"Bancos norte-americanos que pediram ajuda do governo continuam a pagar dividendos
Os bancos norte-americanos, que vão receber mais de 163 mil milhões de dólares do Departamento do Tesouro para poderem ter dinheiro para a concessão de empréstimos, estão a preparar-se para utilizar mais de metade desse montante no pagamento de dividendos aos seus accionistas, com a permissão do governo, ao longo dos próximos três anos.
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Jornal de Negócios Online
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Os bancos norte-americanos, que vão receber mais de 163 mil milhões de dólares do Departamento do Tesouro para poderem ter dinheiro para a concessão de empréstimos, estão a preparar-se para utilizar mais de metade desse montante no pagamento de dividendos aos seus accionistas, com a permissão do governo, ao longo dos próximos três anos.
O governo referiu que estava a disponibilizar mais dinheiro aos bancos para que eles pudessem conceder mais empréstimos. Assim, os dólares pagos aos accionistas não se encaixam nesse objectivo, mas os responsáveis do Tesouro dizem que a suspensão do pagamento trimestral de dividendos teria dissuadido os bancos de participarem no programa, que é voluntário, refere o “Washington Post”.
Os críticos, onde se incluem economistas e membros do Congresso, questionam o porquê de os bancos receberem ajuda financeira governamental se já têm dinheiro suficiente para pagar dividendos – ou, dizendo de outra forma, questionam o porquê de os bancos que precisam de dinheiro do governo continuarem a gastar tanto em dividendos.
“O objectivo do programa é aumentar a concessão de crédito e injectar capital junto dos consumidores norte-americanos. Se o dinheiro for usado em dividendos, perde-se o propósito do programa”, comentou ao jornal norte-americano o senador democrata Charles E. Schumer, que já apelou a que o governo exija a suspensão do pagamento de dividendos.
O Tesouro planeia investir até 250 mil milhões de dólares num vasto leque de bancos norte-americanos em troca de posições no seu capital, de que o governo abrirá mão quando o dinheiro lhe for devolvido, salienta o “Washington Post”.
Entre outras restrições, as entidades participantes não podem aumentar os pagamentos de dividendos sem a permissão do governo. Estão também impedidas de recomprarem acções, pois isso aumenta o valor das acções em mãos do público.
52% da ajuda vai para dividendos
Os 33 bancos até agora participantes no programa planeiam pagar aos accionistas cerca de sete mil milhões de dólares só neste trimestre. As empresas habitualmente tentam pagar dividendos consistentes e, ao ritmo actual, esses dividendos irão consumir 52% do investimento do Departamento do Tesouro no período inicial de três anos.
“Os termos do nosso programa de compra de capital foram estabelecidos para incentivar a participação de um vasto leque de instituições financeiras, de forma a poderem fortalecer a sua liquidez”, afirmou Michele Davis, porta-voz do Tesouro, citada pelo “Washington Post”.
A abordagem do Tesouro contrasta com as decisões de outros governos, como foi o caso do Reino Unido e da Alemanha, de exigirem que os bancos que aceitam investimentos públicos suspendam o pagamento de dividendos até que o dinheiro seja devolvido ao governo. O governo norte-americano fez o mesmo tipo de exigência à Chrysler como condição para a resgastar em 1979, salienta o jornal.
A legislação aprovada pelo Congresso, autorizando o actual programa de resgate por parte do Departamento do Tesouro, é omisso relativamente a esse assunto."
@ JNegócios
Acho isto impressionante e escandaloso, se for realmente como a notícia refere...