Boas noites
Esta é a minha primeira participação no Caldeirão.
Antes de mais, gostaria de expressar os meus agradecimentos aos administradores do fórum. Julgo que fazem um excelente trabalho de informativo e educacional! Evitei grandes erros pela leitura das análises que têm sido feitas por eles!
Gostaria de partilhar convosco uma situação magnífica que teve lugar na semana que passou.
Consegui uma casa dentro do concelho de Lisboa a um excelente preço: um T2 antigo, mas remodelado, por 90000 euros. Com a casa avaliada em 150000 por avaliadores independentes, dirigi-me a alguns bancos para obter condições sobre o empréstimo.
Na sede de um dos bancos estrangeiros que operam em Portugal, fui encaminhado para a especialista (sic) em crédito à habitação. A senhora, ao saber o preço de aquisição da casa e o valor aproximado da avaliação, recomendou-me que pedisse o valor na totalidade e que investisse o que restasse (falamos de cerca de 60 000 euros). Julgando não ter percebido bem o que me estava a ser proposto, pedi que me explicasse melhor o que me estava a aconselhar.
Ficou completamente "em pulgas" e foi a correr buscar uns prospectos sobre os produtos de investimento desse banco.
Rentabilidades maravilhosas, fundos a bater os índices, grandes gestores de produtos estruturados... enfim, a totalidade dos peixes da caldeirada...
Ao perceber a enormidade do que ouvia, agradeci-lhe o tempo dispensado e anunciei a minha intenção de procurar outras propostas noutras instituições bancárias.
A senhora, insistente e diligente, conseguiu manter-me sentado mais alguns minutos. Disse-me que era “a especialista” e a responsável pelo crédito à habitação, mas que a sua grande paixão era a banca de investimentos. “Ah sim? Então ponha-me ao corrente do que pensa que poderá acontecer ao montante que me aconselha a investir”, solicitei.
No meio de um discurso extremamente atabalhoado e incoerente, fez a sua exposição. Com expressões do tipo “quando a América espirra o resto do mundo fica constipado”, “é boa altura para entrar no mercado”, “tudo o que desce tem de subir”, entre outras pérolas de calibre semelhante (com péssimo português pelo meio destes chavões estafados), lá ouvi um conjunto de disparates que me fizeram colocar muitas dúvidas sobre as capacidades intelectuais da senhora. Mas o melhor ficou para o final. Ao perceber que eu não iria, de todo, proceder segundo os seus conselhos, confidenciou-me: “Sabe, tenho tido muitos clientes a fazerem os investimentos que tenho recomendado! E estão todos satisfeitos! E a maior parte deles não tem conhecimentos suficientes para investir no mercado, por isso é um grande favor que lhes faço!”.
Sem poder ouvir mais uma palavra, despedi-me, levantei-me e saí, tendo ficado com a certeza de nunca tornar a entrar numa dependência de um banco que tem uma “especialista” assim.
Tenho muita pena dos incautos que foram na cantiga da senhora… e vossa, se tiveram a paciência de ler um texto tão comprido!
Mas pergunto: uma pessoa que actua assim pode ficar impune? Se os futuros lesados assim decidirem poderão proceder judicialmente contra a “especialista”? É que a situação ficou realmente a revolver-me as entranhas…
Agradeço o vosso parecer.
Um óptimo resto de fim-de-semana e um abraço a todos
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Edwin Hubble: o primeiro astrónomo a verificar a existência de galáxias exteriores à enorme Via Láctea. Talvez o maior contributo do século XX para o conceito de pequenez do Homem…