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Caldeirão da Bolsa

Ainda acerca de Portugal ou o orgulho de ser pt!

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Pata-Hari » 11/11/2002 10:36

LOL! é um artigo curioso, com piada. Giro de ler.

No entanto, tenhamos algum espírito critico. Dizer que um fenómeno não tem explicação é uma fraca explicação cientifica. É dizer que a técnica utilizada tem deficiências de análise algures. O facto é que crescemos. Se o estudo não o consegue perceber, é porque algo está errado no estudo.

E há alguns pontos que confesso questionáveis. O nosso sistema educativo é mau. Sim, não é perfeito. Mas confesso que dos anos que vivi e estudei nos estados unidos SEMPRE achei que o sistema americano era MUIIIIITO pior, que o nível de ignorância e desinformação médio dos estudantes era de meter medo, como se não vivessem neste mundo. Mais, acho que um americano médio é culturalmente infinitamente mais pobre a nível de conhecimentos médios que um qualquer europeu, portugueses incluídos. Mais, os estudantes portugueses nas universidades e graduate schools estrangeiras são sempre conhecidos como tendo níveis de preparação bastante elevados e serem particularmente fortes em termos académicos. Penso que há alguma probabilidade que o estudo falhe algures na avaliação da qualidade do nosso ensino.

O outro argumento que me "incomoda" é a afirmação de que "Portugal tem, tradicionalmente, um dos sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo". Curiosamente o nosso sistema apoia-se em grande parte quer ideologicamente quer na estrutura de organização no sistema francês. É verdade que o Francês tem muitos defeitos e peca pelas mesmas coisas. Mas nunca ninguém vem afirmar que França deveria ser um falhanço económico por causa disso (apesar de provavelmente sofrer bastante com o excessivo proteccionismo). O reverso da medalha das atitudes comummente associadas com excessivo zelo intervencionismo é normalmente uma assistência social muito mais ampla e um acesso a melhor educação maior do que nos países que mais aplicam a lógica da eficiência dos mercados, como os estados unidos.

Penso que o estudo terá o seu interessa, mas não posso deixar de questionar a metodologia dada a constatação do crescimento, e estas são as questões que a mim me saltam aos olhos e que são mencionadas.
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Esqueci-me de desejar um bom dia a todos os presentes!

por Aragorn » 11/11/2002 10:28

e bons negocios
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é bem verdade, nós somos assim

por Filipe » 11/11/2002 10:27

e viva o jogo de cintura do portuga :lol: :lol: :lol:
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Ainda acerca de Portugal ou o orgulho de ser pt!

por Aragorn » 11/11/2002 9:55

Diário de Notícias, 27 de Março de 2000
João César das Neves

O sucesso da asneira

Portugal fez tudo errado, mas correu tudo bem." Esta é a conclusão de um
relatório internacional recente sobre o desenvolvimento português. Havia
até agora no mundo países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em vias de
desenvolvimento. Mas acabou de ser criada uma nova categoria: os países
que não deveriam ser desenvolvidos. Trata-se de regiões que fizeram tudo
o que podiam para estragar o seu processo de desenvolvimento e...
falharam. Hoje são países industrializados e modernos, mas por engano.
Segundo a fundação europeia que criou esta nova classificação, no estudo
a que o DN teve acesso, este grupo de países especiais é muito pequeno.
Aliás, tem mesmo um só elemento: Portugal. A Fundação Richard Zwentzerg
(FRZ), que se tornou famosa no ano passado pelo estudo que fez dos
"bananas da república", iniciou há uns meses um grande trabalho sobre a
estratégia económica de longo prazo. Tomando a evolução global da
segunda metade do século XX, os cientistas da FRZ procuraram isolar as
razões que motivavam os grandes falhanços no progresso. O estudo,
naturalmente, pensava centrar-se nos países em decadência. Mas, para
grande surpresa dos investigadores, os mais altos índices de azelhice
económica foram detectados em Portugal, um dos países que tinham também
uma das mais elevadas dinâmicas de progresso.

Desconcertados, acabam de publicar, à margem da cimeira de Lisboa, os
seus resultados num pequeno relatório bem eloquente, intitulado: "O País
Que não Devia Ser Desenvolvido - O Sucesso Inesperado dos Incríveis
Erros Económicos Portugueses." Num primeiro capítulo, o relatório
documenta o notável comportamento da economia portuguesa no último meio
século. De 1950 a 2000, o nosso produto aumentou quase nove vezes, com
uma taxa de crescimento anual sustentada de 4,5 por cento durante os
longos 50 anos. Esse crescimento aproximou-nos decisivamente do nível
dos países ricos. Em 1950, o produto de Portugal tinha uma posição a
cerca de 35 por cento do valor médio das regiões desenvolvidas. Hoje
ultrapassa o dobro desse nível, estando acima dos 70 por cento, apesar
do forte crescimento que essas economias também registaram no período.
Na generalidade dos outros indicadores de bem-estar, a evolução
portuguesa foi também notável. Temos mais médicos por habitante que
muitos países ricos. A mortalidade infantil caiu de quase 90 por mil, em
1960, para menos de sete por mil agora. A taxa de analfabetismo
reduziu-se de 40 por cento em 1950 para dez por cento actualmente e a
esperança de vida ao nascer dos portugueses aumentou 18 anos no período.
O relatório refere que esta evolução é uma das mais impressionantes,
sustentadas e sólidas do século XX. Ela só foi ultrapassada por um
punhado de países que, para mais, estão agora alguns deles em graves
dificuldades no Extremo Oriente. Portugal, pelo contrário, é membro
activo e empenhado da União Europeia, com grande estabilidade
democrática e solidez institucional. Segundo a FRZ, o nosso país tem um
dos processos de desenvolvimento mais bem-sucedidos no mundo actual.
Mas, quando se olha para a estratégia económica portuguesa, tudo parece
ser ao contrário do que deveria ser. Segundo a Fundação, Portugal, com
as políticas e orientações que seguiu nas últimas décadas, deveria agora
estar na miséria. O nosso país não pode ser desenvolvido.

Quais são os factores que, segundo os especialistas, criam um
desenvolvimento equilibrado e saudável? Um dos mais importantes é, sem
dúvida, a educação. Ora Portugal tem, segundo o relatório, um sistema
educativo horrível e que tem piorado com o tempo. O nível de formação
dos portugueses é ridículo quando comparado com qualquer outro país
sério. As crianças portuguesas revelam níveis de conhecimentos
semelhante às de países miseráveis. Há falta gritante de quadros
qualificados. É evidente que, com educação como esta, Portugal não pode
ter tido o desenvolvimento que teve.

Um outro elemento muito referido nas análises é a liberdade económica e
a estabilidade institucional. Portugal tem, tradicionalmente, um dos
sectores públicos mais paternalista, interventor e instável do mundo,
segundo a FRZ. Desde o "condicionamento industrial" salazarista às
negociações com grupos económicos actuais, as empresas portuguesas vivem
num clima de intensa discricionariedade, manipulação, burocracia e
clientelismo. O sistema fiscal português é injusto, paralisante e está
em crescimento explosivo. A regulamentação económica é arbitrária,
omnipresente e bloqueante. É óbvio que, com autoridades económicas deste
calibre, diz o relatório, o crescimento português tinha de estar
irremediavelmente condenado desde o início. O estudo da Fundação
continua o rol de aselhices, deficiências e incapacidades da nossa
economia. Da falta de sentido de mercado dos empresários e gestores à
reduzida integração externa das empresas; da paralisia do sistema
judicial à inoperância financeira; do sistema arcaico de distribuição à
ausência de investigação em tecnologias. Em todos estes casos, e em
muitos outros, a conclusão óbvia é sempre a mesma: Portugal não pode ser
um país em forte desenvolvimento. Os cientistas da Fundação não escondem
a sua perplexidade. Citando as próprias palavras do texto: "Como
conseguiu Portugal, no meio de tanta asneira, tolice e desperdício, um
tal nível de desenvolvimento? A resposta, simples, é que ninguém sabe.
Há anos que os intelectuais portugueses têm dito que o País está a ir
por mau caminho. E estão carregados de razão. Só que, todos os anos, o
País cresce mais um bocadinho." A única explicação adiantada pelo texto,
mas que não é satisfatória, é a incrível capacidade de improvisação,
engenho e "desenrascanço" do povo português. "No meio de condições que,
para qualquer outra sociedade, criariam o desastre, os portugueses
conseguem desembrulhar-se de forma incrível e inexplicável." O texto
termina dizendo: "O que este povo não faria se tivesse uma estratégia
certa?".
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