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MensagemEnviado: 23/10/2008 17:05
por Branc0
Fica o discurso de Sarkozy em que ele no segundo bloco de texto ainda consegue dizer alguma coisa que valha.

A partir daí é diarreia mental para destruir completamente o pouco que ainda resta. Tira todas as conclusões erradas da crise actual e propões novas medidas que só nos podem arrastar para uma recessão muito mais profunda.

E refere-se sempre ao "sistema financeiro" nunca ao sistema monetário. Isto leva-me a supor que não pretende usar a reunião para resolver nada de profundo mas sim para inventar mais umas organizações tipo FMI que venham atrapalhar mais um pouco (como se o FMI não tivesse feito o suficiente para destruir muitas economias emergentes) a economia global.

Espero que os países emergentes tenham capacidade para parar esta loucura.

MensagemEnviado: 23/10/2008 16:34
por The Mechanic
Resumindo e expremendo :

" a culpa é do Socras...!!"


Um abraço ,

The Mechanic

Nuno Garoupa: "A mentira dos mercados desregulados"

MensagemEnviado: 23/10/2008 16:18
por Elias
A mentira dos mercados desregulados
Nuno Garoupa


Com uma monotonia que começa a cansar, muitos dos nossos ilustres economistas e comentadores escrevem estes dias sobre o alvorecer de um novo capitalismo com um Estado regulador forte. Descobre-se que, até agora (isto é, antes da crise dos mercados financeiros), se vivia um capitalismo selvagem desregulado de inspiração neoliberal, ou,...

Descobre-se que, até agora (isto é, antes da crise dos mercados financeiros), se vivia um capitalismo selvagem desregulado de inspiração neoliberal, ou, na expressão patusca do Dr. Mário Soares, uma economia de casino e de "off-shores". Infelizmente isso é uma mentira, e que por mais repetida que seja continua a ser uma mentira.

Nunca a economia esteve tão regulada e regulamentada como nos últimos dez anos. Nunca houve tanta legislação técnica, tanta burocracia, tanta regulamentação, tantas e múltiplas agências administrativas e regulatórias, tanta intervenção do mundo político na organização dos mercados. Estado regulador existe e bem forte. Em Portugal, na União Europeia (basta ver o conteúdo quase exclusivamente regulador das directivas e dos regulamentos), e não menos nos Estados Unidos. O problema não é, nem nunca foi, de falta de regulação dos mercados, mas de uma má regulação desde o ponto de vista do interesse público.

Na última década, a forte regulação exercida pelo Estado foi capturada por interesses privados bem conhecidos. Entre os favores políticos e sem a atenção aos óbvios conflitos de interesse, o poder político permitiu aos grandes interesses económicos utilizar a regulação pública para aumentar os lucros privados. Foram ignoradas as externalidades sociais para favorecer, de forma sustentada, os grandes interesses económicos. Fala-se de economia de mercado, mas isso é uma grosseria técnica. Temos, sim, uma economia de oligopólios dominantes regulada por favores políticos. No caso português, uma versão modernizada e em grande escala do Estado corporativo.

O problema é, pois, político, e não económico. A classe política, durante os últimos dez anos, conviveu, promoveu, defendeu (e em muito beneficiou) a captura da regulação pública por interesses privados. Que credibilidade pode ter agora? Como podemos acreditar que o "novo" Estado regulador não é mais do mesmo, se os personagens são exactamente e literalmente os mesmos? Muito provavelmente, os mesmos interesses políticos de sempre vão "re-regular" o que já está regulado, para favorecer os mesmos interesses económicos de sempre.

Um novo Estado regulador não exige tanto profundas reformas económicas como nos querem vender, mas, sim, significativas mudanças políticas que não se vislumbram. Veremos a seu tempo quanto efectivamente mudará, mas a minha previsão é que, no essencial, muito pouco. Esta crise nos mercados financeiros não passará de um sobressalto passageiro para os oligopólios dominantes, que, no mínimo, já conseguiram o objectivo de curto prazo, a socialização das perdas.

in: negocios.pt