CALDEIRÃO DE BOLSA

Muito obrigado a todos pelas respostas e sugestões.

Básicamente concordo com tudo o que foi dito, e pessoalmente tenho dificuldade em sequer ter interesse por uma negociação virtual.

Acho que é um pouco como o Poker, não se aprende se não for com dinheiro verdadeiro, mesmo a trocos é distorcido, assim como a diferença que o Sir apontou.

Acho que o paper trade me poderá valer para treinar Stops (principalmente Trailing Stops) e algum tipo de MM como por exemplo aplicar a regra dos 2% e constatar posteriormente se ela se enquadra com o nosso tipo de trade, que ajustes deverão ser feitos (ao stop ou ao momento de entrada, etc...).

A questão de automatizar o fecho de posições e assim tornar esse processo mais banal é relevante, o tal treino que o jogador deve ter.

Parece-me que vale a pena pelo menos experimentar, e quem sabe possa criar um gostinho pelo virtual...

Mas de certeza vou continuar com a minha pequena carteira onde tenho de imediato a sensação de estar dentro do jogo, a partir do 1º cêntimo positivo ou negativo.

Esperemos então que a disciplina seja mais firme e que as perdas se transmutem em ganhos...

Obrigado mais uma vez pelas opiniões,

Abraços e beijinhos

Crómio, eu acredito que a analogia entre o desporto e o trading é excelente. Tal como no desporto em que visualizas o movimento a fazer e o objectivo a atingir por modo a conseguir que o corpo te ganhe a memória necessária a chegares ao bom resultado, no trading tens que desenvolver os bons reflexos por hábito e através da confiança que o treino do paper trading te deu.

A disciplina para fechar um trade perdedor - ou ganhador! porque desistir de continuar a ganhar é também difícil! - pode ser adquirida pelo simples hábito de que em alguns momentos sais do mercado. A memória de o fazer serve-te como muleta no momento H.

Tudo isto não evita que tenhas que desenvolver técnicas de sucesso. E isso tens que adquirir na primeira fase do paper trading e podes intercalar com "pequenos torneios", com pequenos trades em que treinas o trading real.

Na minha opinião, ambos são necessários:
- Paper trading inicial para ficar a conhecer o funcionamento da coisa;
- Real trading começado com uma pequena quantia, para minimizar a pressão.

E muitas vezes, volta-se ao paper tarding, para limar arestas que só nos apercebemos que não ficaram bem polidas após já estar no real trading

Mas no real trading, MM e diversificação da carteira é essencial - utilizar uma quantia que não faça mossa se for totalmente perdida é vital.

No meu caso, actualmente dedico-me única e exclusivamente ao Forex, com as particularidades que isso acarreta (nomeio por exemplo a negociação contínua 24h/5).

Para combater as dificuldades de acompanhamento contínuo, stress, indecisões, etc, e por ser um fã da informática, matemática e afins, a minha solução passou por tornar um sistema em que eu acreditava e com o qual já negociava manualmente, num sistema totalmente mecânico e livre da componente humana.

mquinaz Escreveu:Já agora gostaria de saber a opinião do pessoal acerca de qual o numero melhor da amostra para fazer um paper trading, para tirar melhores conclusões; ou seja, quantos testes fazem? 100,200,1000?

No meu caso pessoal e actual, em média terei feito 1000 testes (trades) em backtest, seguidos de 100 a 200 em forward test (paper trading), por par, antes de começar com o real trading.

Negociar com dinheiro virtual não pode ser equiparado a negociar com dinheiro real. É como colocar um jogador de futebol profissional a treinar com uma playstation. Falta o sangue, o suor, as lágrimas...
Qual é a mais importante ferramenta de um trader? Para mim é o seu auto-controle, não tenho dúvidas em afirmá-lo.
Parafraseando o Sir Patrick Bateman, "o truque não é analisar gráficos ou reconhecer padrões, fazer umas análises bem bonitas e acertar no que o mercado vai fazer. O "truque" é antes, aguentar a pressão, não ligar ao ego, seguir o trading plan, controlar todas as emoções... e por aí fora".
Podemos ser analistas brilhantes e ter perdas sucessivas. Porque falta o auto-controle, a disciplina, o aguentar da pressão. E como se consegue arranjar um simulador virtual que nos teste as emoções, se podemos repor o dinheiro cada vez que o perdemos todo? Só se ele nos desse choques de cada vez que cometemos um erro
Indo em outra direcção... Será que negociar com dinheiro é sempre sinónimo de pressão psicológica? Nem por isso. Porque os valores que estão em jogo têm de mexer psicologicamente connosco!
Dando um exemplo concreto... A partir de que valor eu me sinto em grande pressão? Quando o lucro (ou o prejuízo) se aproxima do valor do meu ordenado mensal médio. É muito frequente em mim. Por muito brilhante que seja o trading plan, até pode ter tudo para dar certo, mas se atingir esse patamar não consigo negociar mais. Tenho de encerrar a posição, é mais forte que eu. Esse é o ponto em que a emoção vence a razão.
É fácil entender porquê, não preciso estar a explicar.
Então qual é a ideia fundamental? Primeiro de tudo, temos de nos conhecer a nós próprios enquanto traders. Temos de saber até onde ir, temos de saber onde deixamos de nos sentir confortáveis. É impossível de fazer isso com uma posição virtual. Eu consigo gerir 100 mil euros virtuais com uma perna às costas, não há pressão! Se somos bons analistas, é provável que tenhamos uma boa rentabilidade virtual.
Afinal de contas, não há nada mais simples do que seguir as regras que estão nos livros e que estamos fartos de ler. Ou não? Quantos de nós na realidade não pensamos já: "que se lixe o que acabei de ler, este suporte não pode ter quebrado! Não pode! Vou só esperar mais um pouco, assim que chegar ao break point encerro a posição e não penso mais no assunto". E quando vamos dar conta já a posição está a perder o dobro. Então a esperança é substituída pelo medo e mais tarde o medo é substituído pelo pânico. E o resultado é uma perda avultada devido ao turbilhão de sentimentos que nos ofusca o raciocínio (às vezes vendemos exactamente quando deveríamos estar a recomprar, num suporte mais abaixo).
O nosso maior defeito enquanto traders é sermos seres humanos (soa a exagero, eu sei). Mas já imaginaram o que seria se pudéssemos negociar sem medo, sem esperança, sem ambição? Somos "programados" desde crianças a viver diariamente essas emoções, fazem parte da nossa vida. Não podemos de um momento para o outro desligar o interruptor e negociar friamente, sem emoções. Acredito que esse seja o ponto de excelência de um trader, não o controle da técnica mas o controle de si mesmo.
Afinal, lembrem-se da velha permissa, o nosso único inimigo nos mercados somos nós mesmos...

Crómio Escreveu:Viva!
O que será mais enriquecedor?
O paper trading puro ou um trade com uma carteira reduzida?
Obrigado e Abraço

Ora eu também ando por cá à muitissimo pouco tempo, quem sou eu para dar opiniões?
No meu caso pessoal, para além do paper trading, vou arriscando numa carteira reduzida, porque me permite afinar o meu sistema, na medida em que por vezes aprendo com os erros que faço no real trade, que nunca me surgiram, no momento do paper trade; e não estou a falar de egos , são mesmo aqueles erros que um gajo só vê quando está dentro.

Agora, se o paper trading não resultar continuadamente, pi pi parou parou , vamos para traz, para afinar :. É pá, por exemplo com o RSI, assim, assado aconteceu isto e aquilo, vamos experimentar, com cozido grelhado. Também não deu? Vamos temperar de outra maneira. Ficou melhor?, óptimo, vamos pôr a mesa e comer

Já agora gostaria de saber a opinião do pessoal acerca de qual o numero melhor da amostra para fazer um paper trading, para tirar melhores conclusões; ou seja, quantos testes fazem? 100,200,1000?

Crómio Escreveu:Viva!

(...)
O que será mais enriquecedor?

O paper trading puro ou um trade com uma carteira reduzida?

Obrigado e Abraço

na minha opinião (de um inexperiente e continuado aprendiz), o paper trade (que já fiz) dá para tomar contacto com alguns aspectos de um sistema no qual estejas interessado

contudo, é melhor solução a da carteira reduzida - pelas mesmas razões que apontaste, e também porque um paper trade leva-te a gastares muito tempo, quer em cada dia, quer ao longo de largas semanas, de volta de um castelo de areia...

claro, tudo isto se levares a coisa mesmo a sério

Obviamente que são coisas distintas... tal como é negociar com "trocos", e depois ter a pressão de fazer dinheiro com uma carteira mais a sério.

Na minha humble opinion, eu diria que o "truque" não é analisar gráficos ou reconhecer padrões, e fazer umas análises bem bonitas e acertar no que o mercado vai fazer. O "truque" é antes, aguentar a pressão, não ligar ao ego, seguir o trading plan, controlar todas as emoções... e por aí fora.

Se não há rendibilidades passadas que garantam rendimentos futuros, muito menos existirá qualquer paper trading que garanta dinheiro com carteiras a sério...

p.e., conseguir ficar nos 10 primeiros lugares em 3 jogos de bolsa em Portugal consecutivos, não garantiu minimamente um rendimento futuro a condizer!!!

Viva!

Após decisão de suspender a actividade de trader amador, de forma a poder assentar a poeira, não me deixar entusiasmar com trades positivos, e fazer uma reflecção sobre o meu histórico deparo-me com o seguinte dilema que passo a explicar:

Nalguns artigos e sites tenho lido algo muito interessante, uma analogia entre o desporto e o trade, em que resumidamente a idéia é a de que o trade se assemelha (ou na minha opinião é mesmo) um desporto de alta competição.

E como desporto de alta competição não devemos nem podemos ter sucesso sem muito, mas mesmo muito treino.

Esta comparação é lógica e muito feliz.

No entanto...

Existe uma diferença abissal entre o paper trading e o real trading, que é o facto de não termos aplicado capital nosso, logo não podermos enfrentar uma real sensação de estar no mercado, para o bem ou para o mal.

Ou seja, eu no paper trading estou desligado do meu Ego em termos de ganho/perda, e tanto me faz estar a perder ou a ganhar, estar a arriscar mais ou menos, porque não sofro com isso.

Ora aqui o objectivo não é sofrer, nem ficar eufórico mas sim planear e actuar conforme estratégia e a longo prazo ter sucesso.

Quando falo em longo prazo, falo num número considerável de trades.

A verdade é que no paper tradin não temos problemas de Ego, de ficarmos "agarrados ao papel", de negociar dominados pelo sentimento da vingança ou de ideias turvas após uma série de perdas consecutivas.

Quero assim pedir a opinião dos "mais velhos" assim como a de quem anda por cá há pouco tempo acerca desta incerteza que tenho.

O que será mais enriquecedor?

O paper trading puro ou um trade com uma carteira reduzida?

Obrigado e Abraço