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Caldeirão da Bolsa

General Loureiro dos Santos alerta para desespero militares

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Elias » 9/11/2010 23:29

Promoções à pressa na Defesa
9 de Novembro, 2010Por Helena Pereira

As promoçôes saem todos os dias. Nos últimos dez dias, foram promovidos 176 militares, a maior parte sargentos do Exército. Os despachos, publicados em Diário da República, estão a ser feitos à pressa.

E vai haver mais, apurou o SOL, até final do ano, antes de entrarem em vigor as novas regras do Orçamento do Estado (OE), com consequente congelamento das promoções.

Estas progressões na carreira estão a ser feitas ao abrigo de um decreto-lei de 2009, que veio alterar os quadros orgânicos dos três ramos das Forças Armadas e que entrou em vigor em 1 de Janeiro deste ano. Acontece que os ajustamentos não começaram logo a ser feitos e agora que os ramos perceberam que em 2011 não haverá possibilidade de promover ninguém apressaram-se a fazer sair os despachos.

A maior parte destes têm a data de Outubro, já depois de o Governo ter anunciado os cortes do OE para 2011. Dizem respeito sobretudo a militares do Exército, sendo que ainda estão para publicar as promoções da Força Aérea.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos, António Lima Coelho, lamenta que os ramos «tenham tardado com a gestão da promoção dos militares» e agora possa não ser possível promover todos os militares que alimentavam essa esperança ao abrigo do decreto-lei de 2009.

O congelamento das promoções é apenas uma das medidas do OE que afectam os militares. As medidas de austeridade para 2011 vão diminuir o salário e as pensões, cortar no número de contratados, extinguir o Fundo de Pensões dos Militares, reduzir as bolsas de estudo, para além de um corte de 40% na Lei de Programação Militar.

helena.pereira@sol.pt
 
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por j_paulo » 14/3/2009 21:52

O MD veio hoje a público desmentir tal notícia

cumps
 
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por Açor3 » 14/3/2009 11:31

Forças Armadas
República Checa 'rouba' blindados a Portugal
Por Graça Rosendo*
As Forças Armadas portuguesas compraram a uma empresa austríaca 260 blindados Pandur, que na sua maioria seriam montados em Portugal. Mas os austríacos abriram uma fábrica na República Checa e preparam-se para desviar para lá a montagem dos blindados

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O consórcio austríaco liderado pela Steyr, com quem o Estado português contratou a compra de 260 blindados anfíbios para o Exército e a Marinha, por 364 milhões de euros, em 2005, quer deslocalizar a produção para a República Checa – uma decisão que vai pôr em causa a empresa portuguesa onde a maioria destes veículos está a ser co-produzida.

A intenção dos austríacos foi conhecida pela Comissão das Contrapartidas (organismo público que acompanha a execução deste tipo de contratos) há poucos dias e, segundo soube o SOL, já foi marcada uma reunião com os representantes do consórcio para discutir o assunto, uma vez que esta deslocalização pode «ferir o contrato das contrapartidas», disse ao SOL fonte oficial do Ministério da Defesa.

*com Helena Pereira

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por Açor3 » 8/3/2009 9:44

Militares vão continuar a lutar contra regulamento que vêem como "mecanismo repressivo"
07 de Março de 2009, 22:11

As associações militares garantiram hoje que vão continuar a lutar "com todos os meios" contra o novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM) por entenderem que se trata de um "mecanismo repressivo" que os trata como "cidadãos menores".
O novo RDM esteve hoje a ser debatido num encontro promovido pela Associação Nacional de Sargentos (ANS), Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e Associação de Praças da Armada (APA), mas que reuniu também representantes de alguns partidos políticos, antigos magistrados do Supremo Tribunal Militar e do Supremo Tribunal de Justiça e representantes do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

As três associações militares já apontaram várias críticas ao novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM), que foi revisto pelo Governo ao longo dos últimos anos e está actualmente a ser debatido pelos deputados no Parlamento, em sede de comissão parlamentar de Defesa.

"Vemos com alguma preocupação a pressa que há em terminar este processo, dando a ideia de que se quer ter à mão um mecanismo repressivo quando sabemos que estão em preparação medidas de alteração à vida nas Forças Armadas que de certo serão lesivas da qualidade de vida dos militares", disse à Lusa o presidente da ANS.

No entender de António Lima Coelho, "parece que se quer ter um mecanismo repressivo para não permitir que os militares venham a protestar quando estas medidas forem adoptadas".

Situação que, garantiu o presidente da ANS, não irá demover os militares da contestação.

"Vamos pugnar por todos os meios que nos estão ao alcance, junto da Assembleia da República, junto dos grupos parlamentares, junto de quem de direito, até, se necessário, com demonstrações de mal-estar, como já o temos feito", afirmou Lima Coelho, evitando apelidar as "demonstrações de mal-estar" de manifestações e acrescentando que também haverá debates e tribunas públicas.

"Iremos com certeza encontrar todas as formas para levar a quem vai ter que decidir pensar que os militares não podem ser tratados como cidadãos menores", sublinhou.

Na base da contestação está, como explicou Lima Coelho, a discricionariedade a que os militares ficam sujeitos com o novo RDM, "sem haver uma relação directa entre a falta e a pena aplicada".

"Quando se diz que um superior hierárquico pode recorrer de quaisquer meios considerados extraordinários para cumprir a obediência, o que é que isto significa? Que voltámos ao castigo físico?" - questionou o dirigente da ANS.

Aproveitou ainda para deixar um recado ao primeiro-ministro.

"Esperamos que o senhor primeiro-ministro não veja neste encontro sereno mais uma campanha negra, pelo contrário, veja nisto sinais positivos de poder construir algo melhor", rematou Lima Coelho.

SAPO/Lusa
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por Açor3 » 1/3/2009 16:31

Colégio Militar
Quatrocentos alunos desfilaram em Lisboa por ocasião do 206.º aniversário da instituição
Quatrocentos alunos do Colégio Militar desfilaram hoje na Avenida da Liberdade, em Lisboa, por ocasião do 206.º aniversário desta instituição



O Colégio Militar é uma Escola Pública, dependente do Ministério da Defesa Nacional e à responsabilidade do Exército, ministrando os cursos dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e o Ensino Secundário, destinados a filhos de militares e civis, em regime de internato e externato, assegurando também a sua formação militar de base.

Em média, mais de 80% dos alunos que terminam o curso do Colégio Militar ingressam no Ensino Superior.

O Colégio Militar tem como desígnio facultar aos seus alunos uma sólida formação intelectual, ética, física e militar, tendo como referência a divisa «Um por Todos e Todos Por Um», que resume os conceitos dos valores colegiais impressos no Código de Honra do Aluno.

A instituição ministra os cursos dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e Secundário, destinados a filhos de militares e civis, em regime de semi-internato, e assegura a sua formação militar de base.

O Colégio Militar foi fundado em 1803, em Oeiras, com o nome de Colégio de Educação do Regimento de Artilharia da Corte, no quartel da Feitoria, pelo então coronel Teixeira Rebelo, comandante daquela unidade militar sedeada nas proximidades da fortaleza de S. Julião.

Em 1814, o Colégio foi transferido para o edifício do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, na Luz, com a designação de Real Colégio Militar.

Entretanto, e respondendo às várias reformas educativas e militares de dois séculos de História, funcionou ainda no Convento de Rilhafoles, novamente na Luz e, posteriormente, no Convento de Mafra.

Finalmente, em 1873, o Colégio Militar instalou-se pela terceira vez no edifício da Luz, onde ainda hoje se conserva.

O Colégio Militar foi a escola inicial de várias individualidades nacionais, nas mais diversas áreas, desde logo na militar, mas também na política, ciências, artes e desporto, entre outras.

Lusa / SOL
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por Açor3 » 28/2/2009 18:17

RECORDAÇÕES DOS MENINOS DA LUZ


FERNANDA CÂNCIO
Colégio Militar. Há entre os ex-alunos quem fale desta escola como um crente da sua religião. Um segredo partilhado, guardado dos "de fora", fonte de todas as qualidades, inquestionável. Há até quem decline falar ao DN por ter-lhe "beliscado" a imagem, na notícia de alegados abusos de disciplina. E há o relato irónico e doce de Eduardo Lourenço, um improvável pupilo
Iam para lá para se fazerem homens. Ou soldados. O mesmo - ou pelo menos assim pareceria a quem o fundou. Pensado para os filhos dos oficiais, as linhagens dos generais e demais senhores da guerra, organizou-se como um batalhão dividido em companhias, com os "grandes", os mais velhos a chefiar - a palavra mais usada é "enquadrar"- os mais novos. Como nos colégios britânicos dos filmes e dos livros, os caloiros eram - e são - criados dos crescidos. Engraxam o calçado, areiam os botões, fazem as camas. Ou escondem-nas.

"Fugiamos para ir ver os jogos do Benfica, ali ao lado, porque tinhamos entrada gratuita. Pedíamos aos pequenos para nos enconderem a cama, para não darem pela nossa falta na ronda. Lembro-me de ter ido ver o Benfica/Locomotiv com uns colegas e quando regressámos não encontrávamos as camas, não sabíamos onde as tinham metido. E fomos apanhados". O sorriso de Eduardo Ribeiro de Sousa, 58 anos, engenheiro, que lá andou entre 1960 e 1967, é o de quem revisita um lugar encantado. Aquele que neste caso se confunde com um casarão, o dos anos de luz a que Robert Frost chamou dourados: miúdos no meio da noite à procura da cama, entre o riso e o medo. Uma aventura.

Ou, como diz Eduardo Lourenço, "o momento em que se descobre a chamada vida". O ensaísta e filósofo esteve "lá" 6 anos, entre 1934 e 1940, a partir daquele que era então o segundo ano do liceu. Ao contrário de outros ex-alunos, indefectíveis do tempo e lugar, não guarda "memórias muito luminosas, recordações muito eufóricas do colégio. Internato é internato..." A tal disciplina "especial", do império organizado dos mais velhos, marcou-lhe uma estranheza que dura até hoje. "Havia abusos e controlo desses abusos. Mas no meu tempo nunca houve coisas graves. Os exercícios não tinham essa violência tipo comandos, à americana - não havia tantas atitudes influenciadas pelos filmes."

Eduardo Ribeiro de Sousa vai no mesmo sentido. "Há um conjunto de praxes e que obviamente podem ser chatas... Mas nunca assisti a nenhuma ocorrência que fosse uma violentação da dignidade ou como tal me surgisse. Até me lembro de achar divertido. Nada que me marcasse no sentido negativo. Não me recordo, por exemplo, de castigos corporais..."

Recorda algo de desagradá vel, no entanto, "uma situação" que já não consegue concretizar. "Terá sido em 1962, logo a seguir ao rebentar da guerra de África. Levou à expulsão do comandante de batalhão, o aluno graduado do 7º ano, [actual 11º ]o mais graduado dos mais velhos, e mais alguns. Não me recordo bem do que se passou." O que recorda é mesmo "o princípio da solidariedade e dos valores. Seguem-me a vida inteira, e são cada vez mais raros, cada vez se vêem menos". Pai de duas filhas, garante que se tivesse tido um rapaz o gostaria de colocar (alistar?) no seu colégio. "Claro que o regime de internato é um pouco duro para os pais..." Talvez por assim ser não lhe passou pela cabeça colocar as suas meninas na versão feminina do CM, o Instituto de Odivelas. Quanto ao carácter rigorsamente masculino do colégio que frequentou, se o acha compreensível na sua época, admite que hoje " talvez não faça muito sentido".

Francisco Nobre, também engenheiro, 47 anos, é outro ex-aluno só com filhas. Mas não protesta contra o carácter masculino do colégio. Aliás, adivinha-se, dificilmente protestaria, e para mais perante gente "de fora", contra algo que tenha a ver com o casarão da Luz. "Tenho, como em relação a tudo, boas e más recordações, mas as boas ultrapassam as más." Entrou com nove anos e fez lá "o liceu todo". Nos primeiros dias, claro, "tinha saudades dos meus pais, dos meus irmãos, do meu espaço na minha casa. A primeira semana é difícil, depois torna-se mais fácil. Enquadramo-nos nas regras - fazer camas, tratar de nós - fazemos amigos. Naquela idade é muito fácil fazer amigos". Talvez seja a altura certa: alguns ficaram para a vida. "Mantenho cinco ou seis pessoas dessa época". Isso e "fazer a cama, coser um botão e umas bainhas se for preciso, ser um rapaz pontual, que leva muito a sério os compromissos... E ser quase maníaco com a honestidade."

Tudo coisas e valores que atribui` ao CM, cuja excelência gosta de celebrar nos encontros com antigos alunos. "Temos encontros anuais dos nossos contemporâneos. Edepois há todos os outros, actuais e antigos alunos, alunos de todos os tempos, pessoas que não conhecemos mas com as quais nos relacionamos com grande facilidade." Uma espécie de comunidade de irmãos, talvez. "Acoisa mais engraçada de que me lembro sucedeu num aniversário do colégio, em 1977/78, em que no jantar de alunos e ex-alunos estavam dois presidentes da República na brincadeira no meio do refeitório." Recusa dizer quem eram - a época leva a crer, por exclusão de partes, que seriam Costa Gomes e Spínola. A voz vibra, entre o orgulho e a comoção. "Demos cinco presidentes da República ao País. E muitas pessoas na área militar, nas artes..."

Grandes vultos da pátria , pois. Eduardo Lourenço, por exemplo - o homem que quando há meses recebeu uma condecoração disse, para as TV: "É assim, põe-se ao pescoço. Não sei se sou eu que tenho Portugal ao pescoço ou se é Portugal que me tem a mim." Registou de grato do colégio "os camaradas que fiz lá e duraram a vida inteira. E uma coisa boa, apesar de estarmos em plena ascensão do Estado Novo, e de ser um colégio de elites : o sentimento de grande igualdade. Havia uma espécie de igualitarismo curioso - não sabíamos quem era filho de almirante ou não."

Filho de um oficial do Exército, Lourenço nunca foi direccionado pela família para ser tropa. "O meu pai queria que fosse médico". Mas havia de encontrar num colégio onde o ensino era "mais esforçado na parte científica que propriamente literária" um professor que o inflenciaria muito nas escolhas. "Eu era muito bom aluno a História e tive um óptimo professor, o Capitão Sanches da Gama , que vim a saber recentemente ter sido o avô da Luísa Costa Gomes". Histórias saborosas? A de, precisamente, uma patuscada que acabou mal. Como outros alunos que moravam longe (ele era da Guarda) não ia para casa de férias. Às vezes passava uns dias com a família de colegas. Mas duma das vezes que ficou no colégio, com outros trinta alunos, andava ele no sexto ano, "não sei o que fizémos , coisas de garoto de elite da época, fomos à despensa durante a noite, e fizemos uma festa. Foi paga muito caro por aqueles que consideraram responsáveis. Foram expulsos." Ele foi apanhado mas ficou. "No último ano, porém, não fui graduado - fiquei soldado raso." Ri. Menos mal para quem não tinha sonhos de grandeza castrense. "Não segui para a tropa porque não tive boa nota a infantaria. Fui apanhado a falar na forma - foi a conversa que me perdeu." A conversa, precisamente: falar e escrever seria a sua vida. Não soldado, nem médico como o pai sonhava. "A vida é cheia de curvas, é só curvas", conclui, numa gargalhada. Na curva final desta conversa, o postal sépia do colégio militar. "Passados estes anos todos, o que guardo mais é a ideia daquela repressão dos mais velhos - criou-nos revolta por aquela disciplina toda ser criada pelos mais velhos. Cada um revela-se, uns aceitam e outros rebelam-se, ficam anarquistas." O seu caso? Ri outra vez. "Nem tanto, o anarquismo é uma coisa séria."|



DN
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por Açor3 » 28/2/2009 10:15

Forças Armadas
Chefes de Estado-Maior arrasam a criação do Comando Operacional Conjunto
Por Helena Pereira
Os chefes de Estado-Maior do Exército, Força Aérea e Marinha arrasam a criação do Comando Operacional Conjunto. Consideram «excessiva» e «desajustada» a concentração de poderes no Estado-Maior General das Forças Armadas, temendo que se transforme numa estrutura «megalómana» e não aceitam que os ramos passem a ser umas meras «direcções-gerais»




O protesto veemente e inédito dos três ramos ficou registado nas audições da comissão parlamentar de Defesa, que decorreram nos dias 3 e 4 deste mês à porta fechada, e a cujas actas o SOL teve acesso. A reforma proposta pelo ministro da Defesa, que está na fase final de aprovação, conta apenas com o apoio claro do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA). Um dos aspectos mais polémicos é o reforço de poderes do CEMGFA, que actualmente apenas tem o comando directo das forças em missões no estrangeiro.

O Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), general Pinto Ramalho, foi o mais duro nas críticas, afirmando que o modelo proposto agora para Portugal não existe «em nenhum país da NATO» e alertou para o perigo que isso constitui para a própria vida dos soldados.

SOL
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por Açor3 » 22/2/2009 11:18

José Sena Goulão/Lusa

Lima Coelho assegura que os militares não são malcomportados quando se manifestam22 Fevereiro 2009 - 00h30

Defesa: Cerca de setenta profissionais das forças armadas em causa
Militares punidos querem amnistia
A Associação Nacional de Sargentos (ANS) está a preparar um projecto que defende a amnistia para os militares alvo de processos disciplinares. Em causa estão cerca de 70 profissionais das Forças Armadas que foram punidos por participar em acções de protesto ou por prestar declarações públicas enquanto dirigentes associativos.


"Queremos a amnistia dos militares que mais não tem feito do que procurado o direito à representação sócio-profissional. Num Estado democrático não se justificam estes processos e punições", afirmou ao Correio da Manhã António Lima Coelho, presidente da ANS.

Só durante o Governo de José Sócrates, os militares que participaram em manifestações ou prestaram declarações públicas foram alvo de cerca de 50 processos disciplinares. António Lima Coelho sofreu quatro processos, um deles cuja pena determinada foi a prisão.

Já entre 1989, altura em que foi reconhecido aos militares o direito à associação profissional e constituída a ANS, e 2005, foram registados cerca de trinta processos, todos relacionados com a criação do associativismo.

O objectivo do projecto, que deverá estar concluído no próximo mês, é "limpar as folhas de serviço dos militares alvo de processos disciplinares no âmbito do associativismo". Isto porque os processos e punições, segundo adiantou António Lima Coelho, têm "consequências negativas" na carreira dos militares. Como por exemplo ao nível das promoções, no acesso a cursos e na participação em determinadas missões.

"Não estamos a falar de indivíduos militarmente malcomportados, mas de quem está a lutar pelos seus direitos", sublinhou o presidente da ANS, que assegurou que, quando o projecto estiver concluído, será "apresentado à Assembleia da República e aos mais altos magistrados".

Dos 52 processos disciplinares registados na sequência dos protestos, 12 culminaram em penas de detenção. Os militares optaram por recorrer aos tribunais civis, tendo alguns conseguido a suspensão das penas.

COMANDO EM OEIRRAS VAI SUBIR NA HIERARQUIA

O ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, anunciou dia 20 que o Comando Conjunto da NATO em Oeiras irá "subir na hierarquia de comandos" da Aliança Atlântica, no âmbito da revisão das suas estruturas. Em declarações à agência Lusa, a partir de Cracóvia, Severiano Teixeira assegurou a "manutenção do ‘Joint Command’" de Lisboa e disse que este será alvo de um reforço.

"O comando de Oeiras era de nível 3 e vai passar a nível 2, portanto, Lisboa vai subir na hierarquia de comandos da NATO", afirmou.

PORMENORES

PROTESTO

A Associação de Sargentos está solidária para com as forças de segurança e marcará presença no protesto agendado para 31 de Março. Em causa está a falta de condições de trabalho.

PASSEIO

A 23 de Novembro de 2006 centenas de militares protestaram em Lisboa numa iniciativa que ficou conhecida como o ‘Passeio do nosso descontentamento’. Dez sargentos da Força Aérea cumpriram 5 a 7 dias de detenção.

Ana Patrícia Dias

CM
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por Açor3 » 21/2/2009 11:54

Entre a honra e a falta de argumentos


A ideia de Portugal poder vir a perder o lugar de vice-comandante na hierarquia de comando da NATO em Oeiras é desagradável, mas se tivermos em atenção que, aquando da última reforma da organização, em 2002, se admitiu a possibilidade - real e efectiva - de este quartel-general desaparecer, a sua simples permanência em território nacional é, já de si, uma vitória.

A verdade é que a retirada das tropas portuguesas do Afeganistão, no preciso momento em que a NATO precisava de mais homens no terreno, fragilizou a posição negocial de Lisboa, em especial quando se compara esse contributo com o de países como a Bélgica ou mesmo a Estónia. Acresce a isto o facto de esse processo ter sido em tudo semelhante ao sucedido no Kosovo em 1999, onde, apesar da desculpa oficial do envolvimento em Timor-Leste, a decisão foi mal aceite e de difícil digestão por parte dos outros países aliados.

A eventual perda do vice-comandante da NATO em Oeiras é uma decisão de difícil aceitação no meio militar e também político. Num país fundador da NATO, e cujos interesses permanentes passam muito por África e pelo Atlântico Sul, acaba por ser incompreensível a possível atribuição a um militar turco, cujo quadro geoestratégico de pensamento e acção está muito mais virado para a Europa Central e Médio Oriente.

É mais um sinal preocupante dos efeitos que a crise, apesar das medidas do Governo, está a ter no nosso país: o Banco Alimentar recebeu num só mês tantos pedidos de apoio directos como em todo o ano passado. É a própria presidente da Federação de Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, que o confirma hoje ao DN.

Em média, quase três portugueses por dia dirigiram-se àquela instituição em busca de alimentos. Um número impressionante, atrás do qual se esconde ainda uma outra particularidade: a opção pelo pedido directo permite concluir que todos estes casos são absolutamente novos, pois quem já teve de recorrer à solidariedade do Banco Alimentar sabe que este tem há muito adoptada a política de só prestar auxílio através das instituições de solidariedade social.

Situações como esta aconselham precaução a todos os que ainda vão conseguindo escapar à crise, a quem se pede, mais do que nunca, sensibilidade para iniciativas solidárias como a que as organizações não governamentais (ONG) estão a promover neste momento, apelando aos portugueses que as apoiem através da declaração de IRS.

Mas, ao mesmo tempo, é preciso resistir ao pânico injustificado, porque o optimismo e a confiança num futuro melhor são essenciais para estimular a economia, pois sem consumo a vida das empresas será cada vez mais difícil e consequentemente a dos seus trabalhadores. Um ciclo vicioso que importa a todo o custo travar.


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por Açor3 » 21/2/2009 11:52

Lisboa em risco de perder influência em Oeiras


MANUEL CARLOS FREIRE
Defesa. Portugal pode perder lugar de n.º2 no quartel-general da NATO

Severiano surpreende ao dizer que comando NATO em Oeiras é de "nível três"

Portugal pode perder o lugar de vice- -comandante na hierarquia do comando da NATO em Oeiras (Lisboa) e ficar com o terceiro posto, de chefe do Estado-Maior.

A solução é uma das várias que estão em cima da mesa, no quadro da reforma dos comandos da NATO, e que só serão formalizadas e aprovadas depois de concretizada a reentrada da França na estrutura militar da Aliança (em Abril, na cimeira dos 60 anos da organização), asseguraram ontem fontes aliadas ao DN.

Para o almirante Reis Rodrigues, que comandou o quartel-general aliado de Oeiras no final dos anos 1990, "o peso de cada país no processo de decisão dentro da NATO está muito relacionado com a dimensão do seu contributo efectivo para as missões da Aliança". Porém, sendo Portugal um membro fundador da Aliança e a nação hospedeira daquele comando, "é dificilmente aceitável" ter um lugar inferior ao de nº2.

Acresce que, neste caso, "não é só isso", frisou Reis Rodrigues, pois a "própria justificação estratégica" da existência do comando de Oeiras - "afinidade geográfica com África e propensão para o Atlântico Sul" - coincide com os interesses específicos e permanentes de Portugal.

Segundo fontes citadas ontem pela Lusa, o processo é dado como fechado: "Portugal perderá para um general turco de três estrelas o segundo posto na hierarquia [do quartel-general de Oeiras], ficando com o terceiro posto, de chefe do Estado-Maior, com um general de duas estrelas."

Mas a experiência de outros processos de reforma da NATO, em especial o concluído na cimeira de Praga (2002), sugere que "nada está aprovado até ser aprovado" porque alterações políticas de última hora são sempre possíveis, em especial nos comandos secundários (navais, terrestres e aéreos). Contudo, no topo já é dada como garantida, à França, a atribuição de dois quartéis-generais de topo: o estratégico sedeado em Norfolk (EUA) e o regional em Oeiras. A chegada dos oficiais gauleses vai condicionar a redistribuição dos lugares nas estruturas subordinadas pelos outros países - sendo que o comando aéreo NATO de Lisboa deve desaparecer.

Oeiras "sobe na hierarquia"

Neste plano dos comandos operacionais, o ministro da Defesa anunciou ontem que o quartel-general da NATO em Oeiras (Lisboa) vai "subir na hierarquia de comandos" da Aliança Atlântica. Nuno Severiano Teixeira, citado pela Lusa, falava à margem do encontro informal de ministros da Defesa da NATO em Cracóvia, Polónia.

"O comando de Oeiras era de nível 3 e vai passar a nível 2, portanto Lisboa vai subir na hierarquia de comandos da NATO", ficando equiparado aos comandos de Brunssum (Holanda) e de Nápoles (Itália), afirmou o ministro. Mas esta afirmação do governante, sem dizer as razões do anunciado acréscimo de importância, suscitou perplexidade porque o comando da NATO em Oeiras - "pequeno mas robusto" - já é de nível dois (ou regional, na terminologia aliada). No seu site (www.jhlb.nato.int) pode mesmo ler-se que Brunssum e Nápoles são "os dois quartéis-generais irmãos" do instalado em Portugal - com a diferença de terem forças atribuídas em permanência .


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por Açor3 » 18/2/2009 8:40

Cinco alunos internados por excesso de treino físico


ANA BELA FERREIRA e CATARINA GUERREIRO
Colégio Militar. Estudantes do 11.º foram parar ao Hospital Militar Principal por "fadiga muscular". A direcção da escola diz que tal se deveu à excessiva dedicação na preparação do Dia Comemorativo, mas adianta que vai clarificar a situação. Médico estranha internamento dos jovens

Três chegaram ao hospital na quinta e dois no domingo

Cinco alunos do Colégio Militar estão internados no Hospital Militar Principal, em Lisboa, devido a excesso de treino físico. O Exército confirmou a situação ao DN e explicou que os jovens, do 11.º ano, pré- -finalistas, "estão em preparação do Dia Comemorativo (3 de Março), o que tem implicado uma agenda de actividades com maior intensidade do que o normal". O porta-voz do Exército adiantou ainda que os alunos, de 15 e 16 anos, "apresentaram sintomas de fadiga muscular", e que foram internados "por precaução". Mas segundo o DN apurou, o internamento já dura há alguns dias: três dos jovens estão no hospital desde na quinta-feira passada e dois entraram no domingo.

De acordo com aquele porta-voz, tudo se deveu ao exigente ensino: "Assumindo que só a dedicação excepcional dos alunos permite manter os elevados padrões de excelência presentes no Colégio Militar a participação entusiástica dos mesmos em todas as actividades em que o Colégio está envolvido, originou que cinco alunos apresentar sintomas de fadiga."

Além disso, segundo o Exército, esta altura do ano é particularmente intensa para os adolescentes que têm de se preparar para o dia comemorativo, em que participam os 400 alunos do Colégio.

Os pais dos miúdos internados ficaram assustados porque os níveis de enzima (substância proteica que pode indicar lesões musculares) estavam muito acima dos valores normais. Até porque, esta não é a primeira vez que o excesso de exercício físico obriga ao internamento de alunos.

No entanto, o médico Mário Jorge Santos, recusando-se a falar do caso específico, esclarece que estes níveis elevados de algumas enzimas "podem indicar destruição muscular".

Mas estes cinco estudantes já estarão bem e em breve terão alta. Aliás, o Exército garante "o diagnóstico clínico revela que nenhum inspira quaisquer outros cuidados ou terapia especial para além do repouso".

O DN sabe, aliás, que a direcção do Colégio Militar vai querer clarificar toda a situação para ver se não se está a exigir aos alunos mais do que aquilo que eles podem dar.


DN
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por Açor3 » 13/2/2009 9:25

Juristas criticam alterações na Disciplina Militar


MANUEL CARLOS FREIRE
TIAGO MELO - ARQUIVO DN
Defesa. Carta/petição entregue a Miranda Calha
Quatro juristas escreveram ao presidente da Comissão Parlamentar de Defesa, Miranda Calha, para lhe transmitir a sua preocupação com o articulado da proposta governamental sobre o Regulamento de Disciplina Militar (RDM).

O texto, a que o DN teve acesso ontem, expressa "grave preocupação" porque "o RDM proposto confunde disciplina com castigo e não respeita a Constituição ao não associar penas a factos violadores da disciplina". Guilherme da Fonseca, juiz-conselheiro jubilado do Tribunal Constitucional, António Bernardo Colaço juiz-conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça, João Morgado Alves, procurador-geral adjunto jubilado e Fernando Freire, advogado (entre outros, da Associação Nacional de Sargentos), são os subscritores da carta enviada no dia 06 deste mês ao deputado Miranda Calha.

O presidente da Comissão de Defesa sublinhou ao DN que "a carta será lida e analisada", a exemplo do que sucede com todas as missivas. Miranda Calha frisou depois que os deputados já ouviram, em audição, o Governo, os chefes militares e as associações de militares, estando os diferentes grupos parlamentares a preparar propostas de alteração que devem ser entregues até ao final do mês. Note-se que o próprio chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), general Valença Pinto, admitiu a necessidade de aperfeiçoar o RDM.

Um exemplo citado na carta para fundamentar as críticas ao RDM é o de poderem "aplicar-se sanções a militares fora da efectividade de serviço desproporcionadas aos fins visados, sem se acautelar, como manda a boa doutrina disciplinar, que se graduem e escalonem as penas de acordo com o facto ilícito e a pena".

Acresce que o legislador mostra ter "uma noção restrita de Disciplina, deixando para trás a salutar tradição militar de entender esta como o voluntário exercício da coesão dos corpos militares, aos fins comuns e constitucionais, com base na motivação pelo exemplo das chefias, a correcta e ponderada aplicação das sanções e a salutar exigência do mútuo respeito e lealdade entre quem manda e quem obedece".

A carta - enviada com conhecimento ao Chefe do Estado, ao presidente do Parlamento, ao primeiro-ministro e ao ministro da Defesa - lamenta também a ausência de debate alargado sobre as três reformas da instituição militar já aprovadas pelo Parlamento e em discussão na especialidade: a Lei de Defesa Nacional (LDN), a Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas (LOBOFA) e o RDM.

"Dada a importância nacional destes diplomas, constatámos, com apreensão e preocupação, que os projectos de alteração daqueles diplomas não foram ainda objecto de promoção de uma ampla, esclarecida e necessária discussão nacional que envolvesse, não só as instituições a que dizem respeito, as associações socio-profissionais dos militares, bem como todos os interessados nestas questões", diz a carta, acrescentando que aqueles dossiers "dizem respeito a todos os portugueses e não só àqueles que, por maior proximidade com este processo, estão obrigados ou são convidados a participar nesta discussão muito importante para o futuro das Forças Armadas".

Quanto à LDN e à LOBOFA, os autores da carta sustentam que "a tradicional fronteira entre a segurança interna e externa é esbatida ou apagada", que "a salutar e necessária autonomia relativa dos diferentes ramos das Forças Armadas é afastada a favor da centralização governamental e do seu instrumento directo, o CEMGFA", e que "a vertente nacional da componente das missões das Forças Armadas é claramente minorada".

"Como cidadãos e juristas, motivados pelo ânimo humanista e democrático e pela vontade de contribuir para a promoção de uma maior discussão destas matérias, solicitamos (...) que invertam as tendências acima apontadas e permitam que não se criem no seio das Forças Armadas, e dos agentes destinados à sua Administração, soluções com elevado potencial anti-democrático", conclui a carta ao presidente da Comissão Parlamentar de Defesa.|


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por Açor3 » 11/2/2009 10:46

quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 | 07:45 Imprimir Enviar por Email

Defesa: Processos disciplinares contra militares aumentaram


A Associação Nacional de Sargentos (ANS) revelou hoje que o número de processos disciplinares a militares nos quatro anos de Governo socialista já vai nas cinco dezenas, quase o dobro dos instaurados entre 1989 e 2005.
De acordo com a associação presidida por António Lima Coelho, desde 1989, ano da criação da ANS, até ao início da legislatura do Governo de José Sócrates, em 2005, tinham sido instaurados «cerca de 30 processos contra militares» ligados às associações.

Nos quatro anos de legislatura socialista, os processos disciplinares contra militares são já 50 - o que constitui entre 1989 e 2005 uma média inferior a dois processos anuais e de 2005 até 2009 mais de 12 por ano.

Apesar de todas sanções só poderem ser aplicadas pelos ramos - neste caso maioritariamente pela Força Aérea e Marinha - o presidente da ANS lembra que já existiram vários «casos públicos de pressão por parte do poder político».

Em 2005, numa vigília em frente à residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates, Lima Coelho lembra as «ameaças de penalização» do então secretário de Estado da Defesa, Lobo Antunes

Lusa
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por Açor3 » 11/2/2009 9:18

Militares querem órgão de concertação social


MANUEL CARLOS FREIRE
ORLANDO ALMEIDA
Defesa. Comissão parlamentar ouviu chefias e associações
A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) propôs ontem a criação, em sede de Lei de Defesa Nacional (LDN), de um Conselho Superior da Condição Militar para "fazer a concertação social" dos in- teresses dos militares.

A informação foi dada pelo presidente da AOFA, coronel Alpedrinha Pires, no final da audiência com a Comissão Parlamentar de Defesa onde a associação deu a conhecer a sua oposição à proposta de Regulamento de Disciplina Militar (RDM). Segundo os oficiais, o texto elaborado pelo ministro da Defesa é "um instrumento persecutório" que "visa atingir os direitos dos militares".

No mesmo sentido se pronunciaram a Associação Nacional de Sargentos e a de Praças da Armada. O líder da primeira, sargento-ajudante Lima Coelho, o RDM "penaliza e ofende a dignidade" dos militares, tendo como "grande objectivo tornar-se uma rolha, um mecanismo de repressão" dos efectivos castrenses.

As audiências da Comissão parlamentar de Defesa sobre as reformas da instituição militar iniciaram-se há uma semana, confirmando as visões opostas dos chefes sobre a Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas (CEMGFA).

Segundo fontes parlamentares, os chefes dos ramos declararam que as propostas lhes retiram poderes. O CEMGFA disse que não, explicando que "passam de sete para 12 as matérias" em que os chefes da Armada, Exército e Força Aérea podem emitir parecer em sede do Conselho de Chefes do Estado-Maior (CCEM).

Não haver decisões unilaterais do CEMGFA sobre o emprego dos militares no exterior, harmonizar-se a lei do reequipamento militar no CCEM, evitar novas duplicações e mais custos, foram mudanças na LOBOFA defendidas pelos ramos. |


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Mias um ..

por mcarvalho » 10/2/2009 22:08

Ramalho Eanes denuncia clima de medo em Portugal
Hoje às 18:44
Lusa

Ramalho Eanes

O general Ramalho Eanes denunciou, esta terça-feira, a existência de um clima de medo crónico de criticar para não ser prejudicado e de arriscar. O antigo Presidente da República pediu ainda aos políticos que informem sempre os portugueses da verdade.










Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, defende que se diga a verdade durante a campanha eleitoralRamalho Eanes aponta alguns medos que considera existir na sociedade portuguesaRamalho Eanes lança criticas à sociedade actual

O general Ramalho Eanes, que participava numa conferência sobre defesa nacional, no âmbito de um ciclo cujos trabalhos são presididos pelo ministro Severiano Reixeira, disse que Portugal necessita de mudanças profundas e de uma sociedade mais unida.

O antigo Presidente da República considerou também que os partidos políticos devem aproveitar o período eleitoral que se aproxima para falar a verdade aos portugueses.

O antigo Chefe de Estado defendeu que, durante a campanha eleitoral, «se evite o folclore partidário habitual e se aproveite para consciencializar os portugueses da situação de impossível manutenção em que nos encontramos e que não se entre num jogo de atribuição de culpas».

Na opinião do general, só conhecendo a verdade se pode fortalecer a opinião pública e acabar com um clima de medo, afirmando que na sociedade actual existem vários medos como o «com medo do presente, do futuro, pelos filhos, pela sorte dos pais, pelo emprego e medo dos poderes políticos».

Para Ramalho Eanes, falta noção da realidade na sociedade actual que, perante a « impavidez política dos governos», se entregou à realidade incontornável do consumo.
 
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por Açor3 » 10/2/2009 10:38

Açores: Ex-chefes militares em desacordo sobre bandeira


Antigos chefes de Estado-Maior criticaram hoje a norma do novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores que obriga ao hastear da bandeira nacional nas unidades militares daquele Arquipélago, assumindo um desacordo absoluto com uma decisão política que vá nesse sentido.
«Se fosse comandante militar operacional, só hasteava a nacional», afirmou à agência Lusa o antigo vice-chefe de Estado-Maior do Exército (vice-CEME) general Garcia Leandro.

De acordo com o novo Estatuto dos Açores, «a bandeira da Região é hasteada nas instalações dependentes dos órgãos de soberania e nos órgãos de governo próprio na Região ou de entidades por eles tuteladas, bem como nas autarquias locais».

O documento está em vigor desde o início do ano mas, até ao momento, as unidades militares existentes no Arquipélago continuam sem hastear a bandeira açoriana, argumentando que aguardam instruções da tutela.

O também antigo presidente do Instituto de Defesa Nacional exemplificou com o caso dos Estados Unidos para defender o seu ponto de vista.

«Os Estados Unidos da América são um país federal e mesmo nos edifícios dos vários Estados só está a bandeira nacional e nunca a bandeira estadual«, referiu.

Para o antigo ministro da Defesa general Loureiro dos Santos, o hastear da bandeira regional seria algo »impensável« e a norma presente no Estatuto devia ser enviada para o Tribunal Constitucional.

«Seria impensável colocar nas instituições militares qualquer bandeira sem ser a nacional, Portugal é um estado unitário, as tropas portuguesas não são regionais e é o conjunto das tropas que defende o País», advogou.

«É absolutamente inacreditável como num país civilizado se podia até admitir isso. Como é que o Estatuto não vai ao Tribunal Constitucional para ser retirada essa norma?«, acrescentou Loureiro dos Santos, também ex-chefe de Estado-Maior do Exército.

Por diversas vezes questionado sobre o tema, o constitucionalista Jorge Miranda já exprimiu que considera a norma »inconstitucional« e que »as unidades militares são a expressão da soberania directa do Estado, da sua integridade, pelo que só a bandeira nacional aí pode ser hasteada«.

«O que me admira é que o actual Presidente da República não tenha levantado esta questão quando se pronunciou sobre o diploma», adiantou Garcia Leandro, lembrando as posições unânimes de Cavaco Silva e também do ex-Presidente da República Mário Soares sobre este assunto.

«Não tenho a mínima duvida», respondeu Garcia Leandro questionado sobre se defende a ilegalidade da norma.

Entretanto, o parlamento madeirense debate terça-feira um projecto de resolução do PSD-M que visa denunciar ao Ministério Público os órgãos da República no Arquipélago que não hasteiam a bandeira da Região nos respectivos edifícios.

O diploma denuncia a «situação de desobediência qualificada em que incorrem os órgãos da República que não cumprem o dever legal de hastear a bandeira da Região Autónoma da Madeira e mandata a Mesa da Assembleia Legislativa para desencadear o correspondente processo junto do Ministério Público

Entretanto, o parlamento madeirense debate hoje um projecto de resolução do PSD-Madeira que visa denunciar ao Ministério Público os órgãos da República no Arquipélago que não hasteiam a bandeira da Região nos respectivos edifícios.

O diploma denuncia a «situação de desobediência qualificada em que incorrem os órgãos da República que não cumprem o dever legal de hastear a bandeira da Região Autónoma da Madeira e mandata a Mesa da Assembleia Legislativa para desencadear o correspondente processo junto do Ministério Público».

Apesar de, na passada sexta-feira, o Ministério da Defesa ter adiantado que pediu uma «interpretação sistemática» da norma do Estatuto dos Açores que determina o hastear da bandeira açoriana nos edifícios do Estado nas ilhas, o ministro Severiano Teixeira afirmou em Janeiro que nas unidades militares «não faz sentido» outra bandeira que não seja a nacional.

Questionado em Janeiro durante uma entrevista ao programa «Diga Lá Excelência», da RTP, Rádio Renascença e jornal «Público», sobre se fazia sentido fazer continência a uma bandeira que não a nacional, o ministro Nuno Severiano Teixeira foi lacónico: «Não».

Diário Digital / Lusa
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por Açor3 » 4/2/2009 11:44

Regulamento disciplinar deverá "ser afinado"


MANUEL CARLOS FREIRE
Defesa. Comissão parlamentar ouviu dois dos chefes militares

Deputados surpreedidos com longa intervenção do general Valença Pinto

O chefe doEstado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) admitiu ontem a necessidade de modificar a proposta governamental relativa ao novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM), alvo de fortes críticas das associações militares.

"Porventura [o RDM] tem de ser afinado, discutido e visto", para o que "tem de haver vontade dos deputados", referiu o general Valença Pinto aos jornalistas, no final da prolongada audiência com a Comissão Parlamentar de Defesa sobre aquele documento, já aprovado pelo Parlamento na especialidade e agora em debate na especialidade juntamente com as propostas de Lei da Defesa Nacional (LDN) e Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas (LOBOFA).

Quanto à posição conjunta das associações de militares, enviada na véspera aos deputados, o CEMGFA respondeu de forma sintética: "Não estou muito surpreendido com as críticas das associações profissionais de militares e dos seus associados". Quanto ao teor da LDN e LOBOFA, o general escusou-se a fazer quaisquer comentários, a exemplo do que fez ao longo dos anos de preparação das reformas em apreciação.

Segundo várias fontes parlamentares, surpresas com a longa intervenção inicial (cerca de uma hora, que era o tempo previsto para a audição do CEMGFA e que obrigou o comandante da Armada a esperar cerca de duas horas), Valença Pinto centrou-se na reforma da LOBOFA e na defesa de uma visão só partilhada com o ministro da tutela e a que os chefes dos ramos se opõem.

Quanto ao chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Melo Gomes, escusou-se a fazer comentários no final da audição.


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por Açor3 » 31/1/2009 11:58

Padres vão ficar subordinados aos militares


LICÍNIO LIMA
Capelania. Bispo abandona as Forças Armadas

Padres vão ficar subordinados aos militares

As Forças Armadas vão deixar de ter um bispo a coordenar a assistência religiosa. Essa função vai passar a ser desempenhada por um militar nomeado pelo Governo, com competência para contratar padres e leigos com vista ao serviço pastoral. O texto com a proposta de decreto-lei, a que o DN teve acesso, já está a circular nos meandros castrenses e deverá ser aprovado em breve em Conselho de Ministros.

"Trata-se de uma verdadeira militarização da assistência religiosa nas Forças Armadas", disse fonte militar ao DN que pediu o anonimato. Segundo a proposta, todo o quadro actual de capelães militares vai ser extinto. O bispo, que na actual legislação é o máximo responsável por aquele serviço, é posto fora e substituído por um militar nomeado pelo Governo com o posto de capitão-de--mar-e-guerra ou coronel. Os padres que, actualmente, chefiam o sector das capelanias em cada um dos ramos das Forças Armadas vão ser substituídos também por militares com o posto de capitão-de-fragata ou tenente-coronel.

Os capelães espalhados pelos vários ramos - que, segundo a proposta, podem ser padres ou leigos - vão ser contratados directamente pelos chefes do Estado-Maior dos três ramos das Forças Armadas. Este serviço poderá ser prestado também em regime de voluntariado ou de prestação de serviço. Os contratados a tempo inteiro vão auferir uma remuneração tendo como referência o posto de capitão.

Revolução

A proposta de decreto-lei que está em cima da mesa consubstancia uma verdadeira revolução na assistência religiosa nas Forças Armadas. O actual regime tem origem na Concordata de 1940, assinada entre o Estado português e o Estado da Santa Sé, e assenta na entrega da coordenação de todo o serviço religioso à Igreja Católica. Cabe à Santa Sé nomear o vigário-geral castrense, que é um bispo que pode ter o posto de major-general, sendo o salário pago pelo Estado. Os padres colocados nas capelanias militares são propostos pelos bispos de cada diocese.

A nova Concordata assinada entre Portugal e a Santa Sé em 2004 fez desaparecer a figura do vigário-geral castrense e alterou o modelo de assistência religiosa nas Forças Armadas, assim como noutras instituições públicas, nomeadamente hospitais e estabelecimentos prisionais onde existe também a figura do capelão. Por isso estão a surgir novas regulamentações.

A actual proposta relativamente às Forças Armadas tem em conta a possibilidade de outras confissões religiosas exercerem ali actividades pastorais. Neste sentido, é admitida a contratação de padres e de leigos oriundos de qualquer igreja e comunidade religiosa inscrita no registo de pessoas colectivas religiosas, desde que sejam graduados para exercer funções em regime de contrato ou de voluntariado nos termos do Estatuto dos Militares das Forças Armadas. |


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por mcarvalho » 31/1/2009 1:35

Caro Açor

esses são alguns dos testemunhos veridicos

e já agora para que conste

era preferível que morressem 100 soldados ou milicianos a que morresse um cavalo ou se estragasse uma viatura ou uma G3

os soldados arranjavam-se à força e os cavalos e material tinha de se comprar

Não imaginas o trabalho que dava fazer um ralatório de justificação de perda de material

E muitos dos que mandavam num dia no outro já era completemente ao contrário ..e os milicianos obrigados é que se lixaram.............

abraço

mcarvalho
 
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por mcarvalho » 30/1/2009 20:01

Açor3 Escreveu:30 Janeiro 2009 - 00h30

Fuga ao desemprego
Militares oferecem três mil empregos
Em tempos de crise, as Forças Armadas podem ser a porta de saída do desemprego para milhares de jovens portugueses. Certo é que o número de candidatos a ingressar numa carreira militar tem vindo a aumentar e este ano os três Ramos têm mais de três mil empregos para oferecer.

Correio Manhã


Militares (nossos filhos, netos e bisnetos) a morrerem em defesa da paz num qualquer país distante
sem saberem porquê... Mas será uma forma de pagarem as dívidas por nós contraídas...

" Se não tens como pagar ... pagas com o corpo" diz o povo e com razão .. como sempre

Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um Mundo novo a sério.


À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.

Da guerra os grandes culpados

Que espalham a dor da terra,

São os menos acusados

Como culpados da guerra.



António Aleixo

vale a pena dar uma vista de olhos
http://acaciasrubras.no.sapo.pt/bibliot ... io_aleixo/


http://acaciasrubras.no.sapo.pt/bibliot ... io_aleixo/
 
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por Açor3 » 30/1/2009 14:23

Stress de Guerra
António, quando acordou, somente se lembrava do tempo de guerra. Tomé, escriturário, foi enfermeiro nas urgências do Hospital Militar de Luanda. Domingos, sabe que o Américo foi para o Céu. Manuel, sonha com os gritos das pessoas que fugiam da aldeia quando disparavam. José Rosa, sente que o ensinaram a matar com as mãos. José Silva, traz consigo as palavras do amigo quando morria a seu lado. Rodrigo treme, fica sem voz, e pouco diz. Talvez pouco consigam dizer. Escondem palavras num olhar quase sempre vermelho, húmido. São histórias de quem sofre de Stress de Guerra.


Nesse início de Dezembro frio de 2001, António Dias recuou no tempo. Quando acordou, embora mantivesse os 50 anos de vida, recordava-se somente do tempo de guerra. Todo o seu mundo era diferente e a realidade existia antes de 1974...



Tomé, que esconde o nome verdadeiro, quando foi chamado para ir para Angola, era escriturário. Por azar, foi escolhido para enfermeiro. Curso feito em Coimbra, partiria para o banco das urgências do Hospital Militar de Luanda. «As pessoas chegavam ao banco desfeitas, sem braços, sem pernas». Tomé é nervoso, sempre a esquecer-se das coisas, irrequieto. Para além de trabalhar nas urgências, e por falta de enfermeiros, ajudava no bloco operatório. «Transtornavam-me operações à cabeça, amputações, sentir o peso da perna solta do colega». Calhou-lhe um pouco de tudo, «até ajudar nas autópsias».
Dezoito meses nessas imagens. Quando chegou, continuou a trabalhar como escriturário. Apercebia-se que tremia muito, tinha dificuldades em escrever, enervava-se com facilidade. «Fiquei agressivo, ansioso, uma pessoa está aqui e quer estar ali, e se estiver ali quer estar aqui. Entro em pânico por tudo e por nada. Há situações que não consigo controlar». A esposa, que o conhecera aos 14 anos, dizia que «estava maluco. Sem motivos nenhuns, havia discussões do outro mundo. Ameacei-a com uma faca, parti a porta do quarto com a cabeça. A minha filha assistia a tudo». Como Tomé tinha posto de lado a ideia de ir ao médico, pois nunca admitiu que estava doente, a esposa marcou uma consulta para ela e Tomé também foi. A médica, depois de o ver, aconselhou-o a tratar-se.
Tomé não se sentia a mesma pessoa. «O que o meu colega no trabalho fazia em meia hora eu demorava uma e saía estourado. Na hora do almoço ia para o banco do jardim, não almoçava. As coisas não me rendiam e quando me enganava não tinha capacidade para recomeçar». Custou-lhe admitir, aos 51 anos, que estava doente. «É uma revolta grande saber só disto agora, porque podia ser mais feliz e não fui».
Não é normal admitirem que estão doentes. «Acordava de noite a transpirar sem motivo. Tive uma paralisia facial». E isso marcou-lhe o rosto. «Andava sempre de gravata e agora não. É um desleixo total. Desinteresso-me de tudo». Neste momento, não tem capacidade para desempenhar as funções. Está de Baixa. «Quase não escrevo». No grupo de tratamento, começou a desabafar «coisas que nunca disse, porque ninguém acredita no que a gente diz». Dorme um pouco melhor com os medicamentos, mas só adormece a ver televisão ou a ouvir música. «Mas se me enervar já não consigo dormir. Não me sinto seguro, sossegado, sou muito desconfiado, tenho medo de tudo».
Só agora pensa que talvez não seja como as outras pessoas. Tem uma filha «admirável», e uma mulher «que sempre me acompanhou, e que sofreu muito. Também anda com medicamentos psiquiátricos. Ela já via isto há muitos anos. Eu só agora estou a ver».


...Antes de ir para Angola, os princípios e valores de António Dias pautavam-se pela tolerância, compreensão, solidariedade. «Com a instrução que nos foi dada todos esses valores se modificaram por completo e fizemos coisas que se fossem pensadas, racionalizadas, possivelmente não as faríamos».
António é homem baixo, nervoso, a atrapalhar-se com as palavras, a querer estar calmo e a manter um nervosismo contínuo, a mover sempre as mãos uma na outra, a olhar-me de fugida e a colocar os olhos nas mãos ou no chão. Alferes miliciano, partiu em 1973 para Luanda. Pertencia a uma companhia de comandos...



Domingos Carvalho fará 54 anos em Agosto. Em 1972 foi para o Norte de Moçambique. Tenente miliciano, recorda momentos num olhar turvado, magoado a raios de sangue. A voz determinada, alta, forte, lembra ordens que teria de dar aos seus soldados. Homem robusto, não esconde essa fragilidade que o tempo lhe deixou. E os olhos são sempre quase água. Conta: «Fomos atacados numa picada. Ia na frente. Sairam três granadas de morteiro. Apercebemo-nos e deitamo-nos. Quando me levanto, para meu espanto, verifico que não tenho ninguém atrás de mim. Os meus homens tinham fugido para a mata. Estavam prevenidos, mas com a atrapalhação, o medo, fugiram. Chamei-os e consegui que se abrigassem nos rodados. Infelizmente, ficou-me lá um homem valente, o Américo, com 21 anos». As palavras páram. Um olhar longínquo, no fundo da sala branca, a tentar controlar-se.
Domingos Carvalho comeu meses seguidos com o prato na mão à espera de ouvir as saídas dos morteiros, das granadas de canhão sem recuo ou a rajada dos sentinelas dos postos de observação. Sempre à espera de algum ataque. «O contacto com o inimigo era sistemático. Não dormia, cochilava. Era saturante, terrivelmente difícil».
Após o 25 de Abril de 1974, aconteceu, em Lourenço Marques, a 7 de Setembro, algo terrível: «É inclassificável. Mataram indivíduos como se mata uma carneiro ou uma galinha. Os negros começaram a matar todos os brancos, a incendiar os carros. É marcante ver um carro com pessoas dentro a arder, mortas ali na altura. Ir a uma cantina e ver os donos esquartejados, a cantina pilhada». Domingos Carvalho não dormiu durante cinco dias. «Os jornais falavam em 90 mortos. Foram mais de 2 mil e só em Lourenço Marques. Matavam indiscriminadamente homens, mulheres e crianças. Assisti a tudo, pois andava a dispor homens para pôr termo a isso. Mataram à catanada, à facada, a tiro, incendiaram tudo. Os hospitais estavam superlotados, nos intervalos das camas havia cobertores para pôr os feridos. Cheguei a Portugal a 28 de Setembro».
Educado pelos pais nos princípios católicos, quando chegou tudo era estranho. «Estou sempre com um olho aberto e outro fechado. Tenho sonhos terríveis, é rara a semana, para não dizer que é todos os dias, que não sonho com a tropa, com a guerra, com essa violência. Quando me levanto da cama, com a conversa, com o viver, é mais fácil. É mais fácil viver acordado do que a dormir».
Casou e, mais tarde, divorciou-se. «Tive problemas terríveis. Pensava que no dia que desse um estalo numa mulher o casamento terminaria. Dei, e não foi uma vez. E nos meus filhos também lhes zupei algumas vezes. É terrível um indivíduo que vai fazer 54 anos ver para trás que pouca coisa tem de útil». Sente que se tivesse «sido mais condescendente, compreensivo, menos nervoso, mais calmo, «que hoje estaria casado e bem casado». Olha para a vida «e vejo dois filhos maravilhosos, uma neta. Podia ter uma família e não tenho».
Sabe que foi treinado para a violência. Se matou? Não sabe. Porque não era só um a atirar. Faziam vários mortos quando disparavam, mas não sabiam quem os matava. «Vai-se digerindo o tempo passado. Não é fácil viver. O viver aqui é hipócrita. Tem de se sorrir, levar a vida o mais alegre possível e conviver». E as noites? «Não se passam com facilidade. Acontecem os tais sonhos, as coisas que temos na mente voltam nos suores frios, quando se acorda de noite». E sempre nessa imagem do amigo morto. «É terrível, o Américo foi para o Céu».


...Com 22 anos, «no acto do dever não se pensava em nada. Avançava, só tinha o encaixe do dever, o que tinha de fazer, comandar e orientar, não tinha consciência do que estaria a fazer, pois se a tivesse não entraria numa coisa dessas».
Se peço para exemplificar momentos as palavras enevoam-se. «Vejo as barbaridades que fizemos. Quando fecho os olhos, à noite, vêm-me à memória coisas horrendas». António Dias sabe que não é fácil exemplificar. «Não eram atitudes só de defesa, também as tínhamos, mas atitudes de cair em cima das populações, massacres». A voz atrapalha-se. E repete: «Massacres, matamos, vimos mortos, pessoas completamente desfaceladas, ninguém as conseguia identificar. E, por vezes, de noite, acordo a sonhar com isso, outras a falar, a estrebuchar, a dar murros na cama. Quando fazíamos essas coisas não as pensavamos, qualquer coisa que despolotava em nós no momento e agíamos, dava prazer e avançávamos sem temor, sem medo, sem pensar no perigo».
António, quando regressa, está diferente...



A história de Manuel Gomes, 59 anos, divide-se em dois tempos. Para além de cumprir missão militar, fez uma comissão como polícia. Vamos por partes. Em 1963 Manuel Gomes foi para Angola. Passou muita fome, «sede então não se fala. Bebíamos água daqueles charcos, daquelas poças cheias de porcaria». Como atirador especial, estava sempre à frente da linha de combate. Conta que um dia, depois de rodearem uma aldeia, o comandante decidiu que todos disparariam metade das munições para ficarem com outras tantas para o regresso. «E metralhámos. Ta-ta-ta-ta, aquelas casas, aqueles inocentes, mulheres e crianças a saltarem para cima da gente, houve ali mortos com fartura. No fim, o comandante não quis ver o que existia. Retiramo-nos. Fizemos cenas que nunca mais se esquecem. Parece que estou a ver isso à minha frente, pessoas a saltar por cima da gente, as mulheres e as crianças a gritarem e nós a dispararmos».
Manuel Gomes era solteiro. Chegou e casou passados vinte dias. Organizou a vida e sentiu-se normal, diferença só o paludismo. Como queria melhorar a situação económica, foi para polícia. Concorreu em Braga, onde habita, e entrou. Mas ao fim de um ano transferiram-no para Caldas da Rainha onde esteve seis meses. Daí, para Lisboa. Passados três meses, ofereceu-se para ir para Angola com intenção de regressar a Braga o mais rapidamente possível, pois davam preferência aos que viessem de fora.
Em 1968 estava novamente em Luanda. Dormiu a primeira noite na capital e foi destacado para Leste. «Desmobilizavam 30 militares e substituiam por três polícias». Um dia, «de viagem até ao posto de comando, a 150 quilómetros, tivemos um ataque. Vinha a conduzir o jipe. Na emboscada, mataram os meus dois colegas. Deixei o jipe em andamento e saltei para um barranco. Quando caí ainda apontei a arma e ouvi os tipos a dizer falta um, mas não me lembro de mais nada. Tive a sorte de passar por ali um destacamento militar. Passados alguns dias houve outra emboscada. Mataram um indivíduo, cortaram-lhe a cabeça e deixaram uma carta. Fui levantar o corpo e vi a carta onde pediam desculpa, que tinha sido engano, mas a cabeça levaram-na e nunca mais apareceu».
Em 1970 Manuel Gomes regressou. Manuel, que era homem calmo, não se sentia o mesmo. «Era instável, agressivo. Não aceitava que me dessem ordens e, como autoridade, impunha respeito. De noite apareciam aqueles embriagados a tratarem-me mal, pegava no cacetete e tal... era rigoroso com os horários dos cafés. Quando me insultavam, agarrava nas pessoas e levava-as para a esquadra. Estava muito violento». Deixou a polícia.
Em casa, eram ameaças de divórcio. Manuel Gomes vê o seu mundo ruir. Chegou a ser violento com a esposa e «nem merecia isso. Ameaçou com o divórcio tantas vezes mas, coitada, lá vai aguentando e eu também. E com a vergonha nunca cheguei à conclusão de fazer o divórcio, e com esta idade também não o quero fazer». De noite, dorme duas a três horas, «nunca mais. Cheguei a andar em psiquiatria. Davam-me uns comprimidos que me punham a dormir».
Sente que é difícil compreender tudo. «A mulher passou muito e passa, já passou por pior, coitada, mas quando me chateia ainda continua a levar aqueles repelões. Arrependo-me logo do que faço, mas está feito». Manuel traz gravado na memória os momentos em que dispararam contra inocentes, o abandonar os locais sem ver o que lá estava e o corte de cabeça desse seu colega. «São imagens que nunca esqueço. Estar a sonhar, a chorar, a gritar e as pessoas ao meu lado a ouvirem». Manuel Gomes, calmo, forte, bem parecido, de óculos, como se a violência que esconde não a mostrasse o corpo, tem, como todos, esse olhar raiado a sangue.

...Dois anos em Angola moldaram, para pior, António Dias. Vem menos tolerante, mais agressivo e à miníma coisa extravasa. Aperta as mãos uma na outra. Diz que não era assim. «São reflexos do estado em que a pessoa está e em que às vezes ficamos quando contamos coisas que nos dói cá dentro e nos revoltam».
Chegou, continuou a trabalhar na área financeira de uma empresa, conseguiu integrar-se no grupo, pois tinham estado com ele nas ex-colónias, eram pessoas da mesma idade e contavam uns aos outros «as coisas menos más, aquilo que nos convinha, pois não fomos para África fazer turismo».
Sentindo-se mais nervoso, menos compreensivo, violento às vezes, achou que qualquer coisa estava mal. «Os familiares que me rodeavam e me conheciam, achavam que não estava bem, a minha violência não era normal».
Casou passado alguns anos. Andara em tratamentos de neurologia e psiquiatria. Diz que atenuaram «a coisa um bocadinho, a pessoa fica mais calma, fiz sessões de psicoterapia individual e de grupo e isso ajudou-me um pouco». A esposa ajudou-o imenso e «nunca fui violento com ela, tentei sempre controlar. Ela era uma pessoa compreensiva, fazia um grande esforço para não a magoar»...



Alto, forte, não se fica indiferente ao aspecto físico de José Rosa. Funcionário público, foi para o Norte de Angola em 1973, numa companhia independente de caçadores, como alferes. Foi em rendição individual, isto é, morria um, ía outro para o lugar deixado em aberto.
Aqui, teve treinos debaixo de fogo real. Por isso, a calma aparente é mantida «até me despertarem alguns reflexos condicionados para que fui ensinado e treinado. Fomos preparados como cãezinhos, com determinado estímulo tínhamos de reagir de determinada forma. Em cenários de guerra efectivos sentiamo-nos bem, avançávamos, parecíamos outros». Aos 21 anos, José Rosa estava apto para matar com as mãos «nos pontos fracos, ensinaram-me a torturar. Não é norma numa sociedade civilizada. Quando aqui chegamos, nunca houve a preocupação de nos prepararem para a vida civil. Viemos cheios de traumas, com pressões, matamos pessoas e quando chegamos cá fomos abandonados».
Não é fácil para José contar o que lá viveu. «As coisas de que não nos orgulhámos não contámos». Chegou, retomou o trabalho, mas a diplomacia anterior tornou-se em agressividade. «Ainda me lembro de um contribuinte me chamar aldrabão. Agarrei-lhe no pescoço e pedi para ele repetir. Não repetiu nem o podia fazer porque tinha o papo apertado. Isto numa repartição de finanças, são situações que não podem acontecer. Andei à pancada uma série de vezes por coisas sem interesse nenhum». Mas houve outras coisas que mudaram. Para além de ser mais agressivo, José Rosa, esquece-se de tudo, não se consegue concentrar. E nota outra diferença: «Antes de ir não bebia, quando cheguei bebia».
São todas estas modificações que o revoltam. «Prepararam-nos para sermos assassinos. Só não somos criminosos porque estávamos a defender a Pátria, mas fazíamos mortos». Nesta revolta, José teve uma adaptação difícil, foi sempre «andando para a frente, mas não me sinto bem». Pesadelos diz que não tem. «É mais um sentimento de culpa». Orgulha-se de ter sido convidado para a festa da circuncisão e para a das virgens. Era considerado um branco justo. Tentava resolver os problemas com harmonia, mas sentia-me lesado por estar automatizado para outras coisas: ou matas ou morres».
Andou até ao dia em que bloqueou. Não conseguia fazer nada. «Já não arrancava mais e vim tratar-me. Fui perdendo capacidade de domínio sobre as situações. Parece que as pilhas se gastaram. Estou a precisar de as carregar». A tratar-se, a sair do consultório, pegará nos óculos pretos para esconder esse brilho que leva no olhar.


...«Não sentimos orgulho de muitas coisas». António, tem situações que não consegue ultrapassar. Habita a 100 metros dos bombeiros. Quando a sirene toca «recordo-me de uma situação de ataque. Estávamos no aquartelamento e tocou uma sirene idêntica para que as pessoas tomassem as suas posições, fossem para as trincheiras, pegassem nas armas e se pusessem em posição de defesa. Ainda hoje, quando ouço a sirene tocar, regresso ao cenário de guerra. A minha tentativa é deitar no chão os miúdos e a minha mulher». Para ultrapassar esse problema, sempre que está em casa por volta do meio-dia, hora do som, põe os headphones nos ouvidos com música muito alta. «Se ouvisse a sirene acontecia a mesma coisa. Atirava-me para o chão e todo eu tremo».
Quando a sirene estagna, António fica parado, a «minha mulher tenta acalmar-me. Tenho consciência de ter feito algo para defender todos os que me rodeiam. Algo que não sou capaz de controlar, muito mais forte do que eu, tinha de o fazer, mesmo que pudesse pensar que não devia ser assim»...



«Guerra é guerra. A gente passou lá maus bocados». Resume José Silva os anos de 1970/71/72. Com 53 anos, o período que passou em Angola marcou-o profundamente. Até problemas de pele «me apareceram derivados àquelas águas». E mostra os braços vermelhos, escamados.
José Silva era homem calmo. Agora, não é. Um olhar castanho fugidio, sempre agitado, move os braços de um lado para o outro como tivesse de se mover para explicar as coisas, e os gestos dizem mais do que as palavras. «Durmo mal, o sistema nervoso é muito, sinto a cabeça cansada. Fui sempre um homem saudável. Há meia dúzia de anos tem sido cada vez pior, qualquer coisa me enerva».
Quando chegou lembrava-se de tudo. Habituado ao som da corneta para acordar, perguntava à mãe: «Já estou cá? Estava sempre a ver se vinha alguma coisa. Julgava que estava lá fora, só não ouvia tiros, andava sempre desconfiado. Não dormia com a arma ao lado porque não a tinha». Como atirador, José Silva recorda a primeira incursão pelo mato. «Íamos nos camiões, empilhados quase como cães, todos juntos. Quando ouvimos um tiro, era o primeiro dia, atiramo-nos para o chão. Era tirar um carregador e meter outro. O capim à minha frente ficou todo limpinho». Nesse dia seria ferido um soldado, «talvez por algum de nós com a atrapalhação, com um tiro nos testículos e a parte da tomatada ficou toda arrumada, mas não morreu».
De tudo, o que custa a José Silva, é ver desaparecer um amigo. E essa imagem nunca mais esquece. «Aquele amigo que me diz:
— Deixas-me morrer aqui?
Ele levou um tiro na cabeça, no meio do caco, e saiu-lhe a parte de trás toda e caiu mesmo ao meu lado.
— Deixas-me morrer aqui?
Isso é que me chocou. Ele só fez ahhh... e morreu. Aquele último supiro, isso custa, vivo sempre com isso».



...Para António, antes era mais difícil adormecer. Agora adormece, embora tenha pesadelos com muita frequência. Foi num desses pesadelos que, quando acordou, somente se lembrava do que viveu até 1974. Estávamos em 2001 e António tinha só o tempo de guerra na sua memória. «À minha mulher tratava-a por senhora, os meus filhos eram os meninos. Só me lembrava da tropa e queria ir para lá. Tiveram de me levar para o Hospital de Santa Maria, Lisboa, para ser visto, mas entendia tudo isso como estivesse em Angola e tivesse sofrido qualquer ataque. Pensava que teria sido evacuado para o continente. Quando vinha na ambulância sentia-me como estivesse no avião. Até comentava com um dos bombeiros, quando chegamos ao hospital, que sim senhor, o piloto fez uma boa aterragem, nem se sentiu nada».
Durante mais ou menos um mês, António foi um estranho no seu mundo. Não se reconhecia no espaço onde vivia. «Tudo o que era novo, não conhecia. Conhecia as coisas, mas não como estavam. Fui melhorando gradualmente. António continua com falhas de memória. Nos sonhos, «acordo sempre a falar em guerra, mata e faz, esconde-te, cuidado, olha para trás, deita-te, agora ataca, vamos em grupo, vamos em três. Estou a viver o que vivi e, às vezes, estou mesmo acordado, nem sequer me sinto no lapso de sonambulismo. A minha mulher levanta-se, não me desperta, tenta-me acalmar acariciando-me um pouco mais, e lentamente volto. Sossego e, por momentos, fico sem saber onde estou, mas regresso ao presente mais rapidamente do que antigamente»...



Na Guiné, Rodrigo — o nome é fictício — esteve de 1965 a 1967. Vinte e um meses. Sem referir pormenores, «porque fico muito deprimido, chego a andar dois ou três dias doente», Rodrigo fala como um nó na garganta e no peito não deixassem sair as palavras. Magro, a voz a tremer, um olhar distante e triste por detrás dos óculos, tenta que as palavras saiam. Mas amontoam-se na emoção e ficam confusas.
Sargento miliciano, Rodrigo chegou a estar mais de 12 horas debaixo de fogo. «Hoje sonhei que estive lá outra vez e fico revoltado, porque já estive tantas vezes, vou para o mesmo sítio, e há outros que ainda não foram vez nenhuma». Conta: «Numa emboscada tivemos 15 mortos e vinte feridos tudo à bazucada. Na semana seguinte tivemos mais cinco mortos e quinze feridos. Das últimas operações que fiz nem sei quantos morreram. Até ao posto do médico era um disparate de corpos espalhados pelo chão fora».
Agora, «não consigo dormir. Estremeço com qualquer barulho, tenho a tendência de deitar a mão ao lado para pegar na arma. Esse hábito fica. Quando me deito, aquilo vem tudo. Durante o dia uma pessoa pode-se irritar, enervar, isolar, mas de noite é pior».
Apesar de agressivo, nunca tocou na esposa. «Sei que é ela que me tem segurado, sei que me faz falta, mas verbalmente posso ser violento, quando a cabeça está quente não há quem nos pare». Diz que «talvez fossemos mais terroristas do que eles. Criámos uma prisão de arame farpado, parecia uma gaiola, e atirávamos para lá uma barra de ferro. Eles estavam como a sardinha na canastra, e a barra caía nas costas de um, eles sacudiam e a barra dava assim não sei quantas voltas à gaiola. Mesmo nos interrogatórios eram torturados, descargas eléctricas nos testículos, eram pendurados por um só pé. De manhã os prisioneiros apareciam muitas vezes mortos; alguém tinha de os matar».
No tempo que passou na Guiné nunca sentiu medo. Só para o fim, quando falta um mês, duas semanas para o regresso. «Quando aqui cheguei vinha normal, mas isto foi-se agravando». Mas quando lá cheguei, na deslocação para o mato, «tivemos logo baixas, nunca tinha visto ninguém morto à minha frente...». Começou a entalar-se, a voz não sai, «mexe mesmo, esta angústia, não consigo dizer mais nada, vêm as lágrimas aos olhos».


...Durante o período esquecido do seu tempo, António perdia-se. Para chegar a casa tinha de perguntar pela rua onde morava. «Para protecção, a minha mulher fechava as portas à chave». Numa noite, António levantou-se e andava a meter, com uma lanterna pequenina para não acordar a esposa, coisas num saco para sair de casa. «Ia fugir para o mato. Estava lúcido. Sentia que tinha de fugir para Angola, estava como um preso em casa, não conhecia as pessoas, não conhecia nada e estava ali. Pensava: tenho uma missão a cumprir, não posso ficar aqui porque depois sou punido. As pessoas diziam-me que não, mas eu não entendia assim e achava que tinha um dever a cumprir, ir para Angola». Sem as chaves nas portas, António decidiu sair pela janela de um segundo andar. Teve a sorte da esposa acordar e lhe pedir calma. «Respondi-lhe: Ou voltas de novo a por as chaves nas portas, ou salto já daqui. Irritava-me estar fechado, fazia-me lembrar outros espisódios, pois estive na prisão política seis meses antes de ir para a guerra».
Com as melhoras de António, as chaves voltaram às portas. «Não tive mais essa necessidade de fugir. Sinto que vou melhorando. Estarmos aqui todos, comungarmos das situações, levou-me a ultrapassar a fase do esquecimento, hoje estou melhor». Olha-me, treme. Com dois filhos, um de 17 e outro de 11, mantém «na família, na esposa e nos filhos, a base da vida».


Tenho medo

As primeiras palavras trazem lágrimas. Teresa — trocámos o nome — parece a pessoa mais simpática do mundo. Veste de negro, os cabelos são brancos, tem um olhar muito triste e as palavras trazem uma amargura difícil de descrever. A sua vida revolta pelo silêncio que ela transporta, pela continuidade repetida de acções violentas que não têm fim. Como este, há muitos outros casos escondidos e que nunca se vão conhecer.
Teresa casou em 1970. O seu marido era um «rapaz bom, carinhoso, meiguinho, sempre na borga, meu amigo, trabalhador e respeitado». Antes de ir para Angola, deixou uma filha com seis meses. «Quando veio da guerra deu-lhe uma coça tão grande, um pontapé, que ela foi ao ar e caiu no chão».
O ex-combatente dormia com a faca do mato debaixo do travesseiro, mas Teresa escondeu-a. E revolta-se contra a esposa: «Mato-te bandida, insultou-me do piorio. Não era assim. Falo para ele de forma meiga. Ele olha sempre para mim com aqueles olhos maus, e diz que me quer esganar».
Teresa dorme ao lado do marido. «Não durmo nada, tenho medo». Pelo Natal, o homem desapareceu durante dez dias. «Não sei onde está. Depois, chega muito porco, a cheirar mal, anda sempre com facas. Olha-me com aqueles olhos esgazeados e diz eu mato-te». Neste sofrimento constante, Teresa suporta a vida como se ela tivesse de ser assim. Com a reforma do marido que não chega para os medicamentos, Teresa tem de trabalhar para sustentar a casa com a ajuda da sogra e do pai. Mas nunca pensou em deixá-lo: «Tenho muita peninha dele, é pai dos meus filhos, gosto muito dele e nunca pensei em o abandonar. Não lhe falto com nadinha. Prefiro não comprar certas coisas para não lhe faltar com a medicação, nem com o comer nem com nada, nem a ele nem aos filhos».
A filha, de trinta anos, está casada. O filho, de 15, tudo vê. Diz que «qualquer dia desaparece». Os olhos de Teresa voltam a toldar-se. As lágrimas são constantes. «Não durmo, ando sempre a esconder as facas, ele tem sempre aquele olhar esgazeado, não se lava. Muitas vezes parece que cheira a trampa pela boca. Cada vez pior. Faz-me a vida negra». Para atenuar este pesadelo, como ainda encontrasse no marido qualquer coisa de bom, Teresa desvaloriza algumas atitudes e diz que ele gosta dela. Mas as palavras fogem: «De noite acorda muito estacado, põe-me a mão no pescoço, digo-lhe para ter calma e ligo logo o 112, porque vejo que não está bem. Ele não sabe aquilo que se passa na cabeça dele. Está sempre revoltado. Fala e canta de noite».
Com medo dele, «a minha sogra dorme no sofá para o acalmar um bocadinho. Ele diz que a cabeça dá voltas e mais voltas, parece que estoura. Diz que a coisa que mais adora é a mulher e os filhos, mas quando se revolta não se lembra de nada disso. Já foi duas vezes ter comigo à casa de banho com uma faca. Sou tão amiga dele, não merecia o que estou a passar».
As histórias são infindáveis. O mundo de Teresa é um pesadelo. «De noite está sempre sobressaltado e sempre aos socos à gente. Depois está sempre: acende-me a luz, não apagues a televisão. Parece que come toda a gente com o olhar. Passo uma verde e uma madura com ele». Embora muitas colegas do trabalho digam a Teresa que se passassem metade já o tinham deixado, Teresa continua no sofrimento. «Até me pode matar, já tenho levado porrada. Quantas vezes já apanhei... e tem as mãos levezinhas!».
Teresa tem em casa o «inferno. Vivo num desespero constante». Mas não toma nada para dormir. «Tenho medo de adormecer, ele pode-me matar, estou sempre em alerta. Quando o ouço ressonar desligo a televisão. Mas ele começa logo a resmungar e a assobiar e diz para acender a luz do candeeiro. Mesmo a tomar calmantes está sempre atento. Continuo a sofrer até quando Deus Nosso Senhor quiser». Mas talvez Deus não queira nada disso. «A própria medicação tira-lhe a potência toda e ele é agressivo cada vez mais. Faço tudo por ele, mas se ele não tem força, se me massacra, e não pode, a culpa não é minha. Ele diz que não tenho amor por ele, que não faço tudo».
Teresa tem de ir trabalhar. Entra às duas da tarde, a hora aproxima-se e os transportes são demorados. «Tenho ali uma senhora cruz. Da última vez que o vieram buscar, com três homens a segurá-lo, ele olhava para mim e dizia: Vou-te matar, vou-te f..., vou-te fazer assim ao pescoço...». Teresa a chorar...



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por Açor3 » 30/1/2009 10:07

30 Janeiro 2009 - 00h30

Fuga ao desemprego
Militares oferecem três mil empregos
Em tempos de crise, as Forças Armadas podem ser a porta de saída do desemprego para milhares de jovens portugueses. Certo é que o número de candidatos a ingressar numa carreira militar tem vindo a aumentar e este ano os três Ramos têm mais de três mil empregos para oferecer.

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comentário

por jotabilo » 29/1/2009 18:03

Caro fosgass

O estado é uma entidade que reune diversas instituições em volta de uma ideia de soberania, de liberdade e de independência...de comunidade orgânica e portanto integradora dos insteresses de um cidadão.
As FA, são uma dessas instituições que integra esse sistema orgânico.
A constituição é um conjunto de disposições e normas que regulam toda a actividade dessas instituições.
A esta luz, não entendo as suas críticas à existência das FA tal como existem actualmente.

Como deve saber, é possível rever a Constituição de
uma forma periódica ou de uma forma especial sobre determinadas condições.
Proponha e vote nesse sentido.
É que a criticar desse modo a existência das forças armadas, está a dizer de uma forma clara que os seus concidaddãos deixam que sejam elaboradas normas constitucionais que prejudicam a funcionalidade do sistema social que integram.
As FA não são nem podem ser, uma organização com a dimensão utilitária que Caro parece desejar.
Nas FA, em geral, para se ter prontidão de uma unidade operacional, é necessário que à sua rectaguarda existam forças de apoio equivalentes ao triplo dos efectivos empenhados.
Por outro lado na missão atribuida às FA, existem outras tarefas essenciais a cumprir, no interesse da comunidade a que servem.
Basta que o caro dê uma vista de olhos sobre a Lei de Defesa Nacional para aquilatar da extensão dessas tarefas.

Nos quartéis pode observar-se o quotidiano mas não se pode retirar uma perspectiva do somatório das tarefas aí realizadas.

Não se pode falar de um modo fácil dos bens produzidos pelas forças armadas, dado que são bens essenciamente públicos, ou seja, não são redutíveis a unidades de venda (Niguém compra cinco euros de segurança) ...sabe que está seguro de uma forma geral.....e, esses bens , não são objecto de rivalidade de consumo ( todos estamos seguros).
Por isso os bens produzidos pelas FA quase ninguém se apercebe deles e apenas notamos a sua falta, quando ela se faz sentir.

Portanto,esperemos que as coisas continuem assim e que as suas críticas continuem com esse teor, sinal de que a normalidade continua.

cumps
 
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por a_baixinha01 » 29/1/2009 18:01

fosgass Escreveu:@a_baixinha01

Não confunda o passado com o presente...


O que é que é feito dos outros 40.000 ou mais que temos (segundo dados recolhidos no Público), pagos a peso de ouro? Servem para quê?



Olhe, pense na quantidade de Portugueses que ganham o salário mínimo (à volta de 300.000, ou seja, 1,6 mil milhões de euros por ano) e no peso que têm para a economia do país e compare com os 2 mil milhões de euros que são gastos com as Forças Armadas...

lguém que, efectivamente, esteja na tropa e lhe pergunte como é que ele/ela passa os dias...



Sr fosgass

Continua sem entender na minha perpectiva, para que servem os militares. Não se deve comparar os ordenados, porque como disse cada profissão tem a sua função na sociedade, diga-me um Engenheiro quanto ganha, não ganha o ordenado minimo pois não....e quantos existem em Portugal???
Não existe diferenças, é um licenciado assim como um oficial da Força aérea, Marinha, Exército, Policia e GNR. A sua formação é feita nas academias e equivale a uma licenciatura, os sargentos concorrem com o 11º ano e os praças se não estou em erro com o 9ºano.

Quanto aos vencimentos, acredita em tudo o que lê ou só naquilo que quer acreditar....regalias...diga-me desde quando o governo as dá....só se for a eles.... porque darem alguma coisa seria um verdadeiro milagre.

Não acredite em tudo o que lê, a realidade que conheço dos quarteis vou sabendo quando 1 vez por ano os "camaradas de guerra" do meu pai se reunem e vão comentando e acredite que a realidade não é como a pintam.

Digo-lhe mais, os militares têm o seu trabalho, treinam manobras militares....preparação para guerras? Também....mas ainda preparação para ataques terroristas, apoios a calamidades, treinos para as missões e outras situações para as quais possa haver necessidades.

Volto a frisar.... com um exemplo....um contabilista trabalha nas funções para a qual se formou,assim como o engenheiro e os militares e policias executam e treinam as ordens que recebem tendo por base a formação que receberam.

Mas ainda bem que existem diferentes opiniões, e o Sr tem a sua e eu tenho a minha.

Continuo a frisar é raro o português que tem noção do que é o sacrificio,simplesmente não têm noção.

Com os melhores cumprimentos
Ana Margarida
 
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por mcarvalho » 29/1/2009 17:24

jotabilo Escreveu:Cara Guida

Gostei, sinceramente.

Actualmente são entendidas três éticas.
Entende-se ética como o... dever ser...ou seja tudo aquilo a que a nossa consciência entende como orientador do caminho a seguir pelo espirito humano.

Uma primeira ética fundada nos limites da nossa razão, no possível á actividade humana....a designada ética da liberdade e que, actualmente, é a que mais é reivindicada pelo homem face à ausência de outros valores condicionadores.

Uma segunda ética, orientada pelos grandes valores da afectividade, da religião, dos princípios naturais.....e que se pode designar como a ética da obediência.

Uma terceira ética que resulta da aplicação das orientações das duas anteriores feita de uma forma mitigada, humana e responsável que se entende como a ética da responsabilidade

Julgo, em meu entender, que será esta última sobre a qual devemos basear os nossos actos em favor do social que somos, integrados numa comunidade que pretende projectar-se no futuro.

O seu pai cumpriu um dever social e honra lhe seja feita , por isso.

Os militares são um últmo instrumento da política e são em si, por ser assim, uma reserva moral da comunidade.
Todos nós portgueses, sabemos disso e confiamos nessa qualidade.


cumps

cito:
O seu pai cumpriu um dever social e honra lhe seja feita , por isso. Os militares são um últmo instrumento da política e são em si, por ser assim, uma reserva moral da comunidade


E os militares que não cumpriram o seu dever social nem honraram o juramento , abandonaram as populações e nem o que prometeram cumpriram?? Onde está a honra? E a reserva moral?

Caro Joabilo .. não leve a mal .. tenho uma grande admiração pelos seus conceitos mas um pouco de polémica .. não faz mal

Parabéns Guida .. Essa é realidade .. mas a história é feita pelos que ganham.. transformam os covardes que fogem em heróis e os verdadeiros heróis em assassinos

abraço
mcarvalho
 
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