Alves - 'Expresso'
>